Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Internacional - Estudantes da Universidade de Coimbra selecionados para programa de investigação na área da Engenharia Mecânica

Dois estudantes do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) foram selecionados para participar na Higher European Research Course for Users of Large Experimental Systems (HERCULES).


Luís Miguel Cacho e Bernardo Alves, ambos alunos do doutoramento em Engenharia Mecânica, terão a oportunidade de frequentar, durante de cinco semanas, um treino e especialização no campo de neutrões, radiação-x de sincrotrão e “Free Electron Lasers” para matéria condensada a alunos de doutoramento, pós-doutorados e cientistas sénior de Universidades e Laboratórios Europeus e não Europeus.

Os estudantes têm vindo a desenvolver atividades relacionadas com os ensaios de raios-X usando a radiação de sincrotrão. Na investigação "Tensile in-situ study of metal materials produced by material extrusion technique", orientada por Patrícia Freitas Rodrigues e pela professora Teresa Vieira, investigadoras do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE), os alunos tiveram a oportunidade de estudar a evolução estrutural (via DRX com radiação de sincrotrão) através de ensaios de tração in-situ de peças metálicas produzidas por fabrico aditivo (Material Extrusion), no Deutsches Elektronen-Synchrotron (DESY), em Hamburgo (Alemanha).

«É sabido que a utilização de grandes infraestruturas de investigação, como é o caso dos sincrotrões, está sujeita a tempos de linha que são atribuídos em contexto de propostas muito competitivas, cujas taxas de aprovação rondam os 15 a 20%. Conseguir aprovação para esses tempos de linha é um feito de grande importância para o avanço da ciência em Portugal», considera Patrícia Rodrigues.

Além disso, «um ponto muito importante acerca do curso é também o networking. Todos os alunos trabalham em áreas bastante aproximadas e tem contacto com professores reconhecidos a nível mundial. Estes alunos tem uma grande probabilidade de trabalhar em conjunto no futuro. É um passo importante para criar uma rede de contactos que os vai acompanhar durante toda a carreira», acredita a investigadora.

A escola HERCULES foi fundada em 1991 por Jean-René Regnard da Universidade Joseph Fourier, que agora faz parte da Universidade Grenoble Alpes, e por Claire Shlenker do Instituto Nacional Politécnico de Grenoble. A sessão anual deste programa conta com parcerias com outras instalações de grande escala, nomeadamente o DESY (Alemanha), SOLEIL (França), Elettra (Itália), ALBA (Espanha), SLS (Suíça) e KIT (Alemanha).

Para mais informações sobre a escola HERCULES consultar aqui. Universidade de Coimbra - Portugal


Angola - Centro Cultural Português acolhe exposição sobre a música Cokwe

O projecto cultural “Thambwé”, que visou a recuperação, valorização e divulgação do património musical Cokwe, encerrou, terça-feira, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, com uma exposição fotográfica e de instrumentos musicais, que ficará patente até 19 de Março


Os retratos patentes na mostra espelham os resultados alcançados pelo projecto "Thambwé”, desde o mês de Março de 2022, ano em que foi implementado na província da Lunda-Norte.

O projecto conseguiu fazer a digitalização do fundo fonográfico do Museu Regional do Dundo, criar uma escola de música tradicional e outra de construção de instrumentos e apoiar músicos e artesões da região.

O coordenador do projecto, David Lópes Sáez, de nacionalidade espanhola, explicou que a digitalização e recuperação do fundo fonográfico do Museu Regional do Dundo foi um dos resultados mais significativos do programa.

O pesquisador referiu que o espólio do museu é constituído por gravações realizadas em meados do século XX pela extinta Companhia de Diamantes de Angola (Diamang).

Quanto à criação da escola de música e de instrumentos, David Lópes Sáez garantiu que a primeira vai conceder aos residentes locais aulas de canto, batuque, dança e kisanji, enquanto a segunda vai garantir oportunidades de emprego na região.

"Estão a ser capacitados 15 jovens para a aquisição de competências profissionais que lhes permitam exercer um ofício nesta área, de forma a preservar e realçar, simultaneamente, valores culturais significativos e em vias de extinção”, assegurou.

David Lópes Sáez disse que para a conclusão do trabalho, residiu durante algum tempo na província da Lunda-Norte, o que lhe fez considerar a cultura Cokwe como uma das mais ricas de Angola.

"A primeira vez que ouvi falar desta cultura fiquei impressionado, por isso sinto-me feliz por ajudar na preservação da mesma”, disse.

O coordenador do projecto "Thambwé” frisou, igualmente, ser necessário apoiar, ainda mais, a cultura Cokwe, de forma a que não entre em extinção. "No tempo que permaneci no local, percebi que os músicos não têm incentivos, o mais grave é que a maior parte dos jovens não conhece os instrumentos musicais, por isso  precisa-se de um trabalho intenso de valorização”, frisou.

David Lópes Sáez lamentou, igualmente, o estado do Museu Regional do Dundo, sublinhando que o mesmo não funciona como deveria. "Em termos de conservação das peças, fisicamente as mesmas estão deterioradas. Infelizmente não existe um ambiente de trabalho”, disse.

O projecto "Thambwé” foi uma acção gerida pelo Camões - Centro Cultural Português, apoiado pela União Europeia, Embaixada de Espanha em Angola, Open Earth Foundation e a Procultura, um programa que visa contribuir para o aumento do emprego e o potencial gerador de rendimento do sector cultural nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste.

Ministério da Cultura e Turismo recebe material digitalizado

O coordenador do projecto "Thambwé”, David Lópes Sáez, procedeu, terça-feira, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, à entrega do conjunto total das músicas recuperadas e digitalizadas a Alice Beirão, que recebeu em representação do ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau.

Alice Beirão, que é consultora do ministro Filipe Zau, agradeceu aos responsáveis do projecto "Thambwé” pelos resultados das pesquisas efectuadas permitir ao povo angolano, a partir da digitalização, ter mais informações sobre a música Cokwe e, igualmente, por possibilitar aos músicos e artesãos da região da Lunda-Norte desenvolverem habilidades e capacidades através das aulas de canto, batuque, dança e kisanji.

Por outro lado, o embaixador de Espanha acreditado em Angola, Manuel Lejarreta, considerou o "Thambwé” um projecto especial, por estar ligado ao sentido de pertença do povo da Lunda-Norte.

O diplomata espanhol afirmou, ainda, que a história do programa daria para um romance, por, no final, causar fortes emoções a todos intervenientes.

A actividade contou também com a presença do embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, a embaixadora da União Europeia em Angola, Rosária Bento Pais, e o escritor Manuel Rui Monteiro, cujo nome foi atribuído ao Centro Cultural do Huambo, inaugurado em Janeiro último pelo Presidente da República, João Lourenço. Gil Vieira – Angola in “Jornal de Angola”


Moçambique - Centro Cultural Português reabre acervo com exposição, 10 anos depois

O Camões - Centro Cultural Português, em Maputo, volta a abrir as portas do seu acervo artístico. Uma nova exposição de colectânea de obras acontece 10 anos depois da última mostra e estará patente até 22 de Março.


“Sinais” é o título da exposição do acervo de arte do Centro Cultural Português em Maputo, que apresenta 33 obras, que se distribuem em núcleos, de acordo com técnicas utilizadas pelos artistas. Entre eles, Sónia Sultuane, Ídasse e Pekiwa.

A última mostra foi em 2014, por isso, 10 anos depois, os artistas falam de um regresso ao passado cheio de boas memórias.

A exposição junta artistas de diferentes meios de expressão, nomeadamente pintura, escultura, desenho, gravura, serigrafia, fotografia, cerâmica, audiovisual e instalação.

Fotografia para tornar o momento ainda mais memorável, um olhar atento pelas linhas do tempo, a noite foi nostálgica para os artistas que tiveram um encontro com as técnicas que marcaram, em muitos casos, o início das suas carreiras. Regina Ernesto – Moçambique in “O País”


Portugal – Carregal do Sal investe no jardim da casa de Aristides de Sousa Mendes

Vai ser plantada rosa alcária à semelhança do que existia antes, já que Aristides de Sousa Mendes tinha uma que trouxe de Curitiba (Brasil) onde a planta é típica


Carregal do Sal está a reflorestar o jardim da Casa do Passal, à semelhança de como Aristides de Sousa Mendes a deixou, num investimento de 630 mil euros, disse o presidente da Câmara.

“Não temos 100% de certezas, mas temos uma série de indicações que indicam para uma série de árvores e espécies que Aristides de Sousa Mendes trazia dos locais onde trabalhou e o objetivo é tentar traduzir à época aquilo que era a área exterior da casa, com as espécies arbóreas que tinha”, afirmou o presidente da Câmara de Carregal do Sal, Paulo Catalino Ferraz.

Em declarações à agência Lusa, o autarca adiantou que os arranjos exteriores que decorrem na Casa do Passal, futuro Museu de Aristides de Sousa Mendes, a ser inaugurado no dia 19 de julho, envolvem um investimento de 630 mil euros.

“São cerca de dois hectares, o equivalente a dois campos de futebol, que contam com centenas de espécies, algumas já lá estão e outras ainda vão ser plantadas. Gostaríamos de ter algumas mais crescidas para a altura da inauguração do museu, mas os viveiros não têm árvores de grande porte”, acrescentou.

Para concretizar o trabalho de “recuperação de todo o espaço arbóreo”, Paulo Catalino Ferraz pediu “apoio ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), até pelo acesso que tem a uma série de viveiros e à mata do Buçaco”.

“Por isso é que estamos a trabalhar com o ICNF para tentar encontrar soluções, de modo a ter algumas pequenas, que, ao longo dos anos, hão de crescer, mas para termos também nas próximas semanas algumas que tivessem já alguma dimensão”, justificou.

Isto, no sentido de “tentar arranjar algumas espécies que, supostamente, faziam parte daquela casa, porque do tempo de Aristides [de Sousa Mendes] não ficou árvore nenhuma, acabaram por morrer”.

“O espaço estava abandonado. O que existia, infelizmente, estava completamente morto e sabemos que tinha várias espécies que trazia, segundo nos disse a família, das cidades onde trabalhou”, referiu o autarca.

A título de exemplo, Paulo Catalino Ferraz disse que vai ser plantada “uma rosa alcária à semelhança do que existia antes, já que Aristides [de Sousa Mendes] tinha uma que trouxe de Curitiba (Brasil) onde a planta é típica”.

O município fez acordos com cidades como Bordéus (França), Curitiba (Brasil) e Antuérpia (Bélgica), onde “é assumido de que, de Carregal do Sal vão algumas espécies e eles trarão também para plantar no jardim” da Casa do Passal, revelou.

“Sabemos que será difícil, mas queremos tornar o jardim o mais real possível ao tempo em que [o cônsul] lá viveu. Estamos a trabalhar com várias cidades para tentar ao máximo concretizar” o objetivo, reforçou o presidente da Câmara de Carregal do Sal, no distrito de Viseu.

O jardim será “também uma memória do trabalho e vida” de Aristides de Sousa Mendes e, para que “seja um espaço de fruição pública terá um pequeno bar, um anfiteatro e camarins de apoio”, acrescentou.

“Queremos devolver vida ao espaço e torná-lo vivo, tornar o espaço uma memória viva do que já foi quando Aristides [de Sousa Mendes] ali viveu e por isso também queremos que tenha dinâmica cultural, com concertos, por exemplo, e que seja aproveitado, não só por quem vai ao museu”, justificou Paulo Catalino Ferraz. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Moçambique - UNICEF preocupado com crianças deslocadas em idade escolar na província de Cabo Delgado

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em Nampula, diz ser urgente a mobilização de parceiros para a alocação de tendas à vila de Namapa, sede distrital de Eráti.


O objectivo é que os alunos deslocados devido ao terrorismo, em Cabo Delgado, possam regressar às aulas, escreve o sítio da Rádio Moçambique.

Neste momento na vila de Namapa, pelo menos seis escolas primárias uma secundária e um internato, estão a funcionar como centros transitório dos deslocados do vizinho distrito de Chiúre, em Cabo Delgado que fogem às ameaças terroristas.

Segundo o coordenador provincial do UNICEF em Nampula, Baissane Juaia, o mais preocupante prende-se pelo facto de 60% dos cerca de 33 mil deslocados serem crianças em idade escolar.

Falando à Rádio Moçambique na vila de Namapa o coordenador Juaia disse que o UNICEF está a trabalhar junto de parceiros para a alocação de tendas para o funcionamento de salas provisórios.

Terça-feira, depois da Sessão do Conselho de Ministros, o Governo assegurou que as pessoas já estão a receber kits de alimentação e higiene e que a situação humanitária ainda não justifica a decretação de Estado de Emergência. O Executivo anunciou que a nova onda de ataques já levou à deslocação de mais de 60 mil pessoas.

“Nesta altura, nós falamos 67 321 deslocados, o que corresponde a 14 200 famílias que são consideradas como chegadas à província de Nampula e outros sítios tidos como mais seguros para os deslocados dentro da própria província de Cabo Delgado”, avança, Filimão Suazi, porta-voz do Conselho de Ministros, acrescentando que “estão num centro provisório de emergência no distrito de Eráti (província de Nampula) e está a ser feito todo um trabalho para que, nas escolas em que as pessoas se foram refugiar ou nas casas de familiares em que as pessoas estão, sejam melhoradas as condições de alojamento”, disse o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze.

No entanto, o Executivo já avança que se assiste, também, a um movimento de retorno da população recentemente deslocada às suas zonas de origem, conforme a melhoria das condições de segurança nas aldeias e postos administrativos onde foram registadas incursões terroristas nos últimos dias. In “O País” - Moçambique


Espanha - Luta contra a escassez de água nas ilhas Canárias, Catalunha e Andaluzia

A ilha de Tenerife enfrenta meses ou possivelmente anos de escassez crítica de água, dizem os especialistas


Tenerife está a planear declarar uma emergência hídrica na sexta-feira, já que os reservatórios estão com níveis baixos devido à seca contínua.

Algumas zonas de Espanha e das Ilhas Canárias estão a sofrer graves secas. A presidente do governo de Tenerife, Rosa Dávila, afirma que foi um dos “invernos mais secos da história recente” para a ilha.

Tenerife deverá declarar a emergência hídrica na sexta-feira, após uma sessão plenária. Dávila está confiante de que a iniciativa terá o apoio unânime de todos os partidos políticos, uma vez que “o povo de Tenerife não vê diferenças ideológicas nisto”.

A ilha enfrenta meses ou possivelmente anos de escassez crítica de água, dizem os especialistas.

Tenerife vive um dos invernos mais secos da história

As zonas centrais de Tenerife estão a sofrer uma seca extrema e prolongada, com grave escassez de água que pode continuar durante meses ou mesmo anos, de acordo com relatórios técnicos.

Apesar de ser uma das Ilhas Canárias mais verdes, Tenerife sofreu uma ausência crítica de chuva naqueles que deveriam ser os meses de inverno mais chuvosos - especialmente nas zonas do norte.

Nos últimos anos, a precipitação também diminuiu entre 15 e 40 por cento. A evaporação da água aumentou entre 10 e 25 por cento nas regiões centrais agrícolas da ilha devido às temperaturas mais elevadas.

Este mês de Janeiro registou temperaturas médias de 20,9ºC, tornando-o o mais quente da ilha em 60 anos.

Tenerife declarará emergência de seca

As condições extremas obrigaram o governo local a tomar medidas agora para garantir o abastecimento de água durante os meses secos de verão.

Relatórios locais dizem que a partir de 1 de Fevereiro, os reservatórios estavam com 34,6 por cento da capacidade, em comparação com 52 por cento no mesmo período do ano passado.

Dávila disse que “garantir o abastecimento de água aos cidadãos e ao interior de Tenerife é uma questão essencial que não pode ter preferências políticas”.

O vice-presidente Lope Afonso alertou ainda que a seca terá “graves consequências para o sector agrícola”.

A par da emergência hídrica a declarar na sexta-feira, o Conselho da Água da Ilha de Tenerife e o Ministério do Turismo planeiam lançar campanhas de informação pública.

Estas serão dirigidas aos residentes, mas também aos turistas e visitantes, sublinhando a importância do uso responsável da água.

A seca e o calor extremo provocaram incêndios florestais que devastaram áreas das florestas da ilha em agosto de 2023.

Tenerife luta com escassez de água

Tenerife está a estudar formas de combater a escassez de água, incluindo o aumento da capacidade das estações de tratamento e dessalinização de água para aumentar o abastecimento à agricultura e às habitações.

A ilha não tem rios e tem muito poucas barragens, pelo que depende de fontes subterrâneas para 80 por cento do seu abastecimento.

Outras áreas de Espanha também enfrentam problemas de escassez de água. As autoridades da Catalunha declararam uma emergência de seca em Barcelona no dia 1 de Fevereiro.

A região da Andaluzia restringirá o uso de água no verão em algumas cidades, incluindo Sevilha e Córdoba, a menos que a área veja “pelo menos 30 dias consecutivos de chuva”, segundo o presidente regional. Euronews.green


Portugal - Exposição dá a conhecer relação entre Fernando Pessoa e Almada Negreiros através dos seus livros

Uma exposição que dá a conhecer a relação artística e pessoal que existiu entre Fernando Pessoa e Almada Negreiros, através dos seus espólios, vai estar patente na Casa Fernando Pessoa em Campo de Ourique a partir do próximo sábado.


Esta nova exposição temporária vai pôr lado a lado as bibliotecas particulares de dois nomes maiores do modernismo português, procurando promover um “diálogo” através dos livros de cada um, divulgou em comunicado a Casa Fernando Pessoa.

A mostra “Almada e Pessoa – Conversa entre bibliotecas” estará patente até 8 de setembro e vai dar a conhecer edições raras, manuscritos e dedicatórias personalizadas.

“As bibliotecas dos artistas e escritores deixam ver o circuito de relações que se fazem e desfazem ao longo da sua vida, as suas amizades e os seus interlocutores intelectuais. Os livros que os escritores e artistas leem, sublinham, comentam, ilustram, editam, oferecem e recebem de oferta, são parte, fonte, ou extensão da sua obra”, refere a nota.

Com curadoria das investigadoras Mariana Pinto dos Santos, Giorgia Casara e Teresa Monteiro, a exposição vai apresentar uma seleção de livros dos dois artistas, postos em diálogo, atendendo à cumplicidade que partilharam, às suas amizades e projetos que tiveram em comum.

A biblioteca particular de Almada Negreiros, por exemplo, inclui livros com dedicatórias assinadas por Natália Correia, Jorge de Sena, Teixeira de Pascoaes, Aquilino Ribeiro e Vinícius de Morais, entre muitos outros.

Nas palavras dos organizadores, estes exemplares mostram “a rede de cumplicidades pessoais e artísticas de um dos mais multifacetados artistas portugueses do século XX”.

O poeta Fernando Pessoa e o artista multidisciplinar Almada Negreiros conheceram-se em 1913, quando tinham, respetivamente, 20 e 25 anos.

Em 1915, o autor do “Manifesto anti-Dantas” colaborou com a Orpheu, revista criada por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, considerada o marco inaugural da vanguarda literária e artística em Portugal.

“São aqui mostradas pela primeira vez dois projetos de maquetes ilustradas da ‘Mensagem’ que Almada fez, mas que nunca chegou a publicar, assim como uma primeira edição da ‘Mensagem’ dedicada por Fernando Pessoa a Almada, em que o trata por ‘Bebé de Orpheu!’”, revelam os promotores da exposição.

Os dois artistas têm múltiplas ligações, desde logo, Almada foi o autor do logótipo da Olisipo, editora que Fernando Pessoa fundou, tendo ali publicado o seu livro “A Invenção do Dia Claro” (1921), que também estará na exposição.

O número 3 da revista Orpheu estava a ser planeado por ambos, quando Fernando Pessoa morreu repentinamente, em 1935, tendo esse projeto a dois ficado interrompido.

Segundo a curadora Mariana Pinto dos Santos, “Almada foi um impulsionador da criação do mito Pessoano. Ao isolar a sua imagem no famoso retrato que fez para o Restaurante Irmãos Unidos, onde o grupo da revista Orpheu se reunia – e que pode ser visto na exposição permanente da Casa Fernando Pessoa -, Almada está a inscrever-se também no mito, ao ser o autor da imagem de Pessoa que iria ser perpetuada.”

Na opinião da responsável, esta é uma das mais-valias desta exposição: abrir novas perspetivas e ligações com outras peças que integram a coleção do museu.

No sábado, dia da inauguração, terá lugar uma conversa com as curadoras, às 16:00, de entrada livre, mas sujeita à lotação. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”


Brasil - Estudo explica como um fungo pode controlar a principal praga que afeta o cultivo de milho

Publicada na revista Scientif Reports, a pesquisa foi realizada no SPARCBio, um centro constituído pela Fapesp e pela empresa Koppert na Esalq-USP


A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) tornou-se um problema sério para a agricultura. Esse inseto diminuto está hoje amplamente distribuído nas Américas, desde o sul dos Estados Unidos até ao norte da Argentina. No Brasil, ele utiliza apenas as plantas de milho como hospedeiras e ainda são desconhecidos seus mecanismos de adaptação a outros vegetais. Na planta do milho, a cigarrinha causa um dano direto, pela sucção da seiva do floema – o tecido vivo através do qual circulam compostos orgânicos solúveis, em especial a sacarose, pelo corpo vegetal.

Mas esse não é o principal problema: o inseto é também um transmissor de fitopatógenos – bactérias e vírus – que podem causar grandes danos às espécies vegetais, afetar a produtividade e, por decorrência, a produção do milho.

Para combater a cigarrinha-do-milho – reduzindo sua população e principalmente impedindo a transmissão de fitopatógenos para novas plantas hospedeiras –, duas estratégias são habitualmente adotadas: a pulverização com agroquímicos e o controle biológico. Os inseticidas químicos são, de longe, os mais empregados. Mas, diante de seus efeitos colaterais desfavoráveis, o controle biológico vem obtendo crescente adesão.

Um dos agentes bioinseticidas utilizados em produtos atualmente comercializados é o fungo Cordyceps javanica (anteriormente denominado Isaria fumosorosea ou Cordyceps fumosorosea). Essa espécie generalista apresenta alto potencial de controle sobre insetos sugadores. Mas, até agora, não se sabia exatamente como isso acontecia. Para elucidar o mecanismo de atuação do fungo entomopatogênico sobre a cigarrinha-do-milho foi realizado um estudo pioneiro no Centro de Pesquisa Avançada de São Paulo para Controle Biológico (SPARCBio), constituído pela Fapesp e pela empresa Koppert Biological Systems, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.

A investigação foi conduzida pela engenheira agrônoma Nathalie Maluta, pós-doutora na área de fitossanidade e pesquisadora da Koppert Brasil. Teve a participação de Thiago Rodrigues de Castro, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Koppert Brasil, e de João Roberto Spotti Lopes, professor da Esalq. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports.

“Nosso trabalho evidenciou que o fungo começa a afetar o comportamento da cigarrinha-do-milho dois dias após a pulverização do bioinseticida, reduzindo a atividade alimentar dos insetos nos vasos do floema das plantas de milho, local onde ocorre a transmissão de fitopatógenos”, conta Maluta à Agência Fapesp.

Para obter esse resultado, a pesquisadora aplicou uma técnica, ainda pouco conhecida no Brasil, chamada electrical penetration graph (EPG). Nesta, a cigarrinha de teste, ativa sobre a planta de milho, é conectada a um eletrodo. E a atividade de seu estilete – isto é, da estrutura bucal, semelhante a minúsculos canudos, utilizada para sugar a seiva – pode ser assim monitorada e representada por meio de um gráfico, permitindo a associação das formas de onda produzidas com as atividades biológicas desempenhadas pelos insetos. Guardadas as devidas proporções, o procedimento é semelhante ao do eletrocardiograma, que monitora graficamente a atividade do coração.

“A técnica de EPG gera formas de onda com diferentes características, como nível de tensão, frequência e amplitude, que podem ser correlacionadas com atividades biológicas do inseto. Isso nos permite saber, em tempo real, o que ele está fazendo ou o que está acontecendo com ele – inclusive o efeito do bioinseticida sobre sua atividade sugadora ou transmissora de patógenos”, informa Maluta.

A Koppert comercializa, há tempos, um produto bioinseticida que tem como princípio ativo o Cordyceps javanica. E o artigo agora publicado explica seu mecanismo de ação.

“O produto, contendo o fungo, é pulverizado sobre a planta e atinge os insetos ali presentes. Também deixa um filme na superfície vegetal com o qual os insetos que pousam depois entram em contato. De uma maneira ou de outra, o fungo penetra nos corpos dos insetos. Seu efeito inseticida não é imediato. Ele precisa de alguns dias para germinar e produzir esporos, levando o inseto à morte. Mas, bem antes disso, o fungo já começa a afetar os seus comportamentos, inclusive o comportamento alimentar”, relata Maluta.

A pesquisadora afirma que a atuação do Cordyceps javanica é inteiramente específica e não oferece nenhum risco ao consumidor humano ou animal, tanto que seu uso é permitido para cultivos orgânicos. “Esse fungo já existe e atua na natureza. Não foi fabricado em laboratório por manipulação genética”, enfatiza.

Maluta afirma que, além de estar sendo agravada agora pela crise climática, a grande proliferação da cigarrinha-do-milho é uma decorrência direta da expansão da monocultura em larga escala e, principalmente, do uso inadequado das ferramentas de manejo, como o controle químico.

“Ao aplicar inseticidas químicos sem prévio monitoramento e sem saber se há necessidade de entrar com alguma medida de controle, ocorre a seleção de indivíduos resistentes, uma vez que os insetos suscetíveis morrem e os resistentes permanecem no campo, até o ponto em que nenhum instrumento de controle funciona mais. É preciso mudar radicalmente as estratégias de manejo”, diz.

“Esse inseto afeta o milho há muito tempo. Mas, nos últimos anos, sua população cresceu de forma explosiva. Isso também foi afetado pelos cultivos sucessivos. Hoje, temos não só as safras, mas também as chamadas safrinhas, o que aumenta a taxa de proliferação da praga, porque ela tem disponibilidade de comida praticamente o tempo todo”, ressalta. José Arantes – Brasil “Agência Fapesp” in “Jornal da Universidade de São Paulo”


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Portugal - Professora da Universidade de Coimbra distinguida pela Academia Americana de Ciências Forenses

Eugénia Cunha, professora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) acaba de ser distinguida com T. Dale Stewart Award, da Secção de Antropologia, durante a 76ª Conferência Anual da Academia Americana de Ciências Forenses – Justice For All, em Denver, nos Estados Unidos.

«Este prémio é gratificante, significa que consegui passar "a mensagem" e que a ciência que faço é, efetivamente, partilhada. Para mim a mensagem é muito mais importante que o mensageiro», considera a premiada.

O galardão foi renomeado como Prémio T. Dale Stewart em 1987 e representa o maior prémio oferecido pela seção de Antropologia Forense para conquistas e carreiras profissionais nesta área científica.

«Andei sempre pelo estrangeiro, mas a Universidade de Coimbra é a minha casa mãe, onde, entre outros, criei cursos, o laboratório de Antropologia Forense, onde fiz e faço investigação e, sobretudo, onde dei aulas. Os alunos são a razão de ser de uma universidade e acho que inspirei alguns. Espero que este prémio também sirva para isso e para mostrar que o que fazemos em Antropologia Forense na FCTUC está ao melhor nível internacional», conclui.

Eugénia Cunha, é desde 2018, diretora do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, Delegação do Sul, Lisboa e vogal do Conselho Diretivo; Professora Catedrática (desde 2003) Convidada (desde 2018) na FCTUC. Professora convidada na Universidade de Stanford (2020); USP, Ribeirão Preto (2017) e Paul Sabatier (2016).

É investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) onde é corresponsável pelo grupo de Antropologia Forense e Paleobiologia e co coordena o Laboratório de Antropologia Forense. Tem publicados mais de 2000 trabalhos científicos em revistas especializadas e está no topo 2% dos autores mais citados do mundo no campo das ciências Forenses. Universidade de Coimbra - Portugal

 

China - “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, publicado em chinês pelo Instituto Cultural

O Instituto Cultural (IC) publicou a tradução para língua chinesa do “Livro do Desassossego”, obra de Fernando Pessoa. O livro, com tradução de Zhang Weimin, integra-se na Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa e encontra-se à venda na Livraria Online do IC

O Instituto Cultural (IC) anunciou a publicação do “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, em língua chinesa. A iniciativa serve para “promover o intercâmbio literário chinês e português e apresentar obras portuguesas célebres aos leitores chineses”, diz uma nota do organismo. A obra está agora à venda na Livraria Online do IC, integrada na Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa.

A tradução é da autoria de Zhang Weimin, tradutor premiado pela Sociedade de Língua Portuguesa. A publicação da obra, que inclui manuscritos do escritor português numa “rica variedade de formas e estilos, abrangendo diários, ensaios e artigos”, deve-se, então, a uma colaboração entre o IC e a Jiangsu Phoenix Literature and Art Publishing.

“Explorando temas que incluem filosofia, estética, psicologia e sociedade, estas obras retratam os costumes de Portugal e, particularmente, de Lisboa, em que cada secção constitui um capítulo independente transmitindo visões instigantes”, descreve o IC em comunicado, acrescentando que “O Livro do Desassossego” é uma das mais importantes obras do escritor português, falecido em 1935.

A tradução em chinês tradicional deste livro constitui o oitavo volume da Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa. Dedicada a reunir uma série de livros sobre literatura de Macau ou relacionada com o tema, de escritores chineses e portugueses, esta colecção “pretende que tanto autores como leitores ultrapassem as barreiras linguísticas, reconhecendo a essência e os diversos estilos da criação literária chinesa e portuguesa nas obras traduzidas para a língua chinesa ou qualquer outra língua”.

A Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa inclui ainda uma compilação de 100 sonetos de Camões, “Almas Transviadas”, “Amores do Céu e da Terra”, contos de Macau e poemas de Du Fu, entre outros.

A tradução em chinês tradicional do “Livro do Desassossego” encontra-se à venda ao preço de 100 patacas com dois ‘ex-libris’ gratuitos. Os interessados podem consultar e adquirir o livro na Livraria Online do IC através do endereço: www.icm.gov.mo/bookshop. No portal, estão disponíveis descontos especiais para grandes volumes de compras. Os leitores locais podem levantar as encomendas pessoalmente em qualquer uma das 13 bibliotecas públicas do IC e os leitores não locais poderão solicitar a entrega das encomendas através do Serviço EMS dos Serviços de Correios e Telecomunicações de Macau. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”

Universidade de Macau adquire edição de 1613 de “Os Lusíadas”. Uma peça “única”, diz Rui Martins

No âmbito dos 500 anos de Camões, a Universidade de Macau (UM) adquiriu uma edição de “Os Lusíadas” datada de 1613. Esta é uma edição com comentários e a primeira a incluir uma biografia do poeta. É também a edição mais antiga de “Os Lusíadas” em Macau. Ao Ponto Final, Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau, descreveu a peça como “única” e “inestimável”

A Universidade de Macau (UM) adquiriu uma edição de “Os Lusíadas” datada de 1613. Esta será a edição mais antiga que existe em Macau. Além disso, a obra conta com comentários e é a primeira a contar com uma biografia de Luís de Camões.

Rui Martins, vice-reitor para os Assuntos Globais da UM, explicou ao Ponto Final que a aquisição está no âmbito das celebrações dos 500 anos do nascimento do poeta. A obra vai ser apresentada no auditório da biblioteca da UM amanhã, pelas 16h30. O livro já está na biblioteca da UM, no entanto, como é considerado uma obra rara, é possível ter acesso a ele em formato digitalizado.

Esta é uma “peça única”, descreveu ainda Rui Martins, notando que, após a compra por parte da UM, o livro desapareceu de circulação.

Até aqui, a única edição de “Os Lusíadas” constante na biblioteca da universidade era de 2003, da autoria de José Hermano Saraiva. “Nesse sentido, achei que devíamos tentar adquirir uma edição mais antiga”, indicou Rui Martins, detalhando que depois verificou-se que esta edição de 1613 estava à venda num site norte-americano e a UM decidiu, então, comprá-lo.

Não revelando quanto custou à UM a compra deste exemplar raro, Rui Martins indicou apenas que “foi um valor razoável dentro da capacidade de aquisição” da instituição. “É um valor razoável para uma obra inestimável”, completou.

“A UM tem um orçamento para a aquisição de livros e bases de dados digitais. Costumamos comprar vários livros indicados pelas diversas faculdades. Neste caso, esta compra foi através da análise do nosso departamento de português. Eles verificaram que este seria um livro interessante para comprar”, detalhou Rui Martins.

Após a apresentação do livro, amanhã, a UM vai realizar uma outra iniciativa no âmbito dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões: um seminário que vai juntar a matemática à literatura, do professor José Francisco Rodrigues, catedrático da Universidade de Lisboa e da Academia de Ciências de Lisboa.

O académico estava numa conferência em Singapura e Rui Martins convidou-o para este seminário em Macau, explicou. José Francisco Rodrigues irá apresentar uma “conferência muito interessante sobre matemática e literatura, onde também fala precisamente sobre Camões”.

Além disso, Rui Martins adiantou ainda que, nesse mesmo evento que se vai realizar amanhã, há uma grande possibilidade de também haver uma intervenção da professora catedrática e escritora portuguesa Helena Buescu, sendo que a sua participação ainda não está confirmada. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”


Macau - Congresso camoniano acompanhou jornada do poeta, de Moçambique à Indonésia

Decorreu este fim-de-semana o Congresso Internacional do Meio Milénio de Camões. As sessões de sábado abordaram o papel do poeta português em África e na Ásia. Na sessão que abriu o congresso, Felipe de Saavedra, coordenador da Rede Camões na Ásia & África, que organizou o evento, sugeriu até a criação de um centro interpretativo em memória de Luís de Camões em Macau


Realizou-se em Macau, ao longo deste fim-de-semana, aquele que é considerado o primeiro congresso mundial sobre os 500 anos de Camões. O Congresso Internacional do Meio Milénio de Camões, organizado pela Rede Camões na Ásia & África, trouxe a Macau congressistas que seguiram as pisadas do poeta e da influência da sua obra por África e pela Ásia.

Felipe de Saavedra, coordenador da Rede Camões na Ásia & África, afirmou, na abertura deste congresso, que, “na rede de locais camonianos, Macau é a princesa”, lembrando, por exemplo, que a Gruta de Camões é alvo de romarias desde antes do século XIX e viajantes de todas as partes do mundo vêm a Macau para ler poemas e sonetos em frente ao busto.

Assinalando que, em Moçambique, está a ser restaurada a Casa de Camões, onde será feito um centro interpretativo da memória do poeta, Felipe de Saavedra disse que essa é também uma ideia para Macau: “Também há a ideia da criação de um centro interpretativo para Macau, com uma geminação entre a Gruta de Camões em Macau e a Casa de Camões em Moçambique, para que depois fossem incluídos num roteiro turístico”.

“Que este congresso seja o momento de lançamento de iniciativas, inspirados pela efeméride, que seja o lançamento de coisas novas, que não seja apenas um olhar para o passado. Actualizar a magnífica herança e projectar para o futuro trabalhos e iniciativas”, afirmou Saavedra na abertura do congresso.

O congresso, que no sábado se realizou na Fundação Rui Cunha, contou inicialmente com uma alocução de boas-vindas de Rafael Custódio Marques, cônsul-geral de Moçambique. De seguida, o papel do poeta em África foi o tema principal, com um painel que incluiu Lourenço do Rosário, da Universidade Politécnica de Moçambique, Rui Pereira e Lurdes Rodrigues da Silva, da Universidade Eduardo Mondlane.

Em entrevista ao Ponto Final, publicada na passada sexta-feira, o professor Lourenço Rosário já tinha indicado que iria falar sobre o eixo Macau-Goa-Moçambique no mundo de Camões, assinalando que este é um triângulo territorial “imaginário”, mas que, ainda assim, faz com que os três territórios se reconheçam entre si. É Camões que liga os três territórios, defendeu.

Da parte da tarde, no sábado, o tema foi Camões na Ásia. Danny Susanto, investigador e tradutor ligado à Universidade de Jacarta, na Indonésia, traduziu “Os Lusíadas” para a língua indonésia num livro publicado em 2022 e, por isso, propôs-se a falar sobre as dificuldades na tradução da obra.

Começando por referir que “a tradução de poesia ainda é objecto de considerável debate” devido nomeadamente às dificuldades de compreensão do contexto histórico e sociocultural em que a obra foi escrita, afirmou: “Apesar das críticas negativas quanto à tradução de textos poéticos, a realidade é que obras desse tipo existem e persistirão, pois representam a única forma de transmitir riqueza literária de uma cultura para outra”.

Danny Susanto começou a pensar na tradução de “Os Lusíadas” para língua indonésia em 2021 a partir de uma sugestão de Felipe de Saavedra, que o propôs como forma de assinalar os 450 anos da primeira publicação da obra, confessou. Outra das motivações foi a ligação significativa da obra à Indonésia. “A estadia de Luís de Camões na Indonésia, juntamente com a ideia de que foi ali que ele começou a escrever a sua obra, confere um toque especial à tradução, destacando a ligação histórica entre a obra e o país”, afirmou o académico.

Outra das dificuldades, admitiu, foi “transmitir as nuances culturais aos leitores de diferentes origens, dado que a obra original está enraizada na identidade portuguesa e na era das descobertas”. Há “elementos que são específicos da história e mitologia portuguesas”.

Assim, na sua tradução de “Os Lusíadas” para língua indonésia, Susanto optou pelo uso de uma tradução mais literal “para manter a fidelidade ao texto original”. Para superar os desafios culturais e lacunas linguísticas, a tradução da obra incorpora mais de 1400 notas de rodapé, indicou o professor e tradutor.

Danny Susanto destacou ainda a “importância da tradução como um acto de mediação cultural”, com ênfase na “necessidade de os tradutores possuírem não apenas um profundo conhecimento linguístico, mas também compreensão transcultural”. Por outro lado, sublinhou que “o desafio de traduzir ‘Os Lusíadas’ para indonésio destaca a complexidade envolvida na transposição de obras literárias ricas em contexto cultural e histórico”.

“A necessidade de sensibilidade cultural, adaptabilidade e escolhas estratégicas durante o processo de tradução torna-se evidente para preservar a essência da obra original e permitir que os leitores indonésios apreciam a sua riqueza”, concluiu.

José Carlos Canoa, por sua vez, falou sobre Luís Gonzaga Gomes, figura de Macau do século XX e que tinha uma faceta de “camonista”, descreveu o investigador no âmbito da obra de Camões.

Luís Gonzaga Gomes, historiador e coleccionador de livros, nasceu em 1907 em Macau, “um espaço estimulador para o conhecimento da vida e obra de Luís de Camões” e, por isso, traduziu “Os Lusíadas Contados Às Crianças e Lembrados ao Povo”, de João de Barros, para língua chinesa em 1942. Gonzaga Gomes foi aprofundando o seu conhecimento sobre o poeta e, em 1951, escreveu um texto intitulado “A Gruta de Camões”. No ano seguinte, escreveu outro texto: “A Rocha dos Cinco Metais”, um texto que, segundo José Carlos Canoa, fala sobre uma lenda antiga que dizia que na gruta havia uma pedra com minerais preciosos. Em 1972, quatro anos antes da sua morte, Luís Gonzaga Gomes publicou um estudo sobre a representação da iconografia da Gruta de Camões de Macau.

Na tarde de sábado, o congresso retomou com uma intervenção musical de Fábio Vianna Peres, com um cancioneiro musical de Luís de Camões. Depois, as odes de Camões estiveram em destaque num painel que contou com a participação do professor Zhang Weimin, que falou sobre as dificuldades na tradução das odes para língua chinesa. Spencer Low falou sobre a tradução para inglês e Felipe de Saavedra abordou a “redescoberta” das odes do poeta. O dia terminou com um momento “musical camoniano” da autoria da compositora e cantora Scarlett Ma.

No domingo, Telmo Verdelho, da Universidade de Aveiro, falou sobre a perspectiva diacrónica da língua portuguesa na obra do poeta. Depois, Luíza Nóbrega, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil, e José Carlos Seabra Pereira, do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, em Portugal, abordaram a sua poética.

Depois, o tema principal foi o papel de Camões na Índia. Este painel incluiu Chalakkal Joseph Davees, da Rede Camões na Ásia & África, Loraine Alberto, da mesma organização, e Irene Silveira, da Universidade de Goa, na Índia. Por fim, o congresso terminou com Eduardo Ribeiro a falar sobre a tradição e a historicidade da presença de Camões em Macau. In “Ponto Final” - Macau


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Cabo Verde – Língua cabo-verdiana e Língua portuguesa: Uma ligação perene

Temos vindo a reflectir quase que diariamente – passe o exagero – sobre a evolução, sobre a transformação e sobre a vitalidade que o nosso idioma ilhéu tem vindo a demonstrar, tanto na oralidade como na escrita; e a sua aproximação cada vez mais audível da Língua portuguesa actual.

Antes de continuar, gostaria de aqui fazer uma espécie de comparação, entre um filho que mesmo atingida a maioridade, não deixa a casa paterna; assim a Língua cabo-verdiana, que a cada dia que passa ilustra tanto na sua expressão, sobretudo oral, como também escrita, um léxico e uma construção sintáctica, que estão cada vez mais próximos da norma actual da Língua portuguesa. Aliás, sua principal matriz. Daí que o crioulo destas ilhas seja considerado de “base portuguesa” com válidos fundamentos históricos e etimológicos.

Vale aqui repetir que, nunca a Língua cabo-verdiana, o crioulo das ilhas, esteve tão próximo e tão dependente da Língua portuguesa como o está na hora actual, fazendo daquela língua o seu “banco fornecedor” (principal) de vocábulos e de construções morfossintácticas.

Poderão, eventualmente, dizer-me que o fenómeno apenas é observável no meio urbano. Direi que não, pois, as “fronteiras” entre o campo e a cidade, hoje mais do que nunca, estão muito esbatidas no que toca à recepção da televisão, da rádio, dos jornais, todos órgãos que circulam regular e abrangentemente no espaço nacional. E os mesmos níveis de ensino universal, obrigatório, vamos encontrá-los tanto na cidade como no campo. De destacar ainda, a aproximação urbana/rural, trazida pelo desenvolvimento imprimido pelas autarquias locais, pelo fenómeno de uma migração crescente dos nossos jovens do meio rural para a cidade, normalmente designado “êxodo rural”, e ainda por um regular trânsito de uma população flutuante para os principais centros urbanos. A confluência de todos estes factores, conjugados com a tendência mimética de seguir o modelo de fala usada na comunicação social, apresam o crioulo a revestir-se gradualmente de modos e de construção similares aos usados na Língua portuguesa.

Ora bem, a vitalidade e a evolução do nosso crioulo, tem residido também, nessa apropriação que ele vem fazendo da língua portuguesa e da maneira como a incorpora na sua fala e na sua escrita hodiernas.

Estamos cientes de que tal acontece e tem origem em vários factores, dos quais, apenas citamos os considerados mais evidentes: a filiação natural,  a contínua e ininterrupta ligação da Língua cabo-verdiana à Língua portuguesa; a escolarização alargada e universal, que leva a uma maior exposição e contacto dos aprendentes com a Língua portuguesa; uma cobertura nacional dos meios da comunicação social, com os principais programas (noticiários, debates, notícias do desporto, artigos de opinião) em Língua portuguesa; o fenómeno das telenovelas faladas em português, a já denominada globalização, entre outros factores.  E como resultado de tudo isso, temos que o falante do cabo-verdiano escolarizado, vem incorporando com uma notória visibilidade e intensidade, expressões portuguesas “ipsis verbis” com o eventual fito de enriquecer ou precisar a sua mensagem oral. 

Clamo, pois, a vossa atenção para que as escutemos quando presentes em entrevistas de rua ou/e de estúdio, nos discursos políticos; nos programas de educação e de saúde, entre outras participações, radiodifundidas e televisivas, em que ouvimos, diariamente, o falante cabo-verdiano ilustrado ou academicamente habilitado, expressando-se na sua Língua materna, através de vocábulos, de articuladores do discurso, directamente provenientes da Língua portuguesa actual. As mais das vezes, como atrás referimos, sem qualquer alteração ou, transformação (na passagem do português para o crioulo) fonética ou morfológica dos vocábulos.

O mais interessante desta fenomenologia linguística cabo-verdiana sincrónica, é que vão desaparecendo os monemas lexicais e gramaticais; a corruptela dos semantemas; os vestígios que ainda subsistem na Língua cabo-verdiana, cuja origem remonta ao português arcaico do século XV, trazido pelos portugueses; e os substractos das várias Línguas das terras e dos países da Costa africana – Felupe, Jalofo, Balanta, Papel e Bijagó - que aqui aportaram na boca dos escravos.  De facto, já se podem considerar residuais ou, pelo menos, em pouca quantidade, no falante nacional, escolarizado.  Sim, esses adstractos e substractos que conformavam de maneira notória, a Língua materna cabo-verdiana, tendem a desaparecer no modo de falar hodierno do cabo-verdiano. Repito: do falante nacional escolarizado.

Curioso é que se trata de um processo que já havia sido previsto por Baltazar Lopes da Silva, quando, em 1947 no ensaio «Uma Experiência Românica nos Trópicos» afirmava a determinada altura: “(…) um esforço generalizado de aristocratização, cada vez maior, à medida que maior for o derrame da instrução e forem maiores os contactos com a cultura europeia.”

E continuava o nosso eminente filólogo, referindo-se às senhoras e às raparigas “que fizeram o seu Liceu e que contavam em crioulo os romances e folhetins que liam (…) crioulo especial, repleto de fenómenos linguísticos reinóis.”  Fim de transcrição. Ver obra acima citada.

Abro aqui um pequeno parêntesis para ilustrar o facto interessante de Baltazar Lopes da Silva se referir à leitora (e não à contraparte masculina) dos romances recontá-los em crioulo e, deste modo, voltarmos àquela ideia que se tinha em Cabo Verde de que o português era a fala masculina e o crioulo a fala feminina, nas ilhas. Fecho o parêntesis.

O que me espanta – enquanto leitora dos escritos filológicos de Baltazar Lopes da Silva – são a sua profundidade filológica e a sua actualidade, actualidade aliás, que residiu na capacidade extraordinária de prever fenómenos linguísticos, no que ao crioulo cabo-verdiano concernem.

Para além do mais, é curioso o facto conclusivo que B. Lopes da Silva retira da fala crioula na boca do cabo-verdiano escolarizado: (…) do impulso inovador que extrai o seu vigor do profundo sentimento aristocratizante de aproximação do padrão linguístico metropolitano”.

Nota a destacar, a similitude com o que se passa nos tempos que correm. De facto, actualmente, tornou-se muito mais fácil, para um falante de Língua portuguesa, entender o seu interlocutor cabo-verdiano que não se expresse totalmente em português, visto que a Língua cabo-verdiana se aproximou e vem se aproximando – diria que quase acelerada e quantiosamente (perdoem-me o eventual exagero) – do português. Aliás, tenho ouvido de amigos e conhecidos, falantes da Língua portuguesa que nos visitam a isso referirem-se com alguma frequência.

Pois bem, são observações que faço de forma rotineira, sem qualquer juízo de valor e de forma objectiva, tentando assim, convidar os mais interessados, linguistas ou não, simples falantes do nosso idioma materno e da Língua portuguesa, a interpretar estes sinais linguísticos e dinâmicos (todas as Línguas são corpos dinâmicos em transformação, sincrónica e diacrónica, constantes) que projectam a Língua cabo-verdiana.

Por um lado, essas apropriações, importações ou até mesmo empréstimos (?) que o nosso Crioulo faz de vocábulos, de construções sintácticas e de articuladores do discurso, da Língua  que lhe esteve na origem, só demonstram a riqueza, a  vitalidade crescente do mesmo, o seu grau de desenvolvimento, e a resolução das suas necessidades em matéria semântica ao ir à Língua portuguesa satisfazê-las de cada vez que surge uma situação elocutória em que a Língua cabo-verdiana, não possuindo recursos endógenos, vai  busca-los à Língua matriz. Até aqui tudo certo.

Por outro lado, temo que a tarefa do professor que tem a seu cargo o ensino da Língua portuguesa, seja agora mais complexa e mais difícil, – ainda que com os métodos que se usam para o ensino de uma Língua viva, de comunicação, presente entre nós – dada a mistura e a contaminação dos dois idiomas. Ainda que seja ensinada com os métodos aplicados a uma língua segunda, a uma língua estrangeira, o entranhamento e o entrosamento entre as duas línguas, a cabo-verdiana e a portuguesa, são de tal monta que as duas, na boca do aprendente, se confluem, se misturam e, naturalmente, se contaminam.

Nesta oportunidade, acrescentarei que o professor da disciplina da Língua portuguesa, deve estar bem atento a esses sinais e munido de uma didáctica específica para o ensino do português – Língua viva, Língua segunda e Língua veicular do ensino – e que desta forma, consiga levar a bom porto os objectivos esperados da disciplina. De recordar que estes objectivos, deverão estar focados na compreensão, na leitura, na interpretação de textos e no aperfeiçoamento continuado da expressão escrita e oral do aprendente.

Para finalizar, solicitarei – apesar da minha formação – como disse alguém: “concedam-me a liberdade própria de um artigo de opinião, sem as obrigações de um ensaio.”  porque não é deste género de texto – ensaio – que se trata. É de apenas um texto de opinião. Não vá alguém, algum comentador nos media, confundir (como já aconteceu) “Artigo de Opinião” com “Ensaio” ou “Tese Universitária”. Ondina Ferreira – Cabo Verde in coral-vermelho.blogspot


África - CEDEAO cede e acaba com sanções ao Mali, ao Níger e à Guiné-Conacri mas deixa de fora o Burquina Faso por pressão da França

A organização sub-regional da África Ocidental, a CEDEAO; está a derrubar as sanções e castigos que aplicou a quatro países, um por um, depois de neles terem ocorrido golpes militares, entre 2020 e 2023, mas há um que não está na lista por pressão da França

O Mali, o Níger e a Guiné-Conacri começam a ver aliviadas as sanções e punições aplicadas pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental, depois de os novos regimes que governam estes países terem consolidado as bases do seu poder.

Mas o mesmo não está a suceder ao Burquina Faso, apesar de em nada se distinguir dos outros, mantendo mesmo uma aliança ad hoc de defesa comum com o Níger e o Mali, no que diz respeito ao respeito pela democracia e o Estado de Direito, muito duvidosos em todos eles, mas com um pormenor que sobressai em relação aos demais.

Em Ouagadougou, a junta militar que assumiu o poder em Setembro de 2022, afastando o Presidente Paul-Henri Damiba, um aliado muito próximo de Paris, sob liderança do capitão Ibrahim Traoré, iniciou um agressivo processo de afastamento diplomático da França, a antiga potência colonial.

Depois de o Governo francês recusar as ordens de Ouagadougou de retirar as suas tropas estacionadas no país há décadas, foi dada ordem de expulsão ao embaixador e cortadas as relações com Paris.

Com uma forte pressão da França sobre a CEDEAO, esta organização sub-regional ameaçou mesmo com uma intervenção militar, tal como o fez com o Níger, o que levou o chefe da junta militar e Presidente interino, Ibrahim Traoré, a desafiar tanto Paris como a comunidade regional.

Este levantamento de sanções que exclui o Burquina Faso, como expõem alguns analistas africanos, é resultado da estratégia francesa de pressão sobre a sua antiga colónia, uma das mais relevantes estrategicamente no seio da "FranceAfrique", uma entidade mais mental que prática no Sahel e

que está em desmoronamento, como está a influência de Paris nesta vasta geografia assolada por problemas sérios, como é o caso do mais recente, no Senegal.

Os mesmos analistas enquadram ainda estas decisões no confronto da CEDEAO com a possibilidade dos três países do Sahel, Burquina, Mali e Níger, como anunciaram que vão fazer, abandonarem a organização no contexto da sua clara aproximação à esfera de influência da Rússia.

Em comunicado, a CEDEAO anunciou que iria "levantar as sanções financeiras e económicas direccionadas à República da Guiné" e "levantar as restrições ao recrutamento de cidadãos à República do Mali para postos no seio das instituições da CEDEAO".

A CEDEAO, como lembra a Lusa, tinha convocado, no sábado, uma cimeira extraordinária para discutir "a política, a paz e a segurança na República do Níger", bem como "os recentes desenvolvimentos na região".

O levantamento de sanções contra a Guiné-Conacri e o Mali não tinha sido precisado na alocução final do presidente da Comissão da CEDEAO, Omar Alieu Touray, no final de sábado.

Na Guiné-Conacri, o bloco de países da África Ocidental tinha interditado as transacções financeiras com as suas instituições, um ano após a chegada ao poder do coronel Mamadi Doumbouya, que retirou da governação o Presidente Alpha Conde, em setembro de 2021.

Na segunda-feira, recorda ainda a Lusa, o chefe da junta militar anunciou por decreto a dissolução do Governo em funções desde julho de 2022.

No Mali, que conheceu dois golpes de Estado em 2020 e 2021, o bloco regional tinha imposto sanções económicas e financeiras que levantou em julho de 2022, quando a junta no poder anunciou um calendário de transição.

A CEDEAO "decidiu levantar com efeito imediato" as sanções mais pesadas impostas ao Níger desde a tomada do poder, em Niamey, de um regime militar que destituiu o Presidente eleito Mohamed Bazoum em julho, tinha anunciado Omar Alieu Touray no sábado.

As fronteiras e o espaço aéreo nigerino serão reabertos, as transacções financeiras entre os países da CEDEAO e o Níger novamente autorizadas, e os bens do Estado nigerino descongelados "por razões humanitárias", declarou o representante.

Os dirigentes militares de Niamey estão também novamente autorizados a viajar, mas mantêm-se "as sanções individuais e políticas", segundo Omar Alieu Touray.

Estas decisões marcam um passo da CEDEAO em direção à retoma do diálogo com os três regimes militares, enquanto o Níger, o Mali e o Burkina Faso - que se distanciaram de França e se aproximaram da Rússia - anunciaram em janeiro a sua intenção de abandonar a CEDEAO.

Os três países formaram uma Aliança de Estados do Sahel (AES), criada em setembro de 2023. In “Novo Jornal” – Angola com “Lusa”