Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 31 de janeiro de 2021

Moçambique – Novo programa de cooperação militar está a ser preparado com Portugal

Combate aos grupos em Cabo Delgado será prioridade de novo acordo de cooperação militar que sucederá ao de 2018. Este último termina em fevereiro de 2020, mas deverá ser prontamente sucedido por um novo pacto

Foto: AFP

Portugal e Moçambique estão a estudar ações de formação que possam beneficiar as forças moçambicanas no novo programa de cooperação militar entre os dois países, disse, esta quinta feira, (28.01), o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) português, almirante António Silva Ribeiro.

“Estamos a trabalhar com as autoridades moçambicanas para desenvolver novas ações de formação” que promovam “desempenhos operacionais acrescidos em termos das necessidades de Moçambique”, referiu Ribeiro, no final de uma deslocação de dois dias a Moçambique.

A visita a Maputo serviu para analisar “do ponto de vista técnico essas possibilidades de reforço da cooperação militar portuguesa em Moçambique”. A deslocação sucede à do ministro português da Defesa, João Gomes Cravinho, em dezembro, para preparar o próximo programa quadro de cooperação militar.

Moçambique e Portugal têm um acordo de cooperação na área da defesa desde 1988. Nesse âmbito, o programa em vigor arrancou em 2018 e termina em fevereiro, pelo que um novo acordo vai ser assinado “a breve prazo”, referiu o CEMGFA.

Capacitação de militares

Uma equipa técnica vai permanecer em Maputo para preparação do programa que Gomes Cravinho sinalizou em dezembro, após encontros com as autoridades moçambicanas, que Portugal vai apoiar Moçambique na organização logística e capacitação de militares para fazer face a grupos rebeldes que têm protagonizado ataques armados na província de Cabo Delgado.

Segundo o governante português, a formação, a ser feita em Moçambique, vai abranger as forças de intervenção rápida, forças especiais, fuzileiros e militares da área do controlo aéreo tático, tendo sido definidas como “áreas de interesse específico” a ciberdefesa, a cartografia, a hidrografia e a cooperação industrial de defesa.

“Nós estamos a falar de uma missão não executiva. O que nós vamos fazer é dar apoio às autoridades moçambicanas para que elas possam exercer a sua soberania”, frisou na altura João Gomes Cravinho. In “Portal de Angola” - Angola

 

Nações Unidas - Pandemia corta mais de 39 mil milhões de refeições escolares gerando crise de nutrição

Num comunicado conjunto, Unicef e Programa Mundial de Alimentos, PMA, informam que a situação afeta 370 milhões de crianças que deixaram de receber 40% das refeições no colégio. Muitos alunos têm nas escolas a sua única fonte de alimentação, as agências pedem que tema seja prioridade na reabertura das instituições de ensino



Um relatório das duas agências da ONU revela que o encerramento das escolas por causa do novo coronavírus gerou uma grande crise nutricional pelo mundo.

Segundo o estudo “Covid-19, perdendo mais que as aulas”, numa tradução livre, mais de 370 mil crianças foram afetadas. Muitas delas dependem da refeição escolar para sobreviver. O relatório foi compilado com o apoio do Instituto Innocenti, da Unicef, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA.

Transmissão

Desde o encerramento das escolas, em março passado, mais de 39 mil milhões de refeições deixaram de ser distribuídas em todo o globo. A chefe do Unicef, Henrietta Fore, disse que apesar das provas contundentes de que as escolas não são um centro de transmissão da Covid-19, milhões de crianças continuam fora das salas de aula. E para os alunos que só comem no colégio, o encerramento representa mais do que perder o ensino, as crianças deixam de receber a nutrição para crescerem.

Fore afirmou que à medida em que se espera a vacina e se discute a reabertura das instituições de ensino, é preciso priorizar a refeição escolar. Defende mais investimento na higienização com fornecimento de sabão e água limpa em cada escola ao redor do mundo.

Êxodo escolar

Um motivo de preocupação para a Unicef é o êxodo escolar. Com a pandemia, 24 milhões de alunos correm o risco de desistir da educação, o que causaria um retrocesso no aumento do número de matrículas, obtido nas últimas décadas.

O diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos, David Beasley, disse que a perda da refeição escolar prejudica o futuro de milhões de crianças pobres pelo mundo. E o risco é para uma geração inteira.

Durante a pandemia, houve uma redução de 39% na cobertura de serviços da refeição escolar incluindo programas de micronutrientes em países de rendimentos baixos e média.

Além disso, os projetos de combate à má nutrição infantil também foram prejudicados. Com o fecho do ano passado, em alguns países, toda a refeição escolar foi suspensa.

Adolescentes com anemia

Antes da pandemia, em 68 nações, pelo menos a metade das crianças entre 13 e 17 anos indicavam sentir fome.

Dados de 17 países indicam que dois terços dos adolescentes entre 15 e 19 anos estão abaixo do peso. E mais da metade das adolescentes no sul da Ásia sofrem com anemia.

Nas áreas mais afetadas pelo vírus ébola, em 2014, no oeste da África, a insegurança alimentar aumentou em países que já sofriam altos níveis de subnutrição. E esta mesma tendência ocorreu em muitas nações durante a crise da Covid-19 incluindo a África Subsaariana e o sul da Ásia.

As refeições escolares são vitais para garantir a nutrição, o crescimento e o desenvolvimento da criança além de ser um forte incentivo para os alunos, especialmente crianças nos países mais pobres e em comunidades mais marginalizadas.

E no caso das raparigas, estar fora da escola é um risco de ser vítima de casamentos forçados e de outros tipos de violência de género. ONU News – Nações Unidas


Tô nem aí


 







Vamos aprender português, cantando

 

Tô nem aí

 

De mãos atadas, de pés descalços

com você meu mundo andava de pernas pró ar

sempre armada, segui seus passos

atei seus braços pra você não me abandonar

 

Já nem lembro seu nome

seu telefone eu fiz questão de apagar

aceitei os meus erros, me reinventei e virei a página

agora eu tô em outra

 

Tô nem aí, tô nem aí

pode ficar com seu mundinho

eu não tô nem aí

tô nem aí, tô nem aí

não vem falar dos seus problemas

que eu não vou ouvir

 

Boca fechada, sem embaraços

eu te dei todas as chances de ser um bom rapaz

mas fui vencida pelo cansaço

nosso amor foi enterrado e descansa em paz

 

Já nem lembro seu nome

seu telefone eu fiz questão de apagar

aceitei os meus erros, me reinventei e virei a página

agora eu tô em outra

 

Tô nem aí, tô nem aí

pode ficar com seu mundinho

eu não tô nem aí

tô nem aí, tô nem aí

não vem falar dos seus problemas

que eu não vou ouvir

 

Tô nem aí, tô nem aí

pode ficar com seu mundinho

eu não to nem aí

 

Tô nem aí, tô nem aí

não vem falar dos seus problemas

que eu não vou ouvir

 

Tô nem aí, tô nem aí

pode ficar com seu mundinho

eu não to nem aí

 

Tô nem aí, tô nem aí

não vem falar dos seus problemas

que eu não vou ouvir

 

Luka – Brasil

 

Composição: Larissa Meira - Brasil


sábado, 30 de janeiro de 2021

Senegal - Gripe aviária está na origem da morte de 750 pelicanos


A gripe aviária causou a morte de pelo menos 750 pelicanos no grande parque ornitológico de Djoudj, no norte do Senegal, de acordo com os resultados dos testes revelados esta sexta-feira pelas autoridades senegalesas.

“Recebemos hoje os resultados das análises. É, de facto, gripe aviária tipo A H5N1, portanto gripe aviária”, disse o coronel Bocar Thiam, diretor-geral dos parques nacionais, à agência de notícias AFP.

A informação foi confirmada pelo ministro do Ambiente, Abdou Karim Sall, na rádio privada RFM.

Pelo menos 750 pelicanos – 740 jovens e 10 adultos – foram encontrados mortos em 23 de janeiro no Parque Nacional de Aves Djoudj, o que levou ao seu encerramento ao público, indicou o Ministério Ambiente na quarta-feira.

Um dos responsáveis do parque havia descartado a gripe aviária, pois, segundo a autoridade, não afetaria espécies que se alimentam de peixes como os pelicanos. Análises aprofundadas realizadas para o Ministério da Pecuária afirmaram o contrário.

As carcaças e resíduos de pelicanos mortos foram imediatamente destruídos e o acesso ao parque proibido ao público- “Mas “teremos que fortalecer as medidas” para evitar a propagação da doença, disse Thiam à AFP.

O Senegal abateu mais de 40 000 aves no início do ano após o surgimento no final de 2020 de um surto numa quinta privada em Thiès (oeste), onde cerca de 60 mil aves morreram nas semanas anteriores, de acordo com o ministério da Pecuária. Segundo as autoridades, esse surto já está extinto.

O Senegal, desde 2005, após a epidemia mundial da gripe aviária, encerrou as suas fronteiras aos produtos avícolas para evitar a contaminação, mas não conseguiu evitar o contrabando de países vizinhos, segundo as autoridades.

O vírus da gripe aviária também se está a espalhar em vários países europeus, incluindo a França, onde mais de dois milhões de animais de criação, principalmente patos, foram abatidos em dezembro na tentativa de conter a sua disseminação.

O Parque Djoudj, perto de Saint-Louis, é uma das principais atrações do Senegal para os entusiastas do turismo verde. Existem quase 400 espécies de pássaros, ou mais de três milhões de indivíduos. In “Green Savers Sapo” - Portugal


 

Cabo Verde - Recebe material militar no âmbito da Cooperação Bilateral com Portugal


Cidade da Praia – Cabo Verde vai receber na segunda-feira, 01 de Fevereiro, um conjunto de vários equipamentos militares da Marinha Portuguesa. no âmbito da cooperação bilateral entre os dois países, informou em comunicado o Governo cabo-verdiano.

A nota enviada à Inforpress avança ainda que, no âmbito cooperação bilateral entre Cabo Verde e Portugal, encontra-se no Porto da Praia o navio hidrográfico “Almirante Gago Coutinho”, em missões da Iniciativa Mar Aberto, “que visam contribuir para o esforço integrado de obtenção de conhecimento situacional marítimo, desenvolvimento científico e segurança cooperativa da comunidade internacional na região central do Oceano Atlântico e para a satisfação dos compromissos internacionais assumidos por Portugal com os países da CPLP”.

Diz a mesma fonte que, no âmbito da referida missão, terá lugar na segunda-feira, na Cidade da Praia, um briefing sobre a missão desenvolvida, a ser apresentada pelo Comandante do navio, o Capitão-de-fragata Francisco Calisto de Almeida.

Ainda, no âmbito da cooperação bilateral entre os dois países, constam do programa a cerimónia de entrega de vários equipamentos militares por parte da Marinha Portuguesa aos Fuzileiros Navais da Guarda Nacional, assim como a doação de 10 mil máscaras de protecção individual Covid-19 às Forças Armadas de Cabo Verde, por parte do Ministério da Defesa Nacional de Portugal.

Será ainda efectuada a entrega de diverso material doado por várias entidades e instituições portuguesas, da qual se destacam materiais para salas de aula, enviados pela Rede Intermunicipal de Cooperação para o Desenvolvimento (RICD), a fim de serem distribuídos a várias escolas de Cabo Verde.

Do conjunto dos materiais ofertados, estão incluídos ainda calçado e diversos artigos de solidariedade doados pela Associação Pétalas d’Ideias e material diverso procedente do Instituto Camões, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.

O acto será presidido pelo director Nacional da Defesa, Coronel Armindo Sá Nogueira, em representação do ministro da Defesa. In “Inforpress” – Cabo Verde


 

Angola – Governo encerra junta médica em Portugal

O governo angolano anunciou, neste sábado, que vai encerrar o sector da Junta de Saúde em Portugal, a partir de Fevereiro

Segundo a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, que falava em conferência de imprensa destinada a esclarecer as acções desenvolvidas e os passos subsequentes, pretende-se redefinir o processo de atribuição de junta médica em Portugal.

Dados disponíveis apontam que o país tem 245 pacientes e 130 acompanhantes as expensas da junta médica nacional, em Portugal. Cada paciente, segundo os dados, custa, em média anual, cerca de cinco milhões de Kwanzas.

Nas últimas décadas foram tratados, em junta médica em Portugal, 9360 pacientes e 5250 acompanhantes, com gastos anuais de cerca de seis milhões de euros.

De acordo com a ministra, a reestruturação da Junta de Saúde irá obedecer a normas e valores de regulação, inovação e pragmatismo, respeitando o princípio da igualdade de oportunidades, uma vez que não abrangia grande parte da população com patologias graves e sem tratamento a nível do país.

"Dai a necessidade de se fazer um corte a práticas que negavam oportunidades iguais para todos e não uniformização dos critérios", reforçou Carolina Cerqueira.

A ministra adiantou que a medida em causa visa reduzir os custos com os doentes em junta médica no exterior, tendo em conta a actual situação causada pela pandemia da Covid-19.

O país, conforme a ministra, está a conhecer grandes investimentos em infra-estruturas e em serviços médicos especializados a nível da saúde, exemplo da hemodiálise que era uma das principais lacunas no Sistema Nacional de Saúde, existindo já condições a nível de algumas capitais de província para o atendimento e o apoio aos doentes, tanto a nível de medicamentos como de assistência.

A ministra apontou as áreas de neoplasias, cardiopatias congénitas, prótese da anca e joelho, transplantes e a reprodução humana medicalmente assistida como as que mais movimentam pacientes em junta médica.

Carolina Cerqueira informou os serviços de saúde realizaram o cadastramento de todos os doentes em junta médica em Portugal e muito brevemente será efectuado o repatriamento dos que já receberam alta médica.

"Após um estudo e um trabalho aturado de equipas especializadas dos sectores da Saúde, Finanças e outros órgãos, o Executivo decidiu sanear a Junta de Saúde em Portugal e como acção imediata fez-se o cadastramento de todos os doentes para o seu regresso ao país e numa fase subsequente redefinir os novos moldes em que poderá funcionar no futuro, para atendimentos extraordinários para patologias específicas e casos concretos e excepcionalmente reconhecidas por especialistas como não possíveis de serem tratadas no país", reforçou a ministra.

Asseverou que as equipas que realizaram o trabalho de avaliação do Sector da Junta de Saúde em Portugal, nos domínios clínico, assistencial e financeiro, concluindo que existe a necessidade urgente de refundação e redefinição do papel da Junta de Saúde, para garantir a assistência no país dos doentes renais em hemodiálise ou transplantados, oncológicos, ortopédicos, hematológicos e oftalmológicos que correspondem a 91% das evacuações, através da potencialização e melhoria das condições de atendimento e tratamento nas unidades sanitárias a nível do país.

"A maior parte dos doentes já foi cadastrada, regularizados os subsídios em atraso, numa acção conjunta do Sector da Junta em Portugal em colaboração com a Embaixada, e iniciou o repatriamento dos pacientes com alta e consequente desactivação do sector dos que recusarem regressar ao país.

Esta acção, adiantou, visa defender os interesses do Estado e romper com práticas que se arrastam por muitos anos e que não dignificam a imagem do país, pela precaridade em que viviam os doentes no caso de atrasos dos subsídios para pagamento de assistência nos hospitais e nos locais de hospedagem, além das recorrentes manifestações públicas de doentes e seus acompanhantes à frente da embaixada de Angola e no Consulado em Lisboa.

A ministra reafirmou que o Estado não quer, com esta medida, divorciar-se do seu dever de garantir os cuidados de saúde das populações, que excepcionamente tenham que ser evacuadas, quando em risco de vida, mas sim estabelecer procedimentos que possam promover o bem-estar, a solidariedade e elevação da qualidade de vida dos angolanos, designadamente dos grupos populacionais mais desfavorecidos, velando para a promoção da igualdade de direitos e de oportunidades, tendo sempre como motivação o espírito de boa vontade, de bem-fazer e de compaixão humana. In “Angola 24 Horas” - Angola


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Portugal – Universidade de Aveiro desenvolve teste de saliva ultrassensível para a Covid-19


Investigadores do laboratório de Medicina do Genoma do Instituto de Biomedicina (iBiMED) da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveram um kit de saliva e um teste de saliva ultrassensível e altamente reprodutível para a Covid-19.

O trabalho resultou de uma parceria entre a UA, o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga (CHEDV-Santa Maria da Feira), o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV-Aveiro), o Centro Médico da Praça de São João da Madeira e a empresa nacional de engenharia de plásticos Muroplás, especializada no setor médico-hospitalar e com sede na Trofa.

O novo teste elimina o desconforto e a pesada logística da colheita de amostras com zaragatoa. Utiliza a robusta tecnologia de RT-PCR existente nos laboratórios nacionais, simplifica a automação dos processos laboratoriais, baixa o custo e facilita a testagem comunitária (lares, escolas, empresas, etc.).

A saliva é o principal veículo de transmissão do SARS-COV-2 – usamos máscaras para impedir a transmissão através de gotículas de saliva -, o que torna a sua colheita de fácil execução no domicílio ou no local de trabalho sem recurso a profissionais de saúde. Numa abordagem inicial os resultados dos testes com saliva mostraram que eram menos sensíveis do que os obtidos com colheitas por zaragatoa nasofaríngea, mas após ajustes no protocolo técnico, confirmou-se que a saliva pode igualmente ser usada na deteção de SARS-CoV-2 sem perda de sensibilidade. A autoridade reguladora da saúde dos Estados Unidos da América - Food and Drug Administration (FDA) - aprovou o uso de kits de saliva para a testagem de SARS-CoV-2 e vários laboratórios Europeus já os usam na rotina de testagem.

Para além das vacinas, os rastreios comunitários em larga escala, acompanhados de quarentena seletiva dos casos positivos são a única estratégia de controlo efetivo da Covid-19, sem confinamento da população. Contudo, a complexidade e os elevados custos envolvidos, em particular a necessidade de treinar e mobilizar profissionais de saúde para a testagem com zaragatoas, bem como os gastos associados a material de proteção individual, criam constrangimentos significativos à massificação dos rastreios.

Os investigadores da UA contornaram tais dificuldades substituindo a colheita efetuada com zaragatoa nasofaríngea por uma colheita de saliva. Com a colaboração do CHEDV, CHBV e Centro Médico da Praça, foi validado um novo método de RT-PCR altamente sensível e reprodutível, que permite testar em paralelo um grande número de amostras de saliva a baixo custo.

Em parceria com a empresa Muroplás, de engenharia de plásticos para o setor médico-hospitalar, foi desenvolvido um novo kit para a colheita de saliva, que pode ser enviado pelo correio ou outro meio para os laboratórios. O coordenador do Laboratório de Medicina do Genoma e diretor do iBiMED da UA, Manuel Santos, que coordenou este projeto de investigação colaborativa, considera que este novo teste representa um avanço significativo no controlo da Covid-19 por permitir a realização de testes na comunidade, de modo simples, a baixo custo, e fácil automação do processo laboratorial, possibilitando assim escalar o número de rastreios diários. Segundo Manuel Santos, o Kit de saliva desenvolvido pela empresa Muroplás também é útil para a recolha de amostras para a vigilância genética das variantes do coronavírus SARS-CoV-2, que o laboratório de Aveiro também avalia através de um projeto de investigação da Covid-19 financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Artur Silva, Vice-reitor da Investigação, Inovação e 3º Ciclo, indica que a situação enorme desafio que o país enfrenta desde março de 2020, responsabiliza todos na procura de novas soluções. Assim, a UA, atenta a estas necessidades, colocou ao serviço da população e da comunidade os recursos habitualmente destinados à investigação, em especial a realizar testes de rastreio do SARS-CoV-2. Contudo, a situação de pandemia, afirma o responsável, levou os investigadores a aplicarem-me fortemente na procura de novos testes de rastreio, de baixo custo, e fácil automação laboratorial, possibilitando assim escalar o número de rastreios diários.

Segundo Artur Silva é agora necessário e urgente a validação do método pelo INSA para se poder colocar ao serviço da população portuguesa. Universidade de Aveiro - Portugal


 

Brasil - Alunos do Conservatório de Tatuí conquistam bolsas de estudo em Portugal


Alunos do curso de Violino do Conservatório de Tatuí, no interior de São Paulo, os irmãos Pedro e Samuel Marcondes Pessan estão de malas prontas para Portugal.

Os jovens talentos foram selecionados para integrar a Orquestra Metropolitana de Lisboa e conquistaram bolsas de estudo para frequentar a Escola Profissional da Metropolitana. Eles já estão matriculados e só aguardam autorização do Consulado Geral de Portugal para embarcar para lá, o que deve ocorrer nos próximos dias. Eles também contaram com ajuda de amigos para que a família pudesse se mudar para o país.

A mãe dos estudantes, Claudia Cristiane Marcondes Pessan, conta que a família sempre teve forte ligação com a música, o que despertou o interesse dos filhos pela arte desde muito cedo. Ambos iniciaram os estudos musicais por volta dos 7 anos, no Projeto Guri de Praia Grande e, depois, de Jundiaí. Ali, tiveram aulas de teoria, flauta doce e canto coral, até chegarem à idade de escolher um instrumento musical, quando optaram pelo violino. Três anos mais tarde, por razões pessoais, a família teve que se mudar para o Rio Grande do Sul, onde não havia Projeto Guri, e passou a buscar novas opções musicais para os filhos.

“Participamos do primeiro Gramado in Concert. Durante o festival, o maestro Telmo Jaconi viu que tínhamos potencial e que poderíamos evoluir bastante. Ele, então, chamou a gente para tocar com ele na Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul”, lembra Samuel. A família, então, mudou-se para Porto Alegre e Samuel logo conquistou a função de Spalla (primeiro violino) da orquestra.

Pouco tempo depois, Pedro venceu o 1º Concurso de Violino da Casa da Música de Porto Alegre, na categoria de 9 a 11 anos, além de diversos outros concursos e festivais. Aaté conseguir entrar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Segundo a mãe, tratava-se de um curso de extensão para maiores de 18 anos. “Mas eles passaram na seleção e a faculdade abriu uma exceção. E me convidaram para acompanhar as aulas, porque o Ministério da Educação não permitia que eles fossem sozinhos na mesma classe com alunos maiores de idade. Eles tinham 9 e 11 anos, no meio dos jovens de 18 ou mais”, acrescenta.

Sempre apoiados pela família e pelo maestro Telmo Jaconi, no final de 2019, a família foi aconselhada a voltar para São Paulo, e acabaram passando no processo para o Conservatório de Tatuí. “Só havia duas vagas em violino para gente do Brasil todo. Sinceramente, não tinha muita expectativa de que eles passariam”, afirma. Pedro passou em primeiro lugar. Os outros filhos Samuel e Ana Beatriz (9 anos) ficaram na lista de espera e, depois foram chamados.

A família toda mudou-se para Tatuí. “O Conservatório de Tatuí é conhecido no mundo inteiro. E aqui eles teriam aulas adequadas para a faixa etária deles. Era um outro universo, uma linguagem diferente e eles estavam muito animados porque teriam amigos músicos da idade deles. Além disso, tinha o curso de harpa, que minha filha queria. E pesquisei também que é a única escola que recebe crianças a partir de 4 anos de idade. Eu tenho uma filha harpista, dois violinistas, eu estudo violoncelo – falei que viveria a vida inteira aqui”, afirma.

Portugal

Em agosto, sabendo dessas vagas em Portugal, incentivou as inscrições dos dois.

“Tudo seria feito pela internet e seria bom ver como eles se sairiam num concurso fora do país. Na primeira etapa, a escola só pediu o currículo. Eu mandei e eles entraram em contato dizendo que gostaram muito dos meninos porque, com tão pouca idade, eles já tinham uma grande trajetória. E tinham que ter boas notas na escola também, média superior a 9,6. Só na segunda etapa é que pediram vídeos”, conta Claudia.

A família, então, contou com a ajuda de vários professores para preparar os violinistas para a gravação destes vídeos. “Tivemos muito apoio da professora Elen Ramos, do Conservatório, e, também, do maestro Eduardo Augusto, do Instituto Bravo, que foi professor e maestro no Conservatório. Uma semana depois, os vídeos foram enviados e eles foram selecionados. Mas tenho certeza de que o que teve mais peso foi eles estudarem no Conservatório de Tatuí, que é reconhecido no mundo inteiro”, enaltece.

Selecionados, Pedro e Samuel vão integrar a Orquestra Metropolitana de Lisboa e, ainda, receberão bolsas de estudo na Escola Profissional da Metropolitana. Samuel deve cursar três anos do Ensino Médio. Pedro cumprirá dois anos finais do Ensino Fundamental e mais três anos do Ensino Médio. Ambos farão as aulas de música e prática orquestral no contraturno.

Toda a família deve se mudar para Portugal. Os estudantes já estão matriculados, mas aguardam a liberação dos vistos para poderem entrar no país. “Entregamos toda a documentação e estamos recebendo todo apoio do Consulado Geral de Portugal. Nós vendemos tudo que tínhamos – carro, móveis, eletrodomésticos, buscamos ajuda de amigos e fizemos uma vaquinha virtual para conseguir o dinheiro para comprar as passagens e fazer todos os passaportes. Também conseguimos, por intermédio de amigos, uma pessoa que vai hospedar a gente até termos os documentos necessários para alugar uma casa lá. Assim que formos autorizados pelo Consulado, embarcaremos para Portugal”, afirma Claudia. “E podemos embarcar a qualquer momento”, celebra Pedro.

O Conservatório de Tatuí – Fundado em 11 de agosto de 1954, o Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” – Conservatório de Tatuí (SP), como é conhecido internacionalmente – é uma das mais respeitadas escolas de música da América Latina. Oferece mais de 100 cursos gratuitos nas áreas de Música Erudita (instrumentos, canto e regência), Música Popular Brasileira, Artes Cênicas e Luteria. Atende aproximadamente 2.000 alunos anualmente, vindos de todas as regiões do Brasil e, também, de outros países, como Argentina, Chile, Coreia do Sul, Equador, Estados Unidos, Japão, México, Peru, Portugal, Síria, Uruguai e Venezuela. Sua importância no cenário musical é tão acentuada que garantiu à cidade de Tatuí o título de Capital da Música, aprovado por lei em janeiro de 2007. In “Mundo Lusíada” - Brasil


 

Brasil - Cancelamento do carnaval acentua impacto da pandemia na cultura popular


A classe artística costuma repetir que foi a primeira a fechar as atividades por conta da pandemia e deve ser a última a voltar. É uma situação que faz ainda mais sentido para a cultura popular, que tem na sua gênese as aglomerações e no carnaval sua expressão máxima. A folia pernambucana está longe de ser só festa. É um festival por onde desfilam expressões únicas da nossa cultura, como os maracatus, afoxés, caboclinhos, tribos de índios, cavalos marinhos. Todos exigindo muita gente reunida e muito contato físico – desde a preparação, com ensaios que reúnem multidões. Tudo que deve ser evitado em tempos de coronavírus.

No ano passado, a crise chegou logo depois do carnaval. Não teve São João, não teve Festival de Inverno de Garanhuns, não teve ciclo natalino. E, agora, também não vai ter carnaval. Para muitos grupos, é a receita de boa parte do ano. E faltando menos de quatro semanas para o que seria o início da folia, as prefeituras e o Governo do Estado ainda não se pronunciaram sobre como fica a sobrevivência de quem vive para fazer o carnaval.

“Muitos maracatus vão morrer. É difícil ficar um ano parado, muitos adereços e roupas se perdem”, lamenta o produtor cultural Elex Miguel, de Nazaré da Mata. Dos três maracatus em que ele trabalha, apenas um, o Águia Misteriosa, possui sede própria. E foi uma luta mantê-la todos esses meses, sem que nenhum dinheiro de apresentações entrasse.

Rifas, com prêmios custeados pela diretoria, foram usadas para pagar as contas. “Mas, na verdade, foi a comunidade quem nos sustentou. Compraram nossas rifas e, quando ganhavam, recusavam o prêmio, para a gente poder fazer outra rifa, e assim foi”, agradece Elex. Também foram feitas algumas lives, que arrecadaram cestas básicas para os brincantes – cerca de 40.

“Dias piores virão. Na zona canavieira, a safra acaba em fevereiro e o cortador de cana, sem auxílio e sem dinheiro do carnaval, fica sem perspectiva. O corte de cana só volta no final de agosto. E não estamos com nenhuma esperança para o São João. A vacinação vai demorar, só lá para dezembro é que devemos ter alguma paz”, acredita Elex, que já se vacinou contra a Covid-19 na primeira leva de Nazaré da Mata, por ser também agente de saúde do município.

Há seis meses, falamos com Mamão da Xambá, músico e produtor de festas da cultura popular em Olinda em uma reportagem sobre o cancelamento do Festival de Inverno de Garanhuns (Fig). Na época, ele estava com auxílio emergencial e vendendo instrumentos e equipamentos de som para sobreviver. De lá para cá, a situação teve altos e baixos. Quando as festas e músicas ao vivo em bares estavam liberadas, chegou a voltar a trabalhar. Mas a situação rapidamente mudou, com o recrudescimento da pandemia. “Cheguei a ter uns seis eventos cancelados no fim do ano passado”, diz.

Tem vivido fazendo dívidas no cartão de crédito e da Lei Aldir Blanc, que critica por conta das contrapartidas. No caso dele, a produção de um vídeo. “Você já gasta 20% com produtor do projeto e aí tem que gravar um vídeo como se fosse um show ao vivo. De R$ 3 mil que se consegue no edital, uma boa parte já vai embora para isso”, diz.

A Lei Aldir Blanc foi discutida ainda no primeiro semestre de 2020 para ajudar financeiramente a classe artística durante a pandemia. Os recursos começaram a ser liberados somente em setembro, por meio de editais das prefeituras, com várias categorias. Pernambuco recebeu R$ 150 milhões dos R$ 3 bilhões destinados pelo Governo Federal. Além de um auxílio por três meses de R$600, a lei também conta com editais para grupos e espaços culturais, que variam de R$ 3 a R$ 30 mil.


Desde então, a lei Aldir Blanc vem sendo usada como justificativa por governo e prefeituras para não oferecerem outros tipos de auxílio – além dos editais recorrentes – durante a pandemia. Do Festival de Inverno de Garanhuns ao ciclo natalino e, agora temem os grupos, o carnaval. E agora é muito mais doído. “É a principal fonte de renda dos maracatus”, lamenta Elex.

O que os grupos ouvidos pela Marco Zero querem não é carnaval na rua. Sabem que não é possível. Mas que seja realizado um carnaval online. E que o governo pague lives com os grupos. Ainda não há nenhum acordo com prefeituras ou o estado.

As obrigações que não podem ser canceladas

Carnaval não é só a festa profana. Para alguns grupos, é um momento também de celebrações religiosas. Se a parte profana segue indefinida, a religiosa é certa. Nos grupos ligados aos terreiros de candomblé, algumas obrigações já tiveram início e continuam até o carnaval.

Como são restritas para os praticantes da religião, não geram aglomerações. Mas algumas adaptações também foram feitas. No centenário Maracatu Leão Coroado, o pai de santo está afastado desde março por ser do grupo de risco para a Covid-19. Quem conduz os trabalhos no terreiro São João Batista é a yalorixá da casa, Giullene de Aguiar Neto.

“A gente começa a cuidar desde o dia 2 de novembro, na obrigação para os finados. Na semana do carnaval, sempre tem uma obrigação fechada no terreiro para pedir proteção para os brincantes. Mesmo sem ter o carnaval oficial a gente tem que fazer, não pode deixar”, conta a dirigente do Leão Coroado, Kariana Aguiar.

No Maracatu Nação Encanto do Pina, da mestra Joana D’arc, as obrigações também seguem, só com as pessoas que fazem parte do terreiro. “É o que nos mantém em pé. As obrigações para os éguns (antepassados), pras calungas e patroas da nação, Yemanjá, Pomba Gira. Não podemos deixar de fazer, mesmo que o carnaval não aconteça ou seja online”, diz Joana.

A Noite dos Tambores Silenciosos talvez seja o evento máximo do carnaval pernambucano na mistura do religioso e do profano. Não é, porém, algo tão antigo: foi criado em 1965 pelo jornalista Paulo Viana e pela carnavalesca Badia, na época em que se tentava criar um carnaval mais cultural. Naquela época, Pernambuco só perdia para o Rio de Janeiro em quantidade e tradição das escolas de samba.

A noite do Recife logo se tornou um evento especial. Além da celebração aos éguns, é um raro momento de comunhão entre os maracatus, que são rivais no desfile de carnaval. Em Olinda, a noite dos tambores silenciosos é realizada uma semana antes do carnaval, reunindo nove maracatus e termina com uma belíssima louvação em frente à Igreja do Rosário de Nossa Senhora dos Homens Pretos, com todos os maracatus reunidos e uma multidão em volta.

E como será esse ano? “A louvação na frente da igreja, com a cerimônia, não deve ter. Estamos vendo talvez uma live somente com representantes dos maracatus, algo simbólico. A preocupação maior é com a saúde das pessoas”, diz Marcionilo Oliveira, um dos diretores da Associação dos Maracatus de Olinda, que representa nove grupos da cidade.

As marcas da Covid-19

A pandemia jamais será esquecida pelos grupos de cultura popular. Vários grupos perderam amigos e integrantes. Marcionilo, que também faz parte do maracatu Maracambuco, conta que duas pessoas dos grupos de Olinda foram vítimas da Covid-19.

“Quando a gente sente na pele, quando começa a atingir quem você conhece, é muito sofrido”, diz. “Vai demorar muito para voltar como era. Quando vi que se chamava ‘plano de convivência’, já vi que ia demorar muito, que a gente ia ter que conviver com isso. E não é só gente vulnerável que morre. Perdemos uma pessoa jovem, um atleta. Me explique, como pode uma doença dessa?”, lamenta.

No afoxé Alafin Oyó também houve mortes. “A pandemia trouxe uma lupa e nos mostrou a total ausência do estado para os mais pobres”, diz Fabiano Santos, presidente do afoxé.


No maracatu Águia Misteriosa não houve infectados, mas foi seguido uma série de protocolos para proteger o fundador Zé Rufino, de 87 anos. De segunda a sábado ele vai até a sede do maracatu para bordar as fantasias. Quando ele está lá, os outros integrantes não vão. “Se alguém precisar ir, fica de máscara o tempo todo e longe dele”, conta Elex.

Um carnaval de lives

Para o carnaval, os grupos não querem sair, apesar de alguns deixarem transparecer uma mágoa disfarçada de ameaça. Querem que o carnaval de 2021 sirva como uma vitrine para a cultura popular pernambucana. A chance de se ter um carnaval estritamente pernambucano. Tudo online e, claro, com cachê.

“Está todo mundo triste e desesperado. Essa hora é a vez do grosso da renda de aderecistas e costureiras. E é toda uma cadeia que o carnaval gera que está parada. Com as prévias e ensaios, as pessoas das comunidades ganhavam dinheiro vendendo bebidas e comidas. Não há turistas também. Estamos vivendo um luto”, diz Marcionilo.

A Aldir Blanc não cobre nem de longe o que se ganha em um carnaval. O cachê do afoxé Alafin Oyó, por exemplo, pode chegar a R$ 18 mil por apresentação, com dez apresentações no período. “O edital da Aldir Blanc se propõe a cobrir um hiato que começou em 16 de março de 2020 sem apresentações. É uma lei emergencial para garantir a estrutura econômica dos grupos, mas só começamos a receber os valores no final do ano, mesmo a lei sendo do meio de 2020. É uma estratégia para não pagar agora o carnaval?”, questiona Fabiano.

Para Marcionilo, a Aldir Blanc funciona como um paliativo, mas pode ser que não seja suficiente para evitar a extinção de agremiações. “Um maracatu custa de R$ 100 mil a R$ 250 mil para ir para rua. Só um estandarte é uns R$ 15 mil. Não vou nem entrar nas fantasias da corte, que tem até fio de ouro. E tudo aumentou muito…fora as contas para manter uma estrutura de sede, com contas de água, luz. A gente já nasceu com a crise, mas ficar um ano sem carnaval talvez seja demais”, diz.

A ideia das lives é defendida pelo grupo Acorde Música, que reúne mais de 140 artistas e produtores, de várias áreas. E também por várias agremiações de Olinda, que se reúnem em três grandes grupos no WhatsApp.

Há meses todos tentam articulação com prefeituras e governo, mesmo sabendo que o valor de cachê das lives também não irá ficar perto do valor recebido em carnavais.

Com as prefeituras de Bezerros, Nazaré da Mata, Olinda e Recife, onde acontecem os principais carnavais de Pernambuco, há um certo diálogo, mas nenhuma resposta concreta, nada certo. “Está um empurra-empurra. As prefeituras dizem que precisam de uma resposta do Governo do Estado. E a gente tem um governo cada vez mais fechando as possibilidades, travando e impedindo. E as prefeituras dizem que precisam do aval do governo para se posicionar. Está cansativo”, conta Fabiano.

Em nota para a Marco Zero, que questionou para onde irá os recursos que estavam previstos para a realização do carnaval e se haverá apoio financeiro para as agremiações, o Governo do Estado diz que está “estudando possibilidades” e cita os recursos distribuídos por meio da lei Aldir Blanc (confira a nota completa abaixo). Há menos de quatro semanas, o que vai ficar no lugar do carnaval ainda segue indefinido.

“O Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Turismo e Lazer e da Secretaria de Cultura, segue estudando a possibilidade de apoiar os grupos e agremiações carnavalescas que tiveram suas atividades suspensas pelo cancelamento do Carnaval 2021. A decisão foi tomada em virtude dos índices da Covid-19 no Estado.

A Secult informa ainda que a cadeia cultural de Pernambuco recebeu, nos últimos 20 dias, injeção de R$ 48 milhões em recursos provenientes da Lei Aldir Blanc para atividade no primeiro trimestre do ano que atinge todos os segmentos e que parte importante desta verba beneficiou grupos de cultura popular ligados ao Carnaval.

O Governo de Pernambuco vem insistindo com as prefeituras municipais para que haja o cumprimento da determinação governamental sobre a proibição de prévias carnavalescas.” Carolina Santos – Brasil in “Marco Zero”

Maria Carolina Santos - Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diário de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com







 

Macau – Exposição colectiva itinerante nas ruas de Taipa

“Walking Culture – Outdoor and Indoor Collective Exhibition” é o nome da nova mostra itinerante promovida pelo espaço Taipa Village Art Space e que pode ser visitada a partir da próxima quarta-feira, dia 3 de Fevereiro. O público poderá ver cartazes nas ruas da vila da Taipa com obras de arte de artistas como Ana Aragão e Maxim Bessmertny, entre outros



Levar uma exposição para fora de portas de uma galeria de arte era um objectivo que João Ó queria atingir há muito. Mas só agora foi possível ao espaço Taipa Village Art Space cumprir esta ideia, que se materializa com a exposição itinerante “Walking Culture – Outdoor and Indoor Collective Exhibition”, inaugurada na próxima quarta-feira, dia 3 de Fevereiro, às 17h30, e que se mantém até ao dia 31 de Março.

Naquela que é a primeira exposição colectiva promovida pela galeria, a ideia é também mostrar a génese da vila da Taipa, do ponto de vista cultural e também do património. Desta forma, serão exibidos cartazes em locais como a rua dos mercadores, largo Camões ou rua dos clérigos.

“O próprio cartaz terá uma imagem da obra de arte e será maior do que a obra de arte em si”, descreveu João Ó, curador da mostra, ao HM. “A parte interessante desta exposição é a ampliação da obra e a sua exposição pública, o contacto inesperado com o visitante. Há esta ideia de uma vila que é única, a sua dimensão fora da cidade. As pessoas sentem-se à vontade”, apontou.

O visitante terá acesso a um mapa itinerante que explica a localização dos cartazes pelas ruas, e que ao mesmo tempo revela os edifícios emblemáticos da vila da Taipa. “Há uma mistura de toda a parte cultural que existe na vila. Estamos muito habituados a ir a uma exposição dentro de um espaço, e eu queria que as pessoas fossem a uma mostra fora, que tivesse uma natureza diferente”, frisou João Ó, que é também arquitecto.

Mas esta exposição não se fará apenas fora de portas, uma vez que na galeria Taipa Art Village serão exibidos as obras de arte originais, que passam por expressões artísticas tão diferentes como a impressão, pintura a aguarela, fotografia ou graffiti.

Trabalhos de fora

Nesta exposição colaboram artistas como P.I.B.G, Hugo Teixeira, Fan Sai Hong, Tong Chong, Allen Wong, Ana Aragão, Maxim Bessmertny, Lio Man Cheong, Chan Hin Io, Zinecoop (Hong Kong), Un Chi Wai, Bonnie Leong & Kitty Leung. Muitos deles já expuseram em Macau.

“Dos três artistas que já expuseram e vão estar na colectiva, alguns não estão cá e consegui pedir algumas obras. A Ana Aragão, que está no Porto, enviou um trabalho inédito para esta exposição, o Hugo Teixeira que foi estudar fotografia para os EUA também enviou um trabalho fotográfico e temos um ilustrador de Macau que foi viver para Taiwan e que enviou uma colagem. Todos eles têm a experiência deste território, mas há alguns artistas que estão a morar fora”, disse o curador.

As expectativas de sucesso desta mostra são muitas num território praticamente fechado ao exterior e onde há uma grande vontade de iniciativas culturais. “Estamos todos um pouco confinados e fartos de estar no mesmo sítio, e penso que vai haver bastante aceitação e as visitas vão ser muitas, porque há falta de actividades. Quando tivemos a última exposição em tempos de covid-19 atraímos muita gente”, concluiu João Ó. Andreia Silva – Macau in “Hoje Macau”


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Cabo Verde - Livro conta histórias de cabo-verdianas em Portugal além do estereótipo da empregada doméstica


Lisboa – A economista Georgina veio estudar, a professora Josefa chegou em criança e a estudante Carla nasceu por cá: são três das 11 histórias reunidas em livro para mostrar as mulheres cabo-verdianas além do estereótipo da empregada doméstica.

Georgina Benrós de Mello, economista, ex-ministra do Comércio e Turismo de Cabo Verde e que, até 2020, ocupou o cargo de directora geral da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma das histórias contadas na primeira pessoa no livro “Histórias e Memórias de Mulheres de Cabo Verde em Portugal”.

A obra produzida no âmbito do projecto Memória e Feminismos da UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta e coordenada por Teresa Sales foi lançada, a partir de Lisboa, numa sessão online que contou com a presença de algumas das mulheres retratadas.

“Temos sido levados a ver o papel das mulheres cabo-verdianas como trabalhadoras domésticas ou a assimilá-las ao universo musical. Mas as cabo-verdianas em Portugal são muito mais do que isso”, disse Teresa Sales, durante a apresentação do livro.

Foi por isto que, explicou, o projecto quis ouvir as histórias de mulheres cabo-verdianas que foram chegando a Portugal nas décadas de 70, 80 e 90 do século passado, bem como das gerações mais jovens, que já por cá nasceram.

Carla Fonseca é uma dessas vozes mais jovens.

Nascida em Portugal, casada e com filhos, reviveu no livro, mais do que a sua história, o percurso da mãe, chegada a Portugal de navio, fugida de casamento arranjado pelo pai e em busca de melhor vida.

“A minha mãe veio para Portugal com 14 anos. Foi uma vida sofrida, mas com perseverança conseguiu conquistar o seu lugar”, disse Carla Fonseca, sublinhando que o maior orgulho da mãe é o facto de os filhos terem conseguido estudar.

A tirar uma licenciatura em Psicologia, Carla sublinhou a importância que a sua família sempre deu à educação.

“A educação sempre foi tudo para nós”, disse, adiantando que a mãe, hoje com 67 anos, está no nono ano de escolaridade, cumprindo agora um sonho adiado desde a juventude.

Para a jovem, “todos estes testemunhos são importantes porque contribuem para enaltecer a comunidade cabo-verdiana”, traçando um retrato “de mulheres batalhadoras, filhas de mulheres batalhadores e que não têm medo de trabalhar”.

Para Teresa Sales, o “fio condutor” e que une as histórias de “superação e sucesso” destas mulheres “é o amor a Cabo Verde”, um país que Carla não conhece.

“Nasci em Portugal, mas sinto o cheiro da terra através da minha mãe. Não conheço Cabo Verde, mas não desisto porque sinto falta de conhecer e de ver a casa onde a minha mãe nasceu”, disse.

Ana Josefa Cardoso, professora e uma das docentes que integrou o projecto “Estudo em Casa”, outro dos testemunhos do livro, adiantou que, apesar de ter chegado com 6 anos de idade e ter passado a maior parte da sua vida em Portugal, mantém “uma ligação muito forte a Cabo Verde”.

“Este livro veio dar voz a uma comunidade de mulheres e testemunhar o que se faz de diferente”, disse, considerando que ainda há um conjunto de “ideias preconcebidas” sobre o que é a mulher cabo-verdiana.

“Quase que temos um destino traçado, mas nós podemos fazer sempre diferente”, reforçou.

Além destas histórias, o livro deu voz a outras mulheres, umas mais mediáticas como a professora e fundadora, com Georgina Benrós de Mello, da Organização das Mulheres de Cabo Verde, Alice Matos, ou a cantora Vilma Vieira, outras anónimas num leque de profissões que inclui operárias, jornalistas, desportistas ou escritoras.

Além dos 11 testemunhos, o livro inclui uma homenagem a Helena Lopes da Silva, destacando o contributo da médica e fundadora do Bloco de Esquerda, entretanto falecida, na luta pela libertação das antigas colónias portuguesas, nas causas feministas e na luta anti-racista. In “Inforpress” – Cabo Verde


 

Timor-Leste - Portugal mantém apoio na área da justiça

Díli – O Ministro da Justiça, Manuel Cárceres da Costa, efetuou hoje um encontro com o Embaixador de Portugal em Timor-Leste, José Machado Vieira, para discutirem os laços de cooperação na área da justiça.

“Apresentamos a nossa proposta ao Ministro da Justiça, Manuel Cárceres. O objetivo do encontro foi dar a conhecer o nosso propósito de continuarmos a apoiar o setor da justiça em Timor-Leste, nomeadamente na vertente da formação”, disse o diplomata, em declarações aos jornalistas, após o encontro com o Ministro da Justiça, no edifício do Ministério da Justiça.

O embaixador salientou ainda que Portugal assume o compromisso de prestar apoio ao setor da justiça, lembrando a presença de formadores portugueses especialistas no Centro de Formação Jurídica e Judiciária (CFJJ) para ministrarem cursos de formação destinados aos futuros agentes da justiça.

Entretanto, o Ministro da Justiça disse que fará um novo pedido ao Governo de Portugal para que dê continuidade ao apoio prestado a Timor-Leste no tocante à justiça, com destaque para a formação e a contratação de um assessor internacional para o Centro de Formação Jurídica e Judiciário.

O diplomata recordou, por último, que Portugal dará prioridade à consolidação do Estado de direito, educação e cultura. Nelson Freitas – Timor-Leste in “Tatoli”

 

Timor-Leste - INFORDEPE finaliza processo de recrutamento de 106 professores timorenses para Projeto Pró-Português

Díli – O Coordenador do projeto Pró-Português, Marino Tavares, disse que o Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação de Timor-Leste (INFORDEPE) deu por concluído o processo de recrutamento de 106 docentes timorenses no âmbito do Projeto Pró-Português.

“Finalizámos a 15 de janeiro o processo que nos permitiu selecionar 106 professores timorenses. Vamos agora aguardar atá darmos início à formação destes mesmos docentes”, afirmou Marino Tavares, à Tatoli, em Balide, Díli.

Segundo o coordenador, a formação será dividida em dois módulos. Caso não haja qualquer tipo de impedimento, em virtude de o país estar sob o estado de emergência, o módulo I terá lugar entre os dias 01 e 05 de março deste ano, com uma carga horária de 30 horas.

Já no que se refere à formação do módulo II, esta realizar-se-á entre os dias 15 e 31 de março em todos os municípios e na Região Administrativa Especial de Oé-Cusse e Ambeno (RAEOA), com uma carga horária de 130 horas.

O coordenador do projeto acrescentou que as formações serão ministradas por 15 professores portugueses, no âmbito do projeto.

Recorde-se que o INFORDEPE constituiu, entre os dias 18 a 31 de agosto de 2020, uma bolsa de 106 formadores nacionais de Língua Portuguesa para o exercício de funções de docência no Projeto Pró-Português.

Marino Tavares tinha antes revelado que a formação integraria duas fases, sublinhando que os docentes portugueses lecionarão cursos dos níveis de proficiência A2 (básico), B1 e B2 (intermédio) em todos os municípios do território.

O Pró-Português, financiado em mais de 18,5 milhões de dólares, decorre da cooperação entre o Ministério da Educação, Juventude e Desporto de Timor-Leste e o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P de Portugal, cujo protocolo foi assinado em setembro de 2019.

O projeto tem como objetivo melhorar as competências linguísticas de português de todos os docentes timorenses em cerca de três anos. Além do ensino presencial, será introduzida a modalidade do blended learning (b-learning), sendo que parte dos conteúdos será transmitida a distância.

O projeto abrange 65 postos administrativos de todo o território nacional. Nelia Fernandes – Timor-Leste in “Tatoli”