“Ano 2019 termina com retração de 5,9 por cento do
crescimento”, afirma o economista Aliu Soares Cassama
Bissau
– A economia guineense atravessa momentos difíceis devido a constante
instabilidade política e não diversificação da economia dependente da castanha
de caju, o principal produto de exportação do país.
A
constatação é do economista guineense, Aliu Soares Cassama numa análise de
retrospectiva e perspectiva económica da Guiné-Bissau para 2019/2020.
Cassamá
disse que 2019 está quase a acabar e que a economia nacional não registou um
crescimento aceitável, não obstante aos esforços que estão a ser feitos para
que se possa estar numa posição de convergência com alguns países da União
Económica e Monetária Oeste Africana.
Esta
situação, conforme o economista, deve-se às elevadas despesas não previstas e o
facto de o défice público nos meados de 2019 ultrapassar, significativamente, a
meta projectada no Orçamento.
“A
castanha de caju, principal produto de exportação, foi vendida a 500 fcfa em
2019 . É ano em que a Guiné-Bissau rubricou o acordo de livre comércio
africano, que estabelece a liberalização de serviços e mercadorias e tem como
objectivo eliminar as tarifa aduaneiras em 90 por cento, e em que se emitiu
títulos do Tesouro num montante de 10 mil milhões de francos cfa”, recordou
Aliu Cassama.
O
economista acrescentou que a inflação atingiu 1,3 por cento, num país que já
teve taxas anuais de inflação significativas com um percurso assinalável em
relação ao qual se deve orgulhar.
Disse
que, sendo um país com uma economia aberta ao exterior, importa a maior parte
dos bens de consumo para assegurar a estabilidade dos preços.
Para
além disso, é o ano em que se registou um défice fiscal na ordem dos 6 por
cento do Produto Interno Bruto (PIB), nível muito acima do previsto pelos
critérios de convergência da UEMOA e que
é igualmente o ano em que a taxa de financiamento da economia permanece
abaixo dos 15 por cento em relação a
media da mesma organização que é de 30 por cento.
Para
superar estas situações, o economista recomenda a diversificação da economia
guineense de modo a diminuir a sua dependência da castanha de caju, para evitar
que o país entre numa situação paradoxal.
Frisou
que, mesmo com muitos recursos, o país não vai conseguir crescer do ponto de
vista económico e passa a viver num ambiente de “estagnação ou de contracção
económica”.
Disse
que, apesar de as perspectivas serem favoráveis, a dependência das receitas da
castanha de caju deixa a economia numa situação de vulnerabilidade a choque
externo.
Por
estas e outra razões, o economista sugere ao governo a apostar na agricultura,
para trazer o alivio necessário à inflação nos bens alimentares, viabilizar
projectos de industrialização, com maior celeridade e pragmatismo, integração
dos agentes da economia informal na economia formal, o combate à corrupção, em todos os níveis, por
ser um flagelo que abala o aparelho do Estado guineense, “porque quando se fala
constantemente de corrupção os empresários sentem o medo de investir”.
O
economista encoraja o executivo a privilegiar acordos com o Fundo Monetário
Internacional (FMI) porque a economia nacional enfrenta uma situação financeira
adversa, por causa da quebra das receitas que teve sérias implicações nas
contas fiscais do país, na balança de pagamento e na economia real.
Sustenta
que um novo acordo com o Fundo pode relançar o crescimento económico através de
algumas medidas a serem implementadas para melhorar políticas fiscais, bem como
garantir maior solidez ao sector financeiro.
“Em
2020, o país precisa de continuar a crescer. Hoje já não há dúvidas que o
crescimento económico é a condição essencial para o desenvolvimento e sem esse
crescimento não há progresso”, disse o economista Aliu Soares Cassama. In “Agência
de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau
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