A
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai apresentar aos países
observadores associados uma proposta de alteração de estatuto, no primeiro
trimestre de 2020, disse à Lusa fonte da presidência da organização.
O
“regulamento de observador associado pode ser alterado, no sentido de se afinar
melhor e dar resposta ao crescente número de observadores associados”, admitiu
o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, que representa a
presidência rotativa da CPLP em Lisboa.
“Queremos
fazer essa adaptação, porque não era pensável há uns anos que nós pudéssemos
ter o número de observadores associados que estamos a ter. O que (…) é uma
coisa muito positiva, mas que nos coloca outros desafios. E daí a necessidade
de fazer alguns ajustes nos regulamentos”, afirmou o diplomata.
O
desafio é encontrar uma “plataforma de articulação” com os observadores
associados, que permita à CPLP maximizar estas suas relações.
O
responsável lembrou que, neste momento, o número de países observadores
associados da CPLP (19, 18 países mais uma organização internacional)) “já mais
do que duplicou o dos Estados-membros da organização” (nove), e considerou, que
ao ritmo a que têm surgido novas intenções e manifestações de interesse por
parte de vários países, “daqui a pouco triplicará”.
“Isto
para nós é uma coisa muito positiva, mas também coloca alguns desafios no sentido
de nós conseguirmos tirar também algumas vantagens disso, vantagens que sejam
globais, que interessem aos Estados-membros, mas também aos observadores
associados. E estamos a trabalhar nisso”, reforçou.
Neste
contexto, defendeu que o que “é importante” é que se possa criar na CPLP uma
“plataforma que incentive cada vez mais a cooperação entre esses países (…) e
os Estados-membros da CPLP”.
Eurico
Monteiro apontou alguns dos eixos onde essa cooperação deve ser reforçada:
promoção da língua portuguesa, concertação política e diplomática, no domínio
empresarial e também na cooperação técnica.
“Na
medida do possível, queremos também transferir e partilhar esses eixos com os
demais Estados que são observadores associados. E este é o grande desafio”,
afirmou.
Isto,
“além do que pode representar também para a CPLP a cooperação técnica nesta
matéria, que é um campo em que há muitos frutos que podem ser aqui protegidos”,
sublinhou.
Segundo
o embaixador, ficou definido, na última reunião do comité de concertação
permanente da CPLP, na sexta-feira, que a próxima reunião poderá ocorrer “no
primeiro trimestre de 2020”, antes da conferência de chefes de Estado e de
Governo, prevista para julho, em Luanda.
Segundo
outras fontes da CPLP, o que está também em questão, entre estas alterações. é
que os países observadores possam vir a ter uma contribuição anual para a CPLP.
Eurico
Monteiro confirmou também a intenção de Espanha de vir a ser observador
associado da CPLP, informação que tinha sido anunciada pelo ministro dos
Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, na Cimeira
Ibero-Americana.
“Tem
sido intenção, mas não tenho informação que me diga que o processo formal da
manifestação de intenção [da Espanha] já deu entrada. Pode ser que sim”,
afirmou o diplomata, quando questionado sobre o assunto.
Em
outubro, o secretário-executivo da CPLP já tinha afirmado, em declarações à
Lusa, que os países observadores associados da organização poderiam vir a
financiar projetos de cooperação, assunto a decidir na cimeira de 2020 em
Luanda.
“Tendo
em conta o número crescente de países observadores associados da CPLP, nós
estamos num processo de reflexão sobre a melhor forma de aproveitar todas as
potencialidades e de criar sinergias entre os países observadores e a CPLP”,
afirmou o embaixador Francisco Ribeiro Telles, à margem de um debate que
decorreu na Sociedade de Geografia, sobre o futuro da organização.
De
acordo com os regulamentos atuais, os países observadores associados terão de
partilhar os respetivos princípios orientadores da CPLP e poderão participar,
sem direito a voto, nas Conferências de Chefes de Estado e de Governo, bem como
no Conselho de Ministros, sendo-lhes facultado o acesso à correspondente documentação
não confidencial. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário