Está de regresso o Rota das Letras – Festival Literário de Macau. Desta vez, ao longo dos próximos dois fins-de-semana, a iniciativa divide-se entre a Livraria Portuguesa e o Art Garden. Na sua 11.ª edição, o festival acompanha as efemérides dos centenários do nascimento de José Saramago e de Maria Ondina Braga. A publicação integral do “Romance dos Três Reinos” comemora o 5.º centenário e, por isso, o Rota das Letras propõe uma reflexão sobre a obra. Por outro lado, o festival vai também dar a conhecer as obras mais recentes de vários autores locais
O
Rota das Letras – Festival Literário de Macau está de volta. Desta vez, a
iniciativa divide-se entre os primeiros dois fins-de-semana de Dezembro: Entre
2 e 4 de Dezembro, na Livraria Portuguesa; e entre 9 e 11 de Dezembro, no Art
Garden. Saramago, Maria Ondina Braga, James Joyce, T. S. Eliot e Virginia Woolf
são alguns dos nomes em foco.
Esta,
que é a 11.ª edição do Festival Literário, começa então esta sexta-feira, na
Livraria Portuguesa, com a apresentação, a partir das 18h30, dos mais recentes
trabalhos dos autores chineses de Macau Lawrence Lei e Cheong Kin Han. As suas
obras, “Rostos Mascarados” e “Ying”, respectivamente, foram distinguidos na
13.ª edição dos Prémios Literários de Macau. Ainda na sexta-feira, Wong Teng
Chi apresenta uma performance onde explora temas como a observância social e
questões de identidade e género.
Já
sábado as primeiras sessões destinam-se ao público infantil e começam pelas 11h
com a Livraria Júbilo a mostrar os trabalhos da ilustradora Yang Sio Maan. Logo
depois, Tony Lam fará a apresentação de uma aventura para crianças que se passa
em boa parte nos subterrâneos do Templo de A-Má.
Da
parte da tarde, é proposta uma reflexão sobre o importante contributo da
literatura para a História. A sessão – que terá como oradores os professores
Wang Di e Wang Sihao, da Universidade de Macau, estando a moderação a cargo de
Yao Jingming – vai centrar-se no 5.º centenário da primeira publicação integral
do “Romance dos Três Reinos”.
Mais
tarde, acontece um diálogo sobre a ficção gótica de Daniel Defoe, que escreveu
o “Diário do Ano da Peste” há 300 anos. Nick Groom e William Hughes, académicos
ligados à Universidade de Macau, vão explicar como a literatura de terror nos
pode ajudar a compreender a pandemia do coronavírus.
Os
centenários das publicações de “Ulisses”, de James Joyce, e de “A Terra
Devastada”, de T. S. Eliot, também estarão em destaque numa sessão conduzida
por Glenn Timmermans. O programa de sábado termina com o lançamento da segunda
edição de “Macau – o Livro dos Nomes”, de Carlos Morais José. Nesta edição, são
publicados 88 textos acompanhados de fotografias de Sara Augusto.
No
domingo, dia 4, volta a literatura infantil, com a editora Mandarina a dar a
conhecer o seu último título, “Em Casa”, que contará com a apresentação de
Catarina Mesquita. A recém-criada editora Lits revela o seu primeiro livro
infantil, “O Menino que Queria Ver o Mar”, um conto de António Correia que
agora é publicado a título póstumo. Por fim, Andreia Martins mostra às crianças
“Uma Casa com Asas”.
Na
tarde de domingo é organizada uma sessão online com vários autores
lusófonos – Krishna Monteiro, Manuel da Costa, Hélder Macedo, entre outros –
sobre o seu contributo para uma nova antologia bilingue de contos lusófonos,
traduzidos para chinês, “Viagens”.
Finalmente,
serão celebrados os centenários do nascimento de José Saramago e de Maria
Ondina Braga. No tributo a Saramago serão apresentados trabalhos de Miguel Real
e José Luís Peixoto que têm como referência a vida e a obra do único escritor
português até aqui distinguido com o Prémio Nobel da Literatura. A sessão
contará também com a participação da artista chinesa de Macau Kay Zhang, que,
em conversa com Carlos Marreiros, falará sobre o seu projecto artístico
inspirado no “Ensaio sobre a Cegueira”, de Saramago. Maria Ondina Braga será
recordada com a projecção do documentário “O que Vêem os Anjos”, de Tiago
Fernandes. Haverá também uma evocação da autora, a cargo da Professora Vera
Borges.
No
fim-de-semana seguinte, entre 9 e 11 de Dezembro, o Rota das Letras muda-se
então para o Art Garden, sede da associação Art for All (AFA), onde será
apresentado o projecto plurianual “A Room of One’s Own”, que é baseado na obra
de Virginia Woolf e que inclui uma série de sessões de debate, seminários,
concertos e performances que vão explorar o tema da condição feminina. A
primeira mesa-redonda acontece pelas 18h30 e junta Agnes Lam, Glenn Timmermans
e a psicanalista Natalie Si num debate sobre o conceito de literatura feminina
e as suas implicações psicológicas, a partir da obra de Virginia Woolf.
Virginia
Woolf continuará como tema central no concerto do músico meditativo de Hong
Kong Paul Yip, que se junta aos poetas locais M. Chow e Isaac Pereira e à
bailarina Tina Kan, inspirando-se na escrita poética da autora britânica para
criarem um espectáculo que combina a palavra, a música e o gesto.
De
10 a 11 de Dezembro, terão também lugar seminários subordinados ao mesmo tema.
Agnes Lam e a psicoterapeuta Jojo Lam, vão dirigir uma série de workshops
experimentais sobre a condição feminina com elementos literários e teatrais de
experiências sociais e terapêuticas. Ainda no sábado haverá uma sessão de
poesia onde poderão ouvir-se poemas de José Craveirinha, de T.S. Eliot e de
outros poetas, de diferentes espaços e tempos.
No
domingo, dia 11, a fechar esta edição do Festival Literário recordar-se-á o II
Raid Macau-Lisboa, que é agora tema de um livro de banda desenhada; Shee Va irá
fazer a apresentação de “Uma Breve História Cultural do Chá da China”, de Rui
Rocha; João Rato e vários outros fotógrafos amadores do território mostram o
trabalho conjunto recentemente lançado, intitulado “Macau: My Story”; e a
revista Halftone dá a conhecer a sua 4.ª edição, que inclui trabalhos de João
Nuno Ribeirinha, David Lopo, Dinamene, Sofia Mota, Alina Bong e Barry Tsang. André
Vinagre – Macau in “Ponto Final”
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