Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 8 de julho de 2025

Cabo Verde – União Europeia apoia reforço militar

A União Europeia aprovou, esta terça-feira, uma medida de assistência às Forças Armadas de Cabo Verde, no valor de 12 milhões de euros


Trata-se de um acordo com duração de dois anos, destinada a fortalecer a capacidade militar do país.

De acordo com a Lusa, que cita um comunicado do Conselho da UE, a iniciativa ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, inclui o fornecimento de equipamento e serviços para patrulhamento e vigilância marítima, formação especializada e a entrega de um navio de patrulha oceânica.

O objectivo principal é de proteger a soberania marítima do arquipélago e reforçar a segurança regional.

Segundo a mesma fonte, a assistência insere-se na Parceria Especial UE–Cabo Verde e deve também potenciar a cooperação do país com as marinhas dos Estados-Membros da UE, particularmente através da iniciativa de Presença Marítima Coordenada.

Criado em 2021, o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz busca financiar acções da política externa europeia, promover a prevenção de conflitos, a preservação da paz e a estabilidade internacional, refere o documento. In “Jornal de Angola” – Angola com “Lusa”


Macau – Companhia portuguesa de teatro traz “Júlio César” e oficinas de teatro à Região

Entre 20 e 23 de Setembro, a companhia de teatro do Chapitô vem a Macau apresentar mais do que uma experiência teatral. Para além da dramatização da peça “Júlio César”, o grupo vai realizar oficinas de teatro físico e visual onde os participantes poderão aprender técnicas de improviso, criação de personagens e comunicação não-verbal, mais centradas na intuição do que no guião


O grupo de teatro português Companhia do Chapitô vai apresentar em Macau a peça “Júlio César” no dia 20 de Setembro, às 20:00, no Centro Cultural de Macau. Nos dias seguintes, entre 21 e 23 de Setembro, o mesmo grupo coordenará uma série de oficinas de teatro físico e visual na Casa Garden, destinadas a participantes com ou sem experiência no teatro.

A iniciativa conta com o apoio da Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos – ACLP), que reafirmou ontem em comunicado de imprensa o seu “compromisso” com a “promoção da língua e cultura portuguesas” em Macau, ao proporcionar, mais uma vez, um palco para o “diálogo intercultural e o desenvolvimento artístico na região”.

O espectáculo “Júlio César” é o primeiro ponto na programação do grupo artístico, com estreia prevista para 20 de Setembro, às 20:00, na Black Box I do Centro Cultural de Macau. Trata-se da 39.ª criação colectiva da companhia portuguesa, seguindo o tom mordaz, satírico e socialmente consciente, no limbo entre ficção e realidade, que caracteriza a maioria das peças anteriores. Na página do Chapitô, pode ler-se que o espectáculo se situa algures “entre a reconstituição histórica, o documentário e a paródia”, tomando como inspiração a vida de Júlio César como narrada “pelos grandes contadores de histórias, desde Plutarco a Shakespeare”.

“Se era ele um tirano que merecia morrer ou um herói brutalmente assassinado por conspiradores, venha o Diabo e escolha. Aqui não há heróis nem vilões, há circunstâncias e gente ardilosa que faz pela vida. Também há gente menos ardilosa que faz o que lhes mandam. E gente virtuosa que faz o que tem de ser feito. Arrasamos todos por igual”, contextualiza o grupo de teatro. A Somos – ACLP prossegue: “Fiéis ao seu estilo de teatro físico, os actores utilizam o corpo, o movimento e a gestualidade para criar personagens e transmitir emoções de forma universal, permitindo uma experiência acessível a diferentes públicos”.

A peça será apresentada em português e legendada em chinês, com duração aproximada de 90 minutos. No final da experiência, haverá “sessões de conversa e debate” entre os artistas e a audiência, de forma a promover “o intercâmbio cultural directo” e a “troca de ideias e reflexões”. Os bilhetes têm o valor de 200 patacas e já se encontram disponíveis na bilheteira ‘online’ Macauticket.

Por sua vez, as oficinas de teatro decorrerão nos dias 21, 22 e 23 de Setembro, no anfiteatro da Casa Garden da Fundação Oriente, com a lotação máxima de 20 participantes. As sessões serão conduzidas em inglês pelos formadores Jorge Cruz, Pedro Diogo e Susana Nunes, sendo ainda disponibilizada a tradução para chinês. As inscrições podem ser feitas na página da Somos – ACLP, onde é possível usufruir de um desconto de 10% até ao final de Julho.

Nestas sessões, tanto actores como amadores terão a oportunidade de “explorar as possibilidades de interacção e fusão entre diferentes formas de expressão artística”, ao aprender a construir narrativas e personagens “de maneira física e visual” que extrapolam o “texto falado” que consta dos guiões. Pretende-se, com estas estratégias, reforçar a ideia do teatro como algo físico, improvisado e cimentado em “técnicas de caracterização, uso do espaço e desenvolvimento de arquétipos e perfis psicológicos” – conceitos bem assentes nas metodologias e na visão artística do grupo português.

A Companhia do Chapitô foi fundada em 1996, contando já com quase 40 criações originais apresentadas em Portugal e pelo mundo fora e inúmeros prémios e distinções. A apresentação desta mais recente peça, “Júlio César”, tem o patrocínio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da RAEM e o apoio do Instituto Português do Oriente (IPOR) e da Fundação Oriente em Macau. Carolina Baltazar – Macau in “Ponto Final”


Timor-Leste – População optimista com futuro, mas preocupados com baixos rendimentos

A maioria dos timorenses está optimista com o futuro de Timor-Leste, mas continua preocupada com os baixos rendimentos, a falta de infraestruturas e escassez de emprego, concluiu um inquérito realizado pela Asia Foundation


O “Inquérito Tatoli”, que nesta edição entrevistou 1503 timorenses de todos os municípios do país, é realizado desde 2013 e tem como objectivo recolher as opiniões da população para produzir dados relevantes para as políticas públicas. “O inquérito concluiu que, embora 69% dos timorenses considerem que o país está a seguir na direção certa, os inquiridos continuam preocupados com os serviços essenciais e as oportunidades económicas”, refere o inquérito, divulgado na semana passada.

Os timorenses, segundo o documento, identificam os baixos rendimentos (53%), a falta de infraestruturas (36%) e a escassez de empregos de qualidade (27%) como os três maiores problemas a nível nacional.

Em relação à situação económica individual, apenas 53% consideraram que o seu agregado familiar está numa situação ‘boa’ ou ‘muito boa’, o valor mais baixo desde que a questão foi introduzida no inquérito, em 2016. “O inquérito também registou uma menor satisfação com vários aspetos dos serviços de saúde e educação, particularmente entre os inquiridos residentes em Díli. Estes resultados sugerem que as expectativas da população em relação ao bem-estar económico e à qualidade dos serviços públicos estão a aumentar”, salienta o documento.

Em relação às prioridades do Governo, 69% dos inquiridos indicou a saúde, seguida da educação e formação (59%) e estradas (58%). “Estas prioridades coincidem com as de 2023 e 2022, embora a ordem tenha mudado, sendo 2025 o primeiro ano em que a saúde surge como prioridade absoluta”, pode ler-se no relatório.

O inquérito demonstrou que as pessoas que residem em meios urbanos dão mais prioridade à saúde, educação e formação, enquanto os residentes rurais identificam as estradas, água e eletricidade como mais urgentes. A má qualidade da educação é a segunda maior preocupação entre os residentes urbanos (39%), dos jovens entre os 18 e 34 anos (28%) e das pessoas com alguma educação formal (20%).

A percepção sobre os serviços de saúde é geralmente positiva, com 78% a dizer que quando tiveram necessidade tinham médicos e enfermeiros disponíveis, 82% a admitir que a família é tratada com respeito nos centros de saúde locais e 58% a considerar que, quando precisaram, havia medicamentos disponíveis nos centros de saúde. “Curiosamente, os residentes em áreas rurais apresentam perceções mais positivas em todos os aspetos dos serviços de saúde do que os residentes urbanos. Esta tendência contraria os dados de anos anteriores, quando os residentes urbanos relatavam melhores experiências com os serviços de saúde”, pode ler-se no inquérito. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Centro Estudos Internacionais Iscte - II Jornadas de Pós-Graduação da Secção de Estudos Africanos da Associação Portuguesa de Ciência Política

A Secção de Estudos Africanos da Associação Portuguesa de Ciência Política organiza a sua II Conferência Doutoral no dia 18 de Novembro de 2025, no Iscte - Instituto Universitário de Lisboa. O evento pretende reunir estudantes e académicos em início de carreira cuja investigação incida sobre o continente africano e contribua para a produção de conhecimento nas áreas da ciência política, política comparada, economia política, teoria política e relações internacionais. A conferência pretende também acolher investigação que abarque perspectivas multidisciplinares e multi-metodológicas sobre a política africana.


O evento está aberto a estudantes de pós-graduação (mestrado ou doutoramento) e a investigadores juniores em pós-doutoramento.

Chamada de propostas: 1 Julho - 15 Setembro 2025

Submissão de proposta: para submissão de comunicação, por favor preencha o seguinte formulário: 

https://forms.gle/LPJHj7UDrb26rCGLA

Comunicação de resultados: 15 Setembro - 30 Setembro 2025

Formato: Híbrido (presencial e online).

Comissão organizadora

Edalina Rodrigues Sanches, ICS-ULisboa

Ana Lúcia Sá, Iscte - Instituto Universitário de Lisboa

Vasco Martins, Iscte - Instituto Universitário de Lisboa

Cláudia Generoso de Almeida, IPRI/NOVA

Alexandra Magnólia Dias, NOVA-FCSH

João Conduto, ICS-ULisboa

Contacto: sea.apcp@gmail.com


segunda-feira, 7 de julho de 2025

Cabo Verde - Quer “mais e melhor” investimento chinês

O ministro da Administração Interna de Cabo Verde disse à Lusa que Cabo Verde quer atrair investimento da China, que descreveu como “um dos principais parceiros” no desenvolvimento do país desde a independência. “Neste momento, já temos uma comunidade chinesa em Cabo Verde, essencialmente de pequenos e médios empresários”, afirmou Paulo Rocha.


O ministro disse que o próximo alvo é “atrair mais e melhor investimento [chinês] em diferentes sectores”, para diversificar a economia, muito dependente do turismo. O mar é uma prioridade e o Governo “procura parcerias” para implementar a Zona Económica Especial Marítima de São Vicente, cujo estudo foi feito com o apoio da China, recordou Rocha, durante uma passagem por Macau.

Também em Macau, em Março, o presidente da agência cabo-verdiana para o investimento externo, José Almada Dias, desafiou a empresa estatal chinesa Shaanxi Construction a aproveitar os 20 mil hectares que o país colocou ao serviço do turismo.

Paulo Rocha disse que seria “perfeitamente realista” Cabo Verde querer atrair turistas da China e de outros países asiáticos, sublinhando a presença forte de visitantes chineses na Europa e “ainda mais longe”. “Continuamos a fomentar investimentos neste domínio, crescem o número de hotéis em construção, o número de resorts, particularmente nas duas ilhas mais turísticas, do Sal e da Boavista”, disse.

Rocha defendeu que a China é, “sem dúvida, um parceiro confiável” de Cabo Verde e que tem sido “essencial no processo de desenvolvimento em diferentes setores” ao longo dos 50 anos de independência.

Cabo Verde beneficiou de múltiplos perdões de dívida por parte da China – nomeadamente cerca de 1,18 milhões de euros em 2007 e mais 1,39 milhões em 2016. Nas últimas décadas, a China consolidou a sua presença em Cabo Verde através de investimentos em obras públicas, incluindo o Estádio Nacional e a nova sede da Assembleia Nacional.

“Já nos próximos meses, iremos inaugurar uma importante maternidade na ilha de São Vicente, feita com o apoio do Governo da China, estruturante para toda a região do Barlavento”, realçou o ministro.

A cooperação estende-se à área da educação, com mais de uma dezena de bolsas atribuídas anualmente pelo Governo chinês. Desde 2010, centenas de estudantes cabo-verdianos frequentaram instituições de ensino superior na China. Alguns acabaram por ficar por terras chinesas, incluindo em Macau, e tornaram-se “verdadeiros diplomatas do (…) país, além daquilo que é a diplomacia oficial”, elogiou.

A diáspora cabo-verdiana é uma enorme reserva “em termos de capital humano” e que “contribui muito mais do que com as remessas, [ao] investir no sector produtivo do país”, acrescentou.

Paulo Rocha disse também que o país está a negociar com a China o financiamento do alargamento do sistema de videovigilância Cidade Segura a mais três cidades: Porto Novo, na ilha de Santo Antão, e Assomada e Tarrafal, na ilha de Santiago.

Fórum continuará a fomentar intercâmbio

Paulo Rocha foi um dos presentes na “Palestra alusiva ao 50º Aniversário da Independência Nacional de Cabo Verde”, co-organizada pela Embaixada de Cabo Verde na China e pelo Secretariado Permanente do Fórum de Macau. Subordinada ao tema “Cabo Verde: 50 Anos de Conquistas e Desafios – Papel de Diáspora e a Experiência de Macau”, contou com a participação de diversas personalidades.

O secretário-geral do Fórum de Macau, Ji Xianzheng, disse que o organismo continuará “a tirar o melhor proveito do papel de Macau enquanto plataforma sino-lusófona, contribuindo para fomentar o intercâmbio e a cooperação em diferentes domínios entre a China e Cabo Verde”.

Por sua vez, o embaixador de Cabo Verde na China, Arlindo Nascimento do Rosário, afirmou que o momento “não significa apenas uma data histórica para o seu país, mas também uma oportunidade para Cabo Verde mostrar ao mundo a força de uma nação que, apesar das dificuldades, persevera, reinventa-se e prospera”. “O Governo de Cabo Verde valoriza a relação com a China, especialmente com a RAEM, e a nossa diáspora. Macau ocupa um lugar especial no coração do povo cabo-verdiano, a diáspora cabo-verdiana em Macau e as suas associações não só fortalecem os laços de amizade entre os povos, como também promovem a integração social e económica da comunidade cabo-verdiana na RAEM”, prosseguiu.

Já Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, que esteve em representação do Secretário para a Economia e Finanças, referiu que “Macau e Cabo Verde são territórios aliados, desde sempre, por laços históricos, prosseguindo unidos pela vontade de se aliarem para trabalhar em prol da criação de mais e diversas oportunidades de desenvolvimento para as suas gentes e economias”.

O ministro Paulo Rocha, por seu turno, manifestou “gratidão” ao Governo da RAEM pelo “contributo valioso” que tem dado na aproximação entre a China e os países lusófonos, designadamente por via dos mecanismos do Fórum de Macau. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”


Internacional - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde em consórcio para criar vacina contra vírus transmitidos por mosquitos

Trata-se de uma vacina de largo espectro contra dengue, Zika, febre amarela, vírus do Nilo Ocidental e outros flavivírus que causam mais de 100 mil mortes anualmente


Especialistas de virologia, imunologia, biotecnologia e saúde pública de dez instituições de sete países europeus e dos Estados Unidos juntaram-se para, nos próximos três anos, desenvolverem uma vacina inovadora, designada Flavivaccine, contra flavivírus transmitidos por mosquitos com potencial epidémico, como o dengue, o Zika, a febre amarela e o vírus do Nilo Ocidental.

O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) é o parceiro português deste consórcio internacional, coordenado por Julien Pompon, do Instituto de Investigação para o Desenvolvimento (IRD), de Montpellier, França, no âmbito de um projeto financiado com mais de oito milhões de euros pela União Europeia através do programa HORIZON-RIA – Research and Innovation Actions.

O i3S foi convidado a juntar-se como «membro de excelência» na sequência do concurso “HopON” da Comissão Europeia, devido à experiência do grupo liderado por Joana Tavares em infeções transmitidas por mosquitos, e irá receber 540 mil euros para desenvolver a sua participação.

Nesta altura, estima-se que estas doenças (dengue, Zika, febre amarela e vírus do Nilo Ocidental) afetem anualmente cerca de 500 mil pessoas e causem mais de 100 mil mortes em todo o mundo. Mas, devido ao aquecimento global, os habitats dos mosquitos vetores (Aedes e Culex) estão a expandir-se para a Europa e para a América do Norte e o risco de surtos e epidemias de flavivírus tem vindo a aumentar de forma significativa. Quase toda a população humana está em risco de infeção por flavivírus, pelo que é urgente agir preventivamente e antecipar estratégias de vacinação, antes que as epidemias sejam cada vez maiores e mais frequentes e evoluam para pandemias.

«Atualmente não existem vacinas eficazes contra vários flavivírus transmitidos por mosquitos com potencial pandémico e, nos casos em que estas existem (como a vacina contra o dengue), têm muitas vezes limitações em termos de segurança, eficácia ou acessibilidade», explica a investigadora do i3S e Professora Auxiliar do ICBAS, Joana Tavares, que vai liderar a equipa portuguesa. O Flavivaccine, garante, «tem potencial para resolver estas questões, proporcionando uma plataforma segura, eficaz, flexível e de rápida aplicação».

Segundo Joana Tavares, esta proposta de vacina é de largo espetro e oferece uma abordagem preventiva alargada e mais segura, atuando na fase inicial da infeção resultante do contacto com o mosquito. O Flavivaccine tem como alvo componentes da saliva do mosquito. No final do projeto, garante a Investigadora, «pretendemos ter uma vacina candidata pronta para entrar em desenvolvimento clínico».

Além dos flavivírus já conhecidos, o consórcio internacional vai acompanhar de perto o potencial de emergência de novos vírus ainda não caracterizados, que podem representar futuras ameaças à saúde pública. «O nosso projeto centra-se no combate à ameaça global dos flavivírus, nomeadamente a dengue, a febre amarela, o Zika e o Nilo Ocidental, mas a vacina também tem potencial para proteger contra outros flavivírus, incluindo a encefalite japonesa», sublinha a investigadora.

Além disso, acrescenta Joana Tavares, «os flavivírus são particularmente propensos a mutações, o que aumenta a sua capacidade de saltar de uma espécie hospedeira para outra. Esta particularidade, combinada com os extensos reservatórios animais e os habitats em expansão dos seus vetores (como os mosquitos e as carraças), criam as condições ideais para o aparecimento de novos flavivírus, pelo que é necessário monitorizar todos os que conhecemos e que têm potencial para causar surtos e desenhar uma estratégia de vacinação capaz de se adaptar a um vasto número de vírus que ainda não conhecemos, mas que podem rapidamente emergir e conduzir a epidemias».

A consolidação de esforços numa única vacina contra múltiplos flavivírus transmitidos por mosquitos com potencial epidémico não só racionaliza a proteção das populações e reduz o número de hospitalizações, como alivia a pressão sobre os sistemas de saúde, diminuindo o impacto económico e social das doenças transmitidas por mosquitos, cujo custo anual ultrapassa os nove mil milhões de euros a nível global.

O i3S faz parte deste consórcio com uma equipa que integra três grupos de investigação: «Host-Parasite Interactions», liderado por Joana Tavares, «Gene Regulation», liderado por Alexandra Moreira, e «Nanomedicines & Translational Drug Delivery», liderado por Bruno Sarmento. Universidade do Porto - Portugal

Poemas de exaltação à mulher

Em “Maroceano”, seu novo livro, a potiguar Marize Castro dialoga em versos com outras grandes poetas

                                                                                                     

                                                                        I

Uma série de poemas dedicados a mulheres que abrilhantaram o cenário das letras no Brasil e no mundo é o que o leitor vai encontrar no novo livro da poeta e jornalista Marize Castro (1962), Maroceano (Natal, Una Editora, 2024). A exemplo do que fez em livros anteriores, a autora procura mostrar as lições que recebeu ao ler as obras de poetas que marcaram época na história da literatura universal, como a britânica Virginia Woolf (1882-1941), a norte-americana Elizabeth Bishop (1911-1979), a  norte-americana Laura Riding (1901-1999), a russa Marina Tsvetaeva (1892-1941), a portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), a brasileira Cecília Meireles (1901-1964) e a ucraniana de origem judaica naturalizada brasileira Clarice Lispector (1920-1977), transformando-as em peças literárias que se destacam por um estilo fluído e adornadas por passagens extremamente líricas  e suaves.      

Antes de tudo, porém, é preciso que se diga que Marize Castro faz parte de uma geração que renovou a tradição poética do Rio Grande do Norte, ao lado de Socorro Trindad (1950-2024) e Diva Cunha (1947), tornando-se uma respeitável expressão da literatura nacional, apontada que foi pela professora e ensaísta Nelly Novaes Coelho (1922-2017), no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras (2002), como “uma das fortes vozes femininas da poesia brasileira contemporânea”. E o fez num cenário em que, até há poucos anos, havia uma barreira disfarçada para os sentimentos femininos na poesia, já que, a exemplo de outros setores, na literatura sempre predominou uma visão machista.

Como escreve no posfácio deste livro a poeta Moama Marques (1983), professora de Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal da Paraíba, o verso rebelde de Marize Castro se manifesta logo no poema inaugural da obra em que diz que “a aterrissagem no feroz é a última esperança para um mundo justo, um mundo não desigual”. Com isso, parece querer dizer aos homens que já vai longe o tempo em que as mulheres “conheciam o seu lugar”, lema que um senador imerso nas trevas da ignorância quis recuperar com sua fala sexista durante recente entrevero com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na Câmara Alta. Eis o poema:

Observo-me entre homens / e mulheres-livros  / – nossos segredos não se quebraram / com as ondas / Um mundo justo, senhores / Um mundo não desigual, senhoras / Anjos no centro do mundo acasalam-se  / – após cada gozo, choram e dormem / Não esqueço: a aterrissagem no feroz / é a última esperança / Neste santuário – em segredo – / finco meu estandarte / De constelação em constelação / recuso-me ao banal / – para dizer o originário / esta escritura / renasce  

Em outras palavras: são poemas em que a autora dialoga em versos com outras mulheres, “mulheres-humanas, mulheres-bruxas, mulheres-feras, mulheres-escritoras, com as quais convive e comunga, porque todas têm algo a lhe ensinar”, como observa Moama Marques.

Aliás, em seu livro anterior, Jorro (Natal, Una Editora, 2020), Marize Castro já fazia referência em versos a duas mulheres que foram vítimas do arbítrio do poder oficial e do poder paralelo. Uma delas é a poeta, pintora e fotógrafa chinesa Liu Xia (1960), impedida de representar o marido, o escritor e professor Liu Xiaobo (1955-2017), na premiação em Oslo do Prêmio Nobel da Paz de 2010, já que ele cumpria pena de prisão, acusado que fora de “perturbar a ordem pública” por criticar o Partido Comunista.

A outra era a socióloga brasileira Marielle Franco (1979-2018), vereadora no Rio de Janeiro, que defendia os direitos humanos e denunciara vários casos de abuso de autoridade por policiais e milicianos contra moradores de comunidades carentes. E que, em 2018, foi assassinada a tiros por inimigos políticos, sem que, até hoje, os mandantes do crime tenham sido condenados.

         

                                                          II

Adepta do verso livre, Marize Castro destaca-se por sua linguagem fluente, rica e variada, com poemas em que os títulos saem da primeira frase, como se vê nestes versos dedicados a Virginia Woolf:

Aqui estou: tão antiga quanto você / – zelando segredos herdados de homens / e mulheres. Neste claustro, encontro-me / descalça.  Ajoelhada agradeço por nossas / perdas. Aprendi lendo você: a vida, se não for / abismo, será gelo. Mesmo estilhaçada, preciso / de espelhos e de crianças ensolaradas que / construam outros mundos. Necessito de um / lugar onde elfos subam em árvores / e a inocência seja o primeiro / e único planeta.

 O modo delicado como passa para o papel suas vivências e sua maneira de olhar o mundo também surpreendem nas duas pequenas crônicas que fazem parte deste livro, bem como neste poema escrito com o pensamento em Cecília Meireles: Em silêncio, entrarei em sua biblioteca  / – somente seu coração me verá / De minha espessa solidão / – calçada com meus pontiagudos sapatos – / entregarei a você o poema puro: / o ato original  

 

                                                          III

Marize Castro, nascida em Natal, é jornalista, formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Tem mestrado em Educação e doutorado (2015) em Estudos da Linguagem pelo Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN, com a tese “Areia sob os pés da alma: uma leitura da vida e da obra de Oswaldo Lamartine de Faria (1919-2007)”, que deixou vasta bibliografia acerca do cotidiano no sertão nordestino.

Tem textos publicados em jornais de todo o País, como o Caderno 2 de O Estado de S. Paulo e o extinto Jornal do Brasil, e em revistas de cultura, como Exu, de Salvador, Nicolau, de Curitiba, Revista do Escritor Brasileiro, de Brasília, e Poesia Sempre, do Rio de Janeiro. Seus versos já foram vertidos para o inglês pelo professor e crítico literário norte-americano Steven White e publicados nas revistas The American Voice e International Poetry Review, dos Estados Unidos.

De 1988 a 1990, foi editora do jornal cultural O Galo, da Fundação José Augusto, de Natal e, nos anos 90, editou Odisseia, revista multidisciplinar do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN, da qual foi a idealizadora e primeira editora. É autora ainda de Marrons Crepons Marfins (1984), seu livro de estreia; Rito (1993); Poço. Festim. Mosaico (1996); Esperado Ouro (2005); Lábios-Espelho (2009); Habitar teu nome (2011) e A Mesma Fome (2016). Edita seus livros por sua própria editora, a Una, que define “como deliciosa e desamparada viagem”.

Ganhou os Prêmio de Poesia FJA (1983) e o Prêmio Othoniel Menezes (1998). Grande difusora da literatura potiguar, é também autora de O Silencioso Exercício de Semear Bibliotecas (2011), sobre o trabalho da jornalista, poeta e bibliotecária Zila Mamede (1928-1985), e de Além do Nome (2008), livro que reúne entrevistas com os mais expressivos nomes da literatura no Rio Grande do Norte. Adelto Gonçalves - Brasil

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Maroceano, de Marize Castro. Natal, Editora Una, 110 págs., R$ 20,00, 2020. E-mail: unanatal@gmail.com

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Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Editorial Caminho, 2003; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imesp)/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015), Os Vira-Latas da Madrugada (José Olympio Editora, 1981; Letra Selvagem, 2015) e O Reino, a Colônia e o Poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. Escreveu prefácio para o livro Kenneth Maxwell on Global Trends (Robbin Laird, editor, 2024), publicado na Inglaterra. E-mail: marilizadelto@uol.com.br


Peru - Arqueólogos descobrem cidade com 3500 anos

Arqueólogos anunciaram a descoberta de uma cidade antiga na província de Barranca, no norte do Peru


Acredita-se que a cidade de 3500 anos, chamada Peñico, serviu como um importante centro comercial que ligava as primeiras comunidades da costa do Pacífico com aquelas que viviam nas montanhas dos Andes e na bacia amazónica

Localizado a cerca de 200 km ao norte de Lima, este sítio fica a cerca de 600 metros acima do nível do mar e acredita-se que tenha sido fundada entre 1800 e 1500 a.C. — mais ou menos na mesma época em que as primeiras civilizações floresciam no Médio Oriente e na Ásia.

Citados pela BBC, investigadores dizem que a descoberta esclarece o que aconteceu com a civilização mais antiga das Américas, a Caral.

Imagens recolhidas com drones divulgadas pelos investigadores mostram uma estrutura circular num terraço na encosta do centro da cidade, cercada por restos de construções de pedra e barro.

Oito anos de pesquisa no local revelaram 18 estruturas, incluindo templos cerimoniais e complexos residenciais.

Em edifícios do local, os investigadores descobriram objetos cerimoniais, esculturas de argila de figuras humanas e animais e colares feitos de contas e conchas.

Peñico está situada perto de onde Caral, reconhecida como a civilização mais antiga conhecida nas Américas, foi fundada há 5000 anos, por volta de 3000 a.C., no vale de Supe, no Peru.

Caral possui 32 monumentos, incluindo grandes estruturas piramidais, agricultura de irrigação sofisticada e assentamentos urbanos. Acredita-se que se tenha desenvolvido isoladamente de outras civilizações antigas semelhantes na Índia, Egito, Suméria e China.

A investigadora Ruth Shady, arqueóloga que liderou a investigação sobre Peñico e a escavação de Caral na década de 1990, revelou, citada pela agência de notícias Reuters, que a descoberta foi importante para entender o que aconteceu com a civilização Caral depois desta ser dizimada pelas alterações climáticas.

A comunidade de Peñico estava "situada num local estratégico para o comércio, para trocas com sociedades do litoral, das terras altas e da selva", acrescentou Shady.

O Peru abriga muitas das descobertas arqueológicas mais significativas das Américas, incluindo a cidadela inca de Machu Picchu, nos Andes, e as misteriosas Linhas de Nazca, esculpidas no deserto ao longo da costa central. In “MadreMedia Sapo” - Portugal


domingo, 6 de julho de 2025

Timor-Leste - Fundação Carbon Offset Timor – Plantar um futuro mais verde no país

Com mais de 219 mil hectares de terras agrícolas, Timor-Leste pode ser um exemplo na economia verde. No entanto, os agricultores — que representam a maioria da população rural — continuam a integrar o estrato social mais vulnerável do país


Segundo o relatório do Censo Agrícola de 2019, Timor-Leste dispõe de mais de 219 mil hectares de áreas agrícolas. A maioria da população rural dedica-se à agricultura, dependendo fortemente das plantações para garantir o sustento diário.

O Global Forest Watch indica que 67% do terreno timorense é coberto por floresta natural, contando com 1,01 milhão de hectares de áreas florestais em 2020. No entanto, tem havido uma tendência para a perda de “cobertura arbórea”, como mostram os dados de 2024, em que se registou uma perda de 1,36 mil hectares de floresta natural, o que equivale a 520 mil toneladas de emissões de CO.

A Fundação Carbon Offset Timor (FCOTI) é uma ONG local, instituída legalmente em outubro de 2018, mas que tem trabalhado na plantação comunitária de árvores desde 2009. A iniciativa já beneficiou mais de 225 famílias e mais de 2000 agricultores individuais em zonas rurais, contribuindo simultaneamente para a mitigação das alterações climáticas globais, através de créditos de remoção de carbono baseados no reflorestamento comunitário.

O Diligente entrevistou o diretor-executivo da FCOTI, Alexandre Sarmento, para falar sobre os projetos desenvolvidos ao longo da existência da fundação. Com apoio suficiente, o objetivo da FCOTI passa por alargar os serviços e beneficiar mais pessoas.

“Dependendo dos recursos, queremos expandir-nos para outros municípios em Timor-Leste e, eventualmente, para outros países vizinhos na região, especialmente a Indonésia Oriental e os Estados insulares do Pacífico”.

Atualmente, quais são as principais atividades desenvolvidas pela fundação?

Desenvolvemos ações de reflorestamento comunitário e agroflorestal, concedemos bolsas de estudo a estudantes do ensino secundário em Laclubar — em parceria com a GTNT-Darwin Austrália — e disponibilizamos microcrédito a agricultores que gerem os seus pequenos negócios. Também formamos mulheres da comunidade na confeção de marmelada, utilizando produtos locais, e reabilitamos pequenas infraestruturas, como salas de aula e casas de banho escolares em zonas rurais, em parceria com o Rotary Club.

A FCOTI também tem estabelecido contratos com o PNUD (UNDP em inglês) e com um projeto chamado EARTH (Enhanced Agroforestry for Resilient Timorese Households), em parceria com a World Vision. O EARTH é financiado pela União Europeia e pela World Vision.

Em que consistem os projetos Carbon Offset e Halo Verde?

O nome completo do nosso principal projeto de carbono é Halo Verde Timor Community Forest Carbon. Numa forma mais curta, chamamos de Projeto Halo Verde. Consiste em atividades agroflorestais e de reflorestamento, com agricultores dos municípios de Manatuto, Manufahi e Viqueque.

As atividades são pensadas e executadas segundo os princípios de não emissão de dióxido de carbono.

Quem são os principais parceiros da fundação?

GTNT-Darwin Australia, Rotary Club NSW, Australia, UNDP, JICA, World Vision & EU, The Plan Vivo Foundation no Reino Unido, vários compradores de créditos de carbono da Austrália, Europa (Dinamarca, Reino Unido, Portugal, Alemanha) e Estados Unidos da América.

Quais são as principais conclusões das pesquisas realizadas pela FCOTI sobre agricultura e alterações climáticas em Timor-Leste?

Normalmente, realizamos pesquisas regulares junto das famílias, para determinar as suas opiniões e perceções, e avaliar o impacto económico a nível familiar e ambiental. A última pesquisa foi realizada em 2021. Há uma pesquisa em curso (em 2025).

O que significa “Carbon Credit Sell” e como funciona?

Um crédito de carbono, também conhecido como compensação de carbono (carbon offset), é uma licença negociável que representa uma tonelada métrica de dióxido de carbono (ou seu equivalente em outros gases de efeito estufa) que foi reduzida, evitada ou removida da atmosfera. Esses créditos são gerados por projetos que mitigam ativamente as mudanças climáticas, como o desenvolvimento de energia renovável, o reflorestamento ou tecnologias de captura de carbono. Essencialmente, permitem que empresas ou indivíduos compensem as suas próprias emissões, apoiando projetos que reduzem as emissões noutros lugares.

Por exemplo, se um agricultor planta um hectare de árvores, esse hectare absorve 100 toneladas de CO2, então esse agricultor tem 100 créditos (uma tonelada métrica de dióxido de carbono é cotada em um crédito). Se um crédito custa 20 dólares, o agricultor ganha 2000 dólares.

Pode explicar o que é o Acordo de Pagamento de Serviços Ecossistémicos (PES Agreement)?

O acordo PES é um acordo entre o agricultor e a fundação. Define as tarefas e responsabilidades de cada parte. O pagamento aos agricultores varia, dependendo da sobrevivência da árvore e da venda do crédito de carbono no mercado, com base no preço esperado. Se essas duas condições não forem cumpridas, o pagamento aos agricultores será retido.

Porque é que os agricultores recebem pagamentos de 10 anos, se o acordo tem a duração de 30?

Uma vez plantada, uma árvore deve permanecer no solo por mais de 30 anos. Idealmente, nenhuma árvore deve ser cortada.

O nosso acordo inicial com os agricultores é de 10 anos. Terminado esse período, são oferecidos pequenos incentivos aos agricultores para que continuem a manter as árvores nos 20 anos seguintes. É importante observar que a maioria das nossas áreas são agroflorestais. A floresta é mais rentável para os agricultores que os créditos de carbono, cujo mecanismo gera apenas um dinheiro extra para os agricultores. Os créditos de carbono não devem ser tratados como o principal produto da floresta ou agrofloresta.

Quais foram os principais resultados alcançados até hoje?

Até hoje, mais de 250 mil árvores foram distribuídas e plantadas pelas comunidades. Temos mais de 150 hectares sob o programa de carbono e mais de 91 mil dólares pagos aos agricultores até 2024. Mais de 35 créditos de carbono vendidos em mercados internacionais, 226 acordos de PES assinados com as comunidades e mais de 600 bolsas de estudo concedidas desde 2011.

Quais os maiores desafios enfrentados pela fundação ao longo do tempo?

Somos uma pequena fundação local, timorense, com recursos limitados. Precisamos de aumentar a nossa capacidade em termos de administração, mas também em termos de estrutura, para que nos possamos expandir para outras áreas. Sem recursos suficientes, os nossos planos futuros ficam apenas no papel. Ainda temos vários desafios pela frente.

Os maiores desafios que enfrentamos na comunidade incluem o pasto de animais, a queima de florestas e a falta de registos de propriedade dos terrenos.

Que recomendações deixaria à sociedade civil, às instituições e ao Governo?

Todos nós precisamos de fazer a nossa parte e dar o nosso contributo para a Mãe Natureza. O que fazemos pode ser uma pequena gota no oceano. No entanto, se agirmos em conjunto, podemos ter um impacto maior.

Como podem os cidadãos ajudar ou envolver-se com a Fundação?

Qualquer agricultor pode participar no programa desde que cumpra com os critérios mínimos mencionados anteriormente.

Quais são os critérios utilizados para selecionar os agricultores participantes?

Por se tratar de um compromisso de longo prazo – 30 anos –, temos dois níveis de critérios.

O primeiro nível é para as terras elegíveis: a terra não deve estar sob disputa, não deve ser usada para desenvolvimento futuro de infraestruturas, como o alargamento de estradas, a construção de escolas e clínicas e, portanto, o local deve estar longe de áreas residenciais. A terra deve ser desmatada. É estritamente proibido, de acordo com o nosso guia, cortar árvores para plantar árvores.

No segundo nível, avaliamos os agricultores: devem ser timorenses, residir em áreas rurais, estar saudáveis ​​para plantar árvores, devem garantir a propriedade da terra e devem assinar um acordo connosco para cuidar das árvores sem as cortar ao longo desses 30 anos.

Existem planos para envolver jovens ou escolas em atividades de sensibilização ambiental?

Tentamos sempre envolver jovens e estudantes do ensino secundário em Laclubar, Lacluta e Lospalos, em ações de treino agroflorestal, como uma atividade extracurricular. Em Laclubar, além de oferecer bolsas de estudo, também oferecemos formação e treino em biodiversidade.

A fundação também ofereceu bolsas de estudo a 13 estudantes universitários. No entanto, devido à falta de financiamento, o programa foi descontinuado. Um dos nossos bolseiros universitários está agora a trabalhar com a fundação.

A FCOTI recebe financiamento do Estado timorense ou apenas de parceiros externos?

Durante a pandemia da COVID-19, o Governo de Timor-Leste concedeu um pequeno subsídio à FCOTI para cobrir os custos operacionais do escritório e manter o pessoal essencial. O Governo também concedeu um subsídio adicional em 2021, para a realização de atividades de campo, mas 93% do financiamento da fundação vem de parceiros internacionais, especialmente compradores de créditos de carbono.

Como é feita a monitorização dos resultados ambientais obtidos?

A monitorização anual é muito rigorosa e envolve o proprietário da fazenda e a equipa de campo: medem e reportam o crescimento das árvores, as taxas de sobrevivência, o diâmetro à altura do peito, a altura das árvores, etc. Os dados devem ser reportados ao Plan Vivo, que concede a certificação internacional ao nosso projeto. O relatório também é publicado no site. Reportamos regularmente às autoridades locais e mantemos uma boa relação com elas. Antónia Martins – Timor-Leste in Diligente


Guiné-Bissau - Hospital Nacional Simão Mendes regista aumento de casos de intoxicação por drogas entre os jovens

Bissau - O Hospital Nacional “Simão Mendes” (HNSM) tem recebido, diariamente, número considerável de adolescentes e jovens com elevadas quantidades de drogas no organismo, havendo igualmente registo de casos envolvendo adultos.

A informação foi avançada recentemente pelo diretor clínico do serviço de Urgência do HNSM, Bubacar Sissé, na sequência de  crescentes denúncias sobre a venda e o consumo descontrolado de diferentes tipos de drogas no país, sobretudo entre a juventude, mas também entre alguns adultos.

Em entrevista à Rádio Sol Mansi, Bubacar Sissé alertou ainda que os números tendem a aumentar nos fins de semana e em dias de espetáculos musicais, o que agrava a preocupação das autoridades de saúde.

" (…) Recebemos jovens com drogas e que chegam em estados graves com manifestações desta substância no corpo", explica.

O médico enfatizou os perigos associados ao consumo destas substâncias, destacando que elas são extremamente prejudiciais à saúde humana.

Bubacar alerta que entre os efeitos estão ansiedade, cancro nos pulmões, hipertensão, distúrbios mentais, problemas no fígado e até ataques cardíacos.

"Estas drogas afetam o nosso cérebro, o nosso sono, afeta o apetite, alucinação, falhas na memória e alguns têm comportamentos mais agressivos e existem casos de pessoas com comportamentos mais lentos. Isso muda totalmente a personalidade das pessoas", avisa.

O médico advertiu que muitos jovens correm o risco de desenvolver dependência total destas substâncias.

A situação, considerada alarmante e preocupante, segundo o médico, ocorre diante do silêncio das autoridades. Os casos mais graves, segundo relatos, são registados durante concertos musicais, em que o consumo parece intensificar-se.

Bubacar Sissé pede a atuação urgente das autoridades competentes  para travar o mal que diz estar a afetar gravemente a sociedade.

"Que controlem a fonte desta droga, porque, caso contrário,  vai continuar a ser expandida no país", exorta.

Para melhor compreender os efeitos das drogas, a Rádio Sol Mansi entrevistou também o diretor do Centro de Saúde Mental de Quinhamel.

De acordo com Domingos Té, a instituição acolhe atualmente mais de 50 pacientes, sendo a maioria jovens entre os 18 e os 25 anos, já toxicodependentes.

O diretor, que também é pastor, descreveu a situação como extremamente preocupante.

"Esta é uma situação muito preocupante e cada vez mais o nível dos problemas de transtornos mentais está a aumentar", lamenta.

Segundo o pastor, esta “doença” afeta principalmente a camada juvenil, e por isso, considera que as famílias devem assumir um papel mais ativo e responsável no combate a esse flagelo.

O pastor diz temer que o país venha a ter, num futuro próximo, uma juventude gravemente afetada pelo consumo de drogas, tendo em conta  o uso excessivo destas substâncias no dia a dia dos jovens.

Nos últimos tempos, a sociedade guineense tem sido confrontada com comportamentos negativos por parte da juventude, associados ao consumo de drogas, algumas das quais injetáveis e sintéticas. Muitas dessas substâncias são comercializadas sob nomes disfarçados, como “Mário Dias”, “Seco Tidjane”, “KÚS”, “MD”, “Blota” e “AX”, e muitas vezes o seu uso está associado ao consumo de bebidas alcoólicas.

Relatos indicam que os efeitos de algumas dessas drogas podem durar até três dias, provocando alucinações, alterações psicológicas e até picos anormais de adrenalina no corpo. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Rádio Sol Mansi”


Mil truques









Vamos aprender português, cantando

 

Mil truques

 

Deixar que vá a timidez

esperar que chegue a minha vez

por ter, razão mesmo sem ter

voltei a casa p´ra te vêr

 

Fazes mil truques sem cartas

usas o mundo que é teu

 

Deus que é Deus não fica a olhar

inerte sorrindo para o nosso lar

de olhos vendados eu tenho que crêr

que tudo o que vivo tem razão de ser

 

Longe o destino ou talvez não

mudas de casa não de coração

segues caminho levas-me contigo

qualquer lugar será um bom abrigo

 

Fazes mil truques sem cartas

usas o mundo que é teu

sinto que nunca desarmas

que a paz em ti já morreu

 

Fazes mil truques sem cartas

usas o mundo que é teu

sinto que nunca desarmas

que a paz em ti já morreu

 

Esboço - Portugal

Composição:

Jorge Sousa - Portugal