O
Restelo, em Lisboa, mantém viva a historicidade portuguesa, ao acolher a
figura gigantesca de Adriano Moreira em sua invejável senectude centenária, a
distribuir conhecimentos aos seus circundantes e amigos, que têm o privilégio
e a honra cívica de merecer suas atenções.
Em
6 de setembro próximo estará a completar 100 anos de vida – um século!
Ao
chegar de Brasília, fomos abraçá-lo em seu recanto de viver, em companhia do
Presidente da Academia Internacional da Cultura Portuguesa – Almirante António
Carlos Rebelo Duarte.
A
Capital Federal e a sua Academia de Letras de Brasília, várias vezes, o
receberam com a fraternidade que une brasileiros e portugueses, verdadeira
seiva que alimenta as raízes profundas e históricas de nossos processos
civilizatórios.
Adriano
Moreira é um integrador de pessoas e mundos.
A
lucidez, aliada à extraordinária vastidão de seus conhecimentos, permite que
este longevo transmontano, em seu recolhimento de vida, continue a espargir
ensinamentos a todos aqueles que o circundam, a feitio de um oráculo grego.
A
sua extraordinária capacidade de antevisão geopolítica, aliada a um
invejável tirocínio mundial, especialmente neste período em que a ONU está
a envelhecer, após a Segunda Guerra Mundial, enquanto que o Projeto da ilha de
Ventotene, atualmente, tem o seu curso, estruturado nos ditames do Livro
Branco, é algo fantasmagórico.
Um
momento mágico para ouvir sabedoria!
Há
alguns anos, proferiu-se comunicação na Academia de Ciências de Lisboa, à
qual pertencemos, abrangendo temática indicada pelo culto Presidente Artur
Anselmo, presente Adriano Moreira,
intitulada: “O futuro da União Europeia passará, também, pelo
Brasil?”, que mais tarde redundou num livro de idêntica nominação.
A
Europa atual é uma colcha de retalhos de 26 países, fruto lamentável das
duas Guerras Mundiais, enfeixada numa só moeda e delimitada pelo Espaço
Shengen, que eliminou fronteiras, a gerar distorções migratórias
incontornáveis.
A
Inglaterra, todavia, continuou com sua tradicional libra, a coparticipar da
União Europeia, até aos limites do Brexit e a manter seu hermetismo grupal da
Commonwealth, a reunir 53 países independentes do Império Britânico.
A
velha Albion tem tradição.
Os
processos migratórios no mundo sempre derivaram de tragédias e de
movimentações populacionais para centros vivenciais, onde a cultura, o poder
temporal e novas oportunidades fixaram grandezas de toda ordem.
A
migração é uma realidade e seus processos civilizacionais, irreversíveis,
pois apresenta parâmetros nos limites societários de suas fronteiras. Tem
como marco gregário as respectivas órbitas da Segurança Nacional, sob a
égide da ideação daquilo que os povos chamam de soberania.
A
Europa, multifária, politicamente, racial e geneticamente multifacetada, vai
sofrendo mutações com as migrações diversas, que o orbe movimenta com quase
seus 8 bilhões de seres, à procura de melhores condições de vida.
É
pura realidade geopolítica, independente dos avanços da inteligência
artificial, que mantém descompassos geográficos, continentais.
Escreve-se,
também, há anos, a demonstrar que a França, por exemplo, brevemente, será
uma comunidade árabe. As migrações de seguidores de Alá, reproduzem-se
geometricamente, enquanto que os franceses, procriam-se, aritmeticamente.
A
nova geração ocidental dá mais valor aos cães do que a um filho!
O
próprio Papa, lá de seus redutos vaticanos, do saudoso Latrão, promove o
proselitismo migratório sob a égide da religiosidade midiática,
evangelizadora. Verdadeira festa com o chapéu dos outros, consoante provérbio
de antanho, quando os homens, usavam-no.
Aqueles
que vão a Paris e a Veneza, deveriam visitar, também, Marseille, atualmente,
verdadeiras realidades árabes, onde as burkas e os véus muçulmanos competem
com as máscaras covidianas.
É
uma simples constatação, nada mais!
Recentemente,
o Fórum Econômico de Davos, que centraliza os poderosos do mundo, examinou a
temática dos custos de recuperação econômica da Ucrânia, ainda em fase de
aniquilamento nacional, como se as pessoas fossem meros objetos indesejáveis.
Os
centros de poder deveriam examinar, tempestivamente, a questão da migração
mundial com a importância devida, sob pena de uma hecatombe famélica.
A
geopolítica da fome é uma realidade inevitável e deve ser tratada,
permanentemente.
Há
carência de estadistas. Há falta de líderes mundiais.
Pensa-se
que o mundo está a precisar de mais Adrianos Moreiras com suas reflexões
futuristas, visionárias, que somente aos sábios pertencem. José Gentili –
Brasil in “Blog de São João del-Rei”
José Carlos Gentili, jornalista e escritor
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