Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Portugal - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto em projeto inovador para transformar o sistema agroalimentar português

Da maionese e dos fiambres veganos aos sumos com mais fibra e ao chocolate com mais nutrientes. Entre o doce e o salgado, uma coisa é certa: é imperativo que sejam mais saudáveis, sem perderem o sabor que conquista o palato dos consumidores. São desafios que levam a indústria a procurar o know-how de instituições de Investigação e Desenvolvimento, como a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). É, nesse contexto, que a FCUP integra o consórcio do projeto VIIAFOOD (Plataforma de valorização, industrialização e inovação comercial para o setor agroalimentar).


Com um orçamento que se aproxima dos dois milhões de euros, a equipa do Foodphenolab, liderada pelo docente e investigador Victor Freitas, já está a avançar neste projeto. “Fomos convidados por várias empresas com as quais já trabalhamos para integrar este consórcio”, descreve.

Liderado pela SONAE MC, o VIIAFOOD integra cerca de 50 entidades, entre empresas, instituições de ensino e investigação, laboratórios e associações do setor. O objetivo é chegar a mais de 130 novos produtos saudáveis e sustentáveis e, para isso, há uma série de subprojetos a decorrer em simultâneo até 2025.

Victor Freitas salienta que há, neste tipo de consórcios, um grande trabalho de equipa, com reuniões a acontecerem todas as semanas. “As empresas disponibilizam as receitas e arranjam-nos ingredientes alternativos. O que fazemos é ver como é que eles se podem conjugar com a receita padrão daquele alimento”, detalha. O objetivo é mudar o menos possível o processo de produção, melhorando a qualidade.

“Não podemos dizer que fomos responsáveis por um produto, mas contribuímos para diversos já no mercado”, continua. Um exemplo são os fiambres vegetarianos. Agora, os fiambres veganos, sem nenhum produto de origem animal, são o próximo desafio da Primor e um dos alimentos a desenvolver.

E é aqui que há um cruzamento entre projetos, empresas e investigação. “A Proenol produz leveduras para a fermentação alcoólica e desenvolveram, em conjunto com a nossa equipa, uma tecnologia de purificação de proteínas de levedura, uma fonte alternativa à proteína”, descreve. Esta poderá ser uma solução a integrar neste novo produto 100% vegetal.

Outro desafio que se irá apresentar nos próximos anos é a redução do sal, do açúcar e gordura nos molhos da Mendes Gonçalves e caberá também ao consórcio responder a esse repto.

Neste projeto, coordenado pela PortugalFoods, estão também empresas do setor das bebidas, como a Sumol + Compal. A equipa do Foodphenolab irá participar num subprojeto relacionado com o “pulpómetro” que vemos nos rótulos dos sumos da Compal. “O objetivo é aumentar a densidade da polpa com enriquecimento de fibras e temos de ver se, em termos nutricionais, a qualidade do sumo está ou não a aumentar”, conta Victor Freitas. E, por falar em qualidade, trabalharão também no enriquecimento de chocolates em minerais e vitaminas, com a Imperial.

Mais um exemplo de um dos muitos contributos da FCUP para o VIAAFOOD será o apoio à SONAE MC, com a expertise do Foodphenolab na substituição de corantes artificiais por corantes naturais.

E será que todos estes produtos serão do agrado do consumidor? Para dar resposta a esta questão participa no projeto a empresa SenseTest, especialista na Análise Sensorial e do Consumidor, que nasceu na FCUP, e que fará uma primeira análise sensorial aos protótipos laboratoriais mais promissores.

Em paralelo, a equipa da FCUP irá também dedicar-se à procura de novos ingredientes e novos produtos, uma característica do trabalho em Investigação e Desenvolvimento.

Sobre o VIIAFOOD

Integram o consórcio 29 empresas, de diferentes áreas de atividade do sector alimentar, e 20 entidades do sistema científico nacional, associações do sector e laboratórios colaborativos com competências nas áreas de I&D aplicadas à área alimentar.

O VIIAFOOD, coordenado pela Portugalfoods, representa um investimento global de cerca de 110 milhões de euros, sendo cerca de 50% financiado no âmbito das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial do PRR e os restantes 50% pelas empresas envolvidas. O projeto foi oficialmente divulgado em agosto de 2022, altura em que viu o seu financiamento ser aprovado.

Através da investigação e desenvolvimento de novos produtos e da melhoria de processos produtivos por via de novas tecnologias, os desenvolvimentos obtidos contribuirão para a promoção de uma alimentação mais saudável e sustentável, em linha com tendências de nutrição e sustentabilidade globais, bem como para a capacitação deste setor da economia portuguesa, aumentando a sua competitividade internacional. Universidade do Porto - Portugal


Brasil - Cientistas extraem ADN de esqueleto com dez mil anos e desvendam história antiga do continente americano

Uma equipa de cientistas internacional, da qual faz parte Claudia Cunha, investigadora do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), conseguiu extrair ADN de esqueleto com dez mil anos de idade, conhecido como Luzio. 

Os resultados, publicados hoje na Nature Ecology & Evolution, mostram que Luzio é um antepassado das populações nativas americanas atuais e que, portanto, a hipótese de que os primeiros brasileiros pertenceriam a uma população distinta estava equivocada.

«O estudo incluí o maior conjunto de dados genomas antigos do Brasil para demonstrar que as comunidades costeiras da Antiguidade Ameríndia (Sambaquis) não representam uma população geneticamente homogénea. Além disso, este é o primeiro estudo genético que abarca uma região tão grande e este número de indivíduos para o país. Através da sequenciação genética de ADN antigo, produzimos dados de 34 indivíduos com dez mil anos das regiões de Costa Atlântica, Lagoa Santa, Baixo Amazonas e Nordeste do Brasil», revela a Claudia Cunha, coautora do artigo.

Os sambaquis, que são construções verticais feitas em conchas, foram estabelecidos há cerca de oito mil anos, ao longo de mais de três mil quilómetros na costa leste da América do Sul. «Segundo registos arqueológicos, os construtores de sambaquis partilhavam algumas semelhanças culturais. No entanto, ao contrário do que se esperava, estes grupos de pessoas apresentaram diferenças genéticas significativas, possivelmente devido a contactos regionais com grupos do interior», afirmam os autores.

«Estas relíquias culturais, conhecidas como sambaquis, foram construídas ao longo de sete mil anos, sendo constituídas principalmente por conchas, sedimentos e outros resíduos diários. Os sambaquis foram utilizados por antigas populações indígenas como moradias, cemitérios e demarcação territorial, estando entre os fenómenos arqueológicos mais fascinantes da América do Sul pré-colonial», explica Tiago Ferraz, primeiro autor do estudo e especialista no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, no Brasil.

Segundo a investigadora do CIAS, os sambaquis sempre foram construídos de forma semelhante durante um longo período de tempo numa vasta área. As comunidades associadas partilhavam semelhanças culturais. As suas origens, história demográfica e encontros com caçadores-coletores vindos do interior do início do Holocénico, juntamente com seu rápido desaparecimento, levantaram várias questões, que são exploradas neste estudo.



«Extrair o ADN do esqueleto de Luzio era uma peça central que faltava para se desvendarem as origens dos primeiros americanos. Os resultados obtidos mostram de forma clara que não existiu no passado uma população humana diferente na América, como se acreditou por décadas», asseguram os cientistas internacionais.

Com este estudo os investigadores mostram que os primeiros caçadores-coletores do Holocénico são geneticamente distintos uns dos outros e de populações posteriores no leste da América do Sul. Tal sugere que não houve relações diretas com os grupos costeiros posteriores. As análises da equipa indicam ainda que os grupos contemporâneos de sambaquis da costa sudeste do Brasil, por um lado, e da costa sul do Brasil, por outro, eram geneticamente heterogéneos.

Resumindo, «os resultados publicados mostram que as comunidades de sambaquis nas costas sul e sudeste não representam populações geneticamente homogéneas. Ambas as regiões apresentaram trajetórias demográficas distintas, possivelmente devido à baixa mobilidade dos grupos litorâneos. Isto contrasta com as semelhanças culturais descritas no registo arqueológico. Precisamos de realizar mais estudos regionais e em microescala para aprender mais sobre a história genómica da América do Sul», concluem.

O estudo “Genomic history of coastal societies from eastern South America” contou com a participação da FCTUC, da Universidade de São Paulo e da Universidade de Tübingen, Universidade de Coimbra - Portugal

Portugal sem estratégia para China e a evitar confrontos diplomáticos, diz relatório

O ‘think tank’ europeu Network on China (ETNC) considera que Portugal é um dos países europeus que não assume uma estratégia face à China, apesar de ter desenvolvido relações próximas com Pequim e continuar a tentar evitar confrontos diplomáticos

Num relatório agora divulgado, este ‘think tank’- que reúne especialistas em política chinesa e que tem sede em Bruxelas – explica que Portugal “carece da capacidade de pensamento estratégico” face a Pequim, num posicionamento que se mantém desde 1979, quando os dois países estabeleceram pela primeira vez relações diplomáticas.

O autor do capítulo sobre Portugal neste relatório – Carlos Rodrigues, professor da Universidade de Aveiro – defende que apesar dessa falta de estratégia, “Portugal conseguiu desenvolver relações estreitas e estáveis com a China”, revelando forte pragmatismo ao longo das últimas quatro décadas.

No relatório, o ETNC concluiu que, nos últimos anos, os países da Europa endureceram estratégias para resistir às suas ambições económicas.

Contudo, uma minoria de países divulgou oficialmente documentos estratégicos sobre o seu posicionamento face a Pequim, com apenas seis países a formalizar essa estratégia e com a maioria, incluindo Portugal, a não assumir oficialmente um posicionamento definido perante a China.

De qualquer forma, o relatório assume que Portugal, embora sem o assumir formalmente, tem procurado evitar qualquer forma de confronto com a China, uma situação que poderá mudar com um novo ambiente geopolítico que tem promovido maior hostilidade entre a Europa e a China. “A crescente lógica de confronto trazida por uma mudança do ambiente de geopolítica internacional, como esperado, perturbou o ‘continuum’ positivo que marca a história das relações bilaterais entre Portugal e a China”, escreveu o relator Carlos Rodrigues.

Ainda assim, lembra o relatório, as autoridades chinesas reconhecem que Portugal tem mantido um ambiente de acolhimento amigável do investimento chinês, como fica provado pelas declarações do ex-chefe da diplomacia de Pequim, Wang Yi, em Setembro de 2022, durante um encontro com o seu homólogo português à margem da Assembleia Geral da ONU. “A relação China-Portugal resistiu ao teste das mudanças do cenário internacional e alcançou um sólido desenvolvimento, com base na compreensão e confiança mútuas”, disse Wang, citado no relatório do ETNC.

No entanto, Portugal não esquece as suas ligações à NATO e à União Europeia (UE) e respeita o posicionamento de cautela face às ambições expansionistas de Pequim, mas procurando preservar as vantagens das relações com a China. “Há também sinais de alguma resistência a medidas que potencialmente possam prejudicar as relações económicas com a China”, diz o relatório, lembrando que quando a UE determinou mecanismos de triagem para o investimento chinês na Europa, em 2019, o primeiro-ministro António Costa reagiu com cautela. “Uma coisa é usar o rastreio para proteger setores estratégicos, outra coisa é usar o rastreio para abrir a porta ao protecionismo”, disse nessa altura António Costa, citado no relatório do ETNC. InPonto Final” – Macau com “Lusa”

Macau - Colóquio da medicina chinesa contou com a participação de 15 profissionais dos países lusófonos

Um total de 15 oficiais, técnicos e dirigentes de instituições médicas dos países lusófonos participou no Colóquio sobre a Cooperação no domínio de Medicina Tradicional para os Países de Língua Portuguesa.


A iniciativa decorreu entre 17 e 29 deste mês, ofereceu aos profissionais provenientes de Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique visitas, palestras temáticas e experiências in loco nas instituições médicas e empresas farmacêuticas em Macau, Zhuhai, Guangzhou e Foshan.

Por ocasião da cerimónia de encerramento e de entrega de certificados do Colóquio, que teve lugar na passada sexta-feira, Ji Xianzheng, Secretário-Geral do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), sublinhou que o presente colóquio foi a segunda edição neste domínio, após a inauguração oficial em 2022 do Centro de Intercâmbio da Prevenção Epidémica China – Países de Língua Portuguesa na Reunião Extraordinária Ministerial, o que marcou a retoma de realização presencial dos eventos após a pandemia.

Ji Xianzheng afirmou assim que no futuro irá organizar mais acções de formação, estágios e outros intercâmbios no domínio da saúde pública, voltadas para os Países de Língua Portuguesa, com vista a criar uma “plataforma de conhecimento mais ampla” que “fortaleça a visibilidade da medicina tradicional e consolide os alicerces da cooperação pragmática sino-lusófona do foro da saúde e da medicina”.

Por sua vez, o director dos Serviços de Saúde de Macau, Alvis Lo, salientou que o Governo da RAEM tem vindo a prestar elevada atenção à medicina tradicional e que o organismo vai estender o apoio ao Fórum de Macau na realização de eventos na área da medicina, “propiciando o reforço de diálogo e parceria sino-lusófonos na medicina tradicional”, disse.

Bernardo Dinis Coutinho, representante rotativo dos formandos, comentou que foram 15 dias de “imersão teórica e prática na riquíssima racionalidade e sistematização da medicina tradicional chinesa”, frisando que o colóquio “estreitou a fraternidade e a aprendizagem mútua” entre os respectivos profissionais e dirigentes da área da saúde da China e dos países de língua portuguesa. Catarina Chan – Macau in “Ponto Final”


domingo, 30 de julho de 2023

França - 12 Livros em língua portuguesa vão ter apoio à tradução para francês

Quase 150 obras de autores de língua portuguesa foram abrangidas este ano pela Linha de Apoio à Tradução e Edição (LATE), com 250 mil euros, numa iniciativa que envolveu 45 países, 35 idiomas e 104 editoras. 12 livros vão ser traduzidos para francês.

A informação consta da página oficial da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), que, juntamente com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, promove esta iniciativa de internacionalização de obras escritas em português por autores portugueses, africanos e de Timor-Leste.

Este ano, são 147 os livros a publicar noutros países, mais 20 do que na edição de 2022, abrangendo 104 editoras, mais 14 do que no ano passado, e um apoio financeiro que ultrapassa em 10 mil euros a verba anterior.

O número de países destinatários destas traduções também aumentou, de 34 para 45, assim como o número de línguas abrangidas, de 32 para 35.

Fernando Pessoa, Gonçalo M. Tavares e Lídia Jorge estão entre os escritores que mais interesse suscitaram nos editores estrangeiros. Entre os autores clássicos da literatura em língua portuguesa a serem traduzidos contam-se nomes como Camilo Castelo Branco, Luís de Camões, Mário Cesariny, Florbela Espanca, Mário de Sá Carneiro, Agostinho da Silva, José Rodrigues Miguéis, Alexandre O’Neill, Maria Judite de Carvalho, Wenceslau de Morais, Ruben A. e Soeiro Pereira Gomes.

No panorama da literatura contemporânea, destacam-se autores como Manuel António Pina, Dulce Maria Cardoso, José Eduardo Agualusa, Djaimilia Pereira de Almeida, Maria Teresa Horta, José Saramago, Mia Couto, José Luís Peixoto, Valério Romão, Julieta Monginho, Teolinda Gersão, Tatiana Salem Levy, João Reis, Isabela Figueiredo, António Lobo Antunes, Ana Luísa Amaral, Paulina Chiziane, Maria Gabriela Llansol, Conceição Lima e Afonso Cruz.

A LATE contempla ainda a tradução de obras do dramaturgo português Tiago Rodrigues e do arquiteto Siza Vieira.

O trabalho de análise de todas as propostas recebidas é da responsabilidade de uma comissão na qual estão representadas a Associação Portuguesa de Escritores, a Associação Internacional de Lusitanistas, o Instituto Camões e a DGLAB.

A LATE foi lançada em 2020, tendo, nesse ano, abrangido 152 projetos editoriais de editoras de 44 países, números que baixaram na edição seguinte (2021), para 140 livros a serem traduzidos para editoras de 42 países.

Na sua quarta edição, a decorrer este ano, o número de livros, países, editoras e línguas envolvidas neste projeto inverteu a tendência de queda que se vinha verificando desde o seu lançamento. In “LusoJornal” - França


Venezuela - Moda Jacinta, inspirada em Fátima, mudou a vida a uma centena de mulheres

Moda Jacinta apresenta um conceito de "roupa modesta", que "procura conservar a dignidade" feminina, e é feita pelas mãos de mulheres em situação de vulnerabilidade



Criada há dois anos na Venezuela e inspirada na pastorinha de Fátima, a Moda Jacinta, já mudou a vida de quase 100 mulheres, pobres, algumas delas vítimas de violência, que completaram a sua formação e têm agora uma ferramenta para assegurarem a sua independência.

Para assinalar a efeméride a ABC Prodeín, a ONG responsável pelo projeto, reuniu, em Caracas, as novas costureiras e fez uma exposição de algumas das peças de vestuário que elaboraram, num evento que serviu ainda para entregar os respetivos certificados.

“Estamos a celebrar dois anos e a nossa primeira promoção. Além de criar peças de acordo com a mensagem de Fátima, a Moda Jacinta forma mulheres em situação de vulnerabilidade no ofício da costura. Primeiro demos formação a mulheres em cozinhas comunitárias e agora criámos a nossa primeira escola (de costura), com um programa de nove meses”, explicou a irmã Andreana Acevedo à Agência Lusa

Segundo a porta-voz do projeto, “a primeira venda da Jacinta foi para Lisboa, graças a uma entrevista à Lusa e já conseguimos chegar a seis países”.

Explicou ainda que “não é fácil exportar vestuário da Venezuela e os envios são muito caros”, precisando que há uma exposição em Portugal para quem quiser saber mais.

Um total de “94 mulheres concluíram a formação", mas "há mais algumas que não puderam terminar o curso, por estarem em situações muito difíceis, algumas adoeceram e outras tiveram de trabalhar”, afirmou, salientando que a escolha do nome e a ligação ao santuário mariano português acabam por ser vantagens.

“As pessoas gostam muito do nome de Jacinta, embora muitas não saibam a origem até que se lhes explica”, mas “quando sabem de onde vem ou veem a fotografia da Jacinta, nas peças ou folhetos que distribuímos, se apaixonam pela Jacinta porque é uma menina muito bonita de alma e corpo”, afirmou.

"Roupa modesta"

Moda Jacinta, explicou, é uma "roupa modesta", que "procura conservar a dignidade” feminina e “quer ser uma escola de virtudes, o princípio de desenvolvimento integral para muitas mulheres”.

“Esperamos chegar ao mundo inteiro e transformar a vida de muitas pessoas, sobretudo perante Deus, e a mensagem de Nossa Senhora de Fátima, que é transcendental para o mundo, para a história da humanidade”, frisou, sublinhando que “temos de viver as virtudes, que é o que nos embeleza como pessoas” e que “a modéstia é uma virtude que se perdeu na humanidade e queremos colaborar para a recuperar”.

As peças destacam-se pela qualidade, por ser quase artesanais, com uma pequena percentagem de reciclagem e bons acabamentos: “além disso, ao comprar estás a colaborar com um projeto que está a ajudar muitas mulheres a melhorar as suas vidas”.

Brigitte Duplat, da embaixada de França em Caracas, explicou que o projeto começou com o apoio daquela representação diplomática, através do programa Piscca.

“A maioria delas são mulheres que têm sido, infelizmente, vítimas de violência, que tiveram histórias de vulnerabilidade. A ideia é dar-lhes as ferramentas para serem independentes, para que possam criar as suas famílias, para que tenham um ofício que lhes permita trabalhar independentemente”, disse.

Frisou ainda que “este projeto tem um enorme impacto social que é difícil de medir neste momento”.

Por outro lado, a desenhadora de moda e professora lusodescendente, Adúlia Alves, explicou que “as raparigas começam do zero, sem saberem confecionar, sem saber nada de moda”.

Por isso, "é um processo longo, mas depois veem os frutos, as roupas que fazem orgulhosamente. Elas próprias escolhem os tecidos, fazem os modelos e eu digo-lhes o que lhes fica bem em cada corpo. Algumas até saem com trabalho”, explicou.

Também que ficou muito surpreendida ao ouvir falar do projeto, porque “tem raízes portuguesas, é grande devota de Nossa Senhora de Fátima”.

Sublinhou ainda o afeto dos alunos, mulheres “bastante humildes” de quem “aprendeu muito”, porque “às vezes queixamo-nos na vida, e quando estamos com pessoas humildes, que não têm dinheiro, que dão o que não têm, isso nos comove”.

“Eu acredito que Deus está a dar-me uma lição, a de que não nos podemos queixar, que devemos estar gratos todos os dias”, disse.

Uma das alunas do curso, Joylis Rincón, explicou a Lusa que aprendeu “muitas coisas”, entre elas “a fazer moldes, a coser roupa para o meu bebé” e que agora faz “roupas para bebés e para mulheres”.

Também que “é um empreendimento muito bonito, as roupas são sempre úteis em todo o momento, a moda está sempre a mudar e as pessoas estão sempre à procura de estilos diferentes”.

Mas também lhe ensinaram como comportar-se: “não foi apenas a coser, ensinam-nos de imagem pessoal, sobre o comportamento do corpo, a postura, para poder dialogar com uma pessoa”, resumiu. In “Contacto” – Luxemburgo com “Lusa”


As janelas são de abrir


 









Vamos aprender português, cantando

 

As janelas são de abrir

 

Agora que troquei aviões por pássaros

sei que trazem menos gente e as janelas são de abrir

 

Agora que troquei multidões encarceradas por rebanhos nas encostas

cutucando os narizes nos seus carros amestrados, que já sabem o caminho

vão de casa para o trabalho a ouvir canções felizes, ruminando o seu destino

retocando a maquilhagem num espelho que só vê para trás

contando os cabelos brancos mais aqueles que não crescem

entre a erva e a palha seca, talvez nunca oiçam esta, talvez nunca oiçam esta

 

Agora que troquei avenidas de calçada pela areia da Calada

descobri que ser feliz não pertence a nenhum sítio

as janelas são de abrir

 

Nem o mar tão pouco acalma a cidade que há cá dentro que buzina porque sim

dá-me tempo, dá-me tempo, as janelas são de abrir

 

André Henriques – Portugal

Vamos recordar, cantando

Uma Casa na Praia


sábado, 29 de julho de 2023

Portugal – Rastreio do glaucoma com inteligência artificial entre projetos finalistas dos Prémios de desenvolvimento hospitalar

O Hospital de Santa Maria foi, no final de 2022, “pioneiro a nível internacional” no recurso a um programa de inteligência artificial para rastreio do glaucoma, a principal causa de cegueira irreversível no mundo

O projeto do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que leva rastreios de glaucoma aos utentes do agrupamento de centros de saúde (ACeS) Lisboa Norte é finalista na categoria de Melhor Projeto dos Prémios de Boas Práticas da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH).

Em março de 2023, foi possível levar este exame aos cuidados de saúde primários, permitindo um diagnóstico da doença em segundos, substituindo um circuito de sete exames com cerca de uma hora de duração, poupando recursos e acelerando o tratamento.

“Conseguimos assim ir ao encontro dos doentes, o que já estava previsto na Estratégia Nacional para a Saúde da Visão mas ainda não tinha sido implementado”, diz, em comunicado, Luís Abegão Pinto, responsável pela Consulta de Glaucoma do CHULN.

O Serviço de Oftalmologia do CHULN, dirigido por Walter Rodrigues, tem conseguido eliminar a lista de espera nesta área e estabeleceu um protocolo para alargar este rastreio a centros de saúde da região de Lisboa. “O principal objetivo passa por convocar utentes entre os 55 e os 65 anos. Em caso de rastreio positivo, os utentes receberão logo informação para marcação de uma consulta de glaucoma a realizar no espaço de entre duas a três semanas no hospital.”.

Os vencedores dos Prémios APDH serão conhecidos no 46.º Congresso Mundial dos Hospitais, a realizar-se no dia 24 de outubro, em Lisboa. Maria Garcia – Portugal in “Sapo”


Cabo Verde - Rapper Indzayz lança novo videoclipe “Afrodite” nas plataformas digitais

O rapper e compositor santantonense Indzayz Fortes lançou recentemente o seu 11º videoclipe do ‘single’ “Afrodite”, que conta com a participação da jovem cantora Yazmin Lopes


A música, que está disponível no canal de YouTube do artista e nas outras plataformas digitais, foi inspirada, segundo Indzayz Fortes, na mitologia grega e em “alguém especial”.

“Afrodite é a Deusa da beleza e do amor, era tudo aquilo que eu queria retratar. Foi então que eu resolvi fazer essa associação batizando a música com esse nome, pois retrata uma estória de amor, mas ao mesmo tempo faz um elogio à mulher”, explicou.

Indzayz Fortes salientou que queria que as pessoas se identificassem com a música e que cada mulher se sentisse uma verdadeira Afrodite, numa era em, indicou, as músicas se destacam pela “objetificação das mulheres”.

E, neste sentido, optou por elogiar “o sorriso, a inteligência e a classe”,  sem perder o “toque descontraído” que o caracteriza enquanto compositor.

A mesma fonte contou ainda que a divulgação da música “deu o que falar”, pois, o mesmo desafiou a Câmara Municipal da Ribeira Grande a cumprir com a promessa de inauguração do Pavilhão David Fortes para que pudesse liberar a música.

“Talvez eu deva preparar um álbum para que possam avançar com o estádio do Tarrafal”, brincou.

A produção do videoclipe durou aproximadamente uma semana e foi feita pelo Indzayz Fortes e a equipa da EYE CV. In “Balai Cabo Verde” – Cabo Verde


AULP - Edição 2023 do Prémio Fernão Mendes Pinto com inscrição até 31 de Julho

Lisboa – A Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) lançou a edição 2023 do Prémio Fernão Mendes Pinto para galardoar dissertação de mestrado ou tese de doutoramento que contribua para aproximação das comunidades de língua portuguesa.


Segundo o regulamento do concurso, que vai até 31 de Julho, o prémio, atribuído anualmente pela AULP, tem como objectivo “galardoar uma dissertação de mestrado ou tese de doutoramento que contribua para a aproximação das comunidades de língua portuguesa, explicitando relações entre comunidades de, pelo menos, dois países”.

“As propostas deverão ser apresentadas por instituições de ensino superior ou institutos de investigação científica membros da AULP, com as quotas em dia no ano referenciado, de países de língua portuguesa, e deverão dar entrada na AULP até ao dia 31 de Julho de cada ano”, lê-se no regulamento.

O valor do Prémio Fernão Mendes Pinto é de 8000 euros (cerca de 880 mil escudos) a atribuir numa parceria conjunta entre a AULP e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ao autor premiado e cuja publicação será da responsabilidade do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua I.P. (Camões, I.P.).

De acordo com a mesma fonte, os trabalhos serão agrupados em várias secções, nomeadamente “Letras e Artes”, “Ciências Exactas”, “Ciências da Saúde e da Vida” e “Ciências Sociais e Humanas”.

O júri será constituído por um conjunto de professores de áreas diferentes e provenientes de instituições de ensino superior de vários países que fazem parte da AULP.

O vencedor do Prémio Fernão Mendes 2022 foi Mário João Lázaro Vicente, que defendeu a dissertação de mestrado: “Os sobas e a construção de Angola nos séculos XVI e XVII”, na Universidade Nova de Lisboa (Portugal)

Em 2021, o prémio foi para Sara Santos Morais, que defendeu a tese de doutoramento “O palco e o mato: o lugar das timbíla no projecto de construção da nação em Moçambique”, na Universidade de Brasília (Brasil)

O Prémio Fernão Mendes Pinto de 2020 foi para Mateus Segunda Chicumba, que defendeu a tese de doutoramento “A educação bilingue em Angola e o lugar das línguas nacionais”, na Universidade de Lisboa.

A AULP, associação fundada em 1986, reúne cerca de 150 universidades e instituições de ensino superior dos países de língua oficial portuguesa (Cabo Verde, Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – e da Região Administrativa Especial de Macau).

A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), a Universidade do Mindelo (Uni-Mindelo), a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde (Uni-Piaget) e o Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais (ISCEE) fazem parte da AULP. In “Inforpress” – Cabo Verde




sexta-feira, 28 de julho de 2023

Macau - Bienal internacional de arte

A bienal internacional de arte “Arte Macau” vai arrancar esta sexta-feira, no Museu de Arte de Macau, com a inauguração simultânea da Exposição Principal e da Exposição de Artistas Locais por Convite. Este, que é visto como um dos mais importantes eventos culturais e artísticos da cidade, vai decorrer até Outubro


Começa esta sexta-feira a bienal internacional de arte de Macau, “Arte Macau”. Serão inauguradas em simultâneo a Exposição Principal e a Exposição de Artistas Locais por Convite.

A bienal de arte prolonga-se até Outubro e irá trazer, em vários espaços espalhados pela cidade, 30 exposições de arte divididas em oito secções, nomeadamente: Exposição Principal, Exposição de Arte Pública, Pavilhão da Cidade, Exposição Especial, Exposição de Artistas Locais por Convite, Projecto de Curadoria Local, Exposição de Arte de Instituições de Ensino Superior e Exposição Colateral. Envolvidos estão mais de 200 artistas provenientes de mais de 20 países e regiões.

Para esta edição da “Arte Macau”, Qiu Zhijie, artista e vice-director da Academia Central de Belas-Artes, volta a ser convidado pelo Instituto Cultural para exercer o cargo de curador principal, trazendo o tema principal “A Estatística da Fortuna”. A investigação científica e as actividades religiosas “inspiram o público a observar e reflectir sobre a relação entre ciência e religião, a partir de pontos de vista totalmente novos”, descreve a organização.

A Exposição Principal, patente nos 1.º a 3.º pisos do Museu de Arte de Macau, exibirá 118 peças/conjuntos de obras de 42 artistas de renome provenientes da Ásia, da Europa e das Américas, apresentando uma variedade de ideias originais e excêntricas sobre as convicções científicas e as crenças religiosas. Além das formas tradicionais de expressão artística, como pintura, gravura, fotografia, técnica mista e escultura, a exposição trará também vários meios de ideias inovadoras e formatos novos, como instalações, vídeos e obras de arte com inteligência artificial.

Na Exposição de Artistas Locais por Convite, realizada no “ART Espaço” do 1.º piso do Centro Cultural de Macau, seis artistas de Macau, incluindo Konstantin Bessmertny, Ung Vai Meng, Lampo Leong, Chan Hin Io, Bunny Lai Sut Weng e Eric Fok, serão convidados a criar novas obras com base no tema do evento.

Qiu Zhijie irá apresentar três palestras no auditório do Museu de Arte de Macau, para explicar ao público a sua filosofia curatorial e para abordar as novas tendências artísticas internacionais. Amanhã, pelas 19h, o vice-director da Academia Central de Belas-Artes vai conduzir a palestra “Religião e Ciência – A Curadoria da Bienal Internacional de Arte de Macau”; No sábado, às 14h e às 16h, Qiu Zhijie vai liderar duas conversas com artistas, nas quais estarão artistas locais, artistas portugueses e artistas do Sudeste Asiático, para abordar a relação entre a arte contemporânea e a cultura. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”



Índia - Comemoração do aniversário de nascimento do autor Munshi Premchand em Goa

Para marcar a ocasião, Dhaee Aakhar Goa apresentará uma leitura de seu conto 'Sadgati' na Biblioteca Central do Estado de Krishnadas Shama, Pangim, em 31 de julho de 2023


O grupo de arte e cultura de Goa, Dhaee Aakhar Goa, em associação com a Biblioteca Central do Estado de Krishnadas Shama, Pangim, comemorará o 143º aniversário do renomado escritor hindi, Munshi Premchand, em 31 de julho de 2023.

Na ocasião, haverá leitura de seu conto Sadgati, na biblioteca. A história será narrada por Ramita Gurav e Mamata Verlekar.

Alguns fundos

Dhanpat Rai Srivastava, mais conhecido por seu pseudónimo, Premchand, foi um dos escritores mais famosos da literatura hindustani moderna. Escritor célebre e pioneiro da ficção em hindi e urdu, ele foi um dos primeiros autores a escrever sobre as castas e a situação difícil das mulheres e dos trabalhadores na sociedade indiana na década de 1880.

Premchand publicou sua primeira coleção de contos em Soz-e-Watan em 1907. Também tem mais de uma dúzia de romances, cerca de 300 contos, vários ensaios e traduções (de obras literárias estrangeiras para o hindi) em seu crédito.

Dhaee Aakhar é uma confluência de escritores, poetas e académicos que trabalham em teatro experimental, literatura e música.

Ramita Gurav, professora adjunta de Hindi no St Xavier's College, Mapusa, é PhD em Teatro Hindi Contemporâneo. Ela apresentou literatura e teatro e traduziu contos do escritor concani e premiado com o prémio Jnanpith, Damodar Mauzo.

Mamata Verlekar possui mestrado em hindi e é professora assistente de hindi na Escola de Línguas e Literatura Shenoi Geombab, Universidade de Goa. In “Gomantak Times” - Goa

Onde: Biblioteca Central do Estado de Krishnadas Shama, Sankruti Bhavan, Pangim

Quando: 31 de julho de 2023

Horário: 16h30


Guiné-Bissau - Novo Presidente promete servir os cidadãos e o Estado com base nos valores de direito democrático

Bissau – O novo Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), promete servir os cidadãos e o Estado com base nos valores de direito democrático, condições primordiais do qual se pode medir a solidez das instituições políticas e públicas.

Domingos Simões Pereira fez estas afirmações na sua primeira intervenção depois de ter sido eleito quinta-feira, como líder do parlamento guineense.

“A ANP só será digna das suas funções constitucionais se for capaz de afirmar uma identidade própria e restabelecer a confiança do povo guineense”, disse.

Mas para isso, prosseguiu, para visar e atingir o cumprimento deste propósito têm de contar com esforço de todos a começar por ele próprio e juntar todos os colegas deputados, os funcionários daquela casa que deve estar aberto ao entendimento e a interação com o povo que representam.

Disse que irá privilegiar uma cooperação positiva com as demais instituições da República numa conjugação cabal de todas as sinergias.

A identidade parlamentar, segundo Simões Pereira define-se no exercício efetivo da competência de legislar sempre que as soluções para os problemas do país recomendar em recurso a este instrumento, acrescentando que, não devem permitir ou contentar com a simples fixação de balizas sem um diagnóstico pormenorizado e rigoroso a montante e um acompanhamento e fiscalização da sua aplicação a jusante.

O novo líder do hemiciclo guineense sustentou ainda que a ação de legislação deve ser seguida do fortalecimento da fiscalização de ação governativa para se chegar aos níveis pretendidos de eficácia e principalmente, alcançar o respeito de quem lhes confiou estas tarefas, que é o povo.

De acordo com Simões Pereira, a expressão firme e contundente da vontade de mudança manifestada pelos concidadãos nas eleições que legitimaram a escolha dos deputados desta XI Legislatura que inicia os seus trabalhos, deve ser um despertar para a realidade que se vive no país e merecer toda atenção e cuidado e uma serena resposta da parte dos deputados.

Chamou atenção aos deputados para terem sempre em conta de que na democracia e conforme o sistema governativo guineense, o parlamento é o barómetro da confiança política para toda a sociedade.

“O parlamento é responsável pela tarefa de assegurar a boa distribuição e administração da riqueza nacional a favor dos interesses de todos”, frisou Domingos Simões Pereira, garantindo que as suas contribuições para credibilização da ação das mulheres e dos homens guineenses na política tem de ganhar particular relevância a partir de hoje e obrigatoriamente crescer ao longo desta legislatura.

Aquele responsável salientou que a primeira preocupação no exercício desta nobre missão parlamentar é “moldar-nos aos nossos espíritos e adequarmos a nossa conduta às exigências das nossas responsabilidades constitucionais independentemente da cor partidária que nos identifica”.

Segundo Simões Pereira, a instituição que ora dirige vai investir numa política de maior aproximação do parlamento aos eleitores, explicando que isso passa pela abertura de sessões e dos trabalhos parlamentares a todas as regiões do país atendendo desta forma a um comando constitucional e regimental de extrema importância, o dever de contato estreito e a prestação de contas regular aos cidadãos.

“Por esta via, os eleitores terão oportunidade de poder diretamente apresentar as suas preocupações e ver o real funcionamento do seu parlamento”, explicou, sublinhando que o parlamento só é o parlamento se o povo se rever naquilo que é atuação dos seus membros.

Domingos Simões Pereira disse ainda que o parlamento é o espaço de grandes debates políticos sobre as melhores opções para o país e com um papel muito importante reservado à oposição uma vez que a esta, cabe contrapor e produzir equilíbrio de ideias com base nas suas linhas ideológicas, as quais permitirão a maioria no poder perceber melhor a limitação da sua solução e o vértice pelo qual abrange a todos. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

Moçambique - Fundo das Nações Unidas para a População leva apoio técnico e financeiro para impulsionar tecnologia de dados

Cerca de 5 mil técnicos já foram preparados no sistema nacional de estatística. A agência espera que o censo populacional de 2027 seja feito com base no sistema eletrónico de recolha de dados


Em Moçambique, a comunidade académica, economistas, jornalistas e demais pesquisadores já podem fazer o uso de dados estatísticos compilados com a nova tecnologia, em parceria com as Nações Unidas.

Especialistas utilizaram dados do último censo da população, realizado em 2017, para fazer os estudos temáticos. O resultado do trabalho foi divulgado no início desta semana em Maputo, capital do país.

Dados estatísticos

O lançamento dos estudos temáticos do quarto recenseamento geral da população e habitação, resulta da cooperação entre o governo de Moçambique e os governos do Canadá, Suécia, Reino Unido, Itália e Noruega e é implementado pelo Fundo das Nações Unidas para a População, UNFPA.

Para Walter Mendonça Filho, representante interino do UNFPA, os dados também podem ser aproveitados nos processos de planificação, defesa de causas, tomada de decisões e concepção de políticas públicas.

“Isto é de extrema importância no momento em que o país se empenha em cumprir os seus compromissos internacionais e nacionais, incluindo a Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e o programa de ação da conferência internacional sobre a população e desenvolvimento, inseridos na Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035).”

O chefe interino da agência, destacou ainda importância dos estudos, dando como exemplo o uso dos dados do censo de 2017 que permitiram desenvolver políticas e estratégias do governo e dar respostas humanitárias aos desastres naturais.

“Investimentos na igualdade de género, na promoção dos direitos à autonomia corporal e a escolha, na redução da violência com base no género e na capacitação das mulheres e raparigas, através da educação e do acesso universal a contraceptivos modernos e a redução das uniões prematuras, ajudarão mais de metade da população, as mulheres, a atingir o seu potencial pleno, as suas aspirações e a traçar o caminho da sua própria vida.”

Parceria e cooperação

Já Luísa Fumo, chefe adjunta de cooperação na Embaixada da Suécia, falando em representação dos doadores, elogiou a iniciativa. Ela disse que a cooperação visa tornar os dados estatísticos acessíveis para todos com vista a contribuir para melhoria da planificação. Ela citou ainda os progressos da cooperação.

“A divulgação dos resultados do Censo em forma de atlas demográfico e mapas georreferenciados; a Revitalização e reforço da função estatística do INE; Formação de cerca de 5 mil funcionários do Sistema nacional de estatística em várias matérias técnicas; realização do inquérito demográfico e de saúde e 17 estudos temáticos baseados nos resultados do censo de 2017.”

O UNFPA compromete-se a apoiar o governo moçambicano e os seus parceiros a alavancar de forma coletiva o poder dos dados e das tecnologias. O objetivo é impulsionar a mudança através de políticas e programas baseados em evidências, assim como o alcance dos objetivos que são parte dos compromissos nacionais e internacionais.

Desafios TIC

“Reconhecendo ainda este potencial, esperamos que para o censo da população e habitação de 2027, seja utilizado um Sistema eletrónico de recolha de dados, para melhorar a qualidade, eficiência e eficácia do processo, permitindo uma disseminação rápida dos resultados e uma qualidade incontestável da informação.”

Os Estudos Temáticos elaborados com base nos dados do Censo 2017 oferecem uma riqueza de conhecimentos sobre os principais tópicos sociais e económicos, analisam as disparidades e desigualdades geográficas e sociais e acompanham o progresso das realizações dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, no país. Ouri Pota – Moçambique ONU News


quinta-feira, 27 de julho de 2023

Moçambique - Espólio de Rui de Noronha doado à Biblioteca Municipal de Maputo

Os herdeiros do poeta e nacionalista Rui de Noronha – a sua filha, Elsa de Noronha, e seus netos, André de Noronha e Magda de Noronha – vão doar o espólio do poeta à Biblioteca Municipal Central de Maputo, uma oferta que será formalizada sexta-feira, com a entrega de um primeiro lote de documentos, entre os quais se contam os apontamentos e notas, revistas, jornais, poemas, correspondências, crónicas, cadernos e álbuns de música, que futuramente serão disponibilizados “online”.


O espólio do poeta Rui de Noronha vai ser doado no dia 28 à Biblioteca Municipal Central de Maputo, cumprindo-se uma vontade da família, revelou à coordenação da Feira do Livro de Maputo.

A coordenação da Feira do Livro de Maputo refere que esta será uma doação “sem contrapartidas”, ficando a Biblioteca Municipal Central de Maputo responsável pelo “tratamento, gestão, conservação e disponibilização do espólio literário para leitores, pesquisadores e munícipes”.

“Rui de Noronha possuiu, em alto grau, o desejo de perfeição formal, uma verdadeira consciência de artista e do seu ofício o que, aliado ao pendor esteticista, pode explicar algumas alterações que têm sido contestadas como autênticas traições aos originais”, afirmou Fátima Mendonça, professora de literatura moçambicana, pesquisadora e organizadora da obra completa de Rui de Noronha reunida em Os meus versos, publicada pela Textos Editores, 2006.

A sessão formal de doação acontece no dia 28, com as presenças do Presidente do Conselho Municipal de Maputo, Eneas Comiche, membros do Governo, corpo diplomático acreditado em Moçambique e a representante da família, Magda de Noronha, no ano em que se comemoram os 80 anos da morte do poeta Rui de Noronha.

“Ao examinar pela primeira vez o espólio, que me foi facultado em 1987 por Elsa Noronha, pude verificar a existência das alterações manuscritas, atribuídas ao Dr. Reis Costa, sobre os dactiloescritos, tendo grande parte dos sonetos ficado praticamente ilegível. À margem, e com a mesma caligrafia apareciam por vezes anotações do tipo Bom ou Fraco que confirmam o espírito classificativo que animaria o seleccionador e prefaciador dos poemas…”, sublinha a crítica literária Fátima Mendonça. In “O País” - Moçambique


Macau - Jogo, património, comida e português marcam percepções dos turistas

O jogo, o património, a gastronomia e a Língua Portuguesa estão entre as descrições mais utilizadas pelos visitantes para se referirem a Macau, concluiu um estudo que analisou a percepção dos turistas sobre a imagem da cidade. Segundo os investigadores, a maioria dos turistas usou adjectivos “autêntico”, “romântico”, “caótico”, “lotado”, “delicioso” e “luxuoso” para descrever a cidade, não deixando de apontar alguns problemas, desde o preço dos hotéis à sobrelotação das ruas


A sobrecarga da zona histórica, o descompasso entre o número de turistas e a capacidade espacial estão entre os problemas enfrentados por Macau, segundo um estudo que analisou a percepção turística sobre a imagem da cidade. De acordo com os investigadores Yin Jianqiang e Feng Jingzhao, da Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Wu Ruochan, da Faculdade de Artes da Universidade de Arte e Design de Shandong, e Jia Mengyan, da Faculdade Jiyang da Universidade A&F de Zhejiang, “a percepção dos turistas sobre a imagem da cidade de Macau permanece principalmente no nível intuitivo e superficial, centrando-se em aspectos como ‘jogo’, ‘património’, ‘comida’ e ‘língua portuguesa’”.

As conclusões do artigo publicado na revista científica “Buildings”, baseiam-se no conteúdo gerado pelos utilizadores da rede social Weibo, uma das maiores do Continente chinês, como a análise de palavras de alta frequência. A percepção da imagem específica de Macau por parte dos turistas “não é suficientemente profunda, muitas vezes limitada a paisagens individuais” e “com as impressões mais proeminentes geralmente centradas em marcos como ‘Ruínas de São Paulo’, ‘Grand Lisboa’, ‘Galaxy’ e ‘The Parisian’, com uma percepção relativamente baixa de conotações culturais escondidas por trás das paisagens da cidade”.

Com base na ciência de dados e juntamente com teorias da arquitectura urbana e da antropologia social, a investigação visou “descobrir o conteúdo percebido e os mecanismos de influência subjacentes da imagem da cidade de Macau na perspectiva dos turistas, analisando o texto do conteúdo gerado pelos utilizadores”. “A paisagem arquitectónica, a cultura histórica, a economia comercial e a governação do espaço social de Macau têm impacto nas percepções dos turistas”, realça o quarteto de investigadores, acrescentando que factores como os transportes urbanos, instalações de apoio, gestão do turismo, serviços públicos, preços urbanos, características da cidade, experiências de viagem e segurança pessoal são particularmente influentes. “Estas descobertas fornecem informações valiosas para o desenvolvimento do turismo em Macau e para a valorização da imagem da cidade”, sustentam.

Os académicos explicam que a imagem da cidade reflecte a cultura e comunicação urbana e influencia o comportamento de viagem dos turistas. No entanto, “com base em investigações de campo, constatou-se que o espaço da cidade de Macau enfrenta actualmente problemas como um desequilíbrio na eficiência prática do uso, uma sobrecarga de áreas urbanas históricas e um descompasso entre o número de turistas e a capacidade espacial”.

No estudo pode ler-se que a percepção dos turistas sobre a imagem da cidade de Macau pode ser resumida em quatro dimensões principais, sendo elas a imagem arquitectónica e paisagística, a imagem cultural e histórica, a imagem económica e comercial e a governação espacial e imagem do serviço público. Para além disso, os resultados da pesquisa apontam como aspectos negativos a “percepção da infra-estrutura, do serviço turístico, da experiência urbana e da segurança, sendo a percepção da escala espacial o factor mais influente”.

Segundo os investigadores, a maioria dos turistas escolhe visitar Macau para passear e passar férias, optando pelos adjectivos “autêntico”, “romântico”, “caótico”, “lotado”, “delicioso” e “luxuoso” para descrever a cidade.

Se, por um lado, as avaliações positivas dos turistas ajudam a melhorar a reputação de Macau e a atrair mais visitantes, por outro, as avaliações negativas oferecem oportunidades de melhoria para aumentar a satisfação e a lealdade dos turistas. “Isso ajudará a indústria do turismo de Macau na formulação de planeamento estratégico e estratégias de marketing direccionadas para melhorar ainda mais a imagem de Macau como um destino turístico”, frisam os autores do estudo.

Através da análise de palavras de alta frequência, análise semântica de rede e análise de categorização de factores de percepção negativa, “o estudo investigou os significados ocultos por trás das palavras e das suas relações”, nomeadamente ‘Ruínas de São Paulo’, ‘Grand Lisboa’ e ‘casinos’. Dessa forma, com base nas avaliações menos boas dos visitantes, o estudo “resume as razões das emoções negativas entre os turistas”.

Com referência a estudos anteriores, os autores defendem, simultaneamente, que “os resultados da pesquisa também indicam que a organização de eventos culturais é uma forma eficaz de melhorar a imagem da cidade de Macau”.

Da sobrelotação aos preços altos

No que toca às percepções negativas da imagem da Macau, a maior diz respeito às experiências da cidade, como a dificuldade em fazer reservas em restaurantes, a sua sobrelotação, o tempo de espera e o horário de abertura. Outros exemplos apontados no estudo têm que ver com a sobrelotação das ruas na zona histórica, o preço dos hotéis e a homogeneidade dos centros comerciais.

O segundo factor com maior peso nas percepções negativas da imagem da cidade reside nas infra-estruturas, com as ruas estreitas e espaços sobrelotados como os problemas mais citados. “Adicionalmente, verifica-se a inexistência de lugares de descanso e sanitários públicos, o que não responde às necessidades quotidianas dos turistas, indiciando instalações de apoio inadequadas”.

Também o pagamento na moeda local e a necessidade de reserva exigido por parte de alguns serviços de táxi, bem como a segurança da cidade, aos níveis pessoal e patrimonial, integram os pacotes de percepção negativa por parte dos turistas.

Os investigadores fazem algumas recomendações para melhorar a imagem da cidade, como a optimização da alocação de recursos turísticos nos espaços urbanos, através, por exemplo, da atracção de mais grupos turísticos para as áreas periféricas, para “ajustar o fluxo e a utilização dos espaços públicos”. Outras medidas propostas são a melhoria da construção de infra-estruturas públicas urbanas, como a criação de um sistema de transporte de vários níveis em áreas densamente povoadas, e a renovação do ambiente espacial da cidade velha, através da organização de actividades culturais, exposições comunitárias, abertura de lojas de artesanato comunitário, entre outros, bem como a manutenção e reparação de edifícios antigos, de modo a melhorar a aparência visual dessa parte da cidade.

Paralelamente, o estudo propõe o fortalecimento da promoção do aprofundamento histórico e cultural, bem como a melhoria da conveniência dos autocarros e táxis, e o fortalecimento da gestão urbana e da segurança.

A imagem da cidade representa “as impressões, ideias, conceitos e percepções que os turistas têm sobre uma cidade”, bem como “significa os pensamentos associados e fragmentos de informação sobre a cidade, reflectindo a sua cultura e comunicação”, servindo ainda “como uma referência crucial para os turistas antes, durante e depois das suas experiências de viagem”.

Os investigadores recomendam a comparação da percepção da imagem urbana de Macau entre turistas chineses e de outros países, dada a internacionalização turística da cidade. Através da referência ao esboço do Plano Director da RAEM (2020-2040) que “propõe transformar Macau num centro mundial de turismo e lazer, atraindo cada vez mais turistas no futuro” os académicos defendem que “explorar a imagem da cidade de Macau do ponto de vista dos turistas é um tópico altamente valioso”. Susana Martinho – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”