O secretário de Estado da Segurança Social português prometeu em Timor-Leste a manutenção do apoio a Díli nesta área, um “investimento” crucial para o país e para apoio às populações em momentos críticos, potenciando as oportunidades de desenvolvimento
“Temos
tido um empenho muito grande nesta vertente da cooperação, de capacitação
institucional na área da segurança social, que nos parece absolutamente
crítica”, disse à Lusa em Díli o secretário de Estado da Segurança Social,
Gabriel Bastos. “Timor-Leste deu passos recentes como a aprovação em 2016 do
regime contributivo e com legislação complementar no quadro das prestações
sociais, mas há novas oportunidades para ir mais além, tratar da questão do
fundo de reserva, desenvolver lei de bases da segurança social em Timor-Leste,
que garanta que a arquitetura do sistema é robusta. Este é um aspecto em que
devemos continuar a trabalhar em conjunto”, notou.
Gabriel
Bastos falava em Díli no início de uma visita a Timor-Leste que permitirá fazer
um ponto da situação do apoio dado até aqui e de eventuais apoios
complementares. “Timor precisa de criar instituições fortes nesta área, para
que o desenvolvimento da sua missão possa ser sólido, robusto e coerente. E
Portugal tem dado um destaque e uma prioridade, identificada pelo Governo
timorense, como uma necessidade em que importava investir”, explicou.
Durante
a visita a Timor-Leste, e além de contactos bilaterais com as autoridades
timorenses, Gabriel Bastos participa numa conferência de alto nível dedicada ao
tema da “Segurança Social e Desenvolvimento Humano”, que decorre na próxima
segunda e terça-feira.
Visitará
ainda vários dos projectos apoiados pela cooperação portuguesa, nomeadamente do
Ministério do Trabalho e da Segurança Social, em vários dos municípios do país,
incluindo Manatuto, Lautem, Baucau, Aileu e Díli. “Reforçar essa cooperação e
dar visibilidade e em articulação com o Governo de Timor fazer uma auscultação
e mantermos um diálogo sobre eventuais desafios e oportunidades de
desenvolvimento e aprofundamento desta cooperação que, tem sido, é o feedback
que temos, muito positiva e apreciada pelas autoridades e pelo conjunto dos
destinatários dessa cooperação, os cidadãos de Timor-Leste”, referiu.
Na
próxima semana está prevista a assinatura da Convenção Bilateral para a
Segurança Social, “instrumento muito importante na regulação e coordenação dos
dois sistemas” e que permite a mobilidade laboral, marcando “um reforço e um
estreitar das relações bilaterais”.
A
conferência de dois dias conta, entre outros, com as participações do
presidente do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) timorense,
Longuinhos Armando, da embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairos e da
vice-primeira-ministra e ministra da Solidariedade Social e Inclusão, Armanda
Berta dos Santos.
Participam
ainda, entre outros, Rui Augusto Gomes, ministro das Finanças de Timor-Leste, o
ex-ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social português, Vieira da
Silva e José Luís Albuquerque, diretor-geral do Gabinete de Estratégia e
Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de
Portugal.
O
encontro analisará aspetos como o enquadramento do sistema, a segurança social
e direitos fundamentais, economia e finanças públicas, emprego e mercado de
trabalho. “É muito importante termos esta conversa e dar visibilidade a esta
temática. Aqui como em todos os países, são muitos os desafios que se colocam aos
sistemas de proteção social. É fazer uma avaliação do significado que tem a
existência de um sistema de segurança social, como deve ser desenvolvido e
calibrado e ajustado face às necessidades que existem”, notou.
Gabriel
Bastos destacou a importância que os sistemas de segurança social tiveram
durante a pandemia da covid-19, referindo em particular o facto de em
Timor-Leste as medidas terem permitido formalizar e integrar no sistema muitas
empresas e trabalhadores. “Sabemos bem que é um dos desafios dos nossos países,
aqui com maior intensidade, porque sabemos que essa informalidade tem uma
expressão muito grande”, em Timor-Leste, afirmou. “O grande desafio que temos
que é criar confiança nos vários agentes económicos e nas pessoas, mostrando
que vale a pena, que há uma contrapartida a contribuir. Porque é isso que vai
dar solidez ao sistema, uma adesão por parte das pessoas, mais
consciencialização do que é a segurança social e a importância de estar dentro
do sistema”, especialmente em momentos difíceis, afirmou.
Timor-Leste
em particular, com uma população maioritariamente jovem, tem “um enorme
potencial de desenvolvimento”, nomeadamente através da qualificação dos seus
recursos humanos “através de políticas de criação de emprego e formação que
ajudem a dar sustentação a um modelo económico que funcione”, notou. “É isso
que cria emprego, que cria riqueza e que deve ser complementado por políticas
sociais que garantam a salvaguarda dos direitos das pessoas e apoio social que
tem que existir”, disse “A segurança social e a proteção social não constituem
uma despesa. São um investimento porque é fundamental para que haja
substituição de rendimento. É um mecanismo de estabilização da economia que é
muito importante”, disse. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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