A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, celebrou um acordo de cooperação técnica com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Ibge, para apoiar entrevistas. A iniciativa considera especialmente a população venezuelana nos estados de Roraima, Amazonas e Pará e as perguntas serão formuladas em castelhano e na língua Warao
O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Ibge, e a Agência da ONU para
Refugiados, Acnur, assinaram um acordo de cooperação técnica e ações conjuntas
durante a realização do Censo Demográfico deste ano, lançado nesta
segunda-feira.
Com
a assinatura do documento, o Acnur apoiará o Ibge na recolha e análise de dados
sobre a população refugiada, solicitante da condição de refugiado e apátrida
que vive no Brasil, especialmente a população venezuelana nos estados de
Roraima, Amazonas e Pará.
Deslocação forçada
Um
dos tópicos de atuação conjunta é o apoio do Acnur para que o Ibge realize o
Censo num contexto de deslocação forçada.
Para
isso, a agência da ONU apoiará equipas de recenseadores para garantir o acesso
a abrigos que acolhem pessoas refugiadas e acompanhará a realização das
entrevistas, garantindo o respeito às normas culturais e à organização social,
de maneira especial das pessoas refugiadas e migrantes de diferentes etnias
indígenas.
No
Pará, o Acnur já realizou formação para os coordenadores da pesquisa
demográfica deste ano a fim de garantir uma abordagem culturalmente qualificada
aos indígenas venezuelanos da etnia Warao.
Perguntas feitas na língua local e em castelhano
Além
disso, apoiou a elaboração de um vídeo sobre o Censo no idioma Warao, com
legendas em castelhano, e a identificação de intérpretes que serão contratados
para auxiliar a realização do recenseamento no Estado junto a essa população.
No
Amazonas, os promotores comunitários e voluntários da Caritas Arquidiocesana de
Manaus, capital do estado, estão a facilitar o entendimento das pessoas de
outras nacionalidades sobre o que é o Censo 2022, traduzindo materiais
informativos e apoiando os recenseadores a incluírem pessoas refugiadas na
pesquisa.
Em
Roraima, o Acnur forneceu formação para os recenseadores e apoiará as
entrevistas nos abrigos da Operação Acolhida.
Estruturar políticas públicas
O
representante interino do Acnur no Brasil, Federico Martinez, comentou sobre os
ganhos a serem conquistados pelo compromisso do Ibge de integrar as pessoas refugiadas
no Censo 2022.
Para
ele, é por meio do levantamento de dados de qualidade que será possível
compreender o perfil da população refugiada acolhida no Brasil e estruturar
políticas públicas que dialoguem com as solicitações de cada segmento.
Martinez
acrescentou que, considerando a ampla área do território brasileiro e o
potencial de deslocamento das pessoas refugiadas na procura de oportunidades em
diferentes cidades, a realização do Censo nos abrigos possibilita expandir o
conhecimento de necessidades e contribui para as ações de integração nas
cidades de acolhimento. ONU News – Nações Unidas com “Acnur Brasil”
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