Assinala-se
hoje, 16 de novembro de 2022, o centenário de José Saramago. Tal como em
circunstâncias semelhantes acontece com outros grandes vultos, a efeméride
constituirá uma oportunidade privilegiada para a consolidação da presença do
escritor na história cultural e literária, em Portugal e no estrangeiro. E
também para se prestar homenagem à sua figura como cidadão.
Aquela
consolidação envolve a revisitação de uma atividade literária e cívica que
marcou a cena portuguesa e internacional durante décadas, mas que vai além
disso; inclui-se nela a afirmação de uma obra com uma vitalidade
inquestionável, bem como a acentuação do pensamento social, político e ético de
José Saramago. E também o que desse pensamento ressoa no nosso presente. A
Carta dos Deveres e das Obrigações dos Seres Humanos sintetiza, pelo seu
espírito e pelos seus efeitos, muito do legado saramaguiano.
A
atribuição do Prémio Nobel da Literatura confirmou uma consagração
internacional que fez de José Saramago uma personalidade com grande
significado, para além das fronteiras de Portugal. Assim, Saramago define-se
hoje como um “escritor do mundo”, com presença expressiva em manifestações
artísticas, educativas, políticas e sociais com vasta disseminação e efeitos
variados. Incluem-se nesses efeitos os que decorrem da presença da obra
saramaguiana no nosso sistema de ensino e na difusão da língua e da cultura
portuguesas no mundo.
Em
articulação com outras entidades, a Fundação José Saramago está a preparar um
amplo programa de evocação do centenário, distribuído por quatro eixos: o eixo
da biografia, dando atenção ao trajeto biográfico, formativo e cívico do
escritor, em relação com a sua produção literária; o eixo da leitura,
entendendo-se o centenário do escritor como momento adequado para se revigorar
a leitura da sua obra e também para conquistar novos leitores, desejavelmente
jovens; terceiro, o eixo das publicações, tanto no plano das obras evocativas,
de divulgação ou de extensão transliterária, como no das edições ilustradas,
com iconografia do escritor e da sua obra; o eixo das reuniões académicas, uma
vez que José Saramago é um escritor com forte presença na academia, em Portugal
e no estrangeiro, motivando reuniões científicas em diferentes locais.
Pode
antecipar-se desde já que o centenário de José Saramago desencadeará
iniciativas de entidades muito diversas, em Portugal e noutras partes do mundo.
Nesse contexto, a Fundação José Saramago (FJS) assumirá o papel central que lhe
cabe, respeitando, evidentemente, a autonomia dos atores e das instituições que
venham a dar contributos próprios ao centenário.
Carlos Reis, Comissário para o Centenário de José Saramago.
Fundação José
Saramago
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