O
historiador Gilberto Fernandes aborda no seu primeiro livro a história da
‘Nação Peregrina’ e a influência do Estado Novo na formação da diáspora
portuguesa na América do Norte.
“Há
vários estudos e ainda há muitos por fazer sobre a história da emigração, mas
existem muito poucos sobre a história da formação da diáspora ou de comunidades
transnacionais, pelo menos na abrangência que este livro traz”, disse Gilberto
Fernandes, de 40 anos, natural de Lisboa, no Canadá desde 2004.
‘This
Pilgrim Nation – The Making of the Portuguese Diaspora in Postwar North America’
(Esta Nação Peregrina – A Criação da Diáspora Portuguesa no pós-guerra da
América do Norte) surge na sequência da investigação da tese de doutoramento na
Universidade de York de Gilberto Fernandes, completado em 2009.
O
livro acaba por focar “não só a criação da diáspora portuguesa na América do
Norte, mas também a diáspora no seu pleno”, explicou.
O
historiador realçou ainda a “influência que o Estado Novo teve através do
Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Colónias ou Províncias Ultramarinas,
na formação da diáspora portuguesa”, num período pós-guerra, entre as décadas
de 50 a meados dos anos 70, até à revolução de abril de 1974.
“O
papel que alguns agentes dentro, ou próximos do Estado Novo, tiveram na
formação da diáspora portuguesa, tanto a nível institucional, como na formação
de supostos líderes ou elites políticas e culturais, e na própria criação
consciência de diáspora, é um dos aspetos mais importantes do livro”, destacou
o investigador.
O
livro destaca a história transnacional das comunidades portugueses no Canadá e
nos Estados Unidos num contexto da Guerra Fria, do movimento dos direitos civis
americanos, da guerra colonial portuguesa, e do multiculturalismo canadiano.
“Os
emigrantes e os seus descendentes fazem parte de uma comunidade que vai
além-fronteiras, que é transnacional e que atravessa o mundo inteiro, onde
existem comunidades portuguesas”, continuou.
Nesse
sentido, a obra literária foca em “como todos estes fatores estão associados
com a defesa do Império no período da Guerra Fria”.
Uma
das conclusões da pesquisa que o escritor revelou, é que o livro procura
“acabar com alguns estereótipos, que ainda existem dentro da própria comunidade
portuguesa”.
“Vai
acabar por combater alguns estereótipos que talvez ainda existam especialmente
dentro da própria comunidade, que ainda se mantêm dentro da comunidade que se
auto considera uma comunidade com pouca intervenção política, ou com pouca
mobilidade social, quando na verdade sempre houve muito ativismo variado”,
destacou.
A
relação “complexa e bastante interessante” de interesses triangulares entre os
diplomatas, líderes comunitários e autoridades do Canadá ou dos Estados Unidos,
é outra das novidades.
O
livro vai ficar disponível para comercialização nas plataformas digitais no dia
09 de dezembro.
A
apresentação oficial terá lugar no dia 15 de janeiro, às 19:00, no Supermarket,
um bar localizado na Kensington market, área onde a comunidade portuguesa se
instalou quando chegou a Toronto. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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