Novo conceito de fundações para eólicas offshore, desenvolvido por equipa do CIIMAR e da FEUP, já resultou na submissão de um pedido provisório de patente
Uma
equipa de investigadores do grupo Marine
Energy do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha
e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP) e da Secção de Hidráulica,
Recursos Hídricos e Ambiente da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) acaba
de ser distinguido com o Haclrow Prize, atribuído pela prestigiada Institution
of Civil Engineers (Reino Unido), por um estudo inovador em fundações para
estruturas eólicas em alto mar.
Com
a ambição de desenvolver um tipo de fundação inovadora para as fundações de
eólicas em zonas offshore (alto mar), o grupo de investigadores do
CIIMAR e da FEUP, em colaboração com o Indian Institute of
Technology Delhi, desenvolveu um sistema que utiliza
cabos pré-tensionados para oferecer estabilidade adicional à estrutura,
permitindo que seja utilizado até 50 metros de profundidade, numa solução de
baixo custo.
A
fundação do tipo monopilar que tipicamente é usada nas eólicas offshore
apenas permite a sua colocação em zonas com profundidades até 30 metros. Até
agora, a única possibilidade de aplicação destas eólicas a profundidades
superiores passava pelo aumento do diâmetro das fundações, o que implicava
valores que são financeiramente incomportáveis.
Segundo
o investigador Tiago Ferradosa, coautor deste estudo, “nestas profundidades, a
grande maioria dos conceitos de fundações fixas no fundo do mar ou de fundações
flutuantes acabam por ter custos demasiado elevados.”
A
solução apresentada pelos investigadores Tiago Ferradosa, Paulo Rosa Santos e
Francisco Taveira Pinto no artigo “Bottom-supported tension leg towers with inclined tethers
for offshore wind turbines”, publicado em dezembro de
2021, na revista “Maritime Engineering”, da ICE, passa por combinar um sistema
de cabos pré-tensionados com a fundação monopilar standard, oferecendo assim
estabilidade adicional à fundação da eólica offshore.
Dependendo
da geometria e configuração usada, esta adaptação permite que os monopilares
convencionais passem a poder ser utilizados até aos 50 m de profundidade,
sempre que a profundidade de água não permita a aplicação do monopilar standard
e onde as fundações do tipo flutuante não sejam economicamente competitivas.
Testes à escala real
Este
tipo de fundação inovador, testado numericamente para diferentes condições de
agitação marítima e diferentes configurações geométricas, encontra-se validado
numericamente para os 50 metros de profundidade.
Os
investigadores pretendem agora avançar para estudos de modelação física que
permitam perceber melhor qual a viabilidade da solução à escala real. A equipa
vai ainda estudar outros aspetos importantes para o dimensionamento, como é o
caso da erosão no sopé da estrutura ou do colapso por fadiga, entre outros
fenómenos relevantes que podem determinar a sua utilização caso a caso.
Neste
momento já se iniciaram esforços para que o conceito seja testado em modelo
físico com diferentes escalas no Laboratório de Hidráulica da FEUP.
Mas o impacto no futuro é muito promissor pelo que, este ano, o grupo de
trabalho já fez o pedido provisório de patente relativo a este conceito.
“No caminho certo para fazer mais e melhor”
Instituído
em 1960, em homenagem a Sir William Halcrow (1883-1958), presidente da
Institution of Civil Engineers entre 1946 e 1947, o Halcrow Prize distingue anualmente
os melhores artigos publicados nas revistas da ICE nos domínios das Docas e Portos ou outras
obras marinhas, Túneis, e Energia hidroeléctrica ou energia de outras fontes
naturais renováveis.
O
galardão vem por isso reforçar a importância das linhas de investigação que o
Marine Energy Group do CIIMAR tem vindo a desenvolver, nomeadamente, no que
respeita à promoção e desenvolvimento das energias renováveis marinhas.
“Além
de ser sempre um motivo de alegria e motivação para o grupo, é também um prémio
atribuído pelo ICE que é uma instituição de renome em diversos domínios da
Engenharia Civil. Estamos muito satisfeitos e convictos que estamos no caminho
certo para fazer mais e melhor”, congratula-se Tiago Ferradosa.
Sobre a Institution of Civil
Engineers
Fundada
em 1818, a Institution of Civil Engineers (ICE) é uma associação profissional
independente de engenheiros civis, sediada em Londres.
Com
mais de 92000 membros espalhados por cerca de 150 países, a ICE tem como missão
apoiar a profissão de engenheiro civil, oferecendo qualificação profissional,
promovendo a educação, mantendo a ética profissional, e estabelecendo ligações
com a indústria, academia e governo. Eunice Sousa e Mafalda Leite – Portugal
in “Universidade do Porto”
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