Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 31 de maio de 2025

Portugal - Escritor cabo-verdiano Joaquim Arena vence Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia

O escritor cabo-verdiano Joaquim Arena é um dos galardoados com o Prémio Literário Guerra Junqueiro 2024, atribuído anualmente no âmbito do Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL), em Portugal

O Prémio Literário Guerra Junqueiro (PLGJ) é promovido desde 2017 pela Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, no âmbito do Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL), em homenagem ao poeta Guerra Junqueiro.

Autor de obras como Siríaco e Mister Charles (Prémio Oceanos 2023), Debaixo da Nossa Pele (2017), O Sabor da Água da Chuva e Outras Memórias da Amiga Perfeita (2024), Joaquim Arena é o laureado por Cabo Verde com este prémio que reconhece a carreira de escritores dos Países Membros da CPLP.

Contente pela distinção

“Sendo uma distinção não para um livro, mas para o conjunto da obra, fico muito contente, embora espero vir a escrever muitos mais livros”, revela o escritor, que brevemente coloca nas bancas mais um romance.

Trata-se do livro “As mortes do meu pai”, que encerra a Trilogia Negropolitana, destinada a dar vida e voz a homens e mulheres descendentes de africanos escravizados,  trazidos para o coração do Império.

“O reconhecimento pelo nosso trabalho, ainda por cima tendo como patrono um escritor e pensador português da craveira de Guerra Junqueiro, é sempre uma grande satisfação”, diz o autor, em conversa com A Nação.

Outros cabo-verdianos premiados

O PLGJ já distinguiu, em edições anteriores, outros escritores cabo-verdianos, como Dina Salústio (2022), Vera Duarte Pina (2021) e Jorge Carlos Fonseca (2020).

O prémio carrega o nome do patrono do evento e resgata um dos poetas que marcaram a formação dos poetas e escritores do séc. XX: Pretende ser um contributo para um movimento criador de uma união cultural lusófona. In “A Nação” – Cabo Verde


Costa Rica – Guitarrista Marta Pereira da Costa atua no Teatro Nacional no Dia de Portugal, Dia de Camões e Dia das Comunidades Portuguesas

A Embaixada de Portugal no Panamá, com concorrência na Costa Rica, promove a 3 de junho um concerto especial da guitarrista Marta Pereira da Costa, no Teatro Nacional da Costa Rica, às 20h00 (hora local). O concerto conta com a presença de Perrozompopo (cantor e compositor da Nicarágua) como convidado especial



Reconhecida como a maior executante feminina de guitarra portuguesa a nível mundial, Marta Pereira da Costa levará ao palco costa-riquenho um espetáculo que celebra a tradição musical portuguesa com um toque contemporâneo.

O concerto integra o programa comemorativo do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, e conta com o apoio do Instituto Camões. Os bilhetes encontram-se à venda aqui. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


Portugal - Zé Povinho celebra 150 anos

O Zé Povinho está a celebrar 150 anos e o Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, vai renovar a sua coleção permanente e preparar festejos a partir de julho até ao próximo ano, disse o diretor

“Mais do que uma ideologia, o Zé Povinho é uma figura de cidadania e contra as injustiças”, disse à agência Lusa João Alpuim Botelho, diretor do Museu Bordalo, referindo que a figura foi apropriada “por todos, lembrando a ‘Cantiga da Rua’, ‘não é minha nem é tua é de toda a gente'”.

A personagem Zé Povinho surgiu pela primeira vez no dia 12 de junho de 1875, nas páginas centrais do jornal A Lanterna Mágica, de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905).

“O que torna a figura do Zé Povinho absolutamente genial e faz com que ela sobreviva ao longo destes 150 anos é que ele criou a figura como quem nos põe um espelho à frente da cara e diz: ‘estás a ver, eles estão a fazer aquela negociata, ou uma lei contra a liberdade de imprensa’, e é sempre uma maneira de provocar o Zé Povinho ou o levar a reagir, portanto é uma mensagem de cidadania”, argumentou o responsável.

O diretor do museu acrescentou: “É uma mensagem para estarmos sempre atentos, a Democracia tem de se construir todos os dias, temos de estar sempre atentos, podem vir outras forças políticas que derrubem a democracia, e essa é a grande mensagem do Zé Povinho, a Democracia constrói-se com o nosso esforço, o nosso trabalho, e uma das coisas com que o Bordalo se preocupa com o Zé Povinho é que é preguiçoso e analfabeto, não se preocupa em aprender a ler, e é através do trabalho e do ensino que o Zé Povinho é capaz de tornar a sua vida melhor”.

João Alpuim Botelho referiu-se à figura do Zé Povinho como “uma criação genial” de Bordalo Pinheiro por “ser praticamente intemporal e se aplicar a várias situações”.

“Ele critica os políticos, mas cada situação dos políticos, não diz ‘os políticos são todos iguais’ ou ‘os políticos são todos corruptos’, como os populismos que ouvimos hoje em dia. O Zé Povinho, pela mão do Bordalo, critica situações concretas”, afirmou.

A figura do Zé Povinho foi imediatamente apropriada, nomeadamente por outros artistas que “ainda em vida do Bordalo o desenharam e continuou depois da sua morte”.

Bordalo Pinheiro era “muito generoso como pessoa, e teria muito interesse e gosto em ver a sua figura a ser usada por outros”.

O Zé Povinho surgiu na Monarquia Constitucional, passou a I República, o Estado Novo – “tendo sido muito censurado” -, “explodiu com o 25 de Abril, e continua a ser usado”.

“Com o advento da República [1910], o Zé Povinho, que era essencialmente republicano e contra a monarquia, aparece numa série de jornais como monárquico a lutar contra a República”, relatou o diretor do museu.

Alpuim Botelho realçou a forte ligação do Zé Povinho à causa republicana, associado sempre à personagem a “Cartilha Maternal”, de João de Deus, recordando que a instrução era um dos postulados do republicanismo.

No âmbito do 150.º aniversário do Zé Povinho, o Museu Bordalo Pinheiro inaugura, em 21 de julho, a sua nova exposição permanente, que incluirá uma sala dedicada exclusivamente ao Zé Povinho.

Em novembro, é inaugurada uma exposição temporária constituída por ‘Zés Povinhos’, desde o século XIX até à atualidade, com curadoria do ‘designer’ Jorge Silva.

Está previsto a colocação ‘online’ no sítio do Museu Bordalo, a 12 de junho, de uma página dedicada aos 150 anos, expondo os resultados de uma investigação, e com várias galerias de imagens com Zés Povinhos, desde o século XIX, passando pela 1.ª República, pelo 25 de Abril e até à atualidade.

A cidade de Caldas da Rainha, à qual Bordalo esteve ligado, celebra também o 150.º aniversário com uma exposição no Centro Cultural e de Congressos a partir de 28 de junho. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo com “Lusa”


Cabo Verde – Voz Di Magua lança segundo single intitulado “Silêncio”

O single “Silêncio” visa dar continuidade à estética visual iniciada com a música Liberdadi e explora temas como introspecção, tempo e reencontro com a própria essência



Depois do lançamento do seu primeiro single intitulado “Liberdadi”, o artista maíense Voz Di Magua lançou o seu segundo single intitulado “Silêncio” em todas as plataformas digitais. O tema vai integrar o seu EP de estreia “Dor Di Mãe” a ser lançado no próximo mês.

Segundo um comunicado da EME Criativa, a música Silêncio aprofunda a linha narrativa emocional do EP, “evocando sentimentos de isolamento, reflexão e força interior”.

“O lançamento do seu segundo single reforça o compromisso artístico e a autenticidade do artista Voz Di Magua, que tem conquistado ouvintes através de uma sonoridade única que combina raízes cabo-verdianas com influências contemporâneas”, lê-se na nota.

“O videoclipe do single Silêncio lançado no canal oficial de Voz Di Magua no YouTube, promete dar continuidade à estética visual iniciada com a música Liberdadi, explorando temas como introspecção, tempo e reencontro com a própria essência”.

A música integra o EP “Dor Di Mãe”, que foi escrito na prisão e inclui cinco faixas em homenagem à sua mãe. O trabalho deve ser lançado até ao final de junho, com destaque para uma apresentação especial em julho, segundo a mesma fonte.

Durante o tempo que esteve preso, o jovem integrou o projeto de reinserção social “Liberta Som”, idealizado pelo músico Alberto Koeing. O projeto culminou na gravação de um álbum coletivo em 2023, que envolveu 30 reclusos da Cadeia Central da Praia, com 16 faixas musicais, sendo uma delas do Voz Di Magua – o single “Mama Ko Txora”.

O tema já chegou às 52 mil visualizações no YouTube e projetou o nome do artista como uma revelação da música e como um exemplo de reinserção social através da arte. Daimara Furtado – Cabo Verde in “Balai Cabo Verde”


sexta-feira, 30 de maio de 2025

Portugal - Universidade de Coimbra acolhe primeira Conferência Nacional sobre Cidades Sustentáveis e Inteligentes

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) irá acolher, nos dias 3 e 4 de junho, a primeira Conferência Nacional sobre Cidades Sustentáveis e Inteligentes, uma iniciativa que pretende reunir investigadores e profissionais empenhados na construção das cidades do futuro.



O evento, que decorre no Departamento de Engenharia Civil (DEC) da FCTUC, tem como foco principal os processos e métodos inovadores que promovem uma gestão urbana mais eficiente, inteligente e sustentável.

Num contexto marcado pela crescente urgência climática e social, as cidades são chamadas a responder, de forma responsável, aos desafios da sustentabilidade nas suas várias dimensões: económica, ambiental, social e de governança. De acordo com Anabela Ribeiro, professora do DEC e coordenadora da Licenciatura em Gestão de Cidades Sustentáveis e Inteligentes, «esta conferência surge como um espaço privilegiado para o debate, partilha de conhecimento e promoção de soluções integradas que assegurem a resiliência urbana».

A organização do evento está profundamente enraizada no meio académico, refletindo o investimento da Universidade de Coimbra na formação nesta área, nomeadamente com a criação da Licenciatura em Gestão de Cidades Sustentáveis e Inteligentes (iniciada em 2022-2023) e do futuro Mestrado em Gestão de Cidades e Engenharia de Transportes, previsto já para o próximo ano letivo. «Esta conferência pretende, ainda, fomentar colaborações com outras universidades e departamentos nacionais, bem como com entidades públicas e privadas que reconhecem o valor destes profissionais», conclui a docente.

A gestão urbana sustentável exige uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. Desta forma, a conferência abrangerá um vasto leque de áreas temáticas, como planeamento, construção e gestão de infraestruturas; planeamento urbano e urbanização, engenharia de transportes e mobilidade, entre outras, e contará com sessões dedicadas à apresentação de métodos de monitorização, simulação e modelos de planeamento urbano.

Mais informações sobre a 1.ª edição da Conferência Nacional sobre Cidades Sustentáveis e Inteligentes no sítio oficial. Universidade de Coimbra - Portugal


Moçambique - Tchakaze lança o seu primeiro livro “Ser Artista no País do Pandza” em evento cultural na cidade de Maputo

A cantora moçambicana Teresa da Graça, popularmente conhecida como Tchakaze, prepara-se para lançar o seu primeiro livro intitulado Ser Artista no País do Pandza, hoje, 30 de Maio de 2025, no Centro Cultural Sabura, na cidade de Maputo.



A obra mergulha nos bastidores da vida artística em Moçambique, explorando os desafios enfrentados por quem escolhe viver da arte, com reflexões sobre resiliência, resistência, vitórias e derrotas. Com um tom íntimo e revelador, Tchakaze convida o leitor a conhecer o lado menos visível da sua jornada, num testemunho que promete marcar a cena cultural e literária do país.

O evento conta com a presença de figuras proeminentes da cultura moçambicana, como David Abílio, Elvira Viegas, DJ Ardiles (um dos criadores do Pandza), Denny OG, Juliana de Sousa e Delta Acácio, entre outros convidados especiais, que abrilhantam a ocasião.

Além do lançamento, o encontro será uma oportunidade para o público interagir com a autora, adquirir exemplares autografados e celebrar a força da literatura moçambicana aliada à música.

O Centro Cultural Sabura está localizado na Rua José Sidumo, nº 185R, próximo à Interfranca. A entrada é livre. In “Moz Entretenimento” - Moçambique


França – Biblioteca na cidade de Rennes conta com livros de autores angolanos

A Bibliothèque des Champs Libres, na cidade de Rennes, em França, conta desde a semana passada com 20 livros de autores angolanos, doados pelo projecto Leitura ao Domicílio, durante a terceira edição da “Semana de África”, que decorreu de 19 a 24 deste mês



Durante o evento, que contou com a participação da República Democrática do Congo, Burundi, Nigéria, Côte d’Ivoire e França, país organizador, as obras, que narram vários elementos que compõem a riqueza histórica e cultural destacadas pelos escritores, foram expostas ao grande público.

O presidente do projecto Leitura ao Domicílio, Aniceto da Silveira, disse que a doação teve como objectivo dar a conhecer a literatura angolana à população francesa e aos visitantes que se dirigiram ao espaço.

No decorrer da exposição, avançou, os livros foram apreciados por vários cidadãos estrangeiros, o que permitiu ainda o intercâmbio com os demais expositores. “Em relação ao intercâmbio, está a ser muito bom, tive a oportunidade de falar sobre o projecto e como nasceu”, frisou.

Parceria

Aniceto da Silveira fez saber que a visita resulta da cooperação entre a Associação Kalissoki, com sede em França, e o projecto Leitura ao Domicílio, existente há três anos.

Ao longo da estadia, a comitiva angolana e a co-presidente da Associação Kalissoki, Elsa Valentina, reuniram com a responsável da livraria Librairie Comment Dire, onde debateram estratégias para a promoção e divulgação da literatura angolana no exterior. A viagem vai estender-se até Junho e inclui encontros com parceiros institucionais, embaixadores e cônsules, visando ampliar a rede de apoio ao projecto. Engrácia Francisco – Angola in “Jornal de Angola”


Angola - Destacado papel dos escritores na divulgação da História do país

O escritor e historiador Alberto Oliveira Pinto realçou, quarta-feira, em Luanda, que Angola vive uma realidade especial nestes 50 anos de Independência Nacional, em que os escritores desempenharam um papel fundamental na divulgação e pesquisa sobre a História do país



Durante o debate inaugural do ciclo de palestras que visa celebrar os 50 anos da Independência Nacional, o premiado escritor e historiador referiu que abordar a História implica sempre um ponto de interrogação.

Na dissertação, apontou exemplos de autores como Pepetela e outros que, ao longo dos 50 anos de Independência, muitas vezes, substituíram os académicos, pesquisando a História de Angola em busca da verdade dos factos.

“Portanto, há sempre uma exploração entre a história e a literatura, mas, no caso de Angola, nos últimos 50 anos essa relação foi muito significativa”, defendeu.

Questionado sobre a forma como analisa os escritores com forte carga de história nas suas obras, o orador disse que tem aprendido muito com a produção literária em obras de Pepetela, Arnaldo Santos, Henrique Abranches e muitos outros escritores angolanos.

Alberto Oliveira Pinto revelou ter feito recurso a obras desses escritores para produzir um ensaio sobre a oralidade entre um romance histórico de Pepetela e outro de Arnaldo Santos, embora reconheça serem escritores de tempos diferentes. “Escrevi romances históricos, mas aprendi muito com eles. Destaco o romance ‘Mazanga’, sobre a Ilha de Luanda e a origem dos axiluanda, com o qual ganhei o Prémio Sagrada Esperança, em 1998”, disse.

Doutor em História de África pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o prelector revelou que já escrevia literatura e se interessava por temas históricos, mas lamentou o facto de ter tomado a decisão de se tornar historiador muito tarde, aos 34 anos, aquando do regresso a Angola, em 1996, depois de muitos anos de vivência em Portugal.

“Voltei cá em 1996, aqui mesmo nesta sala da União dos Escritores Angolanos, e já tinha livros publicados. Ao voltar, percebi que não sabia nada sobre o país, foi assim que nasceu a paixão pela pesquisa da História de Angola. Já escrevia romances históricos, quando pensava que a história não passava de pano de fundo para os meus romances”, recordou. 

Na qualidade de anfitrião, o secretário-geral cessante da União dos Escritores Angolanos (UEA), David Capelenguela, reconheceu que Alberto Oliveira Pinto tem sido um dos historiadores que tem contribuído bastante para o conhecimento da história recente e não só do país, embora viva na diáspora.

“O debate com este membro desta Casa das Letras mostra que celebrar os 50 anos da nossa Independência exige a contribuição de todos os saberes, principalmente, a partilha com jovens académicos ávidos em procurar novos caminhos ou factos para as suas pesquisas”, avaliou.

Promovido pelo Memorial Dr. António Agostinho Neto, o ciclo de palestras, em Luanda, encerrou hoje, às 14h00, na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, onde Alberto Oliveira Pinto ministrou o debate sobre “Lugares de Memória de Angola antes e depois da Independência”.

A agenda de Alberto Oliveira Pinto culmina no dia 4 de Junho, na cidade do Huambo, às 9h00, no Centro Cultural Manuel Rui, onde vai debater temas como a figura de Norton de Matos e a fundação daquela cidade, assim como as bases do nacionalismo angolano. Katiana Silva – Angola in “Jornal de Angola”


quinta-feira, 29 de maio de 2025

Macau - Galo de Barcelos “une-se” à Lagosta de Colbert

A Sands China e o artista Philip Colbert voltaram a colaborar para o lançamento de uma nova estatueta da icónica Lagosta, com 38 centímetros de altura e inspirada no galo tradicional português. As 100 figuras de edição limitada encontram-se à venda no Venetian, numa “oportunidade rara” para coleccionadores, afirma a operadora de jogo


O artista “pop art” Philip Colbert, em colaboração com a Sands China, lançou uma edição limitada da Lagosta, com 38 centímetros de altura, inspirada no icónico galo português, o galo de Barcelos. As 100 peças encontram-se exclusivamente à venda em quatro pontos no Venetian, nesta que é, segundo a operadora de jogo, “uma oportunidade rara” para entusiastas da arte.

A nova figura é uma versão mais pequena da escultura urbana original de Colbert, que reflecte a “essência temática das Casas da Taipa”, um dos lugares cénicos mais significantes da RAEM. Cada exemplar da figura coleccionável custa 4770 patacas e vem com um número de série único, valorizando-a junto de coleccionadores.

A lagosta vermelha encarna características locais e usa vestes tradicionais do galo de Barcelos, transformando-a num “embaixador cultural que celebra a herança única de Macau, onde Oriente e Ocidente se encontram”.

Colbert cativou audiências globais com a sua personagem icónica, ao misturar “surrealismo avant-garde com apelo contemporâneo”. Segundo a Sands, as lagostas constituem um símbolo de “auspício, longevidade e amor eterno”, considerando-se que “carregam bênçãos”. Para a operadora, trata-se de um “ícone urbano e cultural distinto” que representa a identidade da cidade.

De acordo com o comunicado da empresa, a Sands e Philip Colbert deixaram um “legado artístico indelével em Macau”, criando inúmeras esculturas únicas que permanecem expostas pela cidade, “amadas por residentes e turistas”. A operadora espera que a colaboração por detrás deste novo coleccionável dê início a um “ressurgimento do entusiasmo pela pop art”. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


Espanha - Festival literário tem Portugal como convidado de honra

Portugal será o país convidado da edição deste ano do Festival Eñe, dedicado à literatura, e que se realiza em novembro em Espanha, nas cidades de Madrid e Málaga, anunciou a organização


É a primeira vez que um país não hispânico e a literatura num idioma diferente do espanhol são os convidados do Festival Eñe, destacou a Embaixada de Portugal em Espanha, num comunicado.

O Festival Eñe, organizado pela La Fábrica e pelo Círculo de Belas Artes de Madrid (duas entidades culturais privadas), celebra este ano, entre 08 e 30 de novembro, a 17.ª edição.

Portugal será o país convidado, numa “oportunidade única para explorar a riqueza da literatura em língua portuguesa e a sua projeção global”, disse a organização, num comunicado.

“O festival contará com a participação de escritores e artistas de língua portuguesa e pela primeira vez alargará o seu olhar a outros continentes, como África”, lê-se na mesma nota.

Os primeiros dois nomes confirmados no Eñe de 2025 são as escritoras Lídia Jorge, “uma das grandes figuras da literatura portuguesa contemporânea”, e Djaimilia Pereira de Almeida, “uma das vozes mais inovadoras da narrativa luso-africana”.

A participação e o protagonismo de Portugal no Festival Eñe deste ano enquadra-se na Programação Cultural Cruzada Espanha-Portugal – 50 Anos de Democracia, acordada entre os dois países para celebrar cinco décadas do fim das ditaduras portuguesa e espanhola.

O protocolo que formalizou o convite a Portugal para estar no Eñe foi assinado em Madrid no final da semana passada, no Círculo de Belas Artes, pelo presidente desta entidade, Juan Miguel Hernández León, pelo presidente de La Fábrica, Alberto Fesser, e pelo embaixador de Portugal em Espanha, José Augusto Duarte. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


Brasil - Festival celebra portugalidade em Minas Gerais com “Fado nas Janelas”

No próximo dia 5 de junho, o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, no estado brasileiro de Minas Gerais, será palco da estreia do primeiro Festival de Fado nas Janelas, uma iniciativa cultural que promete emocionar o público com a mais genuína expressão musical portuguesa

O evento começa às 19h30, com abertura de portas às 19h00, e faz parte da programação oficial da Festa Portuguesa 2025.

O concerto será protagonizado pelo fadista Tarcísio Costa, luso-brasileiro que encontrou no fado uma ponte afetiva com as suas raízes portuguesas. A acompanhá-lo estarão dois grandes nomes da música tradicional: Custódio Castelo, na guitarra portuguesa, e Rui Tanoeiro, na viola de fado. A noite contará ainda com a participação especial da fadista Ana Paula Martins.

Tarcísio Costa é conhecido pela sua entrega emocional à canção portuguesa e pelo percurso singular que o levou ao palco do fado.

“Eu não escolhi o fado, o fado aconteceu na minha vida”, costuma dizer Tarcísio.

O momento decisivo deu-se em Nova Iorque, num encontro com a icónica Amália Rodrigues, que o inspirou a cantar pela primeira vez em 2009, em homenagem à mãe. Desde então, a sua voz ecoou em casas tradicionais de Lisboa como o Páteo Alfama, a Tasca do Chico e o Canto da Atalaia, passando por Sintra e por Nova Iorque, onde foi proprietário do restaurante Alfama.

Assessor de comunicação da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Minas Gerais, Tarcísio lança agora a série “Fado nas Janelas”, em parceria com a Projetô. O objetivo é claro: “difundir o fado por diferentes cidades brasileiras, levando a portugalidade a cada canto, janela e coração”.

O evento conta com entrada gratuita e promete ser uma celebração inesquecível da cultura lusófona em terras mineiras. Ígor Lopes – Brasil in “Bom dia Europa”


Portugal - Cientista da Universidade de Coimbra explora novas abordagens para a análise de sistemas oscilatórios

Uma publicação científica em que participa Ricardo Gafeira, diretor do Observatório Geofísico e Astronómico (OGA) da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra (FCTUC) e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, oferece uma revisão abrangente sobre as ferramentas de análise de sistemas que apresentam padrões oscilatórios e periódicos.

Este artigo, publicado na revista Nature Review Methods Primer, destaca a necessidade crescente da aplicação de ferramentas sofisticadas, integrando teorias avançadas e, mais recentemente, tecnologias de inteligência artificial para uma análise mais precisa e eficaz destes fenómenos.

De acordo com o astrofísico, estes sinais oscilatórios podem ser observados em vários campos, tais como na sismologia, na engenharia, na matemática aplicada, bem como nas ciências biológicas, sociais, económicas, físicas e computacionais.

«Com a disponibilidade crescente de grandes volumes de dados de alta complexidade, torna-se imperativo o recurso à computação de alto desempenho e técnicas de processamento de dados eficientes. A aplicação destes métodos, fundamentados teoricamente e com ampla aplicabilidade a uma variedade de sistemas oscilatórios, representa uma oportunidade única para colaborações interdisciplinares, essenciais para acelerar os avanços futuros nesta área», considera Ricardo Gafeira, coautor do artigo científico.

A publicação fornece considerações detalhadas sobre a aplicação e limitações das diversas ferramentas de análise, apresentadas sob uma perspetiva multidisciplinar. São tidas em conta as exigências dos objetivos científicos e as características específicas dos sinais, como os níveis de ruído, as não linearidades, a variabilidade temporal, o comprimento de onda e a cadência.

«Destinada a uma audiência alargada e multidisciplinar, esta publicação pretende servir como referência essencial para a seleção e utilização adequada de ferramentas de análise de sistemas oscilatórios. Acompanha esta iniciativa um repositório de acesso livre, que disponibiliza várias ferramentas de análise de forma intuitiva e acessível para todos os utilizadores», conclui. Universidade de Coimbra - Portugal


quarta-feira, 28 de maio de 2025

Macau - Nova parceria reforça arbitragem lusófona

A Associação Lusófona de Arbitragem e Mediação, criada em Macau em 2019, e o Centro de Arbitragem, Conciliação e Mediação de Moçambique selaram uma parceria para promover a arbitragem nos países de língua portuguesa, nomeadamente através de iniciativas académicas e da promoção da troca de conhecimento



A Associação Lusófona de Arbitragem e Mediação (ALAM), estabelecida em Macau, e o Centro de Arbitragem, Conciliação e Mediação (CACM) de Moçambique assinaram um protocolo de cooperação, naquele que é descrito como um “passo histórico” para promover a arbitragem nos países de língua portuguesa. A colaboração visa capacitar ambas as associações “para desenvolverem em conjunto actividades científicas no âmbito do direito da arbitragem e dos meios alternativos de resolução de litígios, incluindo a troca de documentação jurídica, publicações e sumários de jurisprudência”, segundo a ALAM.

A ideia é avançar com iniciativas como programas de formação, conferências internacionais e projectos de pesquisa, através das quais “ambas as partes buscam aprimorar a especialização profissional em arbitragem e mediação, promovendo a harmonização legal nas jurisdições lusófonas”.

No âmbito das iniciativas académicas conjuntas, está prevista a realização conjunta de acções de formação, conferências, reuniões, fóruns de discussão e estudos ou textos normativos sobre arbitragem e outros meios extrajudiciais de resolução de litígios. Já no campo da promoção da troca de conhecimento a intenção é trocar documentação, publicações e resumos de jurisprudência dos respectivos países sobre arbitragem e outros meios de resolução extrajudicial de litígios.

A ALAM tem como objectivo promover, nos países de língua portuguesa, a resolução, através de mediação ou arbitragem, de disputas transfronteiriças que surjam entre partes pertencentes a qualquer uma das jurisdições de língua portuguesa; e partes pertencentes e partes não pertencentes a qualquer uma das jurisdições lusófonas.

O espaço lusófono, refere a associação, abrange todas as jurisdições que têm a língua portuguesa como própria ou como uma das suas línguas oficiais. A ALAM conta actualmente com 203 membros de 21 jurisdições.

A ALAM, fundada em 2019, tem protocolos de cooperação estabelecidos com a Associação Portuguesa de Arbitragem, o Comitê Brasileiro de Arbitragem, o Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem e o Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços de São Tomé e Príncipe, bem como com a Câmara de Mediação e Arbitragem Empresarial – Brasil, Universidade de São José, Ordem dos Advogados de Moçambique e Canal Arbitragem. Tem ainda outros acordos em fase de negociação.

Por sua vez, o CACM oferece mecanismos alternativos e apropriados para a prevenção e resolução de disputas de natureza comercial e encoraja a sua utilização em outras áreas de actividade. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Brasil - Somos todos mestiços

A mestiçagem brasileira não é novidade. A novidade é o resultado de uma pesquisa científica indo bem além: o Brasil é o campeão do mundo em questão de mestiçagem, nenhum outro país reúne uma tal diversidade genética. Alguns países quiseram ou querem se afirmar como raça pura, quando a teoria da eugenia só tem servido para justificar práticas discriminatórias como a segregação racial e o genocídio.

O Brasil de hoje, embora muitas de suas misturas tenham sido violentas e ainda continue a penalizar socialmente os afro e índios-descendentes, reúne uma diversidade genômica, inexistente em nenhum outro país, composta de 8.721.871 variantes.

A cientista brasileira Kelly Nunes, responsável pelos trabalhos de 24 pesquisadores durante seis anos, destaca ser a primeira pesquisa feita de maneira detalhada sobre a identidade de um povo. E na publicação dos resultados na revista Science, ela acentua "a história dos brasileiros encontra-se no seu DNA", ao comentar os resultados obtidos com o sequenciamento do material genético de 2723 pessoas bem diferenciadas, vivendo nas diversas regiões brasileiras.

Para se entender a mestiçagem ocorrida no Brasil, é preciso lembrar a chegada de milhões de europeus desde o início da colonização, reforçada com a imigração europeia desde o fim do século XIX até o fim da Segunda Guerra. Quase ao mesmo tempo, até ser realmente cumprida a lei proibindo o tráfico de escravos, chegaram ao Brasil mais de 5 milhões de africanos. Já havia no Brasil cerca de 10 milhões de nativos, cuja quase totalidade foi sendo dizimada pelos colonizadores.

Em outras palavras, de uma maneira geral, como diz a historiadora Maria Helena Machado, da USP, "a avó do brasileiro é indígena, a mãe africana e o pai, majoritariamente, europeu". Para ela, a mulher escravizada, indígena ou africana, era um objeto para o escravizador, vítima constante de assédios e estupros, além de trabalhadoras eram também reprodutoras.

A historiadora usa mesmo de uma frase para isso: "no corpo da mulher escravizada se deu a colonização". Como o Brasil foi dos últimos países a acabar com a escravidão, por pressão do agronegócio da época, o uso do corpo das mulheres negras e mestiças era normal na época.

A geneticista Tábita Hunemeier, da USP, lembra que essa situação de abuso e violência das mulheres fazia parte, no século passado, da expressão de pessoas mais velhas, quando diziam "minha avó foi pega no laço". Com base na constatação da violência sexual por descendentes de europeus, a pesquisadora derruba "a mística da democracia racial que compõe a identidade nacional brasileira, já que a miscigenação, de modo geral, não foi consentida".

Essa pesquisa mostra também uma utilidade prática em termos de saúde pública, já que foram identificadas mais de 36 mil mutações genéticas, capazes de influir no metabolismo e se manifestar em certas patologias. Entender essas mutações na população brasileira pode ajudar no lançamento das estratégias de saúde pública e na criação, pela indústria farmacêutica, de novos tratamentos adaptados ao Brasil. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu “Dinheiro Sujo da Corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, “A Rebelião Romântica da Jovem Guarda”, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI


Macau - Casa Garden revitalizada recebe eventos do “Junho, Mês de Portugal”

A reabertura da Casa Garden, depois de cinco meses de obras de consolidação e reparação do exterior, inicia um novo ciclo para o icónico edifício da responsabilidade da Fundação Oriente. O protagonismo da mansão de traços europeus numa zona histórica da cidade “tem de ser mais desenvolvido”, disse Catarina Cottinelli ao Jornal Tribuna de Macau. A Fundação prepara a reedição de um livro, uma monografia, que conte a história da Casa Garden, que deverá ser lançado no próximo ano, juntamente com uma pequena exposição. De “cara lavada”, o espaço vai abrir oficialmente numa cerimónia a realizar a 17 de Junho, mas antes receberá actividades culturais especiais, inseridas na programação do “Junho, mês de Portugal”


Após cinco meses de trabalhos de consolidação e reparação de exteriores, a icónica Casa Garden, com mais de dois séculos de história, vai abrir as portas ao público com alguns eventos no início do próximo mês. Uma cerimónia a realizar às 18h00 no dia 17 de Junho assinalará oficialmente a reabertura do espaço.

Coincidindo com os 20 anos do Centro Histórico de Macau, o edifício, construído em 1770 e classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2005, está pronto para dar continuidade às actividades que desenvolve a nível cultural.

As obras apenas mexeram na fachada, ou seja, no visual exterior, incluindo a impermeabilização das coberturas, não se tendo realizado “qualquer intervenção no interior”, segundo referiu ao Jornal Tribuna de Macau a delegada da Fundação Oriente (FO), que se sente “muito feliz e surpreendida, pela positiva, pelo resultado final das obras” realizadas por uma empresa contratada pelo Instituto Cultural (IC), “com larga experiência na revitalização urbana e dos edifícios históricos da cidade”.

Tendo o tópico da reabertura como pano de fundo, Catarina Cottinelli realçou o protagonismo que a mansão de traços europeus tem naquela zona da cidade, com três elementos, o Jardim de Camões, a Casa, que era toda a propriedade, e o cemitério protestante.

Por isso mesmo, e atendendo à sua classificação patrimonial, a responsável frisa que a Casa, “em termos de arquitectura, tem de ser mais desenvolvida”, havendo projectos em cima da mesa. “Vamos ver se conseguimos que saia para o próximo ano a reedição de um livro, que já existiu, mas que já não há, feito por Beltrão Coelho, que contava a história de quem por aqui passou, quem tinha habitado a casa, entre outros aspectos muito interessantes”, mencionou, transmitindo a ideia de que o lançamento dessa publicação seja acompanhado por uma pequena exposição.

Por ser também arquitecta de profissão, a delegada da FO “gostaria que houvesse mais descrição do ponto de vista de arquitectura e mais investigação, para que pudéssemos perceber um bocadinho o que fez com que esta casa ficasse com este aspecto”.

Adianta ainda que a Casa Garden, através do tempo, “sofreu algumas alterações, por variadíssimas razões, daí haver uma série de coisas que no futuro gostaria de poder ter nesse livro, ou seja, uma história mais densa sobre a arquitectura do edifício”, reconhecendo que o IC tem feito igualmente alguma pesquisa, existindo uma publicação em chinês. No fundo, diz, “é juntar toda essa informação e fazer um livro, uma monografia, sobre a Casa Garden, mas sob o ponto de vista da sua arquitectura, da sua importância neste sítio do Centro Histórico de Macau”.

“Estamos nesta embalagem de um novo ciclo, por assim dizer, porque vamos abrir ao fim de cinco meses”, salienta.

Alguns eventos integram “Junho, mês de Portugal”

A Casa Garden volta assim a estar em condições de receber actividades, algumas das quais estão inseridas nas comemorações do 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. “Estes eventos não só reforçam o intercâmbio cultural sino-lusófono, mas também enriquecem o panorama cultural de Macau, promovendo um espaço de diálogo e interacção entre culturas”, refere um comunicado da FO.

A reabertura segue “extensas reformas” que restauraram a Casa Garden, com o apoio do IC, garantindo a “preservação da sua importância arquitectónica e cultural para as futuras gerações”, reforça a nota. No espaço vão ter lugar eventos diversificados, incluindo workshops, palestras e iniciativas interactivas que “estimularão o intercâmbio cultural entre Macau e o mundo”.

Além disso, acrescenta a nota de imprensa, a sua revitalização reflecte “um compromisso com a manutenção da rica história de Macau”, ao mesmo tempo que “promove o intercâmbio cultural e o envolvimento da comunidade”.

Os primeiros eventos do revitalizado “quartel-general” da FO serão duas grandes exposições nas suas galerias principal e temporária, para além de uma mostra de cinema português, que será exibida no seu auditório. De 3 a 29 de Junho, a Casa Garden será palco das exposições “Quando a Ilha Projecta Suas Sombras” e “Objectos com Alma”.

A primeira, que não faz parte das actividades incluídas na programação do “Junho, mês de Portugal”, é “Uma Retrospectiva de Frank Lei”, que homenageia o legado deste fotógrafo contemporâneo, apresentando mais de 60 obras, a preto e branco, assim como um livro e objectos pessoais, que abrangem a sua carreira desde a década de 1990 até aos projectos mais recentes.

“É um artista local, que tem uma visão sobre os espaços, sobre a vivência de Macau, em que as pessoas são no fundo o foco das suas fotografias, tiradas em sítios que agora já não são reconhecíveis, porque foram alterados, certamente para melhor”, defende Catarina Cottinelli, para quem a exposição “é uma perspectiva e um olhar do que acontecia de carácter social aqui em Macau”.

A segunda exposição, já integrada no “Mês de Portugal”, destaca a rica tradição da marioneta portuguesa. Com um acervo de mais de 1000 marionetas de diversas épocas e estilos, da colecção privada de Elisa Vilaça, curadora do evento, os visitantes terão a oportunidade de explorar as técnicas de construção e manipulação que tornam esta forma de arte única. “A exposição não só celebra a história da marioneta, como também enfatiza o seu papel educativo e cultural”, frisa a FO.

Quanto à variante cinematográfica, organizada em colaboração com a Portugal Film e a associação CUT, da Cinemateca Paixão, apresentará uma selecção de filmes em português, iniciada com a exibição de “Greice”, de Leonardo Mouramateus, aclamado em festivais de cinema de todo o mundo. A mostra divulgará também uma série de curtas-metragens inovadoras, evidenciando o panorama do cinema português contemporâneo.

De referir que estas iniciativas integradas na programação do “Junho, mês de Portugal” arrancam já amanhã, quinta-feira, com a inauguração da exposição “Diálogos da Criatividade”, com 50 obras de 24 artistas portugueses contemporâneos, promovida pela Amagao na Galeria do Hotel Artyzen Grand Lapa.

Há mais dois eventos neste mês de Maio. Na sexta-feira, a Somos – Associação de Comunicação de Língua Portuguesa organiza a exposição de fotografia “O Homem e o Divino”, no Parisian. No sábado, é inaugurada mais uma mostra fotográfica, denominada “Património Cultural de Macau”, acompanhada de visionamento do documentário “Heritople”, que terá lugar no Consulado-Geral de Portugal, com organização do Instituto Internacional de Macau.

Todas as restantes actividades decorrerão durante o mês de Junho. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


A polonaise de Hugo Almeida no “Vale das ameixas”

Três linhas são elementos fortes no romance: a imigração dos poloneses, o erotismo e o dom de criar


Há um trecho no romance Vale das ameixas, de Hugo Almeida (Editora Sinete, 2024), em que o narrador adverte: “Um romance é um buraco negro que suga tudo. Mas ilumina a vida” (p. 245). Grande verdade. Iluminado fiquei após a leitura desse livro que, em muitos momentos, também nos dá a sensação de estar num buraco negro, de estar perdendo o fio da meada. Isso porque há um entrelaçar de narradores, embora predomine a voz do polaco Harley Tymozwski, apelidado de Timo, ex-alfaiate e ex-professor, que vive em Belo Horizonte. Figura complexa, às vezes me lembra o narrador de Migo, de Darcy Ribeiro, ou, também, o narrador de Morte em V., de Reinaldo Santos Neves.

O autor, que é um especialista em Osman Lins, aliás muito citado ao longo da obra, principalmente A rainha dos cárceres da Grécia, insere ironicamente esse jogo de alteração de narradores na p. 221, em que um personagem que detém o ponto de vista avisa: “Ah, eu sou o Túlio”. Túlio, Zacarias e algumas personagens femininas vão se alternando num livro repleto de referências a artistas poloneses, como escritores, poetas, pintores cineastas, escultores, prevalecendo a imagem de Chopin. Assim como há vários dados biográficos de Ziembinski, extraídos do livro de Yan Michalski e do de Silvia Czapski. Na p. 227, como se fosse um Avalovara ou Jogo da amarelinha, o personagem Zacarias, filho de Timo, explica a montagem do livro, do qual Túlio também participou. E, através de seu personagem, Hugo Almeida sintetiza: “A descoberta de quem fala é um dos prazeres da leitura de um romance. Surpresas a cada página” (p. 244).

Das várias epígrafes do romance, destaco a extraída do conto “Pentágono de Hahn”, de Nove, novena, de Osman: “Atravessa o mundo e suas alegrias, procura o amor, aguça com astúcia a gana de criar.”  Daqui, aponto três linhas que vejo como elementos fortes da obra: a imigração dos poloneses, o erotismo e o dom de criar.

São vários os poloneses citados. Polônia, pátria ferida nas duas grandes guerras, tem seus filhos espalhados por outros países. Sua liberdade é golpeada, aliás, desde tempos mais remotos. Por exemplo, o cineasta Andrzej Wajda, em seu filme Danton, intercala Revolução Francesa e época contemporânea ao colocar na boca do personagem a frase: “Um homem sem pão não tem liberdade; nem justiça, não tem nada”. É o que vemos na p. 28, para, logo a seguir, nos surpreendemos pela inserção de versos de Machado de Assis, no poema “Polônia”, de Crisálidas, em que há este trecho: “A mãe via partir sem pranto os filhos [...] / Pobre nação! – é longo o teu martírio; a tua dor pede vingança e termo;/ Muito hás vertido em lágrimas e sangue [...] Não ama a liberdade / Quem não chora contigo as dores tuas”.

Com relação à questão da imigração, há duas passagens bem hilariantes: em uma delas, na p. 158, um polonês em Chicago, num exame oftalmológico, ao ver consoantes aleatórias na parede, afirma que não apenas reconhece as letras, mas conhece quem era aquele cara. E, na p. 219, há o diálogo do protagonista com agente da imigração em Lisboa: “Não podes perman’cer mais do que noventa dias. O quê?! Noventa dias!? Vocês ficaram no Brasil por mais de trezentos anos”. Porém, são pausas para respirar, pois a temática da diáspora é repleta de dor, como se lê na p. 120: “Sim, impossível fechar os olhos, ainda há guerras e guerras, famílias destroçadas, covas rasas e mutilados, crianças sem pais nem país, milhares sem chão nem identidade cultural ou psíquica. Ilegais aqui e acolá. Presos e deportados. O homem segue louco, vil, voraz, um sorvo”.

Contrastando com a guerra, há o núcleo amoroso do livro. As intertextualidades comparecem para sublinhar o tema: “[...] ‘diz que é homem do amor, ouvintes, e não homem da guerra’. Nessa passagem ‘radiofônica’ de A rainha dos cárceres da Grécia, vejo que Osman Lins fez paráfrase de uma fala de Antígona, de Sófocles: ‘Eu não nasci para partilhar de ódios, mas somente de amor!’. Ou, talvez, da frase original, que é de Homero, na Ilíada: Dione, com a filha Afrodite (ou Vênus) ferida no colo, lhe diz ter sido feita para combates de amor, não de guerra” (p. 111).

A temática amorosa aponta para os instantes mais líricos e eróticos do romance, em que Timo evoca suas várias amadas, como Laura: “Laura, Laura, Laura. Sim, sim. Luz, poema vivo. [...] voz que belisca a alma. Gotas de mel no lábio de abelha-beija-flor”. (p. 13). Na p. 95, na esteira de Baudelaire, o protagonista se pergunta: “O que é o amor? Sim, a necessidade de sair de si”. O título do livro, além de acenar metonimicamente para a Polônia, serve como metáfora para o corpo feminino, notadamente os seios, como se lê em algumas passagens, como esta, da p. 178: “[...] mergulha e chora na minha tua aljava, gruta enlouquecida, o teu vale de ameixas rosadas...”.

 As mulheres, ademais, como as passantes de Baudelaire, arrancam de Timo frases assim: “Deus é melhor do que Rodin. Basta olhar algumas moças que passam. Que passos! Que pássaras!” (p. 110). Na p. 122, enfileiram-se as evocações: “Laura, poema vivo, vulcão em repouso. Oh, Laís, meu sonho e meu pecado. Piedade, a fiel Alzira. Léa, Léa do meu devaneio. Éden, mestre que Túlio me trouxe. Núbia de meus sonhos fugazes, permanentes. Loren, Loren, minha febre”. Diga-se, de passagem, que a voz feminina também se ouve, tanto em contraponto erótico (“mergulha e chora na minha tua aljava, gruta enlouquecida, o teu vale de ameixas rosadas”, p. 178), como em reflexões antimachistas (“O homem é uma devastação para a mulher”, p. 129).  Lembro que, entre as mulheres citadas, há uma guerrilheira, assassinada no Araguaia, e que continua a fazer suas denúncias mesmo depois de morta. Na p. 193 há a informação de que “Mulheres que leem são mesmo perigosas”.

Finalizando, destaco o tema da criação, das reflexões sobre o escrever literatura.  Com ressonâncias de Mário de Andrade, lemos, na p. 120: “Quando sinto o impulso poético pulsar, deslizo a caneta sem medo e sai o que meu peito grita. Depois, bem depois, releio, penso e altero alguma coisa, corto ou troco palavras, reviro alguma frase”.  Na p. 123, esta frase, que é uma redenção: “Literatura, pássaro livre”. Das várias reflexões sobre o ato de criar, uma delas diz que “Uma narrativa não é detentora de significação, mas deflagradora de significação. O título de um romance – essa máquina complexa que não nasce de ovo nem útero – deve misturar as ideias, e não orientá-las. Escrever, triunfo da liberdade, solidão fraterna”. (p. 204)

Na p. 199, numa passagem que me lembra Graciliano Ramos estabelecendo analogia entre o fazer literário e o trabalho do sapateiro, o narrador faz relação entre escritor e alfaiate: “Ambos enfrentam a mesma faina, a mesma feliz agonia de trabalhar com fios leves, da memória ou fantasia, e acertar a proporção dos cortes, o ajuste das dobras e curvas, não exceder nas medidas”. Não é gratuita na obra uma citação de Julia Kristeva, pois o romance de Hugo Almeida, sendo um mosaico de citações, opera trazendo paráfrases, pastiches, alusões. Por exemplo, ao abordar Catatau, de Leminski, busca em Agora que são elas a frase “Vou lhe mostrar com quantos plágios se faz o original” (p. 113).  Quando Timo escreve que tem uma vida que poderia ter sido mas não foi, logo a seguir fala de sua bandeira, explicitando de quem é o célebre verso. Porém, ao descrever um enterro, na p. 215, parafraseia o poema “Momentos num café”, sem dar dica ao leitor incauto que aquilo era uma paráfrase. Das várias citações, há esta, na p. 88, Celso Adolfo, “E a porta continua proibida a quem precisa entrar”. Se, de um lado, o narrador cita explicitamente autores como Machado de Assis, Flaubert, Leopardi, Wislawa Szymborska, Otto Maria Carpeaux, Joseph Roth, Leminski, Mário de Andrade, W. J. Solha, por outro dá apenas pistas, como na p. 48, ao referir-se a um poeta chamado Vastafala, aluno do célebre Colégio Estadual dos anos 60. Quem conhece Antônio Barreto, sabe que é o título de um de seus livros. Porém, p. 209, cita versos nos quais vejo ressonâncias cabralinas: “Entras nessa sala/ e tudo inundas/ o mar começa/ em teus pés/ são de água/ esses seus passos”. Demorei a encontrar o autor: trata-se de Moacir Amâncio, no livro Câmara escuro, publicado pela editora Hedra.

A obra, enfim, é uma grande e prazerosa dança do espírito, uma polonaise, cuja chave de interpretação está nela própria, como se lê na p. 204: “Onde procurar as chaves de um romance? Nele mesmo. Um texto traz a memória da cultura em que se insere. [...] Concluído o romance, o escritor deveria morrer. Ou calar-se. O livro segue, livre, o seu caminho. Agora é com o leitor”. E, se “os mares nunca descansam” (p. 164), as leituras vêm em incessantes ondas, como o mar. Caio Maciel – Brasil

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Vale das ameixas, de Hugo Almeida. São Paulo: Editora Sinete, 248 páginas, R$ 65,00, 2024. www.editorasinete.com.br O romance está disponível na Amazon.

Site do autor: https://hugoalmeidaescritor.com.br

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Caio Junqueira Maciel é mestre em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), autor dos livros de ensaios A escritura do tempo na poesia de Dantas Mota e O sangue que rejuvenesce o Conde Drácula. Como poeta, entre outros títulos, escreveu Pele de jabuticaba. Autor do romance Um estranho no Minho, fruto do período em que viveu em Portugal.