Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Macau - Metro arranca hoje com viagens gratuitas até ao final do ano

O Metro Ligeiro começa a circular na Linha da Taipa ao início desta tarde e as viagens serão gratuitas até ao final do ano. As primeiras carruagens vão partir da Estação do Terminal Marítimo da Taipa. Ao Jornal Tribuna de Macau, André Ritchie, arquitecto que esteve à frente do projecto durante oito anos, sublinhou que a circulação deste meio de transporte é um “marco importante”. Como principal desafio apontou “alguma incompreensão” por parte da população



Hoje, às 15:33, partirá da Estação do Terminal Marítimo da Taipa o primeiro Metro Ligeiro. A inauguração do novo sistema de transporte acontece logo pela manhã, com a presença do Chefe do Executivo.

A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, S.A. referiu que será possível viajar gratuitamente até ao dia 31 de Dezembro, uma vez que ainda não é conhecido o tarifário. Durante o período das viagens gratuitas, serão distribuídas “moedas plásticas” de uma única deslocação para os passageiros no controlo de acesso.

Ao Jornal Tribuna de Macau, o arquitecto que esteve à frente do projecto ao longo de oito anos frisou que a entrada em funcionamento do Metro Ligeiro “é um marco importante para o sector dos transportes públicos” e deu os parabéns a toda a equipa envolvida na materialização do projecto.

“Há aqui muito trabalho, este projecto não é fácil, portanto, toda a parte da materialização e também a entrada efectiva em funcionamento, a operação comercial, criação de todos os diplomas legais e tudo isso que teve de ser ultrapassado por ser a primeira vez”, frisou André Ritchie, antigo coordenador-adjunto do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes.

Questionado sobre os desafios que tiveram de ser ultrapassados ao longo do processo de construção do Metro Ligeiro, o arquitecto apontou sobretudo para “alguma incompreensão por parte da população”.

“As vozes contra, fazem parte do processo e tornaram-se numa das grandes dificuldades, mas faz parte porque se olharmos mesmo para o historial de grandes empreendimentos em Macau, o Aeroporto quando foi lançado foi bastante discutido, a própria Ponte da Amizade também teve vozes contra que questionavam a necessidade. Quando há investimentos desta envergadura existem sempre vozes contra, mas ainda bem que há pessoas que questionam se vale a pena”.

Ainda hoje há quem questione a necessidade do Metro Ligeiro, assegura André Ritchie. “Parece que não conseguem compreender o potencial que o sistema tem para tirar alguns automóveis que circulam na estrada. Esse é um grande objectivo. Julgo que nem toda a gente que vive em Macau tem consciência de que o número de automóveis que está a circular na estrada só tem vindo a subir e não tem necessariamente contribuído para o conforto na cidade”, sublinhou.

Isso mudará com a entrada em funcionamento da linha da Taipa? André Ritchie acredita que sim. “A entrada em funcionamento vai permitir que as pessoas possam ter experiência própria do potencial que este meio de transporte tem. Quando falo do potencial digo tendo em vista uma eventual expansão”.

Já no que respeita à criação de uma linha na Península o arquitecto prefere não fazer comentários, nomeadamente no que respeita aos desafios que o projecto pode implicar. De qualquer modo, garante, “tudo depende do traçado”.

A Linha da Taipa tem 9,3 quilómetros de comprimento e 11 estações que se estendem entre os Jardins do Oceano e o Terminal Marítimo da Taipa, passando pelo Aeroporto de Macau, Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança e Rotunda da Universidade de Ciência e Tecnologia e Avenida Wai Long, “pelo que não só abrange as zonas residenciais principais do centro da Taipa, os bairros antigos e as zonas turísticas, como também liga os três postos fronteiriços importantes por via marítima, terrestre e aérea em Macau”, indica a Sociedade do Metro Ligeiro no “site”. O percurso entre a primeira e última estação, com paragens, deve rondar os 25 minutos.

110 carruagens

O Governo adquiriu 110 carruagens, cada uma com capacidade máxima para 100 pessoas. Cada composição terá entre duas e quatro carruagens, num total de 400 pessoas.

O Metro Ligeiro irá funcionar de segunda a quinta-feira entre as 06:30 e as 23:15. De sexta-feira a domingo circulará até à meia-noite. O funcionamento é suspenso em caso de tufão “porque o vento está muito forte e lixo ou objectos podem entrar no viaduto”, explicou em Agosto Martin Leung, engenheiro-chefe da Mitsubishi.

“Vamos recolher o Metro no parque, é uma consideração técnica, mas também vamos discutir com o Governo quanto tempo antes de içar o sinal 8 de tufão”, disse, acrescentando que tem de ser tido em conta “o plano dos serviços colectivos” pois será um problema se os autocarros estiverem em funcionamento sem o Metro o estar ou vice-versa. “Temos de discutir com o Governo”, sublinhou.

A viagem experimental para os meios de comunicação social durante a qual foram feitas estas declarações foi algo “turbulenta” e não muito estável, no entanto, Ho Cheong Kei, coordenador do então Gabinete para as Infraestruturas de Transportes disse apenas que “algumas pessoas são mais sensíveis e depende do estado da pessoa naquela altura”.

A entrada em funcionamento do Metro culmina um longo historial de atrasos e alterações orçamentais. Em Outubro de 2007, o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas chegou a indicar que a construção da primeira fase do projecto deveria prolongar-se até 2011 com um custo de 4,2 mil milhões de patacas para 20 quilómetros de extensão divididos entre a Península e a Taipa, com o traçado a incluir 23 estações entre as zonas das Portas do Cerco e do Pac On. Na altura, admitia-se que a ligação entre Macau e a Taipa pudesse ser efectuada através da Ponte Sai Van.

No entanto, as obras apenas avançaram em 2011, já com algumas alterações significativas ao projecto e com o orçamento a crescer para 7,5 mil milhões de patacas, valor que “disparou” posteriormente para 16,4 mil milhões. No início deste ano, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, actualizou o orçamento, apontando para um total de 18 mil milhões, valor que inclui 11 mil milhões para a Linha da Taipa, 2,5 mil milhões em obras não acabadas e 4,5 mil milhões para a ligação à zona da Barra.

A próxima fase do projecto inclui a ligação à estação da Barra e a Linha de Seac Pai Van. Está também em estudo a linha leste, que vai fazer a ligação ao terminal marítimo do Pac On à zona A dos novos aterros e à Ponte Hong Kong -Zhuhai-Macau.

A Linha de Seac Pai Van terá 1,5 quilómetros de comprimento total e passará pela Estrada do Istmo, pela Rotunda de Seac Pai Van e pela Estrada de Seac Pai Van. Dispõe de duas estações: a de Seac Pai Van e a do Hospital das Ilhas. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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