A
bailarina e coreógrafa portuguesa Águeda Sena morreu no domingo, aos 92 anos,
vítima de cancro, disse à agência Lusa o biógrafo e amigo da artista António
Laginha.
Maria
do Céu Águeda Camacho de Sena Faria (Águeda Sena), que nasceu em 16 de junho de
1927, em Lisboa, morreu no domingo à noite, no Hospital de Cascais, “vítima de
doença oncológica prolongada”.
O
primeiro contacto com a dança deu-se aos quatro anos, através da ginástica
rítmica, com a professora grega radicada em Portugal Sosso Dukas Schau, e foi
com ela que pisou um palco pela primeira vez, o do Teatro Nacional D. Maria II,
aos cinco anos, com um solo sobre música de Mozart.
Em
1939, Águeda Sena começou a estudar dança clássica com a pioneira do ensino da
dança em Portugal, a professora Margarida de Abreu, tendo, mais tarde, passado
a fazer parte do seu Círculo de Iniciação Coreográfica (CIC).
Participou
como intérprete em diversos espetáculos da escola e do corpo de baile do CIC e
em óperas, no Teatro Nacional de São Carlos e no Coliseu dos Recreios, e, em
1948, terminou o curso de dança do Conservatório Nacional.
Águeda
Sena fez várias viagens a Paris na qualidade de bolseira do Instituto da Alta
Cultura (entre 1948 e 1953), tendo estudado dança clássica e foi aqui que teve
contacto com a dança moderna pela primeira vez com Leonard Lenwood.
Em
França, onde um dia pisou o mesmo palco que Edith Piaf, Águeda Sena frequentou
o curso de pedagogia da Sorbonne, um de História das Artes no Museu do Louvre e
estabeleceu contactos com artistas do teatro francês.
De
regresso a Portugal, participou, juntamente com Fernando Lima – com quem mais
tarde viria a casar – e Anna Mascolo nas tardes de Ballet no Teatro Monumental,
em Lisboa, sob a direção de Margarida de Abreu.
Em
1955 estreou no cinema Império o espetáculo “Em nossas Torres de Marfim”,
a primeira coreografia de dança moderna a ser apresentada em Portugal.
Águeda
Sena esteve envolvida com várias estruturas artísticas, tendo fundado com
Fernando Lima a primeira companhia independente em Portugal, o Ballet-Concerto,
que era subsidiada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
A
coreógrafa dançou como primeira figura no grupo Dançares e Cantares de
Portugal/Bailados Portugueses de Fernando Lima, os Ballets de Lisboa, Bailados
Verde Gaio, Grupo Experimental de Bailado e, em 1964, fundou e dirigiu a
companhia Ballet Teatro.
Da
sua extensa atividade artística pontuam trabalho em companhias de renome
internacional, no teatro e no cinema. Na RTP desenvolveu atividades em alguns
programas de televisão, tendo participado com Fernando Lima no programa
inaugural dos Estúdios do Lumiar, no “Auto do Vaqueiro”.
“Chopiniana”,
“Tito e Berenice”, “Prelúdio”, “Sylphides”, “Pastoral”,
“O Crime da Aldeia Velha”, “A Severa” e “Macbeth, homenagem a
William Shakespeare” são alguns dos trabalhos em que Águeda Sena esteve
envolvida, quer como bailarina quer como coreógrafa.
Cada
vez mais absorvida com a coreografia e o ensino da dança (na Escola Superior de
Teatro), foi progressivamente deixando de se apresentar em palco como
bailarina, iniciando uma carreira de atriz que adiara durante muitos anos.
A
partir da década de setenta, Águeda Sena começou a envolver-se com maior
intensidade com o trabalho de atriz e encenadora colaborando, entre outros, com
o Teatro Experimental de Cascais.
Participou
também como atriz em vários filmes portugueses como “Tráfico”, de João
Botelho, e “Mal”, de Seixas Santos.
A
partir de 2000 empenhou-se na edição e encenação de obras de seu pai,
designadamente o monólogo “Espírito de Combate e o Valor da Vida” assim
como “A Dor”.
Ao
longo da carreira recebeu várias distinções, entre as quais o Prémio da Casa de
Imprensa de melhor coreógrafa, em 1962 e 1967, o prémio de Melhor Espetáculo da
Expo70 em Osaka, no Japão, e a Medalha de Mérito Cultural, Grau Ouro, de
Oeiras, em 1990.
Em
1994, foi agraciada com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. In LusoJornal”
– França com “Lusa”
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