A ideia foi transmitida pelo presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da Independência do Brasil, o senador Randolfe Rodrigues, que considera que o país é a “síntese do império colonial português” e que se tornou “a mais portuguesa de todas as nações”. “A Lusofonia, foi no Brasil que se processou, não foi em Macau, não foi em Timor-Leste, não foi em Moçambique, não foi em Angola, não foi na Guiné-Bissau, não foi em Cabo Verde, foi aqui, em que a mistura da obra do império colonial português se processou e se concretizou”
O
presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da
Independência do Brasil considera que o país é “síntese do império colonial
português” e que se tornou “a mais portuguesa de todas as nações”. “O império
colonial português se abriu pelo mundo, vocês tomaram conta do Atlântico,
tornaram-se a grande nação marítima dos séculos XV, XVI e XVII, as poesias de
Camões retratam as epopeias que vocês fizeram”, começa por explicar, em entrevista
à Lusa, em Brasília, o senador Randolfe Rodrigues.
Ainda
assim, sublinhou, foi o Brasil que se tornou “a mais portuguesa de todas as
nações” e “a síntese do império colonial português”, considerou o responsável
pelas celebrações da independência do Brasil. Na opinião de Randolfe Rodrigues,
“a Lusofonia, foi no Brasil que se processou, não foi em Macau, não foi em
Timor-Leste, não foi em Moçambique, não foi em Angola, não foi na Guiné-Bissau,
não foi em Cabo Verde, foi aqui, em que a mistura da obra do império colonial
português se processou e se concretizou”.
Para
além dos muitos descendentes de portugueses e de europeus, o Brasil foi o país
do mundo que recebeu mais escravos das colónias africanas. Os cálculos mais
conservadores apontam para mais de quatro milhões entre o século XVI e meados
do século XIX. “Foi essa mistura que forjou o povo brasileiro”, afirmou.
Entre
as várias comemorações que estão programadas, haverá uma na sessão solene no
dia 8 de Setembro, no Congresso brasileiro, para assinalar os dois séculos da
independência do Brasil, no qual, o Presidente da República portuguesa, Marcelo
Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República portuguesa, Augusto
Santos Silva já confirmaram presença.
Mas
os convidados não se ficam por aí: o Senado brasileiro fez questão de convidar
todos os países de língua oficial portuguesa. “Porque nesses representantes tem
um pouco da brasilidade”, sublinhou o senador, acrescentando que “quando estiveram
aqui os representantes de Angola, Governo de Moçambique, Governo da
Guiné-Bissau, há muito de Brasil aí”.
Quanto
ao convite às autoridades portuguesas, não apenas para participarem na sessão
solene, mas também para estarem presentes e contribuírem para as comemorações
ao longo do ano, esse facto deve-se, considerou, devido à singularidade do
processo de independência do Brasil. “Temos um processo de independência muito
singular. Acho que entre todas as nações que se emanciparam da sua metrópole
talvez só o Brasil consiga fazer a aproximação desses laços que tem com
Portugal”, convidando “a antiga metrópole para participar nas celebrações da
independência”, explicou Randolfe Rodrigues.
No
período que antecedeu ao famoso grito, no dia 7 de Setembro de 1822,
“Independência ou morte!” às margens do Rio Ipiranga, houve vários projectos de
independência diferentes que podiam ter mudado a história e os laços com
Portugal.
Mas,
a tese vencedora foi um “modelo de ruptura em que mantivesse os laços
monárquicos de Portugal a partir da continuação de uma monarquia hereditária a
partir do príncipe herdeiro regente da coroa portuguesa”, lembrou o senador.
“Apesar de termos feito uma ruptura, uma separação com Portugal, mantivemos
vários laços com os portugueses”, reforçou Randolfe Rodrigues.
O
senador não tem dúvidas de que a unidade territorial brasileira, o quarto maior
território do planeta, ao contrário do que aconteceu com as colónias espanholas
na América do Sul, só foi possível devido à vinda da corte portuguesa para o
Rio de Janeiro durante as invasões napoleónicas, devido ao singular processo de
independência e à “força da espada portuguesa”. “O facto da inteligência, da
esperteza, de D. João VI de ter transitado a sede do reino para cá e ter
constituído aqui um reino unido foi fundamental”, disse, referindo-se à
esquadra portuguesa com o príncipe regente que aportou em Salvador, em 22 de
Janeiro de 1808, para mais tarde instituir a cidade do Rio de Janeiro como
capital do império português. “A gente deve agradecer muito ao expansionismo
napoleónico”, disse, entre sorrisos, o senador brasileiro.
Em
sentido inverso, o lado espanhol na América do Sul acabou por se desagregar
porque a Espanha é ocupada pelas tropas napoleónicas, considerou Randolfe
Rodrigues. “Disputa sobre o reino espanhol deixa um legado aqui de desagregação
do império espanhol (…) e o resultado disso é a separação”, afirmou,
acrescentando que “se isso tivesse acontecido nós não teríamos um Brasil,
teríamos vários ‘Brasis’”. “Até à chegada do D. João VI aqui em 1808 nós não
tínhamos unidade entre o império colonial português” e as localidades
brasileiras, frisou. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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