Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Brasil - É a “síntese do império colonial português”, defende senador brasileiro

A ideia foi transmitida pelo presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da Independência do Brasil, o senador Randolfe Rodrigues, que considera que o país é a “síntese do império colonial português” e que se tornou “a mais portuguesa de todas as nações”. “A Lusofonia, foi no Brasil que se processou, não foi em Macau, não foi em Timor-Leste, não foi em Moçambique, não foi em Angola, não foi na Guiné-Bissau, não foi em Cabo Verde, foi aqui, em que a mistura da obra do império colonial português se processou e se concretizou”



O presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da Independência do Brasil considera que o país é “síntese do império colonial português” e que se tornou “a mais portuguesa de todas as nações”. “O império colonial português se abriu pelo mundo, vocês tomaram conta do Atlântico, tornaram-se a grande nação marítima dos séculos XV, XVI e XVII, as poesias de Camões retratam as epopeias que vocês fizeram”, começa por explicar, em entrevista à Lusa, em Brasília, o senador Randolfe Rodrigues.

Ainda assim, sublinhou, foi o Brasil que se tornou “a mais portuguesa de todas as nações” e “a síntese do império colonial português”, considerou o responsável pelas celebrações da independência do Brasil. Na opinião de Randolfe Rodrigues, “a Lusofonia, foi no Brasil que se processou, não foi em Macau, não foi em Timor-Leste, não foi em Moçambique, não foi em Angola, não foi na Guiné-Bissau, não foi em Cabo Verde, foi aqui, em que a mistura da obra do império colonial português se processou e se concretizou”.

Para além dos muitos descendentes de portugueses e de europeus, o Brasil foi o país do mundo que recebeu mais escravos das colónias africanas. Os cálculos mais conservadores apontam para mais de quatro milhões entre o século XVI e meados do século XIX. “Foi essa mistura que forjou o povo brasileiro”, afirmou.

Entre as várias comemorações que estão programadas, haverá uma na sessão solene no dia 8 de Setembro, no Congresso brasileiro, para assinalar os dois séculos da independência do Brasil, no qual, o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República portuguesa, Augusto Santos Silva já confirmaram presença.

Mas os convidados não se ficam por aí: o Senado brasileiro fez questão de convidar todos os países de língua oficial portuguesa. “Porque nesses representantes tem um pouco da brasilidade”, sublinhou o senador, acrescentando que “quando estiveram aqui os representantes de Angola, Governo de Moçambique, Governo da Guiné-Bissau, há muito de Brasil aí”.

Quanto ao convite às autoridades portuguesas, não apenas para participarem na sessão solene, mas também para estarem presentes e contribuírem para as comemorações ao longo do ano, esse facto deve-se, considerou, devido à singularidade do processo de independência do Brasil. “Temos um processo de independência muito singular. Acho que entre todas as nações que se emanciparam da sua metrópole talvez só o Brasil consiga fazer a aproximação desses laços que tem com Portugal”, convidando “a antiga metrópole para participar nas celebrações da independência”, explicou Randolfe Rodrigues.

No período que antecedeu ao famoso grito, no dia 7 de Setembro de 1822, “Independência ou morte!” às margens do Rio Ipiranga, houve vários projectos de independência diferentes que podiam ter mudado a história e os laços com Portugal.

Mas, a tese vencedora foi um “modelo de ruptura em que mantivesse os laços monárquicos de Portugal a partir da continuação de uma monarquia hereditária a partir do príncipe herdeiro regente da coroa portuguesa”, lembrou o senador. “Apesar de termos feito uma ruptura, uma separação com Portugal, mantivemos vários laços com os portugueses”, reforçou Randolfe Rodrigues.

O senador não tem dúvidas de que a unidade territorial brasileira, o quarto maior território do planeta, ao contrário do que aconteceu com as colónias espanholas na América do Sul, só foi possível devido à vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro durante as invasões napoleónicas, devido ao singular processo de independência e à “força da espada portuguesa”. “O facto da inteligência, da esperteza, de D. João VI de ter transitado a sede do reino para cá e ter constituído aqui um reino unido foi fundamental”, disse, referindo-se à esquadra portuguesa com o príncipe regente que aportou em Salvador, em 22 de Janeiro de 1808, para mais tarde instituir a cidade do Rio de Janeiro como capital do império português. “A gente deve agradecer muito ao expansionismo napoleónico”, disse, entre sorrisos, o senador brasileiro.

Em sentido inverso, o lado espanhol na América do Sul acabou por se desagregar porque a Espanha é ocupada pelas tropas napoleónicas, considerou Randolfe Rodrigues. “Disputa sobre o reino espanhol deixa um legado aqui de desagregação do império espanhol (…) e o resultado disso é a separação”, afirmou, acrescentando que “se isso tivesse acontecido nós não teríamos um Brasil, teríamos vários ‘Brasis’”. “Até à chegada do D. João VI aqui em 1808 nós não tínhamos unidade entre o império colonial português” e as localidades brasileiras, frisou. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”



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