Numa reunião do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural realizada ontem, o Instituto Cultural (IC) revelou que tem a intenção de aproveitar espaços de património cultural para promover o desenvolvimento sinérgico da indústria cultural com outras indústrias. Neste prisma, o organismo pretende dar prioridade à Casa do Mandarim, Teatro Dom Pedro V e Oficinas Navais como projectos-piloto
O
Instituto Cultural (IC) quer desenvolver projectos-piloto na Casa do Mandarim,
Teatro Dom Pedro V e Oficinas Navais no sentido de introduzir espectáculos
permanentes e criar atracções turísticas e culturais. A novidade foi avançada
numa conferência de imprensa após reunião plenária do Conselho Consultivo para
o Desenvolvimento Cultural realizada ontem, presidida pela presidente do
Conselho e secretária para os Assuntos Sociais e Culturais, Ao Ieong U.
Sobre
a razão de escolha destes três locais, Leong Wai Man, presidente do IC, revelou
que se deveu aos seus antecedentes histórico-culturais e à presença de
características locais. No entanto, a responsável também afirmou que, neste
momento, o plano é “só uma concepção preliminar”, e ainda não há medidas
concretas nem calendarização definida. Espera-se que a directriz apresentada
possa provocar mais trocas de ideias para materializar os projectos.
A
reunião teve o objectivo de apresentar os projectos prioritários das Linhas de
Acção Governativa na área cultural para o próximo ano. Na ocasião, os membros
do Conselho sugeriram o reforço de promoção das actividades de artistas de rua,
argumentando que as manifestações artísticas nas ruas podem ter efeitos
positivos na indústria cultural, vida social e turismo. A proposta teve o aval
das responsáveis da pasta da cultura e o Executivo garantiu que irá apostar
mais neste domínio.
O
IC, recorde-se, lançou uma iniciativa em 2016 intitulada “Programa
Excursionando pelas Artes”, com o intuito de proporcionar plataformas de
actuação dedicadas às artes e artistas locais em alguns pontos de ‘busking’
como Anim’Arte Nam Van, Casas-Museu da Taipa, Jardim da Fortaleza do Monte,
Largo do Pagode da Barra e Vila de Nossa Senhora de Ká-Hó. Segundo as
autoridades, mais de 800 “Cartões de Busker” (autorização de actuação) foram
emitidos desde o lançamento do projecto.
Apesar
de Leong Wai Man admitir o impacto causado pela restrição de viagens imposta
pela epidemia, a líder do IC defende que a aposta em melhorar as circunstâncias
em diversas vertentes pode atrair grupos artísticos provenientes do interior da
China, acreditando que, quando as condições assim o permitirem, os grupos
artísticos internacionais também poderão ser acolhidos e beneficiados.
A
responsável partilhou também algumas experiências de sucesso no que concerne à
sinergia entre diferentes serviços públicos, como um pedido de licenciamento de
filmagem e registos fotográficos solicitados ao Instituto Cultural nos quais o
organismo conseguiu organizar e coordenar com outros serviços, como a Direcção
dos Serviços para os Assuntos de Tráfego e o Instituto para os Assuntos
Municipais. Espera-se que este fluxo de trabalho possa servir como referência
no futuro para simplificar os trâmites burocráticos e acelerar o processo de
autorização, referiu também a responsável.
O
IC quer continuar a incentivar a cooperação entre as equipas de filmagem locais
e do exterior para atrair profissionais de produção a visitarem Macau e
desenvolverem a indústria cinematográfica e televisiva local. Segundo as
autoridades, o organismo aprovou mais de 190 pedidos apresentados por equipas
de filmagem, entre os quais cerca de 70% foram locais e mais de 20% do interior
da China, enquanto os produtores audiovisuais internacionais ocuparam uma
percentagem inferior a 10%.
Várias
instalações artísticas e culturais, como o Edifício do Antigo Tribunal e
Oficinas Navais, foram recrutadas para servir como postos de testes de ácido
nucleico operados pelas agências de amostragem durante o período de surto
epidemiológico. Questionada sobre a hipótese de ainda se usarem mais
instalações artísticas e culturais para colheita de amostras no futuro, Leong
Wai Man não afastou essa possibilidade, mas reiterou que “estas instalações
devem manter a sua própria função”.
Ao
ser questionada sobre a inauguração da antiga fábrica de panchões Iec Long e
das zonas dos estaleiros navais de Lai Chi Vun, a presidente do IC admitiu que
as respectivas revitalizações e remodelações sofreram uma interrupção devido à
crise de saúde pública, mas garantiu que as obras deverão ser concluídas até ao
fim do ano. Dinis Chan – Macau in “Ponto Final”
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