Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Internacional - Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto revela que tabaco envelhece o coração cerca de 20 anos

Projeto europeu que envolveu investigadores da Faculdade de Medicina apresenta novas informações sobre danos cardiovasculares provocados pelo tabaco

Um estudo que envolveu investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e da Universidade de Lorraine (França) comprovou que o tabagismo é responsável pelo início precoce do envelhecimento cardiovascular e por ativar vias de sinalização ligadas à inflamação, doenças cardiovasculares e cancro.

Pese embora os reconhecidos malefícios do tabaco, como o cancro do pulmão e enfarte do miocárdio, esta investigação revela agora novos dados acerca dos danos cardiovasculares, bem como de biomarcadores proteicos que regulam a inflamação, o metabolismo e processos oncológicos, entre outros.

“A lesão celular induzida pelo cigarro e a resposta imune inflamatória são os dois prováveis mecanismos que explicam o envelhecimento prematuro e o aumento da incidência de doenças crónicas em fumadores”, explica João Pedro Ferreira, da Unidade de Investigação Cardiovascular (UnIC) da FMUP e um dos autores do estudo.

Publicado na revista científica Atherosclerosis, o trabalho dos investigadores pretendeu compreender o impacto do tabaco no coração, vasos e análises ao sangue.

Após uma série de exames efetuados a uma população de mais de 1500 fumadores, antigos fumadores e pessoas que nunca fumaram, os investigadores constataram que, apesar de serem cerca de 18 anos mais jovens, os fumadores atuais apresentavam níveis semelhantes de hipertensão, diabetes e lesão vascular (placas de colesterol e rigidez vascular) aos de pessoas mais velhas que nunca fumaram.

Deixar de fumar não reverte o dano vascular já ocorrido

“Os fumadores atuais não só expressaram níveis mais altos de proteínas associadas a processos inflamatórios, desregulação metabólica e processos oncológicos, como também a altos níveis de proteínas circulantes que têm um papel na regulação da inflamação pulmonar, levando à doença pulmonar obstrutiva crónica”, esclarece o investigador da FMUP.

Paralelamente, o tabagismo foi também associado a várias proteínas que são conhecidas por iniciar e facilitar a progressão da lesão aterosclerótica.

Quanto ao grupo de antigos fumadores, os autores descobriram um aumento da associação do tabagismo com a diabetes. De acordo com o estudo, “os dados sugerem então que os danos nos órgãos induzidos pelo tabaco não diminuem completamente após a cessação do tabagismo”.

Reconhecido como um dos fatores de risco mais importantes em doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares e oncológicas, “o tabaco é responsável por mais de 6 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano”, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

A par de João Pedro Ferreira, o estudo “Impact of smoking on cardiovascular risk and premature ageing: Findings from the STANISLAS cohort” é da autoria dos investigadores Tripti Rastogi, Nicolas Girerd, Zohra Lamiral, Emmanuel Bresso, Erwan Bozec, Jean-Marc Boivin, Patrick Rossignol e Faiez Zannad. Universidade do Porto - Portugal


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