A
redação em português da Radio France Internationale (RFI), que emite para
países africanos de expressão portuguesa, vai sofrer cortes, segundo um novo
plano estratégico e uma petição já com mais de 200 assinaturas da comunidade
lusófona em França.
“O
medo é a redução da redação em português, que, a pouco e pouco, vai
desaparecendo. Esta redação emite para os países lusófonos em África e parece
que eles querem reduzir ao máximo a redação de português, até que um dia haja
só Internet, sem emissões, e depois acabe”, afirmou Luísa Semedo, conselheira
das comunidades portuguesas em França, em declarações à Lusa.
Luísa
Semedo foi a autora da petição online “Não à Morte da RFI em português”,
lançada em 24 de dezembro, depois de o consórcio público que detém a rádio, a
France Medias Monde, ter anunciado no início da semana a intenção de cortar
pelo menos 30 jornalistas nas redações da RFI em árabe, português e inglês,
através de um plano de despedimentos voluntários.
“O
plano de despedimentos voluntários ao qual a empresa não pode fugir tendo em
conta a sua estrutura orçamental, e que será ainda negociado com os
representantes do pessoal, vai ter impacto em 30 jornalistas e não haverá
qualquer despedimento compulsório”, respondeu fonte oficial da France Medias
Monde às questões da Lusa.
A
mesma fonte acrescentou que “o projeto prevê a supressão de cerca de 20 postos
de trabalho de jornalistas em árabe, sete ou oito em inglês e dois ou três
jornalistas em português”.
A
France Medias Monde agrega a RFI, que difunde rádio em diversas línguas para
diferentes pontos do globo sempre com atualidade ligada à francofonia, a
estação de televisão France 24, também difundida em várias línguas, e a rádio
Monte Carlo Doualiya, em árabe, ouvida em várias regiões do Médio Oriente e do
Norte de África.
Também
os trabalhadores se questionam se este é o fim da redação em português para
África da RFI.
Esta
redação conta atualmente apenas com oito jornalistas fixos e quatro em regime
de trabalho independente, tendo chegado a ter 15 jornalistas fixos.
A
produção e emissão da rádio em português acontece diariamente e é ouvida desde
São Tomé e Príncipe até Maputo, em Moçambique.
“Os
efetivos são já muito limitados e é a condenação a curto prazo da redação. O
projeto visa passar para uma redação de Internet, mas nem todas as partes do
Mundo estão suficientemente desenvolvidas para cortar a difusão por onda curta
e o FM”, afirmou Elisa Drago, representante do sindicato Force Ouvriére na
Comissão de Trabalhadores da empresa e jornalista há mais de 30 anos na rádio
francesa.
A
petição recebeu até agora mais de 200 assinaturas, tendo entre os primeiros
subscritores algumas das principais figuras das comunidades lusófonas em
França, mas, segundo lembra Luísa Semedo, a responsabilidade de lutar pela
manutenção do número de jornalistas em português na RFI não pode ficar apenas a
cargo da sociedade civil.
“Se
a France Medias Monde sentir que há do outro lado uma procura e que as pessoas
se preocupam com isto e não é uma questão acessória, eles podem abrir os olhos.
Isto pode vir da sociedade civil, mas também tem de vir da parte da
diplomacia”, indicou a autora da petição. In “Bom dia
Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
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