Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Portugal – Universidade do Porto estabelece parceria com a terceira melhor universidade asiática

Nanyang Technological University, de Singapura, é a segunda melhor do mundo na área da engenharia de materiais e vai colaborar com a FEUP no desenvolvimento de projetos na área da inovação industrial


A Universidade do Porto e a Nanyang Technological University (NTU), de Singapura, acabam de estabelecer um protocolo de cooperação na área da inovação industrial e na produção conjunta de investigação no domínio da manufatura avançada, a qual poderá qualificar substancialmente a capacidade de resposta da academia às necessidades da indústria.

O protocolo assinado pelo reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, prevê, para já, o intercâmbio de investigadores entre a Faculdade de Engenharia (FEUP) e o Singapore Center for 3D Printing, assim como a “colaboração bilateral” em domínios estratégicos como a indústria naval e offshore, a construção civil, a defesa e o desenvolvimento aeroespacial, a bioengenharia, a eletrónica e o design para impressão 3D.

A NTU, refira-se, é a 12ª classificada no ranking QS de universidades de 2026, divulgado este mês, o qual avalia anualmente 8467 instituições de ensino superior de todo o mundo. É a terceira melhor no continente asiático e ocupa o segundo lugar na área da engenharia de materiais. É ainda a quinta a nível mundial no domínio da ciência de dados e da Inteligência Artificial.

A Universidade do Porto, recorde-se, ocupa a 237ª posição deste ranking, tendo subido 41 lugares no último ano e entrado, pela primeira vez, no top 250 mundial.

Segundo António de Sousa Pereira, este protocolo dá sequência à estratégia de internacionalização traçado pela Universidade do Porto, o qual procura alavancar as capacidades próprias mediante a colaboração com estabelecimentos de ensino superior de referência a nível mundial nas mais diversas áreas, “conforme sucedeu, por exemplo, com a Aliança Europeia de Universidade para a Saúde Global (Eugloh), da qual fomos fundadores”.

“Neste caso, pode tratar-se do primeiro passo para a criação, no Porto, de um centro de investigação avançada para desenvolvimento de projetos em ligação com a indústria”, considera o reitor, acrescentando que, embora nesta primeira fase só a FEUP esteja incluída no protocolo, esta colaboração poderá ser alargada a outras unidades orgânicas da U.Porto.

Também o diretor da FEUP, Rui Calçada, enfatiza o “importante avanço” que este acordo representa para a estratégia de internacionalização da FEUP, acrescentando que o protocolo “reforça o nosso posicionamento em áreas de elevada intensidade científica e tecnológica, como a Manufatura Avançada”. “A parceria com uma universidade de referência mundial como a NTU permitirá potenciar sinergias em projetos de investigação e inovação com forte ligação à indústria, criando novas oportunidades para os nossos investigadores e estudantes”, sublinha o diretor da FEUP.

Rui Calçada diz ainda que, com este acordo, “a FEUP fortalece a sua presença na Ásia e estabelece uma ligação privilegiada com uma das mais prestigiadas instituições de ensino superior da região, reconhecida pelo seu dinamismo na investigação aplicada e pela forte ligação ao tecido empresarial”.

A colaboração agora formalizada será desenvolvida com base em iniciativas específicas, a definir por ambas as partes, que assegurem impacto científico, económico e social. A assinatura do Memorando de Entendimento teve lugar no campus da NTU e contou, de resto, com a presença de Carlos Pires, Embaixador de Portugal em Singapura, sublinhando a relevância institucional e diplomática deste marco para o reforço das relações científicas e tecnológicas entre Portugal e Singapura. Universidade do Porto - Portugal


Macau - Acesso a fundo sino-lusófono terá regras “mais flexíveis”

A cooperação económica entre a China e os países lusófonos depende dos governos, sublinhou o secretário-geral do Fórum de Macau em entrevista à Lusa, vincando que o organismo “não é uma agência de promoção”. Ji Xianzheng realçou ainda que o fundo de cooperação criado em 2013 terá regras “mais flexíveis” e formas de aplicação “mais diversificadas”


O secretário-geral do Fórum de Macau imputa aos governos nacionais a responsabilidade pela condução das políticas de desenvolvimento e cooperação económica. Em entrevista à Lusa, Ji Xianzheng atribui as críticas ao Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa a uma interpretação errada relativamente à missão do organismo, frisando que “o Fórum é um mecanismo de cooperação entre os governos centrais”.

“Muita gente pensa que é ao secretariado que cabe a execução das políticas, mas temos um número de pessoas limitado”, acrescentou.

“O secretariado não tem projectos de investimento, é um mecanismo de preparação da conferência ministerial, de ligação com os governos, não é uma agência de promoção. Não foi pensado assim, faz ligação com as agências de promoção. Somos quatro pessoas enviadas pela China e um delegado por cada país”, concretizou.

Na última conferência ministerial, em Abril de 2024, o então ministro da Economia português Pedro Reis defendeu que o Fórum e o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa deviam apostar mais nas pequenas e médias empresas (PME). O fundo de cooperação foi criado em 2013 pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau, com mil milhões de dólares, dos quais cerca de 60% já foram investidos, segundo o secretário-geral.

Ji admitiu que as PME são “um tema difícil para qualquer governo” e que “a cooperação internacional para a promoção do desenvolvimento e cooperação das pequenas e médias empresas é ainda mais difícil. É um tema que está a ser debatido diariamente a nível mundial”. Porém, admitiu, “aqui, pouco”.

“Mas está estipulado no plano de acção [2024-2026]. Cabe aos governos centrais e às câmaras de comércio, agentes de promoção, trabalhar conjuntamente para fazer isso. O secretariado assume a responsabilidade conforme autorizado pelos governos centrais, concretamente, no programa de actividades”, reforçou.

Responsáveis políticos de vários países têm apelado a uma alteração das regras da candidatura ao fundo. As actuais regras obrigam, por exemplo, que os projectos candidatos tenham um investimento mínimo de cinco milhões de dólares, sendo que o Fundo apenas cobre 20% do investimento total, remetendo o resto para os governos ou empresas.

A nova direcção do Fundo “está empenhada em promover um investimento mais amplo, com melhor cobertura para todos os países do Fórum, [relativamente] aos projectos que têm um impacto estratégico ou significativo para o desenvolvimento socioeconómico dos países participantes”, afirmou Ji.

Segundo o secretário-geral, “os termos de aplicação [das regras de acesso ao Fundo] vão ser mais flexíveis e as formas de aplicação também vão ser mais diversificadas”. “Em vez de ser só investimento directo, eles também estão a estudar formas de aplicar o fundo, em cooperação com outros fundos ou com outras instituições financeiras”, deu como exemplo.

“Este fundo tem uma operação segundo as regras do mercado. Não é um fundo de ajuda humanitária. Por isso, tem de garantir o mínimo retorno de benefício. Mas, em cima disso, eles estão muito abertos para estudar, caso por caso, as condições de cada projecto”, acrescentou, escusando-se, porém, a dar exemplos da “flexibilização das regras”.

Fórum não discutiu países hispânicos

Por outro lado, Ji Xianzheng afirmou que o Fórum de Macau “nunca discutiu” criar uma entidade para alargar aos países hispânicos serviços de promoção de cooperação económica semelhantes aos que presta à ligação China-países lusófonos.

O responsável reconheceu que, “na sociedade, houve algumas conversas para discutir ou abordar a possibilidade de promover mais contacto e cooperação com os países da língua espanhola, mas, a nível do Fórum, nunca abordámos este tema”.

O Executivo da RAEM anunciou em meados de Abril a intenção de criar um centro para promover os serviços económicos entre a China e os países de línguas portuguesa e espanhola em Hengqin. A ideia é proporcionar às empresas de países hispânicos serviços no “âmbito linguístico, jurídico, fiscal, de verificação da observância das normas, de formação, de arbitragem e de mediação”, segundo o Secretário para a Administração e Justiça, André Cheong.

Dias antes, o líder do governo de Macau, Sam Hou Fai, tinha também anunciado a intenção de “promover o intercâmbio e a cooperação”, através de Macau, entre a China e os países de língua espanhola.

Apesar de Macau querer alargar o foco aos países que falam castelhano, “o Fórum continuará a ser o Fórum para a China e os países da lusofonia”, garantiu Ji, esclarecendo que a instituição que dirige “pode aportar contributos para a maior abertura da Macau na cooperação internacional”, como é a intenção anunciada pelo novo governo da RAEM.

Pessoalmente, garantiu ter “todo o prazer em trabalhar com todas as partes”, mas sublinhou que essa é uma “decisão que cabe aos governos centrais tomar” e que o Fórum nunca foi contactado nesse sentido.

“Trabalhei na América Latina, em Espanha, nove anos em Madrid e em Caracas. Mas isto não é uma decisão de interesse pessoal, cabe aos políticos tomar a decisão”, afirmou, explicando que a ideia será promover a relação entre Macau e o Brasil e daí a outros países da América Latina, assim como, alargar a relação com Portugal à Espanha.

“Não há limite. O Fórum de Macau é complementar. Não restringe nenhuma promoção da cooperação das outras partes”, disse. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”


Ásia - Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas dá luz verde a criação de Associação das Comunidades Luso-Asiáticas

As comunidades asiáticas com raízes portuguesas encontraram-se em Díli para recordar o passado e projetar o futuro. Um futuro que contará com a Associação das Comunidades Luso-Asiáticas – APCA, que recebeu luz verde com a assinatura da Declaração de Díli



A 4.ª Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas (APCC, em inglês), em Díli, sob o tema ‘Unidos na Diversidade – Desafios e Oportunidades de um Legado Secular’, terminou com a assinatura da Declaração de Díli – Criação da Associação das Comunidades Luso-Asiáticas – APCA, uma rede de pessoas e comunidades, em que a partilha e a diversidade servem um objetivo comum.

O evento de três dias, de 27 a 29 de junho, teve início na sexta-feira e foi projetado para ser um espaço de partilha e de preservação da língua, da história e da cultura de países asiáticos com rastos portugueses.

A APCC reúne comunidades de oito países – Malásia, Myanmar, Sri Lanka, Tailândia, Índia, Indonésia, China e Timor-Leste. A primeira conferência foi em 2016, em Malaca, na Malásia. O objetivo foi claro desde o início: estabelecer valores históricos, despertar as pessoas para o peso da herança cultural lusófona e iniciar uma cooperação económica entre comunidades.

Criar a associação, como explicou o presidente da República Democrática de Timor-Leste, José Ramos-Horta, é uma forma de reconhecer o valor de comunidades luso-asiáticas, geralmente ignoradas e desvalorizadas, e dar voz a possíveis diálogos com governos e instituições internacionais.

“É uma promessa e um compromisso de preservar, registar e capacitar. Apoiará [a associação] a investigação, a educação e a sustentabilidade económica. Ajudará a proteger as histórias e identidades de pessoas cujas culturas são mistas, complexas e orgulhosas”, salientou.

Acrescentou que a associação visa honrar o passado e projetar o futuro a partir de um legado comum. “Isso inclui documentar histórias orais, apoiar festivais culturais e fortalecer o desenvolvimento liderado pela comunidade.”

João Paulo Oliveira e Costa, professor da Universidade Nova de Lisboa, observou que cada comunidade apresenta uma realidade diferente: algumas são isoladas, outras são muito fortes e numerosas e algumas estão bem implantadas no seu território, como é o caso das Flores.

Mesmo que nem todos falem português, para o professor, a cultura é aquilo que une as comunidades na conferência, e aí há sempre aspetos em comum. “Há um conjunto de traços culturais, desde a culinária ao folclore, além de histórias semelhantes”, salientou, referindo também o cristianismo como um elemento que serviu para a consolidação e resistência destas comunidades em meios onde a maior parte das pessoas não é católica.

“A língua portuguesa não é praticada da mesma maneira em todos os grupos. De qualquer forma, é uma memória também e, em muitas comunidades, ainda faz parte do dia-a-dia, já que é fácil encontrar pessoas que falam fluentemente português em Goa ou aqui em Timor. No Sri Lanka, já não é bem assim”.

União na diversidade

Earl Barthelot, presidente do Grupo “Burgher Folks”, de Batticaloa, no Sri Lanka, falou no português crioulo, a versão antiga do português, que foi sofrendo alterações ao longo dos tempos. “Quando os portugueses conquistaram o Sri Lanka, não trouxeram mulheres de Portugal, casaram-se com locais e fizeram negócios, levando coisas do Sri Lanka para Portugal, através de Goa, na vizinha Índia”

A língua que era utilizada nos negócios foi sofrendo alterações, estruturais e gramáticas, até pelo contacto com as duas línguas principais do Sri Lanka: o cingalês e o tâmil. O português crioulo não é usado todos os dias, mas as pessoas conseguem dizer, por exemplo: ‘estou a tomar café’ – ‘eu avora teat boe”.

A descendência portuguesa no Sri Lanka é muito pequena e não há um número exato de pessoas. O chefe do grupo calcula que existam sete mil pessoas no seu distrito. Muitas delas mantêm-se em contacto através de eventos sociais, familiares ou na igreja.

Em Malaca, a história é diferente. Marina Linda Danker, dona do grupo cultural português de Malaca – DomMarina –, contou que são descendentes dos portugueses de 1511 e conservam a língua portuguesa de Malaca, dos séculos XVI e XVII.

Sem livros e limitados ao uso do inglês e do malaio na escola, conseguiram manter a língua portuguesa, praticando todos os dias em casa com os familiares. A proximidade das 118 famílias, na mesma localidade, também ajuda nessa comunicação em língua portuguesa. Quando cumprimentam alguém, dizem algo como, ‘que sorte, tá bom?’, equivalente a ‘estás bem?’; quando oferecem comida, ‘bem, comi’; ou convidam alguém para dançar, dizendo ‘bem juntado, bem nos balar’; ‘onde tu vai?’, quando perguntam a alguém para onde vai. Além disso, dizem ‘boa tarde, bom meio-dia, boa noite’ e ‘muito agradecida’. O português, curiosamente, acaba por ser uma língua secreta, falada entre os membros da comunidade naquela região.

“Vivemos numa aldeia onde todos são portugueses e católicos romanos. Praticamos todas as nossas tradições, incluindo as que estão ligadas à religião. Os números, um, dois, três, e até alimentos e temperos dizemos em português: cebola, gengibre”, explicou, acrescentando que há outras comunidades que podem já não falar português por viverem isoladas e não conseguirem usar a língua todos os dias.

Marina Danker mostrou-se feliz por participar na conferência. “Queremos unir o nosso povo para aprender a língua e a cultura. Queremos saber o que os outros têm de igual e quais são as diferenças. Portugal dominou Malaca por 130 anos e mantém-se a influência na cultura”, exemplificou.

O grupo DomMarina faz viver a cultura através das roupas tradicionais, da comida, de conversas, de exposições e de festivais anuais.

A comunidade em Jacarta, na Indonésia, já não fala português, uma vez que o Papia Tugu, a língua crioula falada pelos portugueses nos arredores de Jacarta, é considerada extinta. “O português crioulo que temos não é o português moderno, nem autêntico. Chama-se Papia Tugu”, explicou Guido Quiko, líder comunitário na aldeia portuguesa de Tugu e do grupo musical Tugu Keroncong. É o grupo musical que acaba por manter o legado do Papia Tugu, através de canções escritas naquele crioulo português-javanês.

Em Jacarta, dizem ‘yo kere bebe’ (eu quero beber) e ‘yo kere pasa’ (quero dar uma volta). Como não usam a língua todos os dias e por falta de vocabulário, os resquícios da língua portuguesa foram desaparecendo, misturando-se com línguas das regiões da Indonésia, desde meados do século XVIII.

“Temos apenas algumas canções compostas pelos nossos pais: Kaprinyo, Gatumatu, Yankagaleti e Meninabobo. Estas são as que ainda cantamos com frequência. Mas o nosso conhecimento da língua não é suficiente para manter uma conversa”. As canções – Kaprinyo, Gatumatu, Yankagaleti e Meninabobo – foram tocadas ao longo da conferência em Díli.

A comunidade foi formada por cerca de 800 pessoas de descendência portuguesa em Malaca, que foram capturadas pelos holandeses em 1641 e, dois anos depois, exiladas em Batávia (nome dado pelos holandeses à atual cidade de Jacarta), numa aldeia que se passou a chamar Tugu, cujo nome é retirado da palavra ‘português’.

“Em Batávia, em 1661, os holandeses impunham duas condições a quem quisesse viver na região: converter-se ao catolicismo ou ao protestantismo e substituir os apelidos portugueses por apelidos holandeses”, contou Guido Quiko.

Os 23 chefes de família concordaram e permaneceram no sudeste de Batávia, agora Kampung Tugu, acabando por casar com outros clãs daquela região. Existem seis clãs no local: Andris, Cornelis, Mihils, Abraham, Brone e Quiko. O último é o único clã de origem portuguesa, o resto é da Holanda.

A música Keroncong surgiu pela falta de divertimento naquele local, já que viviam isolados. Para ter entretenimento, tinham de caminhar 23 km, desde a vila Tugu, até à cidade de Atuwa.

Criaram um instrumento musical, de cordas, com a forma de um cavaquinho, que ficou conhecido como ‘macina’. “Tem o formato de uma pequena viola e, quando tocado, emite um som metálico ‘chong chong’ [tenta reproduzir o som], então chamaram-lhe keroncong”. Foi assim que surgiu a música keroncong na Indonésia, com a qual a comunidade se divertia depois do trabalho, ou durante o dia, a pescar ou a caçar.

Quando os holandeses ouviram que havia eventos musicais naquela aldeia isolada, foram lá, juntaram as pessoas, e levaram instrumentos musicais europeus. Mais tarde, foi instituída uma Orquestra em 1925: ‘Orkes Pusaka Keroncong Moresko Tugu’, que agora se chama Tugu Keroncong.

A comunidade luso-asiática em Jacarta não recebe apoio ou atenção por parte do Governo, pois são uma minoria, sem grande expressão num país/arquipélago tão grande como a Indonésia. Nesse sentido, nem as línguas crioulas, como o português, são reconhecidas. Guido Quiko não fala português crioulo, mas conta que o seu falecido avô falava um pouco.

Além da língua, há tradições culturais: a tradição de Rabu-Rabu (tradução literal de quartas-feiras) e a tradição de Mandi-Mandi (banhos). A Rabu-Rabu é celebrada a 1 de janeiro – os músicos tocam música pelas ruas da aldeia de Tugu para desejar um ‘Feliz Ano Novo’. A Mandi-Mandi acontece no primeiro domingo de janeiro e é o dia que as pessoas pedem desculpas umas às outras, ao som de músicas de keroncong. A música é reconhecida como património cultural imaterial da Indonésia.

Timor-Leste como ponto de encontro

A 4.ª Conferência da APCC serviu ainda para destacar o papel de Timor-Leste como a única nação asiática que tem o português como língua oficial. O facto de ser membro da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), de estar associado aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de estar já com um pé na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) ainda dá mais peso ao papel de Timor-Leste na região.

Ter português como língua oficial faz de Timor-Leste “um farol para todas as comunidades de língua portuguesa que existem na Ásia”, além de ser uma marca de distinção que reforça a individualidade do povo timorense, segundo o professor João Paulo Oliveira e Costa.

O professor destacou ainda a importância de Timor-Leste como ponto de ligação entre as comunidades luso-asiáticas, por ser o único Estado de língua oficial portuguesa da Ásia. “Aquilo que temos todos em comum é partilharmos um passado e aspirarmos a um presente em que podemos estar juntos e apoiarmo-nos mutuamente.” Antónia Martins – Timor-Leste in Diligente


Ásia - Marca deixada pelos portugueses “não foi apagada”, diz Ramos-Horta

O Presidente de Timor-Leste considera que a marca deixada pelos portugueses na Ásia não foi apagada e que as comunidades luso-asiáticas espalhadas pela região são a “prova viva desta verdade incontornável”. O chefe de Estado falava na sessão de abertura da quarta Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas, que terminou ontem


O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, afirmou que a marca deixada pelos portugueses na Ásia não foi apagada e que as comunidades luso-asiáticas espalhadas pela região são a “prova viva desta verdade incontornável”.

“A marca deixada pelos portugueses na Ásia não foi apagada pelo tempo. As nossas comunidades são a prova viva desta verdade incontornável. O resultado é algo que perdura: o nascimento de comunidades simultaneamente europeias e asiáticas”, disse José Ramos-Horta.

O chefe de Estado falava na sessão de abertura da quarta Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas, que terminou ontem, com a participação de comunidades do Sri Lanka, Malaca (Malásia), Myanmar, Macau, Tailândia, Goa (Índia) e das Flores e Jacarta (Indonésia).

De acordo com Ramos-Horta, aquelas comunidades não estão apenas “ligadas a Portugal”, mas também umas às outras, porque os “portugueses administraram os seus territórios asiáticos com um sentido de interligação”. “Laços culturais, administrativos e religiosos uniam Goa e Malaca, Flores e Sri Lanka. Durante um período, Timor chegou a ser administrado pelo Governador de Macau”, disse, explicando que a igreja também teve um papel central naquela ligação. A igreja, segundo o Presidente, trouxe a fé, mas também a “educação formal, escrita e disciplina espiritual”.

Lembrando que as comunidades descendentes de portugueses na Ásia são “frequentemente invisíveis nas narrativas nacionais” e “esquecidas pelos manuais escolares”, o Presidente salientou a importância de se juntarem para lembrar, mas [também] para reinventar”.

“Esta conferência dá-vos espaço para reflectir sobre o passado”, mas também, continuou o chefe de Estado, para uma “oportunidade de moldar o próximo capítulo da história”, que será discutido com a proposta da Declaração de Díli, que foi aprovada este domingo, e com a criação da Associação das Comunidades Portuguesas da Ásia. “Esta associação será mais do que uma rede de pessoas e comunidades. É uma promessa e um compromisso: preservar, registar e capacitar. Reconhecer o valor das comunidades muitas vezes marginalizadas ou esquecidas”, disse José Ramos-Horta.

Segundo o Presidente, a Associação das Comunidades Portuguesas da Ásia dará voz às comunidades lusófonas com governos e instituições internacionais, apoiará a investigação e a sustentabilidade económica, mas também ajudará a proteger as histórias e identidades dos povos.

Numa mensagem, lida pela embaixadora portuguesa em Díli, Manuela Bairos, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou o apoio do Governo português aos objetivos da conferência, a disponibilidade para acolher um encontro em Portugal, bem como “acompanhar os esforços de institucionalização do projecto que a conferência de Díli se propõe a promover”. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


domingo, 29 de junho de 2025

Luxemburgo - Próxima indexação dos salários prevista para o terceiro trimestre de 2026

A próxima indexação dos salários está prevista para o terceiro trimestre de 2026, de acordo com as mais recentes estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas luxemburguês (Statec).


No último boletim sobre a conjuntura, o gabinete “prevê uma inflação ligeiramente inferior a 2%, tanto em 2025 como em 2026, o que levaria a uma próxima indexação dos salários no decorrer do terceiro trimestre de 2026”.

A última adaptação dos salários à inflação remonta ao passado mês de maio, quando salários e reformas aumentaram 2,5% ao abrigo do mecanismo.

O Statec salienta que a inflação subiu ligeiramente no início de 2025, “um movimento que se explica sobretudo por fenómenos isolados, tais como o levantamento parcial dos tetos tarifários sobre a energia, assim como a aplicação da tranche do ‘index’ em maio”.

O gabinete de estatísticas refere que, globalmente, as pressões sobre os preços no consumidor permanecem estáveis no Grão-Ducado. De resto e, tal como aconteceu em 2024, o país continua a mostrar uma inflação relativamente baixa no que toca a serviços e alimentação, quando comparado com outros países europeus. Diana Alves – Luxemburgo in “Contacto”


França - Hora do conto em português: Literanto cria pontes na comunidade em Paris

O projeto Literanto realizou a última “Hora do conto e atelier criativo em língua portuguesa” do ano letivo na Bibliothèque Gulbenkian, em Paris, reunindo um pequeno grupo de crianças e pais, que expressaram agrado pela iniciativa


“É uma iniciativa muito rica porque permite às minhas filhas poderem ter o contacto com a língua portuguesa, ouvirem o vocabulário em português e depois, no final das histórias, da hora do conto, há sempre um atelier que é muito atrativo e interativo”, disse à Lusa Rute Nunes, mãe de Eliana e Eva, de 10 e oito anos, respetivamente.

Natural do Algarve, mas atualmente a viver a uma hora de Paris, Rute Nunes é uma das mães que participa no projeto desde os seus primórdios, já que as suas filhas “adoram vir e ficam radiantes” por interagir em língua portuguesa no espaço da Casa de Portugal – André de Gouveia, no campus da Cité internationale universitaire de Paris, rodeadas de livros em português.

“Estou muito feliz e espero que esta iniciativa continue futuramente”, afirmou, referindo que a coordenadora do projeto é “muito pedagógica”.

O projeto, criado em 2022 por Sara Novais Nogueira, “pretende promover a língua portuguesa, sobretudo para os mais jovens e as suas famílias”, como afirmou à Lusa, revelando que o grupo de crianças é “bastante assíduo”, participativo e com gosto pela literatura portuguesa.

“É importante, sobretudo nestas camadas [mais jovens], nestes novos casais, que muitas vezes são casais de pais [em que] um é francês e o outro é português (…), e às vezes é difícil em casa também manterem a língua portuguesa. Eu acho que isso é uma herança tão rica, manterem a língua portuguesa e ao mesmo tempo também a francesa”, disse Sara Novais Nogueira.

A atividade que durou cerca de duas horas reuniu cinco crianças, dos quatro aos 10 anos, para ouvirem Sara contar de forma cativante os livros “Se esta história fosse sobre animais”, de Carlos Nuno Granja, “Versos para meninos que comem sempre a sopa toda”, de Manuela Ribeiro, mas também para explicar o mito da sopa da pedra, ao mesmo tempo que incentivava as crianças a dizer palavras em português.

No fim, as crianças participaram no atelier criativo para fazer sardinhas a pintar caixas de ovos, numa alusão aos santos populares, e foram surpreendidas pela coordenadora com pinturas faciais, levando inclusive a que uma das crianças pedisse para pintar a própria coordenadora, numa demonstração de cumplicidade e de criatividade.

“Acho que na ludicidade está tudo, portanto, as crianças, através da brincadeira, através das artes, podem partilhar a língua portuguesa entre eles, ouvirem, lerem e falarem”, disse a coordenadora, que se mostrou agradecida à equipa da Gulbenkian, à Casa de Portugal, à Associação Internacional de Lusodescendentes (AILD), onde exerce o cargo de diretora do Conselho Cultural, e às famílias e às crianças.

Durante este ano letivo, o Literanto trouxe a Paris o escritor Carlos Nuno Granja, Adélia Carvalho e Pedro Seromenho, “grandes da literatura infantojuvenil” na escrita e na ilustração, que inspiraram uma das crianças a ilustrar e o pai de origem francesa de outra a desenhar uma das sessões a que assistiu.

A partir de setembro, e ainda sem apoio financeiro do Estado e de instituições, Sara Novais Nogueira está já a alinhavar a vinda da artista plástica portuguesa Mafalda Rocha, com o projeto dos 50 rostos da democracia, porém ainda com dificuldade em arranjar forma de trazer as obras de Portugal até à capital francesa.

As atividades do Literanto podem ser acompanhadas pela página de Facebook de Sara Nogueira, e dos sítios da AILD, da Bibliothèque Gulbenkian e da Citescope.

A educadora de infância é ainda coordenadora do projeto do mapeamento de autores lusófonos a residir fora de Portugal da AILD, uma iniciativa que começou em França, mas que pretende abrir a outros países e que terá uma feira em Portugal entre este e o próximo ano.

“Não temos tido muitas inscrições ao contrário do que eu pensaria”, revelou Sara Novais Nogueira, justificando que “é importante” este mapeamento para convidar os artistas e dar mais destaque aos seus trabalhos.

A AILD, criada em 2019 e com sede em Lisboa, tem como objetivo promover ações e estratégias de proximidade nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e da língua e cultura portuguesas, como o concurso literário “As minhas férias em…”, que conta com a participação com cada vez “mais qualidade” e criatividade, segundo Sara Novais Nogueira. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”


Sogranora










Vamos aprender português, cantando

 

Ilha

 

Eu não sou de cá

sou um estrangeiro

aqui retido

a ver os perigos

que enfrento ao cá passar

 

Eu não sou de cá

eu sou da terra

eu sou do mar

não sou a pedra da calçada

a desgastar

 

Mas existe um lugar

bem lá no fundo

atrás das montanhas

vales e mundos

onde queria pairar

não neste corpo

não nesta mente

não num estado consciente

 

Não é inocência

sei dos preceitos intenções

regras impostas que nos dão para cumprir

não é resistência

é porque esta viagem fica pobre e ainda assim caminharei

 

Mas existe um lugar

bem lá ao fundo

atrás das montanhas

vales e mundos

onde queria pairar

não neste corpo

não nesta mente

não num estado consciente

 

Sei que ao recriar

o tal mundo tão bonito em utopia eternamente ficará

mas quando lá chegar

a uma resposta que partilha uma cultura e um lugar…

pra mim

 

Mas existe um lugar

bem lá no fundo

atrás das montanhas

vales e mundos

onde queria pairar

não neste corpo

não nesta mente

não num estado consciente

 

Sogranora - Portugal 


sábado, 28 de junho de 2025

Macau - Competição “929 Challenge” vai premiar ‘startups’ dos PALOP e Timor-Leste

A quinta edição da competição “929 Challenge” em Macau vai incluir um prémio para a melhor ‘startup’ dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, anunciou a organização.


Marco Duarte Rizzolio, co-fundador da “929 Challenge”, disse à Lusa que o prémio ‘Future Builders’ (Criadores do Futuro) foi criado para encorajar os participantes dos países lusófonos menos desenvolvidos. “Temos uma língua em comum, mas o patamar de desenvolvimento económico de cada um dos países é completamente diferente”, explicou Rizzolio, à margem de uma conferência de imprensa.

A última edição da competição para ‘startups’ chinesas e dos países de língua portuguesa registou um novo máximo, com mais de 1600 participantes em mais de 320 equipas. No entanto, em 2024, a “929 Challenge” não recebeu quaisquer projectos de Timor-Leste ou de São Tomé e Príncipe.

Com o novo prémio, Rizzolio disse esperar que na edição deste ano haja ‘startups’ de todos os nove países lusófonos. “O objectivo é isso, incentivar, mas também é ajudar (…). Se eles conseguem ganhar aquele prémio, já é algo de motivador para eles, para poderem desenvolver o projecto”, explicou.

A ‘startup’ portuguesa Iplexmed, que desenvolve dispositivos de diagnóstico genético rápido, venceu a edição do ano passado, enquanto a também portuguesa NS2, que fornece soluções inteligentes para monitorizar a qualidade da água para uma aquicultura sustentável, ficou em terceiro.

A única vez que uma equipa dos PALOP e de Timor-Leste chegou aos finalistas foi logo na primeira edição, lançada em 2021, em plena pandemia de covid-19, então apenas direccionada a estudantes universitários. Um projecto da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau para instalar painéis solares na região de Gabu, no leste do país, ficou em segundo lugar.

“No final, quem ganha muitas vezes são equipas que têm já produtos maduros, serviços maduros”, explicou Rizzolio.

As inscrições estão abertas até 30 de Setembro, tanto para empresas como para equipas de alunos universitários.

Rizzolio, também professor da Universidade Cidade de Macau, recordou que a competição tem novos parceiros, incluindo a Startup Porto, a Cabo Verde Digital e a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique.

Os melhores 16 planos – oito de empresas e oito de universitários – terão 10 minutos para convencer o júri da “929 Challenge” e potenciais investidores na final, em Novembro.

O outro co-fundador da competição, José Alves, sublinhou que a competição “ainda não é um sucesso” porque até agora não conseguiu atrair projectos para abrir portas em Macau.

“Precisamos de identificar as melhores ‘startups’, investir nelas e trazê-las para o mercado da China continental, ou levá-las da China para os países lusófonos”, explicou o docente.

O concurso é co-organizado pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) e por várias instituições da RAEM, incluindo todas as universidades.

O secretário-geral adjunto do Fórum de Macau, Danilo Afonso Henriques, reiterou na conferência de imprensa que “estabelecer ‘startups’ em Macau requer apoio continuado”. “Sem esforços colectivos e sustentados, esta visão corre o risco de permanecer por realizar, tornando redundante os esforços e trabalho árduo de tantos”, alertou o timorense. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”


Irão – Inicia processo de saída da agência da ONU que controla a energia atómica

Enquanto Israel procura voltar a aplicar toda a sua força letal contra a população desprotegida de Gaza, no Irão, o Governo do Presidente Masoud Pezeshkian e o aiatla Ali Khamenei, o Líder Supremo, desenvolvem o processo leal de saída do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o que coloca, em tese, Teerão no caminho da obtenção de armas nucleares.



Depois de o Parlamento iraniano ter aprovado a saída da AIEA, a instância Constitucional do país (Conselho da Guarda Revolucionária, que tem poder de veto sobre o Parlamento), ratificou a decisão parlamentar após os ataques israelitas e dos EUA à infra-estrutura nuclear iraniana nas últimas duas semanas.

A IRNA, agência oficial iraniana, cita o porta-voz do Conselho da Guarda Revolucionária, Hadi Tahan Nazif, para avançar que esta decisão é uma consequência directa dos ataques de Israel e dos EUA às instalações nucleares "pacíficas" do Irão.

Esta era a derradeira fase antes de a decisão ser submetida à aprovação final do Presidente Pezeskhian, sendo o país, a partir desse momento, livre para agir sem as grilhetas do TNP e da AIEA, o que, em tese, significa que pode começar a trabalhar na aplicação militar do seu urânio enriquecido.

\O Irão acusa a AIEA de ser "uma organização ao serviço do regime sionista e dos EUA", tendo mesmo Teerão mostrado alegados documentos que prova que esta agência da ONU estava, antes da guerra com o Irão, a passar informação a Telavive sobre o programa nuclear do Irão.

Este contexto é de grande melindre porque o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avisou com elevada sonoridade que ordenará novos ataques, ainda mais robustos, se o Irão voltar a enriquecer urânio ou sejam percebidas movimentações no sentido da obtenção de uma arma atómica.

O que vários analistas consideram ser uma porta aberta para o regresso da guerra israelo-americana contra o Irão, tendo o cessar-fogo sido uma mera gestão do conflito, porque o objectivo global de Washington é atacar a parte mais frágil do eixo estratégico Pequim-Teerão-Moscovo no âmbito da disputa global pela nova ordem mundial em construção. In “Novo Jornal” - Angola



Angola - Repositório científico não funciona por falta de domínio na internet

Instituições de ensino superior, académicos e investigadores estão limitados em utilizar o Repositório Angolano de Acesso Aberto (RANAA) por falta de um domínio na internet. A responsabilidade de criar o domínio é do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI)



Passado um ano desde que o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESTA) lançou o Repositório Angolano de Acesso Aberto (RANAA) para armazenar de forma permanente, organizar, divulgar e disseminar a produção científica produzida no País, este ainda não está a funcionar por falta de um domínio. Um domínio na internet é apenas um nome que identifica e localiza um site ou endereço na rede, entretanto como este não existe, os investigadores e instituições estão impedidos de publicarem ou pesquisarem qualquer artigo dentro do repositório.

"Depois do lançamento formal, o ministério tinha que actualizar o que permitiria todas as instituições povoar, ou seja, lançar formalmente os artigos. Mas este está atrasado, por falta mesmo deste domínio", explica uma fonte que esteve presente no período de criação do repositório.

O também académico sublinhou ainda que as instituições estão com os artigos para serem publicados, mas não o conseguem por não existir qualquer domínio. "Há interesse por parte das instituições e investigadores.

Também estamos a trabalhar para que existam mais conferências, mais workshops, para alertar a comunidade académica sobre a necessidade de colocar a produção científica no repositório, já que vai ser um meio credível para que se fale da ciência com base no que consta no repositório nacional com acesso aberto.

Além dessa perspectiva, estamos a trabalhar com a UNESCO, no sentido de se criar uma cátedra de ciência aberta a nível do País, que também vai impulsionar bastante essa questão". Por outro lado, António Pedro, investigador e professor universitário lamentou o facto de o repositório não estar a funcionar depois de um ano do seu lançamento, numa altura em que todas as expectativas estavam em alta.

"Não se percebe como é que o ministério faz o lançamento e pronto! Sem se preocupar com a sua funcionalidade. Só foi feito para o "inglês ver" e não com o verdadeiro interesse de termos um repositório, porque a falta de domínio não devia se constituir um problema, pois há inúmeros engenheiros informáticos que podem resolver essa questão", lamenta.

Recorde-se que o repositório foi financiado pela Expatries Frange. Na prática, o objectivo do repositório é garantir o acesso gratuito ao conteúdo, integral ou parcial, da produção intelectual desenvolvida pelas Instituições de ensino superior, docentes, investigadores e estudantes em Angola e na diáspora.

Numa altura em que o plágio tem sido uma das grandes preocupações da comunidade académica, "este repositório vai prevenir o plágio em trabalhos académicos e científicos, vai integrar investigadores angolanos e as suas respectivas pesquisas numa base de dados de acesso aberto, reduzir a ambiguidade na citação de investigadores/autores angolanos e, sobretudo, vai preservar a memória intelectual do País".

Quanto ao tipo de documentos que poderão ser arquivados contam-se os artigos científicos, relatórios técnicos, revistas científicas digitais e impressas, livros científicos e académicos, teses e dissertações de mestrado, códigos de software, fichas de dados bibliográficos, imagens, arquivos de áudio, arquivos de vídeos, material didáctico, entre outros conteúdos.

De acordo com as directrizes de funcionamento do RANAA, o processo de arquivamento ocorre na medida em que o próprio autor do artigo, dissertação, tese, entre outros, faz a submissão no RANAA e este arquivamento só será possível quando o trabalho estiver concluído e defendido (no caso de trabalhos de conclusão), ou publicado (no caso de artigos e livros). Alexandre Lourenço – Angola in “Expansão”


Cabo Verde – Ga DaLomba e Ste Yepisom com novo single “Lumenta”

Os artistas Ga DaLomba e Ste Yepisom lançaram o single intitulado “Lumenta”, o quinto do novo mixtape ainda sem título revelado



Segundo uma nota enviada, o tema, já disponível nas plataformas digitais, apresenta um som afro melódico pulsante e um flow singular. A faixa destaca-se como um hino de amor, afecto e revolução interior.

A mesma fonte sublinha que, mais do que uma canção, “Lumenta” é uma experiência emocional. O título, que carrega a força de uma palavra inventada, transforma-se em metáfora: “fogo na alma”.

De acordo com a nota, a música propõe um olhar sensível e crítico sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade, ao mesmo tempo que celebra a liberdade de ser e de amar.

“A produção explora ritmos enraizados na diáspora africana, fundindo camadas de percussão com harmonias modernas e letras poéticas. É um convite à introspecção e à desconstrução de paradigmas estéticos”, revela a nota.

Ainda segundo a nota, o single pretende transformar o amor em chama e questionar os padrões estéticos vigentes. “Lumenta” não é apenas uma música, é uma afirmação: de que o amor é revolução, e de que beleza é aquilo que arde genuinamente em nós.

Ga DaLomba, conhecido pelo seu trabalho social e musical de impacto, usa a sua voz para provocar reflexão e inspirar transformação. Já Ste Yepisom, com a sua habilidade única de transitar entre géneros e linguagens artísticas, imprime uma identidade sonora e lírica marcante. Dulcina Mendes – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”


sexta-feira, 27 de junho de 2025

Portugal - Investigadores desenvolvem método inovador para tornar modelos de Inteligência Artificial mais explicáveis e confiáveis na indústria

O avanço acelerado das soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA) tem levantado um dos maiores desafios atuais: a confiança humana nos modelos de alto desempenho, sobretudo pela dificuldade em compreender como tomam as suas decisões. Esta questão é particularmente crítica em ambientes industriais, onde é imperativo que os sistemas sejam não só exatos, mas também transparentes e explicáveis para garantir a segurança e eficácia das operações.


Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) propôs uma metodologia inovadora que permite extrair conhecimento interpretável a partir de modelos complexos de IA, tornando-os acessíveis aos operadores industriais. A abordagem baseia-se na utilização de sistemas de lógica difusa (fuzzy systems), para representar as dinâmicas dos processos industriais de forma simples, mas eficaz.

«Este método foi desenvolvido com base numa arquitetura do tipo "professor-aluno" (knowledge distillation), onde um modelo complexo (NFN-LSTM), que combina redes neuronais do tipo Long Short-Term Memory com lógica difusa, serve de referência para treinar um modelo mais simples e interpretável (NFN-MOD). Este último recorre a funções com entradas atrasadas para simular a memória temporal do processo, aliando desempenho à compreensibilidade», explica Jorge S. S. Júnior, aluno de doutoramento do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) da FCTUC.

De acordo com a equipa de investigadores, esta investigação demonstrou a eficácia da metodologia em dois casos de estudo com dados reais: uma unidade de recuperação de enxofre e um processo de moagem na indústria cimenteira. Em ambos, o modelo NFN-MOD conseguiu replicar o comportamento do modelo professor com elevada precisão, ao mesmo tempo que oferecia explicações claras sobre os fatores que influenciam eventos críticos, como picos de emissões de gases nocivos ou variações na concentração de resíduos.

«Além disso, o modelo introduz uma nova forma de análise contextual, permitindo aos operadores compreender melhor os diferentes cenários industriais e apoiar a tomada de decisões. O método promete, assim, aumentar significativamente a confiança nos sistemas de IA e otimizar o controlo de processos em ambientes industriais exigentes», conclui a equipa de investigadores.

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento de Jorge S. S. Júnior, sob orientação de Jérôme Mendes, investigador do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE), e coorientação de Cristiano Premebida, investigador do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), em colaboração com Francisco Souza (imec-NL, OnePlanet Research Center, Países Baixos).

O artigo “Distilling Complex Knowledge Into Explainable T–S Fuzzy Systems”, publicado na revista IEEE Transactions on Fuzzy Systems, pode ser consultado aqui. Esta publicação foi destacada na IEEE Computational Intelligence Society (CIS) Newsletter como "Research Frontier". Universidade de Coimbra - Portugal  


UCCLA - Conferência “Espaços de Integração Política e Migrações” na Câmara de Lisboa

No âmbito do Ciclo de Conferências “Desafios Atuais da Imigração Lusófona: Portugal e União Europeia”, vai ter lugar no dia 3 de julho, às 14h30, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa, a última conferência subordinada ao tema “Espaços de Integração Política e Migrações: EU e CPLP”.


Esta conferência - moderada pela Professora Doutora Isabel Estrada Carvalhais, Universidade do Minho - contará com as intervenções de:

- Dra. Sónia Almada (AIMA - Agência para a Integração, Migrações e Asilo);

- Dr. Paulo Mendes (Fundador da unOffice e da Associação de Imigrantes dos Açores);

- Dr. Hugo Seabra (Fundação Calouste Gulbenkian);

- Professora Doutora Emellin de Oliveira (CEDIS, NOVA School of Law);

- Dra. Princesa Peixoto (UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa).

O encerramento do Ciclo de Conferências terá as intervenções de:

- Professor Doutor João Peixoto (Vice-Reitor da Universidade de Lisboa);

- Dr. Luís Álvaro Campos Ferreira (Secretário-Geral da UCCLA);

- Eng. Carlos Moedas (Presidente da Câmara Municipal de Lisboa).

Estas conferências, organizadas pela Universidade de Lisboa e pela UCCLA, pretendem ser um espaço de diálogo e partilha de experiências, promovendo uma reflexão crítica sobre as dinâmicas da imigração no espaço lusófono.

A entrada é livre.

Morada:

Câmara Municipal de Lisboa

Paços do Concelho