Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Angola – Romance de Paulo Neto “Kanjila” já disponível no mercado

Os vários processos de libertação por que passou o povo angolano, ao longo dos anos, dão corpo ao livro de estreia de Paulo Neto “Kanjila”, intitulado “Na hora do adeus à família”, já disponível para o público na livraria da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, em Luanda

Do género romance, o livro, de 294 páginas, narra ao detalhe as várias fases em que os angolanos foram obrigados a estar sob o jugo português, contra a sua vontade.

No livro, o autor usa a ficção para descrever a história real, os factos mais marcantes dos períodos que vão desde a escravatura até a Independência Nacional, de forma cronológica.

O autor disse, ao Jornal de Angola, que o livro está dividido em seis partes, nas quais são abordadas, em separado mas de forma sequencial, a fase do tráfico dos angolanos para as Américas, os seus efeitos, consequências e resultados, a Libertação de África, o fenómeno da clandestinidade, o exílio, a perseguição, as prisões arbitrárias pela PIDE e a Proclamação da Independência de Angola pelos três Movimentos de Libertação Nacional.

Paulo Neto "Kanjila” referiu que faz uma abordagem resumida, mas detalhada das acções do Processo 50 e outros movimentos, descrevendo alguns locais de reunião e os nomes de algumas figuras que se destacaram nessa nobre missão.

Para melhor esclarecimento, realçou, a obra apresenta imagens de lugares e marcos, e traz um glossário com o significado de algumas expressões usadas frequentemente nas épocas que o livro se refere pelos cidadãos.

Paulo Neto "Kanjila” revelou que o livro é uma homenagem a todos os cidadãos angolanos, que estiveram envolvidos em todos os processos que permitiram o país independente.

Editado este ano, pela Lexdata - Sistemas de Edições Jurídicas, em Luanda, o livro teve as expensas do próprio autor.

Segundo o autor, nesta obra foram relatados uma sequência de acontecimentos ficcionais, antropomórficos, ou não, individuais ou colectivos, situando-os no espaço de um mundo possível.

"O desígnio central que regeu esta obra foi a vontade de procurar elementos valiosos, para construir um mundo possível, que possua nítida independência em relação a mim. contudo, objectivei eventos, estados, personagens e coisas, num mundo onde procurei construir, estabelecendo múltiplas relações axiológicas, ódio, indiferença, nostalgia, ternura, que não destrói a fundamental alteridade das produções romanescas ante o seu autor textual e mediante o seu autor empírico”. Roque Silva – Angola in “Jornal de Angola”


Portugal - Fundação Círculo de Leitores anuncia a abertura de candidaturas para o Prémio Literário José Saramago

A Fundação Círculo de Leitores, em articulação com a Fundação José Saramago, anuncia a realização da 13.ª edição do Prémio Literário José Saramago, informando que, à semelhança da edição anterior, o Prémio irá distinguir obras de ficção inéditas de autores da lusofonia até aos 40 anos


Como forma de perpetuar o espírito de Saramago, o Prémio continuará a ter como jurados escritores anteriormente galardoados com o prémio – nesta edição, Paulo José Miranda, Adriana Lisboa e Ondjaki –, bem como Pilar del Río, presidenta da Fundação José Saramago, Guilhermina Gomes, que assume a presidência do júri em representação da Fundação Círculo de Leitores, e Lídia Jorge, como membro honorário, ocupando o lugar deixado vago pela saudosa Nélida Piñon.

A obra vencedora será publicada e distribuída em todos os países da lusofonia. Concretamente, em Portugal, será publicada pelo Grupo Porto Editora, e, no Brasil, pela Globo Livros, sendo que a edição portuguesa será também distribuída e comercializada em todos os restantes países da lusofonia. Adicionalmente, será atribuído ao autor da obra um prémio no valor pecuniário de € 40 000,00 (quarenta mil euros), que será tratado como rendimento de propriedade intelectual.

As obras a admitir a concurso terão de ser apresentadas à Fundação Círculo de Leitores até 15 de maio de 2024. Para o efeito, os interessados deverão, a partir de 16 de novembro de 2023, registar-se na plataforma www.premiojosesaramago.pt, facultando os elementos de identificação do autor e de caracterização da obra que lhe sejam solicitados. Será também elemento imprescindível à apresentação de uma candidatura a aceitação do regulamento e a prestação de um conjunto de declarações relativas à autoria, originalidade e não oneração da obra, que não poderá ter sido apresentada a qualquer outro prémio, nos termos das minutas constantes da plataforma. A candidatura ficará completa por via do carregamento de um documento informático contendo a obra original, no formato e com as especificações técnicas indicadas na plataforma.

O vencedor do Prémio será anunciado em outubro ou novembro de 2024, num evento público com data e local a anunciar. A entrega do Prémio ao autor da obra vencedora será efetuada no referido evento. A Fundação Círculo de Leitores procederá à divulgação do Prémio através dos meios de comunicação social e das redes sociais, bem como através das Associações representativas dos Escritores de todos os países da lusofonia. In “Fundação Círculo dos Leitores” - Portugal


Brasil - Exportação de talentos na área fiscal

Engenheiros brasileiros impulsionam estratégias globais de empresas


A complexidade fiscal que caracteriza o ambiente empresarial no Brasil está resultando em uma notável tendência de exportação de profissionais altamente qualificados para escritórios em todo o mundo. Nesse cenário, os engenheiros brasileiros emergem como protagonistas, desempenhando um papel crucial nas estratégias globais de expansão de empresas.

A complexa teia fiscal brasileira, caracterizada por uma carga tributária elevada e uma legislação complicada, tem levado empresas para além das fronteiras nacionais em busca da expertise dos engenheiros brasileiros para integrar em suas equipes. Essa expertise se torna um ativo valioso, unindo habilidades técnicas excepcionais com uma compreensão profunda dos desafios específicos do ambiente de negócios brasileiro e internacional.

Ao migrarem para escritórios ao redor do mundo, esses engenheiros não apenas exportam suas habilidades, mas também compartilham uma perspectiva única enraizada em experiências locais desafiadoras. Seja na resolução de desafios técnicos complexos ou na adaptação de produtos e serviços às nuances de diferentes mercados, os engenheiros brasileiros se tornam catalisadores essenciais para o sucesso internacional das organizações.

A diáspora de talentos cria uma ponte valiosa entre o Brasil e os mercados globais, não apenas representando habilidades técnicas, mas também atuando como embaixadores culturais. Essa conexão humana contribui para a construção de relações sólidas entre empresas estrangeiras e o Brasil, facilitando parcerias e colaborações bilaterais.

"Os engenheiros brasileiros representam um alicerce robusto na estratégia de expansão global, especialmente quando se trata de tecnologia fiscal. Sua expertise, evidenciada pelo notável lançamento da Nota Fiscal Eletrônica na Europa, destaca-se como um dos pilares essenciais para o sucesso de nossos objetivos abrangentes. Como Vice-presidente de Operações Internacionais da Avalara, reconheço a liderança da equipe de Engenharia no Brasil nas inovações tecnológicas que impulsionam nossa visão global", enfatiza Greg Chapman.

No entanto, enquanto essa exportação de mão de obra beneficia as empresas globais, destaca-se a importância de reter talentos no Brasil. Iniciativas para simplificar o ambiente fiscal e criar condições mais atrativas para profissionais qualificados são fundamentais para promover o crescimento econômico sustentável e construir um ecossistema empresarial robusto no país.

Em resumo, a exportação de engenheiros brasileiros devido à complexidade fiscal é uma tendência que redefine a dinâmica global de talentos. Esses profissionais não apenas contribuem para o sucesso internacional das empresas, mas também desempenham um papel vital na construção de pontes entre o Brasil e o resto do mundo, moldando um futuro onde a expertise brasileira é reconhecida e valorizada em escala global.

Sobre Avalara

A Avalara é uma provedora líder de soluções de gestão fiscal em nuvem que ajuda empresas de todos os tamanhos a gerenciar a conformidade fiscal de forma eficiente e precisa. Com soluções automatizadas e impulsionadas pela Inteligência Artificial, a Avalara simplifica os processos fiscais, economiza tempo e recursos, e reduz o risco de não conformidade. Com uma abordagem inovadora e compromisso com a inovação, a Avalara está transformando a forma como as empresas encaram a conformidade fiscal. Saiba mais em www.avalara.com. Engaje! Comunicação - Brasil


Internacional - O Hamas é compatível com a esquerda marxista?

Num longo texto, mostramos como a esquerda brasileira reage diante da estrutura político-religiosa de Israel chamada sionismo e como vê o futuro para os palestinos. Ainda no texto seguinte, sobre judeus de esquerda, vimos a rejeição ao conceito de Estado étnico, no qual se entra só por herança sanguínea. Essa posição é tão marcante que esse grupo propõe mesmo a recriação de Israel como um Estado nacional sem exigência étnica. Com que forma? De Estado único no qual convivam judeus e palestinos ou na existência de dois Estados vizinhos, um palestino e outro judeu?

Essa seria a garantia de paz duradoura entre esses dois povos inimigos milenares? Alguém me alerta: nessas duas hipóteses Israel sairá perdendo, mesmo sem guerras, porque os palestinos têm uma bomba natural mais potente – a bomba demográfica!

Mas isso é uma visão muito pessimista e negativa, alguém argumentará. Vivendo juntos ou próximos com os mesmos direitos, eles começarão a se misturar como acontece no Brasil entre os brancos escravocratas e os descendentes dos escravos negros, depois da abolição da escravatura e de todos os brasileiros serem iguais, sendo punida toda forma de racismo.

E com o Velho Testamento bíblico na mão, outro poderá argumentar: só poderá dar certo porque judeus e palestinos descendem de Ismael e Isaac que eram meio-irmãos pois o pai era o mesmo – o já idoso Abraão. Essa é uma história bem antiga, de uns 4 mil anos, quando ainda não se falava em casamentos entre jovens príncipes e princesas, mas numa sociedade em que havia escravas e seus proprietários eram pai e mãe centenários.

Sendo verídica essa história, poderíamos ser otimistas e imaginar o reencontro familiar entre os netos e filhos desse patriarca. Porém, briga de família a três pode complicar na hora de repartir a herança e a mesma fonte bíblica fala em guerras sem fim entre judeus com cananeus e filisteus, todos parentes, circuncisos e descendentes do mesmo bisavô e tetravô! E com o passar do tempo, turcos, libaneses, egípcios e iranianos poderiam ser considerados primos.

Tudo se complicou quando todos, exceto os judeus, no Oriente Médio passaram a seguir Maomé, surgindo o islamismo. Mesmo assim, restaram duas vertentes islâmicas: a dos sunitas e dos xiitas, nem sempre amigas. O Irão é xiita e a Arábia Saudita, sunita.

Depois da queda do Xá Reza Pahlevi, o Irão xiita se tornou uma rigorosa teocracia islâmica seguidora da shariah, o conjunto de leis que codifica todas as exigências religiosas públicas e privadas dos muçulmanos, adotada com graduações diferentes pelos países muçulmanos. Nem todas as regras da shariah são compatíveis com os direitos humanos, como liberdade de expressão, liberdade de crença, liberdade sexual e de gênero e liberdade das mulheres. No Irão, a teocracia é repressiva principalmente contra as mulheres, havendo assassinatos cometidos pela polícia por simples questão de vestimenta. O cinema vive também sob censura.

Os sunitas são considerados mais tolerantes, porém inspiraram alguns movimentos considerados extremistas como Al-Qaeda, Estado Islâmico. Boko Haram e Hamas.

A esquerda deixou de ser laica?

Será que meus amigos de esquerda estão certos? Nestas semanas de guerra de Israel contra o Hamas, todos os textos aos quais tive acesso, cujos autores são de lideranças reconhecidas de esquerda, me deixam a impressão de estar havendo uma confusão involuntária (ou será voluntária, estratégica, temporária?) entre povo palestino com o movimento Hamas. A ponto de se declararem enfaticamente defensores do Hamas contra Israel. Será que a partir de agora todo esquerdista tem de ser obrigatoriamente a favor do Hamas, mesmo se a esquerda e, não é de hoje, vem criticando o sionismo e a política israelense com relação aos palestinos? Depois de termos dado bastante espaço à questão do sionismo israelense, parece ser a vez de se discutir o caráter religioso fundamentalista islâmico do Hamas. O conceito laico da esquerda deixou de ser básico e se tornou superado?

O tema é bastante complexo porque além do caráter laico dos grupos palestinos que deram origem à OLP, Organização pela Libertação da Palestina, inclui também a questão da utilização de atos terroristas na conquista do reconhecimento das reivindicações palestinas.

O primeiro desses atos, que provocou divisões dentro da esquerda internacional, foi o atentado nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972. O último atentado, o do 7 de outubro com a invasão de Israel e o assassinato de centenas de civis desarmados, voltou a provocar divisões, chegando a romper a união das esquerdas francesas.

É bom lembrar que, em 1948, tanto a URSS quanto os socialistas e os comunistas franceses apoiaram a criação de Israel. O apoio socialista estava ligado ao partido trabalhista no poder em Israel e os kibutz israelenses eram considerados um tipo de experimentação socialista.  O apoio da URSS durou pouco e o apoio aos árabes foi seguido pelos comunistas europeus.

Nos anos 70 por influência dos católicos de esquerda e dos franceses anticolonialistas, surgiu o apoio à causa palestina, seguido pelos maoístas.

Com o fim da guerra do Vietnã, os comunistas e a esquerda francesa focaram seu apoio em Yasser Arafat. Mitterrand e os socialistas continuavam defendendo a existência de Israel e Arafat acabou reconhecendo a existência de Israel e aceitou a coexistência de dois Estados. Mas o governo de direita em Israel e a Intifada fortaleceram a esquerda pró-palestina que denunciou Israel como Estado opressor e de apartheid, denunciando também o sionismo.

A situação tomou novas feições no fim dos anos 1980, quando os maiores apoiadores dos palestinos contra Israel eram o Hezbollah e o Hamas, dois movimentos islâmicos fundamentalistas. O fim do laicismo ou secularismo na luta pelos palestinos provocou divergências entre os socialistas e comunistas franceses, mas vinha sendo tolerado diante do eleitorado árabe muçulmano gerado pela imigração. Entretanto, a brutalidade do atentado do Hamas do 7 de outubro dividiu a esquerda francesa e voltou à atualidade a questão do movimento palestino estar nas mãos do islamismo, cujas dimensões vão além da causa palestina e representam, em muitos aspectos, um retrocesso no movimento da descolonização palestina.

O avanço do islamismo fundamentalista entre os países árabes, que chega a ter influência mesmo na atual Turquia, e mesmo em países africanos saídos da colonização, preocupa por representar uma marcha-à-ré na questão dos direitos humanos e na própria concepção de uma sociedade socialista. Diante da teocracia islâmica no Irão, com aplicação da lei da shariah com punições físicas e pena de morte, ocorre um nítido recuo na liberalização feminina, uma rejeição total da questão dos gêneros com a não aceitação da homossexualidade, entre outras tantas exigências religiosas.

Enfim, uma bem argumentada demonstração da incompatibilidade do movimento Hamas com os objetivos revolucionários marxistas é feita pelo órgão da União comunista trotskista, Luta Operária, mostrando não existir para a esquerda só a opção primária, “quem é contra Israel tem de ser a favor do Hamas”.

O trecho conclusivo de um longo artigo parece bem demonstrativo da pressa com que a esquerda brasileira aderiu aos islamitas: “O Hamas procura de fato um compromisso com o imperialismo e o reconhecimento deste, mesmo que fale em destruir a “entidade sionista” de Israel. Ele defende os interesses da burguesia palestina e as suas políticas estão em desacordo com os interesses dos palestinos oprimidos, cuja revolta ele teme. Pelo contrário, é com estes que os revolucionários devem estar unidos na luta contra o imperialismo. Apoiar o Hamas por do oportunismo, assimilando-o à “resistência legítima” de todo um povo, fazendo do reconhecimento do sentimento palestino de opressão nacional o apoio à política nacionalista de uma organização religiosa reacionária como o Hamas, equivale a abdicar de toda a política de classe”. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.

 

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Moçambique - Reitera compromisso de manutenção da Paz e Segurança na CPLP

Moçambique reitera o compromisso de continuar a contribuir nas acções tendentes a manutenção da Paz e Segurança na Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa

Esse comprometimento foi assumido, na terça-feira, em Maputo, pelo Inspector do Ministério da Defesa Nacional, Casimiro Mueio, no âmbito de comemoração do vigésimo aniversário do Centro de Análises Estratégicas da CPLP.

Segundo a imprensa local, o Inspector do Ministério da Defesa Nacional exortou na ocasião aos membros deste Órgão de Defesa a darem o contributo para ultrapassar alguns desafios.

O Centro de Análises Estratégicas da CPLP é uma plataforma criada, de entre vários objectivos, a concertação político-diplomática, bem como a cooperação em áreas com destaque para a de Defesa e Económica. In “Jornal de Angola” - Angola


Brasil - Álvaro de Vasconcelos é o novo titular da Cátedra José Bonifácio

Escritor e intelectual português vai liderar investigação sobre a cooperação entre Europa e América Latina em tempos de polarização global


O escritor e intelectual português Álvaro de Vasconcelos é o novo titular da Cátedra José Bonifácio da USP. Até o final de 2024, ele conduzirá pesquisas sobre o tema Europa e América Latina num contexto de polarização mundial: caminhos e desafios sociais, políticos, econômicos e culturais para uma cooperação necessária. Ao suceder a argentina Susana Malcorra no cargo, ele se torna o 11º catedrático, sendo o primeiro de Portugal e o segundo da Península Ibérica; em 2016, o ex-primeiro-ministro espanhol, Felipe González, ocupou o posto.

Com presença ativa no debate dos assuntos políticos, sociais e culturais da Europa e do mundo, Vasconcelos é investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares CEIS20 da Universidade de Coimbra. Já foi diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia e do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais, investigador sênior da Arab Reform Initiative, além de fundador do Fórum Demos, importante think tank europeu de relações internacionais. No Brasil, foi professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP e, mais recentemente, participou do encontro O Bicentenário da Independência do Brasil visto do exterior.

Opositor do Estado Novo e da guerra colonial portuguesa, esteve exilado em Bruxelas e Paris de 1967 a 1974. Ao regressar ao país natal, participou ativamente do processo de transição democrática e, hoje, atua como colunista e comentador em jornais, rádio e televisão.

O diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) e coordenador do Centro Ibero-americano (Ciba) da USP, que administra a iniciativa, Pedro Dallari, explica que a seleção dos nomes é feita com a participação de professores da Universidade e de catedráticos anteriores. “A nacionalidade é um dado relevante. Com exceção de dois brasileiros, nunca houve mais de um indicado de um mesmo país. Também levamos em consideração a vinculação da liderança e da trajetória da pessoa ao tema escolhido para a atividade de pesquisa, que é definido em comum acordo entre o convidado e a USP”, ressalta.

Dallari destaca os atributos do atual nome. “Álvaro de Vasconcelos é europeu e enfocará justamente a necessidade da cooperação entre Europa e América Latina na perspectiva de fortalecimento de princípios civilizatórios em um contexto global de degradação dos direitos humanos. Trata-se de um notável intelectual público, que promoverá uma reflexão densa e valiosa”, resume.

Outros professores também celebraram a vinda de Álvaro de Vasconcelos. O ex-ministro da Relações Exteriores e Professor Emérito da USP, Celso Lafer, lembra que o novo catedrático traz consigo uma grande bagagem e experiência na área. “No desenho do reposicionamento internacional de um Portugal democrático pós-salazarista, empenhou-se numa atualizada parceria estratégica luso-brasileira, no significado para Portugal da sua inserção na Europa comunitária”, afirma.

Já o ex-ministro da Educação e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Renato Janine Ribeiro, ao analisar a trajetória do convidado, observa que “essa atuação faz jus à sua qualificação como intelectual público, ou seja, não apenas alguém que busca o conhecimento, mas que mede as ações e realidades políticas à luz de valores éticos fundamentais, essencialmente as sucessivas declarações de direitos humanos adotadas sob a égide da ONU”.

O início das atividades presenciais de Vasconcelos está previsto para a segunda semana de dezembro, quando, além de se encontrar com o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, conduzirá a primeira reunião do grupo de pós-graduação que estará sob sua direção. Assim como ocorreu nas gestões anteriores, o trabalho deve resultar em um livro, a ser publicado no segundo semestre de 2024. Os demais livros da coleção estão disponíveis, gratuitamente, neste link.

Cátedra José Bonifácio

Criada em 2013, a Cátedra José Bonifácio homenageia um importante personagem da história do Brasil. Também conhecido como “o patriarca da Independência”, José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu em 1763 e foi um notável pesquisador, escritor e homem público. Como cientista, chegou a descobrir novos minerais, enquanto no campo político foi ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros de janeiro de 1822 a julho de 1823.

Sua imagem ilustra a intenção de integrar a experiência de lideranças sociais aos processos educacionais e de pesquisa do ambiente universitário, e da preocupação em se produzir subsídios que promovam a melhoria das condições de vida da população.

Assim, a iniciativa busca estimular a geração e a disseminação de conhecimento sobre a Ibero-América, sempre por meio da participação rotativa de uma figura pública da região, ligada ao ambiente universitário e de relevo internacional, que durante um ano lidera um grupo de investigadores para promover reflexões e debates acerca da área em que atua.

“Todos os dez especialistas de grande relevância que já estiveram à frente da Cátedra realizaram trabalho excepcional e muito marcante na vida da Universidade, cumprindo um compromisso rigoroso com a construção e disseminação de conhecimento: em dez anos, foram dez livros publicados pela Edusp com o resultado das atividades. São mais de 200 artigos, que têm, ainda, o valor do envolvimento de jovens pesquisadores nessa produção, muitas vezes alunos de pós-graduação publicando pela primeira vez”, comemora Dallari. 

Gerida pelo Centro Ibero-Americano (Ciba), a ação está vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) e ao Instituto de Relações Internacionais (IRI). Michel Sitnik – Brasil in Jornal USP


Brasil – Segundo um estudo do Banco Mundial a devolução de imposto por “cashback” pode gerar efeito econômico positivo para os mais pobres

Devolução de imposto através de um “cashback” é mais benéfico para a população mais pobre do que a isenção na cesta básica, segundo um estudo do Banco Mundial


Estudo realizado pelo Banco Mundial aponta que devolver imposto através de um cashback é mais benéfico para a população mais pobre do que a isenção na cesta básica. A questão central, analisada pela pesquisa, é tentar diminuir o impacto da tributação para esse grupo social. Gustavo Vettori, professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, explica as diferenças entre as duas propostas.

Cashback e isenção na cesta básica

A reforma tributária abarca essas duas visões concorrentes: a proposta de devolução de imposto, o cashback, e a isenção na cesta básica. A tributação sobre consumo (IVA) consulta a renda consumida das famílias, mas não a renda poupada. As famílias mais ricas, segundo Vettori, conseguem poupar uma parte do seu dinheiro, e as famílias mais pobres não – já que consomem tudo o que ganham. Então, o imposto, comparado com a renda, acaba sendo mais regressista.

“As famílias mais ricas vão recolher mais tributos sobre o consumo, porque o consumo delas é maior. Mas em termos relativos, em relação à renda, um tributo desse acaba sendo regressivo. A porcentagem da renda da família mais pobre é tributada por um tributo sobre consumo e é maior do que a porcentagem da renda da família mais rica – simplesmente porque ela poupa parte da sua renda” explica o especialista. Nesse cenário, existem algumas possibilidades de amenizar esse efeito, ou até revertê-lo.

Segundo Gustavo Vettori, o sistema atual conta com um mecanismo de isenção de produtos da cesta básica. Basicamente, itens de consumo básico – que podem ser utilizados tanto por famílias mais pobres quanto as ricas – tendem a ter uma alíquota menor ou até ser isentos. Já os itens de consumo supérfluo tendem a ter uma tributação maior. 

Um problema apontado por Vettori diz respeito à progressividade dessas soluções, que é limitada. A população mais rica também consome os produtos que estão na cesta básica, então não é possível amenizar tanto o efeito regressivo, porque as famílias ricas ganham um benefício, até em valor absoluto, maior do que o benefício da família mais pobre.

Produtos da cesta

Outra dificuldade desse sistema, e o item que o professor considera como o problema central, é a definição de quais produtos serão abarcados pela cesta básica. Esse cenário gera discussões, que podem durar anos, e possuem um custo elevado. Como explica Vettori, a isenção, para quem a defende, é importante porque garante que alguns produtos serão abarcados pela cesta básica e mostra imediatamente o impacto sobre esses produtos no consumo da família mais pobre – mas isso só acontece se a isenção for repassada para o preço.

A visão alternativa a esse cenário é o sistema de cashback. “Podemos imaginar um tributo que tenha a mesma alíquota para todos os produtos, inclusive os da cesta básica, e o que esse sistema preveria é que as famílias de baixa renda poderiam receber de volta o tributo que foi pago”, exemplifica o professor. Com o sistema de nota fiscal eletrônica é possível rastrear os valores gastos por cada CPF e devolver posteriormente para as famílias de baixa renda. O pagamento, de acordo com Vettori, poderia ser feito através de um valor fixo, por exemplo, mas o sistema ainda não foi estabelecido. 

Essa experiência existe em outros países – como no Canadá, Uruguai, Argentina, Bolívia e Colômbia. Ainda que esse seja um caminho para tentar reduzir as desigualdades, Vettori afirma que existem limitações para esse sistema. “A vantagem disso é que é possível direcionar a restituição só para as famílias de baixa renda – e não para as famílias de alta renda. Então, o produto da cesta básica das famílias mais ricas continua sendo tributado e isso dá uma maior progressividade para o sistema”, pontua.

Para Vettori, provavelmente, a solução encontrada pelo Congresso será uma combinação dos dois sistemas. Entretanto, uma das preocupações apontadas pelo professor é se o cashback será efetivo. “Esse sistema de restituição, se bem-feito, tem a capacidade de gerar um efeito econômico positivo e um aumento de consumo, que pode ser verificado aumentando a renda disponível dessas famílias”, discorre. Gustavo Vettori – Brasil in “Jornal da Universidade de São Paulo”



Brasil - Depois de Lisboa, Festlip comemora 15 anos com a tradicional edição carioca

No ano em que comemora sua 15ª edição, o FESTLIP (Festival Internacional das Artes da Língua Portuguesa) celebra as mulheres ao longo de todo o festival, que em 2023 foi dividido em dois. Depois de três dias de programação na capital portuguesa, em maio, chega a vez da etapa carioca, de 29 de novembro a 4 de dezembro, com peças, show, encontros, espetáculo infantil, oficinas e mostra gourmet, distribuídos pelo Teatro Glaucio Gil, Teatro João Caetano, Salão Assyrio e Sala Mario Tavares (Theatro Municipal do Rio de Janeiro), UNIRIO e Zazá Bistrô.


As homenagens também serão em dose dupla: o tradicional Prêmio FESTLIP 2023, dedicado a expoentes das artes nos países de língua portuguesa, será entregue à atriz e cantora Zezé Motta, que completa 55 anos de carreira em 2023. E uma homenagem especial também será feita à escritora brasileira Conceição Evaristo, com o inédito Prêmio ELO FESTLIP, que destaca o reconhecimento e difusão internacional de sua obra.

Na programação, o destaque é o espetáculo O canto das sereias, concebido especialmente para a ocasião. Com dramaturgia de Marcia Zanelatto e elenco exclusivamente feminino da multinacional Trupe Festlip – com atrizes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe –, a peça marca a estreia na direção de Tânia Pires Abrão, diretora artística do festival. Realizado pela Talu Produções, o FESTLIP tem incentivo do

Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ) e da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), tem o apoio institucional da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, FUNARJ, Camões I. P. – Centro Cultural Português, em Brasília, CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes, ECO – Escola de Comunicação da UFRJ e da Escola de Teatro da UNIRIO.

“Além de ser o nome de um espetáculo inédito, o Canto das Sereias é também o mote desta edição, que atravessa toda a programação em homenagem ao empoderamento feminino de mulheres de culturas tão distintas, unidas pelo mar e pela língua portuguesa, mas também na luta pela igualdade de direitos”, destaca Tânia Pires Abrão, criadora e diretora artística do FESTLIP.

A atriz e cantora Zezé Motta recebe o Prêmio FESTLIP 2023 por sua indiscutível importância nas artes cênicas, no ano em que completa 55 anos de carreira. Nascida em uma família humilde em Campos dos Goytacazes, no interior do estado do Rio de Janeiro, Zezé veio com a família para a capital fluminense ainda criança. Em 1967, iniciou sua carreira artística na peça Roda-Viva, de Chico Buarque, e no ano seguinte estreou na televisão na novela Beto Rockfeller, na TV Tupi. Dentre os papeis que marcaram sua carreira está o de Xica da Silva, do filme homônimo de Cacá Diegues, de 1976, que lhe rendeu os prêmios de melhor atriz no Festival de Brasília, Coruja de Ouro, Prêmio Air France e Prêmio Governador do Estado. De lá para cá, são mais de 120 trabalhos no cinema, teatro e televisão, tendo recebido 27 prêmios. Como cantora, tem 14 discos gravados.

Em caráter excepcional, a edição comemorativa dos 15 anos confere ainda o Prêmio Elo FESTLIP, que destaca a relevância da obra da linguista e escritora mineira Conceição Evaristo, vencedora, dentre outros, do Prêmio Jabuti (2015). “Este é um prêmio único, criado para reconhecer as contribuições significativas da obra da escritora Conceição Evaristo, tanto na aproximação dos falantes do português, quanto no papel da sua obra na difusão da cultura afro-brasileira além das fronteiras. Este prêmio singular celebra a vitalidade nesses dois aspectos, promovendo a conexão e a solidariedade entre pessoas e grupos que falam português por meio da cultura”, destaca Tânia Pires Abrão.

“Nesta edição tão especial dos 15 anos, e dedicada ao poder feminino, é muito significativo reverenciar duas mulheres de tamanha envergadura na cultura lusófona”, completa.

A programação teatral acontece de 1º a 3 de dezembro, distribuída pelos palcos do Teatro João Caetano, Teatro Gláucio Gil e o Salão Assyrio do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e inclui ainda três espetáculos de companhias de Portugal – Vozes de Sereias, da Cia Teatro Meridional; Palco Principal, do grupo SillySeason, e Nas Ondas do Improviso, do grupo de teatro do improviso Os Improváveis, que em sua terceira passagem pelo festival contará com a participação especial dos brasileiros Rafael Saraiva (Porta dos Fundos), Ana Paula Novellino (Teatro do Nada) e o músico Taiyo Omura.

Também de Portugal vem o infantil Capuchinho, inspirado no conto clássico de Perrault, O Chapeuzinho Vermelho. A peça é apresentada pelo Teatro Plage, do diretor Paulo Lage, na programação do FESTLIPinho, que este ano ocupa a Sala Mário Tavares, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, nos dias 29 e 30 de novembro.

A cantora e atriz cabo-verdiana Tidy Rodrigues e o violonista brasileiro Arthur Vidal celebram e aproximam a música dos dois países no show Do toque ao canto, que acontece no dia 30 de novembro, no Teatro Glaucio Gil, em Copacabana, em um dos momentos já clássicos e mais festivos do evento, o FESTLIPshow.

O mote desta 15ª edição também está presente na temática do FESTLIPencontros, mediado por Monica Klemz. ‘Nem só de cantos e escamas reluzem as sereias’ reúne a escritora Márcia Zanelatto, a diretora Tânia Pires Abrão e o elenco da Trupe FESTLIP Rossana Prazeres (São Tomé e Príncipe), Suelma Mario (Angola), Susana Vitorino (Portugal), e Tidy Rodrigues (Cabo Verde), além das atrizes convidadas Carla Marins (Brasil) e Lucrécia Paco (Moçambique), para dissecar o processo de criação do espetáculo, que capta a essência e a força das mulheres lusófonas.

Este ano, duas oficinas gratuitas darão oportunidade a estudantes e professores de artes cênicas para se aprofundar nas técnicas do Teatro do Improviso, com Marta Borges e Pedro Borges, do grupo Os Improváveis, no dia 28 de novembro, na UNIRIO; e na trajetória do dramaturgo e professor português Rui Pina Coelho, em 4 de dezembro, na Sala Mario Tavares (TMRJ). As inscrições podem ser feitas pelos emails oficinaimproviso@talu.com.br (até 22 de novembro) e oficinadramaturgia@talu.com.br (até 2 de dezembro), respectivamente.

Com o título O Sereno Sabor das Marés, a inspiração na rica culinária dos nove países de língua portuguesa dará origem ao menu criado especialmente para o FESTLIP pelos chefs Helo Lima (Bahia) e Arthur Cardoso (Zazá Bistrô, Rio de Janeiro) e pelo mixologista Rausley Cler, no restaurante Zazá Bistrô, em Ipanema. Ceviche, moqueca, bolinho de bacalhau e outras delícias, acompanhadas por drinks exclusivos, estarão disponíveis para almoço e jantar durante os seis dias do festival.

Confira a programação aqui. In “Mundo Lusíada” - Brasil


terça-feira, 28 de novembro de 2023

Moçambique – Mia Couto lança “Compêndio para desenterrar nuvens”

Ao todo, o novo exercício literário de Mia Couto tem 142 páginas. Com o título “Compêndio para desenterrar nuvens”, a obra literária é uma viagem pelo universo do conto, onde o autor escreve, principalmente, sobre as relações humanas e sociais.

Editado pela Fundação Fernando Leite Couto, o livro “Compêndio para desenterrar nuvens” será lançado em cerimónia esta terça-feira, a partir das 18 horas, no recém-inaugurado Centro Cultural Moçambique-China, localizado no Campus Principal da Universidade Eduardo Mondlane, na Cidade de Maputo.

Segundo a nota da editora, antes dos textos de Mia Couto serem contos, foram crónicas publicadas na imprensa, o que se pode constatar na nota do editor do próprio livro; “Os contos recolhidos nesta colectânea foram publicados mensalmente na revista Visão [Portugal]. O autor aproveitou esta oportunidade para introduzir pequenas alterações”, que, ao longo das histórias, transportam o leitor a uma dimensão sustentada por diferentes crises e peripécias.

Neste livro, Mia Couto revive o ambiente social do seu país, coloca as personagens a personificarem sentimentos e emoções carregadas de acontecimentos quotidianos.

Na mesma nota de imprensa, a Fundação Fernando Leite Couto avança que “Estas estórias flutuam entre o real e o imaginário, territórios quase invisíveis se pensarmos no universo moçambicano, habitado por muitas histórias. Mia Couto traz personagens e cenários improváveis, com a poeticidade que lhe é característica, com uma narração que dá tempo ao leitor para levantar o seu próprio voo para um mundo em que todas as coisas tem vida própria”.

“Compêndio para desenterrar nuvens” é constituído por 22 contos, entre os quais “O culto dos pesarosos”, “O nome do pai”, “O eterno retorno”, “Viver de graça, morrer de raça”, “Lição de caligrafia” e “Desenterrar nuvens”. In “O País” - Moçambique


Japão - Pede “mais esforços” para melhorar segurança na província de Cabo Delgado em Moçambique

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Japão, Yoko Kamikawa, pediu “mais esforços” a Moçambique para melhorar e manter a situação de segurança em Cabo Delgado, onde as empresas japonesas têm interesse nos projectos de gás natural, lê-se numa nota divulgada hoje pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, sobre o encontro da governante, em Tóquio, com a homóloga moçambicana Verónica Macamo, que se encontra em visita ao país.

“As duas ministras afirmaram também a importância de trabalhar em conjunto no desenvolvimento multifacetado que levará à estabilização da província de Cabo Delgado e ao crescimento da região norte como um todo”, refere a declaração final, acrescentando a disponibilidade do Governo do Japão para apoiar uma agenda comum para esse efeito.

As empresas japonesas estão envolvidas no projecto Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies, estimado em 20 mil milhões de dólares, mas que foi suspenso devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado, com a multinacional francesa a admitir, entretanto, a retoma no início do próximo ano. In “O País” - Moçambique

 

Centro de Estudos Internacionais Iscte - Concurso para atribuição de bolsas de doutoramento para PALOP + Timor-Leste (MCTES/MNE)

O CEI-Iscte informa que se encontra aberto o Concurso para Atribuição de Bolsas de Doutoramento para PALOP + Timor-Leste (MCTES/MNE).

O concurso decorrerá até 15 de janeiro de 2024, e o CEI recebe demonstrações de interesse, para ser instituição de acolhimento, até 15 de dezembro de 2023.


O número total de bolsas a atribuir é de 30 (trinta), com a seguinte alocação por países: Angola: 6 bolsas; Cabo Verde: 6 bolsas; Guiné-Bissau: 6 bolsas Moçambique: 6 bolsas; São Tomé e Príncipe: 4 bolsas; Timor-Leste: 2 bolsas.

As Bolsas de Investigação para Doutoramento destinam-se a quem esteja já inscrito, ou satisfaça as condições necessárias para se inscrever, num ciclo de estudos conducente à obtenção do grau académico de doutor, e que pretenda desenvolver atividades de investigação conducentes à obtenção desse grau.

Requisitos de Admissibilidade do Candidato

  • Que os/as candidatos/as tenham, cumulativamente, nacionalidade e residam nos seguintes países da CPLP: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste;
  • Não ter beneficiado de uma bolsa de investigação para doutoramento diretamente financiada pela FCT, independentemente da sua duração;
  • Não ser detentores do grau de doutor.

Para submeter a sua demonstração de interesse ao CEI-Iscte, para associação como instituição de acolhimento, deverá enviar até ao dia 15 de dezembro de 2023:

  • Carta de motivação justificando a escolha do CEI como instituição de acolhimento e indicando o programa de doutoramento a que se candidata, bem como o/a orientador/a do CEI-Iscte
  • Curriculum Vitae
  • Programa de trabalhos (mesmo que em fase de construção), incluindo:

            área científica principal a que se candidata,

            título do programa de trabalhos,

            quatro palavras-chave (máximo de 4)

            sumário (máximo de 200 palavras)

            estado da arte (máximo de 500 palavras)

            objetivos (máximo de 200 palavras)

Os/As candidatos/as serão contactados/as até do dia 20 de dezembro, após análise da demonstração de interesse por parte da Comissão Científica do CEI-Iscte.

Em caso de alguma sugestão, dúvida ou necessidade de apoio, não hesite em contactar-nos via e-mail: doutoramentos.cei@iscte-iul.pt.

Consulte o sítio da FCT para mais informações aqui.


UCCLA - Lançamento do livro “Gotas - Desde a terra até às nuvens” de Adela Figueroa Panisse

Vai ter lugar, no dia 7 de dezembro, às 18 horas, o lançamento do livro infantil “Gotas - Desde a terra até às nuvens” de Adela Clorinda Figueroa Panisse, no auditório da UCCLA. O livro é bilingue, português e espanhol, e inclui um CD de música.


Com a chancela da Editorial Novembro, o livro será apresentado por Kátia Casimiro. A obra tem ilustrações de Celsa Sánchez Vázquez.

O lançamento do livro será transmitido, em direto, através da página do Facebook da UCCLA em:

https://www.facebook.com/UniaodasCidadesCapitaisLinguaPortuguesa

Sinopse:

"Gotas, gotas de água limpa,

Desde o céu até ao mar.

Sobre a Terra a brincar

Para nos rios borbulhar.

Rola, rola, rola, rolando,

Umas às outras nos vamos juntando,

Grandes poças vamos formar."

Assim as gotas de água giram na roda, que permite a vida na Terra como nós a conhecemos. Do mar para o ar e deste para as nuvens, que sabem devolvê-las à Terra para dar-lhe a vida. Queremos proteger a vida e dar-vos a conhecer como funciona o ciclo hidrológico. Cuidem do nosso planeta. É o nosso único lar.

Biografia da autora:

Adela Clorinda Figueroa Panisse é natural de Lugo, Galiza. “Criei-me entre as muralhas. Procurei olhar sempre para além dos muros, para descobrir a minha Terra, Galiza, o meu lar de vida e de criação.

Tive muito trabalho para me identificar e descobrir quem era entre as muitas maravilhas naturais que nela habitam, e para me proteger das amarguras do mundo. Ainda hoje continuo essa busca, sem fadiga e sem sossego, depois de 39 anos de profissão no ensino, na investigação sobre as origens da Vida e na Educação Ambiental.

Fruto desse trabalho de pesquisa nasceram livros, poesias, amizades e paisagens. Literatura infantil e juvenil, além de romances e contos de mulheres. Entre a Galiza e Portugal caminham a minha vida e a minha cultura. Confio na Educação Ambiental para consciencializar as crianças de hoje e os adultos de amanhã para a proteção da Vida e da Terra que habitam. O nosso lar comum é feito de Terra e de Água. O único que conhecemos, o nosso ninho, o nosso colo materno, a quem devemos abrigo e alimento”.

Biografia da ilustradora:

Celsa Sánchez Vázquez nasceu em Cesuras, Pontevedra, onde vive, na Galiza.

Desenvolveu a sua profissão como bióloga, enquanto professora na Universidade de Vigo e na Escola de Enfermagem de Pontevedra. Esta profissão está associada à sua predileção pela pintura e pelo desenho, permitindo-lhe desenvolver trabalhos lúdicos e didácticos. Pretende, através destas artes, transmitir valores de sustentabilidade do meio ambiente, de paz e de direitos humanos, assim como alertar para os problemas de saúde pública.

Participou em mais de 20 exposições pictóricas, individual e colectivamente. Apresentando obras com técnicas de óleo, acrílico e gravura.

Ilustra livros de contos, teatro infantil, poesia e romance, destinados a crianças e a mulheres.


segunda-feira, 27 de novembro de 2023

China - Casas no novo bairro de Macau em Hengkin à venda a partir de amanhã

Já está concluída a construção do projecto Novo Bairro de Macau, em Hengqin, e, a partir de amanhã, as casas serão postas à venda. O preço de um apartamento com dois quartos e uma área bruta de cerca de 88 metros quadrados varia entre 2,41 milhões e 2,63 milhões de renminbis, enquanto o preço de uma fracção com três quartos e uma área bruta de cerca de 118 metros quadrados oscila entre 3,53 milhões e 3,71 milhões, informou a Macau Renovação Urbana S.A. (MRU).


A escola no Novo Bairro de Macau, com mais de 21 mil metros quadrados, tem capacidade para 18 turmas de ensino primário e 12 turmas de jardim de infância para um total de cerca de 1.050 alunos. Possui um campo de jogos ao ar livre, bem como instalações recreativas e desportivas que foram construídas tendo como referência os padrões de Macau.

A Escola Hou Kong, que vai gerir o estabelecimento de ensino do outro lado da fronteira, prevê que as instalações estejam a funcionar formalmente no ano lectivo de 2024/2025. O director, Iao Tun Ieong, explicou que inicialmente haverá apenas cinco turmas, do primeiro ano do ensino infantil ao segundo ano do ensino primário. O plano é abrir o ensino secundário a partir de 2026/2027. Como vivem poucos residentes de Macau em Hengqin, Iao Tun Ieong disse que serão contratados principalmente professores do Interior da China.

O director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, Kong Chi Meng, explicou que as disciplinas, materiais e métodos didácticos têm de corresponder às exigências do departamento de ensino do Interior da China, mas também terão como referência características do ensino de Macau. Sublinhou ainda que o ensino será gratuito para os alunos de Macau.

Além da escola, o Novo Bairro está equipado com instalações de saúde, centro de serviços comunitários e para idosos, além de várias áreas verdes. Segundo a MRU, 40 lojas vão abrir de forma gradual até ao final do ano, incluindo supermercados, bancos, farmácias, padarias, cafés, centros de aprendizagem, cabeleireiros, centros de beleza, entre outros estabelecimentos.

Para submeter o pedido de compra, os requerentes podem entregar o formulário preenchido pessoalmente nos centros de vendas, juntamente com o bilhete de identidade de Macau, a autorização de viagem para o Interior da China para residentes de Hong Kong e Macau, o resultado do pedido de informação sobre a situação do registo predial de Zhuhai e o certificado de dados pessoais. Uma vez reunidos os documentos, os candidatos podem deslocar-se aos centros de venda para escolher o apartamento que pretendem adquirir. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


Timor-Leste - Caos no serviço de registos e notariado de Díli para fazer o passaporte

Centenas de timorenses provocaram o caos no serviço de registos e notariado do Ministério da Justiça em Díli, Timor-Leste, para tentarem fazer o passaporte electrónico, cuja emissão estava suspensa por falta de cadernetas. Depois de a Direcção-Geral dos Serviços de Registo e Notariado do Ministério da Justiça timorense ter anunciado que abria o atendimento ao público para a emissão de passaportes, centenas de timorenses dirigiram-se aquele serviço para tentar fazer o seu passaporte.


Timor-Leste esteve sem cadernetas para emitir o passaporte electrónico devido a “dificuldades processuais” e a um aumento de procura “acima da média e do esperado”, provocando uma rutura do ‘stock’, segundo o executivo.

O Governo timorense explicou, em comunicado divulgado em outubro, que a estimativa de impressão anual de passaportes eletrónicos é de 20000 e que em 2015 foi celebrado um fornecimento de 150 mil unidades de cadernetas, que foram entregues entre 2016 e 2019. “Entretanto, em finais de 2022, após a reabertura dos aeroportos depois da covid-19, houve um aumento de solicitações de emissão de passaportes acima da média e do esperado, causando a sua rutura”, explicou o Governo.

Em 2022, segundo o Governo, foi iniciado um novo processo para aquisição de cadernetas que foi “inviabilizado por dificuldades processuais”, acontecendo o mesmo no início deste ano.

Para solucionar o problema, o Governo timorense aprovou a compra de mais de 73 mil cadernetas que foram chegando ao país de forma faseada.

Em declarações à agência de notícias timorense Tatoli, o diretor-geral dos Serviços de Registo e Notariado, João Borges, explicou que numa primeira fase foram atribuídos os pedidos urgentes de passaportes e que se iniciava o atendimento ao público em geral. João Borges explicou também que aquela direção-geral vai atender diariamente 140 pessoas, nomeadamente 50 homens, 50 mulheres, 15 idosos, 10 pessoas com necessidades especiais e 15 crianças. In “Ponto Final” – Macau com “Tatoli”


Portugal - Universidade de Coimbra participa no desenvolvimento de sistemas inteligentes inovadores que contribuem para a manufatura circular e sustentável

Um grupo de investigadores do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC) está a desenvolver, no âmbito do projeto “KYKLOS 4.0”, sistemas inteligentes inovadores que contribuem para uma manufatura circular e sustentável.

Este projeto, financiado pelo Programa europeu H2020 com o total de 16 milhões de euros, termina já no final deste ano e está a ser coordenado na UC por Alberto Cardoso, investigador do CISUC e docente do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

«O projeto tem como objetivo geral contribuir para a economia circular e sustentável numa perspetiva de indústria 4.0, mais direcionada para manufatura circular. Portanto, procura desenvolver um sistema inteligente que seja capaz de analisar, em cada momento, o estado de saúde de equipamentos, para estimar o seu tempo de vida útil, o processo de degradação, e também, identificar padrões de funcionamento anormal que podem ser usados para prevenir futuras falhas ou avarias», revela Alberto Cardoso.

Assim, esta nova ferramenta de manutenção preditiva, já testada em equipamentos como gruas, motores de aviões e linhas de produção industrial, permite a antecipação de problemas que podem levar à necessidade de antecipar a realização de tarefas de manutenção.

Nesse sentido, «a estimação do tempo de vida útil do equipamento e a predição de falhas ou avarias futuras com base na condição atual do equipamento permite desencadear um processo de manutenção preditiva, ou pelo menos de monitorização, no qual se garanta a geração atempada de alertas e a pronta e adequada intervenção», explica o docente do DEI.

«Prever o tempo de vida útil e identificar antecipadamente a ocorrência de possíveis falhas, permitirá reduzir o tempo de paragem dos equipamentos, o desperdício e o custo de manutenção, que em alguns casos, pode representar uma redução muito significativa de custos», indicam os investigadores, salientando a «contribuição que, desta forma, se dá para a extensão do tempo de vida útil dos equipamentos, ao mesmo tempo que se promovem processos de produção mais sustentáveis e com maior eficiência energética e baixo consumo de materiais».

De acordo com a equipa do CISUC, todo o ecossistema que resultou do projeto já está a ser utilizado por diversas empresas que se associaram ao projeto. Essas empresas estão a usar os componentes técnicos e o sistema desenvolvidos no âmbito do projeto, aplicando-os ao seu caso concreto.

«De uma forma geral, esses componentes foram testados e com resultados positivos, tendo servido de validação do sistema desenvolvido e demonstrando a viabilidade técnica, económica e ambiental do ecossistema “KYKLOS 4.0” para redefinir serviços e processos de produção industrial e, assim, melhorar a sua eficiência operacional», conclui.

Pode consultar-se mais informações sobre o projeto KYKLOS 4.0 aqui. Universidade de Coimbra - Portugal