O filme com a duração de um minuto e realizado através de
um telefone móvel foi o único filme brasileiro a concurso à 15ª edição do
Festival Internacional Mobile Filme ACT NOW, uma iniciativa que conta com o
apoio das Nações Unidas e do YouTube
Criado
em 2005 o festival rege-se por um único princípio; um telefone móvel, um
minuto, um filme. Permite que qualquer pessoa, independente da sua condição
económica, concorra, exprimindo a sua sensibilidade sobre o tema a concurso,
utilizando uma tecnologia idêntica para todos os concorrentes. Sendo totalmente
digital, consegue chegar a um público, o mais lato possível, através de um
telefone móvel, computador, televisão ou mesmo uma sala de cinema.
Este
ano a organização recebeu cerca de 900 inscrições de 91 países e seleccionou 50
filmes de 24 países que estiveram a escrutínio do público entre os dias 17 e 30
de Novembro.
Segundo
a organização, a curta metragem de David Murad “comoveu profundamente o júri,
que decidiu dar a menção honrosa” e ao mesmo tempo “mostrar o seu apoio ao cinema
brasileiro e aos seus criadores.” Para o júri, as histórias apresentadas a concurso
“representam abordagens e realidades diferentes, que lidam com o desperdício, a falta de água, o desmatamento, o activismo jovem, a questão climática e a população
excessiva” e os trabalhos “provocam, levantam questões e aumentam a consciência
sobre a necessidade de actuar agora contra a alteração climática.”
A
curta metragem de David Murad, fala sobre o ataque que a Amazônia
tem sofrido nos últimos anos com a conivência do poder político brasileiro. “O
tema deste ano do festival é agir contra as mudanças climáticas e a primeira
coisa a se fazer com relação a esta questão é parar de negá-la. Boa parte dos
políticos em todo o mundo, inclusive no Brasil, insistem no erro básico que é
negar, e dizer que não existe mudança climática e não existe aquecimento
global, que a Amazônia não está sendo mais queimada do que antes sempre foi.
Essa negação está acontecendo de maneira muito forte no Brasil, inclusive. O
filme é sobre isso: como negar fatos pode ser prejudicial para o futuro”
afirmou David Murad.
O
autor da curta metragem baseou-se no discurso do presidente brasileiro Jair
Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU que afirmou, defendendo as suas políticas
para o meio ambiente, que “a Amazônia permanece praticamente intocável”.
O
Grande Prémio Internacional foi atribuído à curta metragem “Wallet” da
iraniana Fatima Nofely, que recebeu € 20 mil para produzir um novo filme. O
júri declarou que a obra segurou a sua atenção “com a beleza e força de sua
história.” A realizadora leva os espectadores “para um mundo não muito
distante, onde a água se tornou uma moeda de troca”. “Wallet” será exibido no próximo ano como
suporte à exibição do filme de longa metragem a estrear “Walking on Water”,
de Bonne Pioche. Baía da Lusofonia
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