Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Portugal - Fungos “à boleia” das aves para colonizar novos territórios

Um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) revela pela primeira vez que as aves não transportam apenas sementes de plantas para novos locais, mas também os fungos



Alguns tipos de fungos “andam à boleia” das aves para colonizar novos territórios com os seus parceiros vegetais, as plantas, revela pela primeira vez um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores do Centro de Ecologia Funcional (Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

«É a primeira evidência de que as aves não transportam apenas sementes de plantas para novos locais, mas também os fungos que estas sementes precisam para germinar e crescer», afirma Marta Correia, primeira autora do artigo científico publicado na revista “New Phytologist”.

De acordo com o estudo, 54 plantas de seis espécies diferentes germinaram de 34 excrementos de aves recolhidos numa floresta perto de Coimbra. Algumas das raízes destas plantas foram imediatamente colonizadas por fungos “amigos”, provando que estes só podem ter sido transportados conjuntamente com as sementes no interior das aves.

Estes fungos, chamados fungos micorrízicos arbusculares, formam relações estreitas com muitas plantas. Os fungos colonizam a raiz e contribuem para uma maior absorção de nutrientes e água para as plantas que conseguem ter um crescimento maior e serem mais saudáveis. Em troca, a planta dá ao fungo uma “casa” e alimento fabricado na fotossíntese. Portanto, estas relações simbióticas beneficiam tanto as plantas como os fungos.

«A comunidade científica acreditava há já algum tempo que partilhar o mesmo mecanismo de transporte daria às plantas que crescem em simbiose com estes fungos uma vantagem. Pela primeira vez, o papel das aves na dispersão de ambos os parceiros é confirmado», declara Marta Correia.

A investigadora do Centro de Ecologia Funcional considera que os resultados do estudo agora publicado representam «uma peça fundamental do puzzle para compreender a distribuição global de fungos micorrízicos e a colonização de territórios remotos, tal como ilhas, por plantas associadas a fungos. Como chegavam os fungos a estes territórios remotos era até agora desconhecido já que não seria possível a dispersão a tão longas distâncias só pelo vento.»

O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo FEDER, no âmbito do programa PT2020. O artigo científico está disponível: aqui. Universidade de Coimbra “Faculdade de Ciências e Tecnologia” - Portugal

China - Guangdong quer hub tecnológico com Macau e Hong Kong em 2019



O governador da província de Guangdong, Ma Xingrui, pretende aprofundar uma aliança científica com Macau e Hong Kong através da construção de laboratórios de tecnologia de ponta necessárias ao sucesso das indústrias locais. A notícia, publicada pelo “South China Morning Post”, cita um relatório anual divulgado ontem pelo Governo provincial onde Ma Xingrui categoriza o projecto como uma “oportunidade de importância histórica” e uma prioridade para 2019.

A proposta do Governo da província vizinha surge ao abrigo do projecto de cooperação da Grande Baía e tem a ambição tornar a região num hub internacional de inovação e tecnologia. O governador de Guangdong elenca a elevada capacidade de conectividade de transportes como um dos trunfos logísticos, além de se basear num conceito algo polémico: a co-localização, que permite o desenvolvimento de empresas em mais de um país. Para que tal aconteça será necessário promover processos burocráticos dos serviços de imigração nas fronteiras mais suaves. Algo que está em funcionamento na estação ferroviária de Hung Hom em Kowloon, infra-estrutura que motivou polémica desde que foi anunciada.

Durante o discurso perante o órgão legislativa de Guangdong, Ma referiu que pretende “abrir e partilhar com Hong Kong e Macau mais instalações laboratoriais, mecanismos de pesquisa científica de larga-escala e de tratamento de dados”.

Dores de crescimento

Em contrapartida, as previsões de crescimento económico para Guangdong são de abrandamento, em linha com o que é expectável para a economia chinesa. Ainda assim, a província que é o principal motor industrial chinês espera um crescimento entre 6 e 6,5 por cento do Produto Interno Bruto em 2019. A tendência de queda verifica-se desde o ano passado, quando o crescimento se cifrou nos 6,8 pontos percentuais, valor abaixo dos 7,5 por cento registados em 2017. Analistas políticos e económicos apontam a guerra comercial com os Estados Unidos para o abrandamento económico. In “Hoje Macau” - Macau

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

APLOP - XI Congresso da Associação dos Portos de Língua Portuguesa na cidade de Maputo



As inscrições para o XI Congresso da APLOP – Associação dos Portos de Língua Portuguesa, a decorrer nos dias 27 e 28 de Fevereiro, no Terminal de Passageiros do Porto de Maputo, em Moçambique, já se encontram abertas.

O Secretariado do XI Congresso também já se encontra a funcionar, disponível para os esclarecimentos necessários.

Pode descarregar aqui a ficha de inscrição. Data limite de inscrição: 15 de Fevereiro de 2019.

Para mais informações, contactar a organização do Congresso através do email: congresso.aplop@gmail.com.

APLOP

A APLOP – Associação dos Portos de Língua Portuguesa, é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que se rege pelos Estatutos, pelos regulamentos internos aprovados em assembleia-geral e pelos regimes jurídicos aplicáveis às Associações dos Países da CPLP nos quais se localizam ou venham a localizar-se a sede, delegações ou filiais onde se pratique qualquer ato jurídico em nome da Associação.

Constituída a 13 de Maio de 2011, integra no seu seio todos os países da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe, Timor-Leste).

Macau e Marrocos integram a APLOP na qualidade de Membros Observadores.

A Associação tem a sua sede em Lisboa, nas instalações da APP — Associação de Portos de Portugal. Carlos Caldeira – Portugal in “Agricultura e Mar Actual”



Moçambique - BAD e UniLúrio implementam Programa de Habilidades para a Agricultura e Indústria

O representante residente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Moçambique fez questão de ir ao polo de Pemba da UniLúrio para anunciar que a sua instituição financeira irá investir uma fatia de 15 milhões de dólares naquela Universidade. A ideia é desenvolver um programa de habilidades ou competências no seio académico voltado para o tecido empresarial, mais concretamente para o desenvolvimento dos sectores agrícola e industrial.

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), em parceria com a Universidade Lúrio (UniLúrio), lançaram, em Pemba, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Habilidades para a Agricultura e Indústria.

O evento contou com a presença da comunidade académica, funcionários e estudantes da UniLúrio e teve como pano de fundo uma conferência internacional sobre Biodiversidade, Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável como pano de fundo.

O programa em causa responde às prioridades do BAD de “Alimentar África” e “Industrializar África” e tem como objectivo fortalecer a capacidade da UniLúrio, gerando competências e habilidades face aos futuros profissionais nos sectores-chave da agricultura e indústria, mais concretamente através das disciplinas de Ciências Aplicadas e Engenharia. O custo total do projecto, a ser implementado num prazo de cinco anos (2018-2022), encontra-se estimado em 15,50 milhões de dólares norte-americanos.

Através da parceria com a UniLúrio, o BAD perspectiva investir na construção e equipamento de oficinas, bibliotecas e laboratórios; na melhoria da qualidade das actividades académicas e da capacidade da gestão de recursos da universidade bem como apoiar no desenvolvimento de uma estratégia para melhorar o acesso das raparigas aos serviços académicos da UniLúrio, incluído um programa de bolsas de estudo voltado para as estudantes.

Na cerimónia de lançamento, Pietro Toigo, representante residente do BAD em Moçambique, referiu que os recursos extractivos no norte do Moçambique vão seguramente acelerar o crescimento económico do país.

“Mas para assegurarmos que o crescimento seja inclusivo, é preciso dar aos jovens as ferramentas para competir com êxito no mercado do trabalho. Por isso, estamos orgulhosos da nossa parceria com a UniLúrio no sentido de criar um polo de ensino e pesquisa ao mais alto nível”, congratulou-se o representante do BAD.

Na mesma linha de pensamento, o reitor da UniLúrio, Prof. Doutor Francisco Noa, sublinhou que “a UniLúrio continuará a trabalhar no sentido de educar e formar uma nova geração de profissionais competentes, comprometidos com o desenvolvimento, a ciência e o bem-estar das comunidades locais”.

O desafio demográfico na base do investimento

A propóstio do Programa lançado, Pietro Toigo sublinhou que o país está a experienciar uma das transacções demográficas mais rápidas do mundo. Aliás, nos últimos 10 anos, a população de Moçambique cresceu a uma taxa de 40% - a terceira taxa de crescimento demográfico mais rápida de África. “Com 45% da população abaixo dos 14 anos, a prioridade tem que ser preparar os jovens para o mercado de trabalho, para que sejam o motor de crescimento do país. O futuro de Moçambique vai ser determinado nas escolas, nos centros de formação e nas universidades”, referiu Toigo em jeito de reflexão.

Grosso modo, a ideia é que o país precisa de uma força de trabalho dinâmica para desenvolver a sua base económica e, de modo particular, o sector dos hidrocarbonetos. Por outro lado, precisa de novos polos de pesquisa para analisar o impacto dos modelos alternativos de desenvolvimento nos seus recursos naturais e precisa de novas abordagens para reforçar a resiliência climática da sua economia e não permitir que as escolhas climáticas de outros países impactem negativamente na sua trajectória de desenvolvimento.

Nesse sentido, a parceria entre a UniLúrio e o BAD surge no âmbito de fortalecer as faculdades de engenharia, uma vez que o Programa irá investir nos conhecimentos técnicos e tecnológicos para que as empresas moçambicanas possam vir a entrar nas cadeias de valor e fornecimento às multinacionais mineiras e de gás e petróleo. Por outro lado, o BAD espera vir a apoiar inovações e pesquisas em prol de uma agricultura competitiva e eficiente (e mais industrializada) no sentido de alimentar a população de Cabo Delgado, a qual decerto irá registar um crescimento demográfico em função dos projectos que estão a ser implantados, em especial em Pemba e Palma.

“Esperamos também que este programa possa fortalecer a parceria entre a UniLúrio e o sector privado em três aspectos: uma colaboração mais estreita para assegurarmos que o ensino seja relevante para as necessidades prospectivas dos empregadores, para as oportunidades dos estudantes de aplicar os seus conhecimentos e posicionar a universidade como fornecedora de serviços para o sector privado. Por essa razão é que o Programa irá apoiar uma revisão do currículo de ensino e irá investir em laboratórios de análise de qualidade de sementes e produtos agrícolas”, garantiu o representante do BAD. In “Olá Moçambique” - Moçambique

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Macau – Uma alternativa para os médicos dentistas portugueses


Uma dezena de dentistas portugueses na RAEM é muito pouco. “Macau continua a apresentar um enorme potencial para atrair os médicos dentistas portugueses”, diz o bastonário da Ordem dos Dentistas ao Ponto Final, que pretende reactivar o Congresso Dentário Sino-Português em Macau

Registados na Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) portugueses há quatro profissionais em Macau, mais oito que indicaram à Ordem estarem na China. De nacionalidade portuguesa, em Macau, há cerca de uma dezena, sendo que cerca de metade já aqui nasceu e a outra optou por Macau, após a licenciatura, segundo números fornecidos pelas autoridades da RAEM à OMD, e que esta divulgou ao Ponto Final. Mas o bastonário da OMD acredita que é possível aumentar muito mais estes números. “Num momento em que Portugal continua a deparar-se com um excesso de médicos dentistas (conforme comprova o estudo Os Números da Ordem), Macau surge como uma alternativa em termos de oportunidades de trabalho e de aplicação do conhecimento adquirido por estes profissionais altamente qualificados,” diz Orlando Monteiro da Silva, ao Ponto Final.

“Macau continua, por isso, a apresentar um enorme potencial para atrair os médicos dentistas portugueses,” acrescenta o bastonário. “Recordo que a Região assume-se como plataforma de ligação entre os países de língua portuguesa e a China, especialmente agora com a abertura da Ponte do Delta, uma obra que certamente trará outra dinâmica à região e desafios em todas as áreas, incluindo a da saúde”.

Para além da questão concreta de Macau poder acolher mais dentistas formados em Portugal, Orlando Monteiro da Silva destaca outra forma de aproximação entre as duas partes: “acredito que existem todas as condições para o intercâmbio ao nível do conhecimento, da tecnologia e da investigação, não só através da prática clínica, mas também académica e científica. Envolver governos, faculdades e outras entidades na dinamização deste relacionamento trará certamente ganhos para as populações e para a profissão”.

Foi neste sentido que a República Popular da China e Portugal assinaram no final de 2017 um protocolo de cooperação na área da medicina dentária. O documento prevê o intercâmbio de conhecimentos científicos, tecnológicos, de inovação e ainda de profissionais entre os dois países, tendo Macau como “ênfase especial”.

Na altura foi referido que o protocolo pretendia trazer benefícios para as populações envolvidas, nos dois países. “É um protocolo de troca de saberes científicos, tecnológicos, de inovação, de profissionais, de congressos, de organizações mútuas, entre a China e Portugal. Obviamente com ênfase especial em Macau, para incrementar as relações a este nível entre os dois países, particularmente na medicina e na medicina dentária”, disse Orlando Monteiro da Silva. Mais de um ano depois, o bastonário da OMD afirma que no contexto do acordo “têm sido desenvolvidos contactos no sentido de realizar alguns eventos em Portugal”.

Em Orlando Monteiro da Silva, que conhece bem Macau, existe “a convicção de que a troca de experiências e conhecimentos é benéfica para ambos os países. Daí ser nossa intenção retomar num futuro próximo o Congresso Dentário Sino-Português em Macau, um evento com provas dadas na aproximação dos dois povos. Este encontro sempre se assumiu como uma oportunidade de excelência para a formação contínua e partilha académica, científica e profissional entre médicos dentistas asiáticos e de países de língua oficial portuguesa”.  João Meneses – Macau in “Ponto Final”

França - Associações do mundo lusófono promovem a aprendizagem da língua portuguesa

«A língua portuguesa sofre de uma péssima imagem junto dos franceses, e um dos eixos da campanha que vamos promover é mudar essa imagem e fazer do português uma língua atrativa também para os franceses. O português ainda é visto como uma língua de imigração (para os franceses) e não tem o prestígio de uma língua estrangeira como, por exemplo, o chinês», afirmou Anna Martins, presidente da associação Cap Magellan, em declarações à agência Lusa.

A Cap Magellan coordenou este fim de semana na Maison du Portugal, na Cidade Internacional Universitária de Paris, a segunda edição dos Estados Gerais da Lusodescedência. Esta iniciativa reuniu mais de 120 pessoas entre portugueses, cabo-verdianos, brasileiros e angolanos para encontrar estratégias de promoção do ensino do português em França e lançar uma campanha nacional para incentivar a aprendizagem desta língua.

Apesar da língua portuguesa ainda ser considerada como uma língua de imigração, a perceção tem vindo a mudar nos últimos anos. «Do ponto de vista político até nem houve grande evolução, mas nas mentalidades francesas vi as coisas a mudarem aos poucos e tenho visto ainda mais nos últimos anos com o acréscimo do turismo francês em Portugal», afirmou Paul Branquinho, professor de português na escola básica e no liceu de l'Ivroise, em Brest.

Se, por um lado, este professor tem mais alunos lusodescendentes ou do mundo lusófono até ao 9º ano, esta mudança de atitude em relação ao português já é mais visível no liceu. «É nesse público que observamos os efeitos da divulgação da cultura lusófona através de manifestações como o desporto, da canção - e aqui também falo de canções brasileiras que fazem sucesso em França - e ainda com o facto de o português ser uma instituição no nosso estabelecimento», acrescentou Paul Branquinho.

Segundo este professor, falta agora ao português «um lóbi organizado» para promover o seu ensino, contando que na sua região há já «uma estratégia de propaganda» que tem funcionado com a promoção de viagens de estudo anuais a Portugal e da divulgação da cultura portuguesa.

João Gil, coordenador da iniciativa ‘Portugal Maior’ que vai realizar um inventário dos músicos profissionais portugueses e dos grupos musicais com atividade regular no estrangeiro junto das comunidades portuguesas, esteve presente neste encontro em Paris e considera que a articulação entre Portugal e as associações é a chave do sucesso da língua portuguesa.

«Estamos em contacto, articulando tudo o que é organismo público e não público de forma a comunicar a nossa identidade portuguesa, seja através da língua, seja através da música e até como já acontece com o futebol. Claro que a música é um fator de união brutal e vamos aproveitá-la para darmos um passo em frente no enorme divórcio que tem acontecido entre as partes que compõem Portugal», afirmou o músico.

Este encontro em Paris serviu também para traçar um plano de ação que deverá estar implementado em setembro de 2019, a tempo do regresso às aulas. Desde aprender a como abrir uma turma de português, discutiu-se também como comunicar a campanha do ensino desta língua, definiu-se um calendário e pensou-se como financiar uma campanha desta amplitude, sendo que uma das ideias possíveis será recorrer ao 'crowd funding', muito utilizado por diversas iniciativas cívicas em França. In “Revista Port. Com” - Portugal

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Brasil - Avião hipersônico brasileiro 14-X avança rumo ao primeiro voo



Veículos hipersônicos

O projeto do avião hipersônico brasileiro prossegue dentro do cronograma.

Se não houver contratempos, a Força Aérea Brasileira realizará o primeiro ensaio em voo dentro de dois anos. Esse ensaio envolverá o teste do primeiro motor aeronáutico hipersônico feito no país.

O teste integra um projeto mais amplo, cujo objetivo é dominar o ciclo de desenvolvimento de veículos hipersônicos, que voam, no mínimo, a cinco vezes a velocidade do som, ou Mach 5 - Mach é uma unidade de medida de velocidade correspondente a cerca de 1.200 quilômetros por hora (km/h).

O programa é coordenado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), um dos centros de pesquisa do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da FAB, em parceria com a empresa Orbital Engenharia, ambos de São José dos Campos (SP).

14-X

Além do motor hipersônico, o projeto Propulsão Hipersônica 14-X (PropHiper) prevê a construção de um veículo aéreo não tripulado (Vant), onde o motor será instalado. Batizado de 14-X, em homenagem ao 14-Bis, o vant empregará o conceito de waverider, no qual uma onda de choque gerada abaixo dele, em razão de sua alta velocidade, lhe fornece sustentação. É como se, durante o voo, o veículo "surfasse" na onda induzida por ele próprio.

Este é o mesmo princípio usado pelo avião hipersônico X-51A, testado pela NASA em 2010. Em 2018, Rússia e China testaram com sucesso os mísseis hipersônicos Avangard e Xingkong-2, respectivamente. Nos Estados Unidos, a Lockheed Martin está construindo um veículo hipersônico para voo a Mach 6.

O 14-X terá 4 metros de comprimento, 1,2 metro de envergadura e pesará cerca de 750 kg. Se tudo funcionar como previsto, ele deverá alcançar Mach 10 (12 mil km/h) a uma altitude entre 30.000 e 40.000 metros.

"Ainda não há aeronaves hipersônicas em operação rotineira no mundo. Essa tecnologia simboliza o estado da arte mesmo para países como Estados Unidos, Rússia e China," disse Lester de Abreu Faria, engenheiro eletrônico do IEAv. "Todos buscam esse conhecimento e, apesar do longo tempo de desenvolvimento, não estamos muito atrás dos líderes mundiais."




Motor hipersônico

De acordo com Israel Rêgo, gerente do projeto PropHiper, o motor hipersônico em desenvolvimento no país, do tipo estatojato, ou scramjet (supersonic combustion ramjet), também poderá ser empregado como segundo ou terceiro estágio de propulsão de foguetes.

No primeiro ensaio, previsto para 2020, o motor scramjet será instalado justamente em um foguete de sondagem.

Já o veículo aéreo hipersônico integrado ao motor scramjet poderá, no futuro, ser usado como avião de passageiros.

Uma das grandes dificuldades é fazer com que o veículo resista ao atrito gerado pelo voo à velocidade hipersônica, o que tem exigido o desenvolvimento de cerâmicas especiais resistentes a altas temperaturas.

Assim como os motores de jatos comerciais, o scramjet usa o ar da atmosfera para a queima do combustível. No entanto, ao contrário dos motores dos aviões atuais, o do 14-X não tem partes móveis, como compressores e turbinas. "Na combustão supersônica, o ar capturado deve ser desacelerado, pressurizado e aquecido antes de entrar na câmara de combustão, onde é injetado o combustível. E isso depende da perfeita geometria do motor," explicou Israel Rêgo, do Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica do IEAV. In “Inovação Tecnológica” com “Agência Fapesp”

Angola - Por apresentar a melhor dissertação de mestrado sobre assuntos do mar cidadã angolana premiada pela Marinha Portuguesa

A dissertação "Desafios de Defesa Nacional: O Mar Angolano e os Contributos do Poder Naval (2002-2016)", apresentada pela angolana Suraia da Conceição Munguengue no âmbito do mestrado em Estratégia que realizou no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade de Lisboa, valeu-lhe o Prémio de Mérito da Marinha Portuguesa. A distinção foi entregue esta segunda-feira, 21, na capital lusa



Avaliada com 18 valores, a dissertação de Suraia da Conceição Munguengue foi considerada, pela Marinha Portuguesa, como a melhor sobre temas directamente relacionados com o uso do mar e as suas principais envolventes, apresentada por estudantes do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

O mérito do trabalho foi premiado esta segunda-feira, 21, numa cerimónia que marcou as comemorações dos 113 anos do ISCSP, instituição da Universidade de Lisboa onde a angolana concluiu o mestrado, no âmbito do Programa de Formação Docente da Universidade Técnica de Angola (UTANGA).

Licenciada em Relações Internacionais, na especialidade de Economia Internacional pela UTANGA, Suraia Munguengue considerou, em declarações à Angop, que a distinção "serve de incentivo para os jovens angolanos e dedicarem mais à investigação científica e às questões ligadas ao país".

Mais do que um prémio que reconhece o empenho individual, a estudante realçou o contributo colectivo que lhe está associado.

"Para chegar aqui houve a contribuição dos professores da Universidade Técnica de Angola, que é a instituição que financiou a minha bolsa de mestrado", lembrou. In “Novo Jornal” - Angola

domingo, 27 de janeiro de 2019

Vá lá


















Vamos aprender português, cantando


Trago um bom conselho
Para a gente que aqui está
São duas palavrinhas
E quais são elas?
Vá lá!!

Vá lá, Portugal, portugueses
Mais um ano, doze meses
Não saímos do lugar…
Vá lá, nobre povo, Zé Povinho
Não há pão e não há vinho
E o que há vai acabar!

Vá lá, estivadores e leiloeiros
Espantalhos, sinaleiros
É inútil esbracejar…
Vá lá, marinheiros de água doce
Era bom mas acabou-se
‘Tá na hora, vai fechar!

Vá lá, patos bravos barrigudos
Sem vergonha e sem canudos
A aldrabar a construção…
Vá lá, novos ricos triunfantes
Em vivendas de emigrante
Baluarte da nação!

Vá lá, batalhão de Chico Espertos
Esses olhos bem abertos
Que o país é para roubar…
Vá lá, devedores e caloteiros
Agarrados ao dinheiro
Tá na hora de pagar!

Vá lá, rapazinhos da gravata
De atitude burocrata
E a fortuna do papá…
Vá lá, raparigas graduadas
Liberais, emancipadas
Do melhor que para aí há!

Vá lá, jogadores, viciados
Prostitutas e drogados
Quem vos traz o alvará?
Vá lá, traficantes, criminosos
Delinquentes, mafiosos
É agora, bora lá!

Vá lá, monarquia arruinada
Sempre bem alcoolizada
Com uma cruz a abençoar…
Vá lá, burguesia toda airosa
Que essa vida cor-de-rosa
Está em vias de ir ao ar!

Vá lá, Herculanos, Saramagos
Escritores aziagos
Quem assina a petição?
Vá lá, geração iluminada
Treinadores de bancada
Onde é que está a solução?

Já sabemos bem
Que a vida aqui está má
Com a morte ali ao fundo
Ai, Mãe, a sorte onde andará?
Só resta sermos nós a dar a volta
Assim, não dá
Por isso, pessoal, vá lá!!

Vá lá, carneirada cibernética
A doença é genética
Agarrados digitais…
Vá lá, manada de aluados
Cidadãos neutralizados
Pelas redes sociais!

Vá lá, estudantina abrutalhada
Malcriada, mal formada
Nota 20 a vomitar…
Vá lá, especialistas em calão
Calinada e palavrão
Vamos, toca a trabalhar!

Vá lá, madames em topless
Da massagem anti-stress
E dieta natural…
Vá lá, brigada do pilates
Yoga e outros disparates
Que é que diz o mapa astral?…

Vá lá, reformados, pensionistas
O governo tem artistas
Pagos p’ra vos enganar…
Vá lá, moribundos, acamados
Incapazes, entrevados
Vamos, toca a levantar!

Já sabemos bem
Que a vida aqui está má
Com a morte ali ao fundo
Ai, Mãe, a sorte onde andará?
Só resta sermos nós a dar a volta
Assim, não dá
Por isso, Portugal, vá lá!!

Vá lá, moderníssimos fadistas
A elite dos artistas
Do melhor que há no país…
Vá lá, costureiros e roqueiros
Dos modelos estrangeiros
E da coca no nariz!

Vá lá, capitães e generais
Mais as tias de Cascais
Na orgia do cifrão…
Vá lá, ministros, deputados
Com os bolsos recheados
Façam a revolução!

Vá lá, navegantes, triste fado
As glórias do passado
Não vos deixam navegar…
Vá lá, saudosistas praticantes
Isto está pior que dantes
Vade retro, Salazar!

Vá lá, Portugal, olha p’ra ti
Há quem diga por aí
Sem a guerra não há paz…
Vá lá, Portugal, nação valente
Que o futuro é um presente
E é para a frente e não para trás!

​E é para a frente e não para trás!
E é para a frente e não para trás!
E é para a frente e não para trás!

Vá lá!!

Gimba & convidados - Portugal

UCCLA - Curso Livre História de Angola começa dia 29 de janeiro



Pela segunda vez, a Mercado de Letras Editores e a UCCLA estão a organizar a 2.ª edição do Curso Livre História de Angola.

Com a coordenação do Professor Doutor Alberto Oliveira Pinto, a 2.ª edição do Curso Livre História de Angola, prolongar-se-á pelos meses de janeiro a julho de 2019, ao longo de 26 sessões, que decorrerão às terças-feiras de cada semana, às 18 horas. 

À semelhança do que aconteceu na 1.ª edição, também nesta edição, serão convidadas uma série de individualidades cujos nomes serão anunciados tão breve quanto possível.

As condições de inscrição encontram-se disponíveis aqui.

Qualquer questão poderá ser endereçada para o email:

Nota biográfica do Professor Doutor Alberto Oliveira Pinto:

Alberto [Manuel Duarte de] Oliveira Pinto nasceu em Luanda, Angola, a 8 de janeiro de 1962. Licenciou-se em Direito pela Universidade Católica Portuguesa, em 1986. É Doutorado (2010) e Mestre (2004) em História de África pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde colaborou como docente no Departamento de História. Lecionou igualmente noutras universidades portuguesas. Presentemente é Investigador do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do CEsA - Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão.

Como ficcionista publicou diversos romances e é autor de múltiplos livros de ensaio sobre a história de Angola, com destaque para História de Angola. Da Pré História ao Início do Século XXI (2016), primeira experiência no género em 40 anos de Independência de Angola, cuja 3.ª edição se prevê para breve. 

Em 2016, foi presidente do Júri do Prémio Internacional em Investigação Histórica Agostinho Neto da Fundação António Agostinho Neto (FAAN). No mesmo ano foi, pela segunda vez, vencedor do Prémio Sagrada Esperança 2016 com o livro de ensaios Imaginários da História Cultural de Angola.

Em 2018, coordenou o Curso Livre História de Angola/UCCLA/Mercado de Letras Editores, iniciativa igualmente inédita e com enorme adesão, do qual se prepara uma nova edição mais desenvolvida.




Morada:
Avenida da Índia, n.º 110 (entre a Cordoaria Nacional e o Museu Nacional dos Coches), em Lisboa
Autocarros: 714, 727 e 751 - Altinho, e 728 e 729 - Belém
Comboio: Estação de Belém
Elétrico: 15E - Altinho
Coordenadas GPS: 38°41’46.9″N 9°11’52.4″W

sábado, 26 de janeiro de 2019

Hong Kong - Português, uma língua de nicho

Em Hong Kong, ensina-se português graças à iniciativa de um pequeno grupo de privados e instituições. O Club Lusitano organiza cursos apenas para membros, enquanto que Alexandre Lui decidiu arrendar duas salas para ensinar a língua. Nota-se um ligeiro aumento da procura dos cursos por questões familiares, económicas e até históricas, mas Hong Kong continua a não aderir ao sucesso que o português faz pelo mundo



Estudar português num território onde o idioma não é língua oficial, como é o caso de Hong Kong, é um desafio que poucos abraçam, apesar da popularidade do idioma um pouco por todo o mundo. Nem o facto de Hong Kong ter uma comunidade portuguesa ou fortes ligações à comunidade macaense aumentou a procura pela língua de Camões. São poucos a aprender, mas fazem-no por várias razões.

Roy Tse, natural de Hong Kong, é casado com uma mulher de Macau e nunca teve qualquer ligação com a cultura portuguesa ou o país. Mas está tão desiludido com a situação sócio-económica do território que pondera ir viver para Portugal daqui a três anos.

“Aprender português é obrigatório para se viver em Portugal”, contou ao HM. “Perdemos a esperança. Estamos desapontados com o Governo de Hong Kong, que não está a servir as necessidades dos que são de cá. Viver em Hong Kong é muito difícil e muito caro. Tanto a cidade como o próprio Governo estão cheios de mentiras. Então é mais fácil mudar para termos uma vida mais simples, e não apenas por causa do dinheiro”, acrescentou.

Roy Tse foi um dos alunos de Alexandre Lui, natural de Hong Kong mas nascido no Brasil graças à mudança dos pais para São Paulo. Quando voltou, e depois de ter estudado o curso de tradução e interpretação do Instituto Politécnico de Macau (IPM), decidiu apostar na organização de cursos lúdicos de português em 2016, que ainda acontecem em dois locais na zona de Wan Chai. Ainda que não seja oficialmente uma escola, o projecto chama-se “Língua Portuguesa em Hong Kong”.

“Neste momento, não consigo expandir mais [o projecto] para ter uma escola, porque, como o português em Hong Kong não é língua oficial, é difícil atrair o pessoal para vir sempre às aulas. Comecei ontem [17 de Janeiro] um curso novo, mas esperei quase quatro meses para conseguir arranjar dez pessoas”, frisou.

Uma das ambições de Alexandre Lui era expandir o projecto até Shenzhen, não só pela proximidade com Hong Kong, mas também pela existência de muitas empresas, com ligações aos países de língua portuguesa.

Antes de vir para Macau tirar a licenciatura, de onde saiu porque não conseguiu obter o bilhete de identidade de residente, Alexandre já dava aulas em Hong Kong devido ao contacto com o português que teve desde criança. Chegou a dar aulas no instituto CAC, ligado à Federação dos Operários de Hong Kong, que disponibiliza vários cursos de línguas e na área das artes. O HM tentou chegar à fala com a federação, que nos disse não prestar declarações a jornalistas.

Aulas só para membros

Além do instituto CAC e das aulas privadas de Alexandre Lui, o centro SPACE, ligado à Universidade de Hong Kong, também disponibiliza aulas de português. Contudo, o responsável pelos cursos recusou responder às perguntas do HM por estar ocupado com outros planos.

O Club Lusitano arrancou o ano passado com a primeira edição do curso de português, do nível básico ao mais avançado, mas as inscrições destinam-se apenas a membros do clube e convidados.

“O nosso clube tem origem portuguesa e era importante organizarmos este curso. Temos muitos membros que, ao longo de gerações, foram perdendo a prática de falar e escrever português, e decidimos apostar nesta vertente, procurando professores. Tínhamos uma grande procura por parte de 34 membros e das suas famílias”, adiantou Steve Andley, responsável pelo curso. Também ele é aluno, uma vez que, apesar das raízes portuguesas por parte da mãe, nunca aprendeu a língua.

Foram organizados quatro cursos, com dez pessoas em cada turma, mas a segunda edição está suspensa devido ao facto da docente, Isabel Pinto, se encontrar em Portugal. Mas tal deverá ser uma realidade no próximo ano.

O curso tem, contudo, uma contrapartida: apenas aceita membros do clube, que por sua vez só podem convidar seis pessoas cada. Alexandre Lui critica o facto do Club Lusitano não se abrir mais à comunidade neste campo.

“É difícil [o curso] divulgar porque o clube está um pouco fechado a pessoas que não sejam membros. A associação brasileira em Hong Kong, pelo contrário, tem feito muitas coisas. É pena que o Club Lusitano não tenha um maior acesso à comunidade.”

Isabel Pinto, a professora de português do Club Lusitano, foi viver para Hong Kong devido à mudança profissional do marido e, desde cedo, percebeu que existia uma lacuna na oferta formativa em português. A aposta agora é abrir uma escola onde se ensine português.

“Abri a minha actividade há poucos meses para poder começar como freelancer no ensino da língua e também noutros serviços linguísticos como tradução, interpretação e escrita de conteúdos. A minha ideia é expandir mais tarde, quando for o momento para isso”, garantiu ao HM.

Para Isabel Pinto, há várias razões que podem ser apontadas para esta escassa oferta formativa. “A comunidade portuguesa parece ser bem menos representativa em Hong Kong do que em Macau.

Geralmente, são pessoas com competências muito específicas e difíceis de encontrar na zona, como as áreas de engenharia, medicina e hotelaria. É raro encontrar pessoas da área das humanidades, e aquelas que o são podem já ter carreiras intensas que não lhes dão motivos para começar a ensinar português.”

Além disso, “também vejo alguma falta de interesse, também por não haver uma tradição de querer aprender português em Hong Kong”. “Tenho visto procura por línguas como o japonês, espanhol ou francês. O português aqui não tem raiz histórica importante como em Macau; é uma língua de nicho”, assegurou.

Vistos gold e afins

Isabel Pinto defende que o seu público-alvo está, sobretudo, na ilha de Hong Kong, onde reside a maior parte dos expatriados, mas não ignora o interesse que os chineses possam vir a ter. “Todos partilham um interesse por Portugal. Há um legado cultural e emocional por explorar, ou um objectivo profissional ou financeiro.

Quando digo financeiro, é preciso notar que a política dos vistos Gold é um claro atractivo para esse público.”

Também Alexandre Lui defende que a procura por aulas de português nos próximos tempos vai depender do sucesso da política dos vistos Gold em Portugal. “Graças à política de emigração dos vistos Gold, tenho muitas pessoas que querem aprender a língua, porque querem investir ou viver em Portugal. Eles não têm uma visão positiva sobre o futuro de Hong Kong, então procuram outras saídas.”

Ainda assim, Alexandre Lui prefere por organizar os interessados nos cursos de português em três grupos. “A maioria das pessoas aprendem por motivos de emigração, em segundo pelo trabalho, porque há pessoas que trabalham em empresas portuguesas ou brasileiras, e depois há quem estude mesmo pelo interesse. A Anita quis estudar, e foi uma das minhas primeiras alunas, por interesse, porque gosta mesmo de Portugal.”

Anita Wong, que acompanhou Alexandre Lui na entrevista ao HM, escreveu um guia turístico em chinês sobre Portugal e entregou na passada sexta-feira alguns exemplares em Macau.

Quando decidiu partir para uma nova aventura linguística, Anita Wong tentou o Instituto CAC, mas não teve aulas de imediato. “O português não é a língua mais popular, então tive de esperar três vezes para que tivessem alunos suficientes para abrir o curso.”

Anita Wong decidiu aprender português por mero interesse, depois de ter conhecido um amigo luso através do seu blogue na plataforma Yahoo, em 2009, onde escrevia sobre a sua equipa de futebol preferida: a Juventus. Hoje, viaja para Portugal todos os anos, apesar de saber dizer algumas palavras na língua de Camões.

Números “insignificantes”

Jason Santos, nascido no Canadá, é outro dos portugueses que reside em Hong Kong e que, em tempos, investiu numa escola de línguas que fechou o ano passado por questões financeiras.

“Não fechei por falta de alunos, porque tinha muitos, felizmente, sobretudo de inglês. Fechei devido a problemas de renda. Não quero voltar a tentar porque os custos em Hong Kong, seja onde for, são muito altos e o próprio investimento inicial é demasiado elevado. Tenho sempre querido fazer as coisas com qualidade”, contou ao hm.

Jason Santos nota que “há mais gente que procura [o ensino do português] mas incomparavelmente menos que outras línguas europeias”. Ao contrário do que pensam Alexandre Lui e Isabel Pinto, Jason Santos não vê um aumento de interesse associado aos vistos Gold.

“No que toca a Hong Kong, não posso concordar com a afirmação de que tenha qualquer relacionamento com vistos Gold e afins. Pelo que tenho visto e ouvido, os alunos são movidos por uma série de razões bastante pessoais, desde antigas famílias ou membros de família que vieram a dada altura de Macau, por exemplo, ou pelo facto dos descendentes sentirem interesse pessoal ou por outras razões. Haverá gente que procura português simplesmente por querer algo diferente.”

Perdido no meio de tantas línguas europeias, os números da procura pelo português continuam a ser “insignificantes”, assegura o professor, hoje a trabalhar numa escola pública. “A haver um aumento seria muito pequeno e por razões anómalas, e não uma tendência.”

Steve Andley nota algum interesse pela língua por questões económicas, mas assegura que no Club Lusitano os objectivos dos membros são diferentes. “O nosso clube representa isso, temos essa ligação à comunidade portuguesa, quer sejam nacionais ou de Macau. Para nós, [a situação] é diferente da generalidade do resto do público, porque os nossos membros querem voltar a ter uma ligação a Portugal e à cultura ao invés de quererem sair de Hong Kong.”

Ainda assim, o responsável nota mais interesse pela língua da parte de chineses que não só querem aprender coisas novas como têm interesses económicos. “Alguns têm vistos Gold e compraram casa em Portugal, ou desejam ter um visto.”

Perda de identidade

Jason Santos dá outro exemplo de como o português na região vizinha é mesmo um nicho, apesar de se notar uma ligeira procura. O professor chegou a dar aulas no St. Joseph’s College, uma escola que “há 140 anos era portuguesa”. Contudo, “hoje em dia esse legado praticamente não é conhecido ou referido”.

“Existem antigos alunos com quem tive a oportunidade de falar que se motivaram a aprender português devido a esse sentimento de pertença que tinham para com a escola, e daí saíram grandes oportunidades de negócios. Mas continuam a ser muito poucas as pessoas a querer estudar a língua.”

Isto porque “um indivíduo com passaporte de Hong Kong consegue entrar na União Europeia com relativa facilidade, são pessoas sempre mais viajadas que os compatriotas do outro lado da fronteira”. “Todos os dias falo com pessoas que querem emigrar, Portugal nunca vem à tona”, frisou Jason Santos.

Gonçalo Ramos, a residir em Hong Kong há 11 anos, acredita que “há cada vez mais pessoas à procura [de aulas de português], de dentro e fora da comunidade”.

“Há pessoas que pedem para ser adicionadas ao grupo ‘Portugueses no Facebook’, com intenção de procurarem quem as possa ensinar. Há também indicações de quem ensina português que diz não ter tempo livre e que inclusive procuram encaminhar solicitações para outros educadores.”

Casado e com duas filhas, Gonçalo Ramos tem, ele próprio, dificuldade em encontrar um professor para elas. Na sua visão, além das aulas do Club Lusitano, que “tiveram uma boa resposta”, deveria haver mais oportunidades. “As ofertas resumem-se a iniciativas privadas de indivíduos ou de poucas escolas e institutos”, assegurou.

Roy Tse conta que ele próprio teve dificuldade em encontrar alguém que o ensinasse. “É muito diferente encontrar lições ou um professor para aprender português em Hong Kong [comparativamente com Macau]. Em Hong Kong é mais fácil encontrar cursos de espanhol, holandês ou até grego. Felizmente, encontrei o Alexandre no grupo ‘Portugueses em Hong Kong, mas não tenho a certeza se ele é o melhor tutor, pois é do Brasil.”

O estudante de português assegura que, pelo menos, Alexandre Lui transmitiu-lhe os sons da Bossa Nova. “Também me falou da história de Portugal e de Macau. Seria óptimo se me ensinasse mais sobre fado”, rematou. Andreia Silva – Macau in “Hoje Macau”