Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 25 de junho de 2022

Lusofonia - Irmãos Verdades com novo trabalho em “momento único” da música africana

Os Irmãos Verdades andam na estrada há mais de 30 anos, tendo dado os primeiros passos com o emblemático Duo Ouro Negro, e esta semana lançam um novo disco, numa altura em que a música africana vive “um momento único”


“Há 10 anos era impensável fazer o que se faz hoje. A intenção é, daqui a 10 anos, se fazer coisas, impensáveis hoje”, disse à agência Lusa o vocalista do grupo de música africana, Gabi Fernandes, a propósito do lançamento do nono álbum de originais, na sexta-feira, em Lisboa.

O cantor assumiu algum do caminho desbravado para a música africana ter a projeção que tem hoje, sublinhando o facto de esta ser “uma banda lusófona”, apesar da kizomba – um género musical mais angolano – ser a sua essência.

“As nossas raízes sobrepõem-se, porque a nossa intenção é divulgar a música africana pelo mundo”, disse, referindo que estas décadas a percorrer Portugal e grande parte do mundo mostrou-lhes que não há palco como em África.

“África é sempre África. É onde nos sentimos em casa”, disse o cantor, de origem cabo-verdiana, que teve “o privilégio” de aprender com mestres como Paulino Vieira, Norberto Tavares, Raul Indipwo e vários outros “grandes nomes de música africana”.

Dos primeiros tempos a acompanhar o Duo Ouro Negro, o grupo ganhou “uma grande estaleca” e também consciência daquilo que as pessoas queriam ouvir.

“Há pouco tempo, a música africana tinha espaços e zonas específicos para tocar. Não tocava em tudo o que era rádio, discotecas, não estava nas lojas. Quando se queria ouvir música africana tinha-se de ir a sítios específicos e foi também com essa ideia que projetámos a banda Irmãos Verdades”.

“Já passámos por muitos sacrifícios, já tocámos em sítios em que, como banda, éramos mais do que o público”, recordou, classificando os altos e baixos de “uma escola”.

E prosseguiu: “Há uns anos, a cultura africana estava paralela à cultura portuguesa, lado a lado, sem se encontrar. Alguém tinha de fazer um desvio, sem destruir a outra”.

Gabi Fernandes assume-se como um “apologista da fusão”, mas desde que os tipos de música não se sobreponham, nem se confundam.

“Temos de ir na linhagem da música africana, porque daqui a bocado vamos ter grandes cantores africanos a cantar música que não é música africana, é uma música que tem tanta fusão que se vai confundir com as nossas raízes”, alertou.

A própria composição da banda “é uma fusão” na medida certa, uma vez que tem elementos e colaboradores de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Portugal, uma verdadeira lusofonia, como gosta de sublinhar.

O novo disco de originais da banda, que foi lançado na sexta-feira, durante um concerto no espaço Lisboa Ao Vivo, foi para o mercado há três dias e o vídeo do primeiro single “Te Amo” já conta com largos milhares de visualizações.

Mas este trabalho e os espetáculos que já estão a decorrer, assim como a digressão que começou na sexta-feira, marcam igualmente o regresso de os Irmãos Verdades aos palcos, após a pandemia.

Gabi Fernandes recordou que este foi o primeiro grupo de música africana a tocar, sozinho, no Coliseu dos Recreios de Lisboa.

“Estávamos com muitas saudades. Estivemos mais de dois anos sem fazer um único concerto”, lamentou.

O grupo aproveitou para fazer outro tipo de trabalho na área da música, mas reconhece que é no palco, junto do seu público, que se sente em casa.

“É muito gratificante. Estávamos mortinhos para subir ao palco. Os cantores e os artistas estão bem é no palco. No palco é que estamos em casa”, disse o vocalista, com 58 anos. In “Balai Cabo Verde” – Cabo Verde com “Lusa”




Te amo

 

Desde o dia que te foste embora

eu não paro de pensar em ti

desde o dia em que bateste a porta

eu não paro de chorar por ti

 

Quem vai cuidar de mim como tu cuidavas

quem me vai dar os mimos que só tu me davas

me diz só

ai ai ai amor

 

Quem vai ralhar comigo quando eu vacilar

celebrar comigo quando eu conquistar

me diz só

ai ai ai amor

 

Te amo

Como eu te amo

o que é que eu faço pra voltares pra mim

te amo

como eu te amo

eu faço tudo pra te ter aqui

 

Sem ti eu não sou o mesmo

nem sequer me reconheço

volta, volta meu amor

 

Um vazio aqui dentro

este triste sentimento

que me faz gritar, te amo

 

Quem vai cuidar de mim como tu cuidavas

quem me vai dar os mimos que só tu me davas

me diz só

ai ai ai amor

 

Quem vai ralhar comigo quando eu vacilar

celebrar comigo quando eu conquistar

me diz só

ai ai ai amor

 

Te amo

como eu te amo

o que é que eu faço pra voltares pra mim

te amo

como eu te amo

eu faço tudo pra te ter aqui

 

Te amo

como eu te amo

o que é que eu faço pra voltares pra mim

te amo

como eu te amo

eu faço tudo pra te ter aqui

 

Faço tudo pra te ter aqui

 


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