O Metro Ligeiro começa a circular na Linha da Taipa ao
início desta tarde e as viagens serão gratuitas até ao final do ano. As
primeiras carruagens vão partir da Estação do Terminal Marítimo da Taipa. Ao
Jornal Tribuna de Macau, André Ritchie, arquitecto que esteve à frente do
projecto durante oito anos, sublinhou que a circulação deste meio de transporte
é um “marco importante”. Como principal desafio apontou “alguma incompreensão”
por parte da população
Hoje,
às 15:33, partirá da Estação do Terminal Marítimo da Taipa o primeiro Metro
Ligeiro. A inauguração do novo sistema de transporte acontece logo pela manhã,
com a presença do Chefe do Executivo.
A
Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, S.A. referiu que será possível viajar
gratuitamente até ao dia 31 de Dezembro, uma vez que ainda não é conhecido o
tarifário. Durante o período das viagens gratuitas, serão distribuídas “moedas
plásticas” de uma única deslocação para os passageiros no controlo de acesso.
Ao
Jornal Tribuna de Macau, o arquitecto que esteve à frente do projecto ao longo
de oito anos frisou que a entrada em funcionamento do Metro Ligeiro “é um marco
importante para o sector dos transportes públicos” e deu os parabéns a toda a
equipa envolvida na materialização do projecto.
“Há
aqui muito trabalho, este projecto não é fácil, portanto, toda a parte da
materialização e também a entrada efectiva em funcionamento, a operação
comercial, criação de todos os diplomas legais e tudo isso que teve de ser
ultrapassado por ser a primeira vez”, frisou André Ritchie, antigo
coordenador-adjunto do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes.
Questionado
sobre os desafios que tiveram de ser ultrapassados ao longo do processo de
construção do Metro Ligeiro, o arquitecto apontou sobretudo para “alguma
incompreensão por parte da população”.
“As
vozes contra, fazem parte do processo e tornaram-se numa das grandes
dificuldades, mas faz parte porque se olharmos mesmo para o historial de
grandes empreendimentos em Macau, o Aeroporto quando foi lançado foi bastante
discutido, a própria Ponte da Amizade também teve vozes contra que questionavam
a necessidade. Quando há investimentos desta envergadura existem sempre vozes
contra, mas ainda bem que há pessoas que questionam se vale a pena”.
Ainda
hoje há quem questione a necessidade do Metro Ligeiro, assegura André Ritchie.
“Parece que não conseguem compreender o potencial que o sistema tem para tirar
alguns automóveis que circulam na estrada. Esse é um grande objectivo. Julgo
que nem toda a gente que vive em Macau tem consciência de que o número de automóveis
que está a circular na estrada só tem vindo a subir e não tem necessariamente
contribuído para o conforto na cidade”, sublinhou.
Isso
mudará com a entrada em funcionamento da linha da Taipa? André Ritchie acredita
que sim. “A entrada em funcionamento vai permitir que as pessoas possam ter
experiência própria do potencial que este meio de transporte tem. Quando falo
do potencial digo tendo em vista uma eventual expansão”.
Já
no que respeita à criação de uma linha na Península o arquitecto prefere não
fazer comentários, nomeadamente no que respeita aos desafios que o projecto
pode implicar. De qualquer modo, garante, “tudo depende do traçado”.
A
Linha da Taipa tem 9,3 quilómetros de comprimento e 11 estações que se estendem
entre os Jardins do Oceano e o Terminal Marítimo da Taipa, passando pelo
Aeroporto de Macau, Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança e Rotunda da
Universidade de Ciência e Tecnologia e Avenida Wai Long, “pelo que não só
abrange as zonas residenciais principais do centro da Taipa, os bairros antigos
e as zonas turísticas, como também liga os três postos fronteiriços importantes
por via marítima, terrestre e aérea em Macau”, indica a Sociedade do Metro
Ligeiro no “site”. O percurso entre a primeira e última estação, com paragens,
deve rondar os 25 minutos.
110 carruagens
O
Governo adquiriu 110 carruagens, cada uma com capacidade máxima para 100
pessoas. Cada composição terá entre duas e quatro carruagens, num total de 400
pessoas.
O
Metro Ligeiro irá funcionar de segunda a quinta-feira entre as 06:30 e as
23:15. De sexta-feira a domingo circulará até à meia-noite. O funcionamento é
suspenso em caso de tufão “porque o vento está muito forte e lixo ou objectos
podem entrar no viaduto”, explicou em Agosto Martin Leung, engenheiro-chefe da
Mitsubishi.
“Vamos
recolher o Metro no parque, é uma consideração técnica, mas também vamos
discutir com o Governo quanto tempo antes de içar o sinal 8 de tufão”, disse,
acrescentando que tem de ser tido em conta “o plano dos serviços colectivos”
pois será um problema se os autocarros estiverem em funcionamento sem o Metro o
estar ou vice-versa. “Temos de discutir com o Governo”, sublinhou.
A
viagem experimental para os meios de comunicação social durante a qual foram
feitas estas declarações foi algo “turbulenta” e não muito estável, no entanto,
Ho Cheong Kei, coordenador do então Gabinete para as Infraestruturas de
Transportes disse apenas que “algumas pessoas são mais sensíveis e depende do
estado da pessoa naquela altura”.
A
entrada em funcionamento do Metro culmina um longo historial de atrasos e
alterações orçamentais. Em Outubro de 2007, o Gabinete para o Desenvolvimento
de Infra-estruturas chegou a indicar que a construção da primeira fase do
projecto deveria prolongar-se até 2011 com um custo de 4,2 mil milhões de
patacas para 20 quilómetros de extensão divididos entre a Península e a Taipa,
com o traçado a incluir 23 estações entre as zonas das Portas do Cerco e do Pac
On. Na altura, admitia-se que a ligação entre Macau e a Taipa pudesse ser
efectuada através da Ponte Sai Van.
No
entanto, as obras apenas avançaram em 2011, já com algumas alterações
significativas ao projecto e com o orçamento a crescer para 7,5 mil milhões de
patacas, valor que “disparou” posteriormente para 16,4 mil milhões. No início
deste ano, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do
Rosário, actualizou o orçamento, apontando para um total de 18 mil milhões,
valor que inclui 11 mil milhões para a Linha da Taipa, 2,5 mil milhões em obras
não acabadas e 4,5 mil milhões para a ligação à zona da Barra.
A
próxima fase do projecto inclui a ligação à estação da Barra e a Linha de Seac
Pai Van. Está também em estudo a linha leste, que vai fazer a ligação ao
terminal marítimo do Pac On à zona A dos novos aterros e à Ponte Hong Kong
-Zhuhai-Macau.
A
Linha de Seac Pai Van terá 1,5 quilómetros de comprimento total e passará pela
Estrada do Istmo, pela Rotunda de Seac Pai Van e pela Estrada de Seac Pai Van.
Dispõe de duas estações: a de Seac Pai Van e a do Hospital das Ilhas. Inês
Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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