Marcolino Moco, antigo primeiro-ministro e histórico militante do MPLA acaba de entrar com estrondo nesta campanha eleitoral ao declarar o seu apoio à UNITA nas eleições do próximo dia 24, justificando o gesto com a "oportunidade" para fazer de Angola um Estado inclusivo
Esta
declaração de voto de Marcolino Moco foi feita no tempo de antena do partido do
"Galo Negro", o que confere um maior alcance político a esta acção
que tem tudo para encaixar numa escolha de timing estratégico, coincidindo com
o arranque da derradeira semana de campanha.
O
antigo primeiro-ministro do MPLA, entre 1992 e 1996, tem sido das figuras de
topo do MPLA mais críticas dos sucessivos governos do partido que gere os
destinos de Angola desde 1975 e esta sua viragem definitiva para o lado da
oposição não é uma surpresa total porque as apreciações feitas nas redes
sociais ao Governo de João Lourenço têm vindo a ganhar crescente rugosidade.
"Oportunidade
para mudar de vida" foram as palavras escolhidas por Moco para dar este
passo, acrescentando que a sua escolha resulta de uma reflexão que o levou a
perceber que estava perante uma rara oportunidade para ajudar a criar um
"estado inclusivo".
O
facto de o candidato da UNITA ser Adalberto da Costa Júnior e ser o candidato à
Presidência da República foi, pelo que se deduz das suas palavras, decisivo
para surgir como um dos momentos de maior impacto desta campanha.
"Esta
é a grande oportunidade, porque Adalberto Costa Júnior promete pôr de lado a
caça às bruxas e reunir o país, com o que tem de bom e de menos bom, para
começar um novo dia", disse, acrescentando: "Por isso a minha
declaração muito forte a favor do projecto de Adalberto, da UNITA -Frente Patriótica
Unida, que é uma oportunidade de mudar as coisas que têm andado muito mal desde
1975 por causa do carácter unilateral do funcionamento do Estado".
Numa
das primeiras análises a esta declaração de Marcolino Moco, Ismael Mateus,
jornalista e comentador, na sua página do Facebook, nota que se trata de um
passo que não tem "novidade", sublinhando que "a única
ingenuidade, a existir, é dos militantes e dirigentes do MPLA que contavam com
o voto dele. Há muito que Moco tem vindo a declarar-se como um dos mentores da
FPU e desta UNITA de Adalberto".
Defendendo
que "não faz qualquer sentido as críticas que lhe estão a ser feitas",
Ismael Mateus sublinha que tem "muitas dúvidas" sobre o "peso político"
do antigo primeiro-ministro", nota que a sua notoriedade e o peso do passo
que deu vão ganhar maior dimensão e impacto se o antigo governante for agora
alvo de muita atenção.
E
adverte: "Se o MPLA e seus militantes virem isso no quadro da abertura
democrática que eles próprios protagonizaram (ate há cinco anos, muitos teriam
medo de se afirmar ou andar na rua com bandeiras da UNITA) essa declaração
passa a ser vista como normal e coerente".
"É
graças ao ambiente democrático que isso é possível. Em última instância é a
abertura feita por João Lourenço que permite um ambiente de tolerância e
democracia em que todos podem exprimir o seu voto, sem qualquer represália",
aponta ainda.
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