Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Portugal – Cientistas descobrem espécie de fungo que pode substituir pesticidas

A Universidade do Minho explica que o novo fungo, descoberto por cientistas do Centro de Engenharia Biológica daquela instituição de ensino em parceria com a Universidade de El Manar (Tunísia), "tem a característica particular de não infetar nem apodrecer as maçãs"



Uma equipa de investigadores da Universidade do Minho (UMInho) descobriu uma "nova espécie de fungo", a "Penicililium tunisiense", que pode "ser muito útil" para combater doenças em maçãs, permitindo "evitar o uso de pesticidas e químicos", anunciou hoje aquela academia.

Em comunicado, a Universidade do Minho explica que o novo fungo, descoberto por cientistas do Centro de Engenharia Biológica da UMinho em parceria com a Universidade de El Manar (Tunísia), "tem a característica particular de não infetar nem apodrecer as maçãs".

Os investigadores acreditam que "assim, a partir de agora, será possível combater, de forma natural, a podridão do bolor azul (Penicillium expansum), uma das doenças mais comuns na fase pós-colheita, responsável por causar grandes prejuízos nos frutos".

Fungo é seguro e não contamina alimentos

Ao contrário do Penicillium expansum, explica o texto, aquela "nova espécie Penicillium tunisiense, além de ter o potencial de combater doenças específicas, não produz patulina, uma micotoxina produzida pelo bolor azul que contamina alimentos, em especial, a maçã".

A instituição minhota adianta que "a nova espécie está agora preservada e disponível no catálogo da MUM - Micoteca da Universidade do Minho, podendo vir a ser explorada para combater a podridão do bolor azul".

A MUM - Micoteca da Universidade do Minho é uma coleção de culturas de fungos filamentosos sediada no Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho desde 1996 que tem como principal missão ser um centro de recursos para a preservação da diversidade fúngica e sua informação, e criar soluções para o desenvolvimento sustentável e para o bem-estar do homem.

Com mais de 750 estirpes no catálogo, a MUM, salienta a UMInho, "tem colaborado de forma decisiva para os avanços na ciência, tendo recentemente conseguido trazer para Portugal a única sede de uma infraestrutura europeia de investigação, a MIRRI - Microbial Resource Research Infrastructure".

O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho é um centro de investigação criado em 1995 e "altamente tecnológico", atuando nas áreas da Biotecnologia e Bioengenharia.

A atividade de investigação do CEB concentra-se nos setores ambiental, da saúde, industrial e alimentar. Nuno de Noronha – Portugal in “Sapolifestyle”

Portugal - A Torre e Igreja do Castelo de S. Jorge foram devolvidas à cidade

Graças à imaginação do padre Edgar Clara, Lisboa ganhou um novo miradouro. Na Torre da Igreja do Castelo de S. Jorge, tocar o sino é o mais divertido, mas contemplar a paisagem é o mais relaxante



É, sem dúvida, das alturas que Lisboa ganha outro encanto e o Tejo parece sempre novo. Ainda assente no que resta de muralha fernandina, esta torre do século XVIII é uma lufada de ar fresco num bairro claustrofóbico durante o dia, com apenas meia centena de moradores, mas milhares de turistas ruínas acima, vielas abaixo. Não precisamos de entrar no Castelo de S. Jorge para descobrir a renovada Igreja de Santa Cruz do Castelo e a sua torre sineira. Basta passar as bilheteiras do monumento, seguir até um pouco mais à frente e encontrar um amplo largo com a igreja pintadinha de fresco.

Abrir o património à vida cultural e turística dos bairros está na génese do trabalho diário do padre Edgar Clara, pois manter igrejas fechadas ou cobrar bilhete também não lhe faz sentido. Degradada, a Igreja de Santa Cruz do Castelo, no lugar onde se julga ter existido uma mesquita, estava ao abandono e a servir de poleiro aos pombos. “Tenho criado projetos sustentáveis para obter receita para as obras e a manutenção dos lugares”, explica o pároco da freguesia. Nesta igreja foi escuteiro e nessa altura tinha de se sentar no coro alto, perto do órgão, tal era a lotação esgotada nos bancos. “Agora, só celebro uma missa, ao sábado às cinco e meia, e quando tenho 15 pessoas sinto-me o Papa no Vaticano”, brinca.



Em parceria com a Signinum, empresa especializada em gestão de património cultural, o padre Edgar Clara garante o restauro da igreja, mais uma equipa de oito funcionários para vigiar e guiar as pessoas nas visitas diárias, cobrando bilhete apenas para subir à torre. É com a receita da torre que vai gerindo a manutenção da igreja, e trabalho de restauro não lhes falta. Apesar de esta não ser a igreja original (não sobreviveu ao terramoto de 1755) – nota-se que o telhado foi substituído nos últimos 40 anos ou que as colunas que parecem pedra afinal são de madeira – há algumas raridades a salientar. O batistério com uma escultura da Santíssima Trindade, em pedra de Ançã, do século XV ou um São Jorge de dimensão humana e as pernas arqueadas, pronto a ser levado pelos militares da GNR a cavalo na procissão de Nossa Senhora da Saúde, a mais antiga de Lisboa.

A subida à torre faz-se sem grande dificuldade, apesar dos 54 degraus da exígua escadaria. Lá em cima podem estar até 15 pessoas, em simultâneo. Os quatro sinos de bronze são de 1789, uma década após a construção da igreja. A panorâmica estende--se a São Vicente de Fora, à Ponte Vasco da Gama, ao terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, ao Mar da Palha – ali estamos mais elevados do que nos miradouros da Senhora do Monte ou da Igreja da Graça. E só o repicar dos sinos interrompe o momento de contemplação. Sónia Calheiros – Portugal in “Visão”




Torre e Igreja do Castelo de S. Jorge > Lg. de Santa Cruz do Castelo, Lisboa > T. 21 580 6032 > seg-dom 9h-21h (verão), até 18h (inverno) > €2, €3 (acesso rápido, sem espera), €6 (visita guiada) > torredaigrejadocastelo.pt

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

São Tomé e Príncipe - Acolhe a VIII Edição das Olimpíadas de Matemática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

São Tomé - São Tomé e Príncipe acolhe entre 2 a 8 de setembro de 2018 a VIII Edição das Olimpíadas de Matemática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP, visando fomentar estudos e talentos nesse domínio curricular, soube- se de fonte oficial.

Esta edição é organizada pela Sociedade Santomense de Matemática, da Universidade de São Tomé e Príncipe e do Ministério da Educação, Cultura, Ciência e Comunicação de São Tomé com a participação, por país, de uma delegação composta, no máximo, por dois professores e quatro estudantes não universitários, com menos de 18 anos de idade.

De acordo com o cronograma da competição, as Olimpíadas de Matemática da Comunidade dos Países se Língua Portuguesa, OMCPLP, surgiram com o objetivo de unir os Estados membros da CPLP através da “matemática, incentivar o desenvolvimento da disciplina e aprofundar a cooperação nesta área.

A melhoria da qualidade do ensino e a descoberta de talentos em Matemática, o desenvolvimento científico e tecnológico, fomentar o estudo da Matemática nos países lusófonos, a criação de uma oportunidade para a troca de experiências educacionais nacionais, a união e cooperação entre os países lusófonos para a criação de instrumentos que permitam a competição de alunos numa olimpíada internacional para os países de língua portuguesa, também circunscrevem outros objectivos desta competição lusófona.

As OMCPLP são uma competição anual entre jovens estudantes de países de língua portuguesa organizadas pela primeira vez em 2011, em Coimbra, Portugal, pela Sociedade Portuguesa de Matemática e pelo Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra.

A anterior edição decorreu em Porto, Portugal, São Tomé e Príncipe arrecadou uma medalha de prata pelo talento do aluno Adolfo Luiz e uma de bronze por Cemiltom Boa Morte ultrapassados pelos colegas de Brasil e de Portugal que dividiram 4 medalhas de ouro. Arcangêlo Dendê – São Tomé e Príncipe in “STP Press”

Brasil - Estudo avaliará deficiências competitivas na cabotagem e no apoio marítimo

O Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) contratou um estudo para identificar as principais deficiências competitivas nos mercados brasileiros de cabotagem e de apoio marítimo. O objetivo é discutir já com o próximo governo mudanças para que, futuramente, as empresas locais sejam tão competitivas quanto as internacionais. O sindicato defende que o marco regulatório (Lei 9432/1997) e o Fundo da Marinha Mercante são os pilares fundamentais para sobrevivência das empresas e para o crescimento da navegação brasileira no médio prazo.

O presidente do Syndarma, Bruno Lima Rocha, explicou que o objetivo do levantamento é comparar custos operacionais das empresas brasileiras com os de empresas estrangeiras em outros mercados, além de identificar o que é preciso corrigir para se tornarem mais competitivas internacionalmente. No apoio marítimo, a ideia é olhar o perfil de custos de dois dos principais mercados mundiais: Golfo do México e Mar do Norte.

“Para conseguirmos ser competitivos e termos preços de frete ou de afretamento de barcos de apoio competitivos em relação ao mercado internacional, precisamos discutir onde estão as diferenças entre nossos custos e custos internacionais”, disse durante o seminário “O Futuro da Indústria Naval”, promovido pelo jornal Valor Econômico na última segunda-feira (27), no Rio de Janeiro.

Na visão do sindicato, a cabotagem vem crescendo consistentemente há muitos anos, sobretudo transporte de contêineres. O vice-presidente do Syndarma e presidente da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), Cleber Lucas, destacou que a modalidade de navegação vem crescendo dois dígitos nos últimos 10 anos. Ele disse que o crescimento da cabotagem de contêineres foi de 13,1% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2017. “Crescendo mesmo com questões que roubam nossa competitividade mostra o que está reservado para cabotagem se esses pesos forem retirados da atividade”, ponderou.

No caso do apoio marítimo, o Syndarma acredita que possa haver novas encomendas em dois anos devido à recuperação do setor, ao aumento da produção e à maior participação de petroleiras estrangeiras, que podem passar a representar até 20% da demanda por barcos de apoio no mercado brasileiro no futuro. A associação destaca que o Brasil é mais competitivo nesse segmento na medida em que a maioria dos barcos em operação é de bandeira brasileira e construída em estaleiros nacionais. Danilo Oliveira – Brasil in “Portos e Navios”

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Dinamarca - Parque Nacional Thy: o santuário natural do país



O primeiro Parque Nacional em território dinamarquês foi definido a 29 de junho de 2007. A sua paisagem de dunas e charnecas foi decisiva para a classificação. Cerca de um ano depois, os 244 quilómetros quadrados de área classificada foram abertos ao público.

A paisagem de Thy compreende costas ventosas e sistemas de dunas cobertos por charnecas, prados ou plantações com um grande número de coníferas. Nesta área costeira do noroeste da península de Jutlândia, as areias à deriva atormentaram os habitantes locais durante séculos, invadindo terras e edifícios. Em 1800 a plantação de gramíneas e árvores foi organizada para evitar esta situação, dando origem à atual paisagem de Thy. Dadas as suas características, este parque nacional é um ótimo lugar para admirar a vida selvagem, principalmente cervos, veados e pássaros. O Aquário do Mar do Norte, a norte de Vorupør, permite observar e conhecer a vida marinha do Mar do Norte.

Mas o Parque Nacional Thy é também um local com uma forte relevância histórica e cultural, uma vez que toda a costa está cheia de remanescentes da maior rede de bunkers da Segunda Guerra Mundial no norte da Europa, sendo que existem locais específicos para conhecer este património, como é o caso do museu em Hanstholm. Um pouco por todo o território existem ainda túmulos fúnebres datados da Idade do Bronze.

Thy é atravessado por ciclovias e trilhos definidos para caminhadas que levam os visitantes até às melhores paisagens, numa visita única onde as dunas moldadas pelo vento tocam o mar. Neste Parque Nacional é possível pescar, fazer escalada, andar de bicicleta e a cavalo, enquanto se apreciam paisagens únicas. Além das dunas, há mais de 200 grandes e pequenos lagos, como Vandet Lake e Nors Lake (lagos cársticos). Na zona mais a sul está o lago Ørum e o lago salgado Flade, bastante ricos em nutrientes e habitat de muitas espécies.

Para quem visita a região, experimentar a gastronomia típica é entrar em contacto com a história local, uma vez que esta retrata a dependência da comunidade do mar. O peixe seco é a especialidade, destacando-se ainda as amoras, o mel e a cerveja Porse Guld. In “I Like This” - Portugal

Angola – A economia decresceu no 1º trimestre de 2018

O Produto Interno Bruto (PIB) do I Trimestre 2018, em termos homólogos, variou (-2,2%) em relação ao I Trimestre de 2017.



Análise Sectorial

O desempenho da actividade económica no I Trimestre de 2018 em relação ao I trimestre de 2017, em termos de variação negativa, é atribuído, fundamentalmente, às actividades de Pescas (-12,8%), Comércio (-8,8%), Extracção e Refinação de Petróleo (-7,3), Extracção de Diamantes e outros Minerais (-6,7%) e a Ágro-Pecuária e Silvicultura (-1,5%), respectivamente, de acordo com o gráfico 2.



Actividades que mais contribuíram ou participaram e constituíram factores importantes para o desempenho da actividade no PIB do I Trimestre de 2018 foram a Extracção e Refinação do Petróleo bruto e Gás natural com 33%, seguida do Comércio com 15%, Construção com 12% e a Administração Pública com 6% (gráfico 3). Instituto Nacional de Estatística – Angola



Para mais informações aceda aqui.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Um raio-X da Inquisição em Minas Gerais

                                                          I
Como tantas manifestações sociais registradas na História do Brasil que sofreram um certo abrandamento ao longo dos tempos, também o antissemitismo foi amenizado e começa agora a passar por um revisionismo graças a pesquisas nos arquivos brasileiros e portugueses, que deixam claro que a Inquisição, por intermédio de seus comissários, familiares, padres e bispos, perseguiu, torturou e queimou muitos cristãos-novos, especialmente os mais abastados. É o que mostra a historiadora Neusa Fernandes em A Inquisição em Minas Gerais no século XVIII (Rio de Janeiro, Mauad Editora, 2014) e A Inquisição em Minas Gerais: processos singulares (Rio de Janeiro, Mauad Editora, 2016).

Em suas pesquisas, a professora valeu-se principalmente dos processos inquisitoriais que estão no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, que revelam que os cristãos-novos alcançados pelas malhas da Inquisição, na maioria, estavam envolvidos no comércio do ouro e diamantes e de escravos, ainda que se dedicassem a outras práticas comerciais.  Através das redes comerciais espalhadas por Portugal, Brasil e várias regiões da África, esses cristãos-novos alcançaram notoriedade social e até mesmo poder em suas comunidades, o que lhes garantia a segurança necessária para que continuassem a desenvolver as práticas judaicas, de que nunca se desvinculariam.

Mas, como mostra a historiadora, essas práticas só começaram a incomodar as classes poderosas a partir do momento em que as atividades comerciais desenvolvidas por esses cristãos-novos passaram a subverter o projeto metropolitano que queria a colônia voltada para o comércio exterior, ou seja, para o fornecimento de matérias-primas para os grandes comerciantes de Portugal, que, como se sabe, eram também dependentes daqueles círculos europeus mais fortes, especialmente ingleses, holandeses, franceses e italianos. Aliás, como registrou em 1755, à época do terremoto, o insuspeito ministro Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), o marquês de Pombal, no século XVIII, “Portugal estava sem poder e sem força, e todos os seus movimentos eram regulados pelos desejos da Inglaterra” (vol. 2, pag.239).

À medida, porém, que a colônia americana se expandia, esse esquema começava a sair fora do controle metropolitano e europeu, especialmente em Minas Gerais, onde a descoberta do ouro e outras riquezas levou à formação em pouco tempo de uma sociedade urbana e mercantilista, que atraindo não só portugueses do Reino, formou um comércio interno e intercolonial, pois os comerciantes tinham também ligações com Angola, Moçambique e demais colônias portuguesas.

Como diz a autora em suas conclusões, esse mercado criava seus próprios elos e hierarquias, que se confrontavam com o poder de uma metrópole um tanto mambembe que lutava para manter sua própria autonomia na Europa, sempre preocupada com o possível avanço da vizinha Espanha em seu território, a exemplo do que já ocorrera na Galiza. E que precisava da Inglaterra para manter sua alegada independência.

                                               II
De fato, como corria risco o seu esquema de poder, a metrópole não encontrou outra saída que não fosse recorrer à Inquisição, que já tinha grande experiência na prática da repressão na Península Ibérica. E a instituição foi usada para perseguir aqueles que praticavam não só o descaminho do ouro e a sonegação fiscal como aqueles que faziam a ponte América-Europa, enviando a Londres ouro e pedras preciosas, como diamantes, esmeraldas e topázios, sem a intermediação dos grandes comerciantes da Metrópole. Na maioria, essas pessoas eram cristãos-novos. Ou melhor: cerca de 60% dos comerciantes na capitania de Minas Gerais eram cristãos-novos.

Um deles, Joseph da Costa, dedicava-se quase exclusivamente ao comércio negreiro em Angola. Obviamente, essa atividade era quase sempre clandestina e praticada de modo particular, como observa a historiadora. Portanto, os escravos passavam pela alfândega sem pagar os direitos aduaneiros, quase sempre com a complacência do juiz da alfândega e demais autoridades, que eram bastante susceptíveis ao suborno, quando não eram os próprios responsáveis pelo tráfico negreiro.

Aliás, embora pouco se diga isto nos livros de História do Brasil, a sonegação fiscal sempre esteve por trás dos planos que levaram à conjuração mineira de 1789, pois, se colocada na rua, a sublevação teria por objetivo também perdoar as dívidas dos grossos devedores, que eram exatamente aqueles que, como arrematantes de contratos de entradas e outros, recolhiam os impostos, sem repassá-los para a Coroa, obviamente, depois de “molhar as mãos” de governadores e capitais-generais, ouvidores e outros representantes da alta burocracia colonial para que fizessem vistas grossas.

Como observa a professora Neusa Fernandes, além de escravos, os cristãos-novos faziam a importação de todos os produtos necessários à população, desde gêneros de primeira necessidade até artigos de luxo. Não só eram os “donos do comércio” como também rancheiros, lavradores, vendedores ambulantes, ourives e fazendeiros. Naturalmente, também levavam suas crenças às casas onde se hospedavam ou comerciavam. De Lisboa, havia também cristãos-novos que comandavam essa grande rede de negociações.

Como a Coroa começava a se sentir lesada por essa prática, o governo metropolitano, ao perceber a presença maciça de cristãos-novos em Minas Gerais e outras capitanias, tratou de pressionar a Inquisição para que barrasse a ascensão dessa nova classe de mercadores na colônia, a burguesia cristã-nova que nascia do comércio, do dinheiro e do crédito.

Segundo a pesquisa empreendida pela professora Neusa Fernandes, em Minas Gerais, 11 cristãos-novos foram condenados à morte, entre centenas que foram presos pelo Santo Ofício. Na Bahia, teriam sido 160 os presos; no Rio de Janeiro, menos de 400; na Paraíba, 49, dos quais 28 mulheres – desses, dois foram condenados à pena capital e oito morreram nos cárceres.

Na maioria, os prisioneiros eram condenados por crime de judaísmo, mas havia aqueles que o eram por bruxaria, sodomia, bigamia, sacrilégio, idolatria, blasfêmia, superstições e outros. As penas variavam entre o garrote, a fogueira e o banimento, que atuava como uma forma de purificação dos pecados. Segundo a pesquisa, os banimentos para a África e para o Brasil eram as penas mais comuns, abrangendo 53% dos casos. Desses condenados, 60% eram cristãos-novos e a maioria formada por mulheres.

Como ressalta no prefácio o historiador Nachman Falbel, professor titular de História Medieval na Universidade de São Paulo (USP), este trabalho constitui uma nova e importante contribuição da autora aos estudos sobre os cristãos-novos. De fato, depois de infatigáveis pesquisas, a professora levantou 903 nomes de cristãos-novos que atuaram e passaram por Minas Gerais, “contrariando todas as expectativas e suposições dos estudiosos”. O que mostra, desde já, a importância do segundo volume (A Inquisição em Minas Gerais: processos singulares), que vem complementar as volumosas pesquisas que formam o primeiro volume, cuja primeira edição saiu à época da comemoração dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil.

                                               III
Neusa Fernandes, nascida no Rio de Janeiro, tem graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 1960, e em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), 1968, além de mestrado em História Social, 1999, e doutorado em História Social pela USP, 2002, e pós-doutorado pela UERJ, 2009. É pós-graduada em História pela Universidade de Madri.

Professora de História do Estado do Rio de Janeiro, título conquistado por meio de concurso público, no qual obteve o primeiro lugar, atuou em várias universidades cariocas. Foi pró-reitora de Pesquisa na Universidade Severino Sombra, em Vassouras, e diretora do Museu da República, Museu do Primeiro Reinado, Museu da Cidade e outras instituições. Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), presta serviços ao Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação. É vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (IHGRJ) e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras (IHGV).

É autora de 14 livros de História e de Museologia, entre os quais Eufrásia e Nabuco (Rio de Janeiro, Mauad, 2012), Efemérides Cariocas (Rio de Janeiro, 2016), em co-autoria com Olinio Gomes P. Coelho (Rio de Janeiro, 2016), e Dicionário Histórico do Vale do Paraíba Fluminense, em co-autoria com  Irenilda Cavalcanti e Roselene de Cássia Coelho Martins (Vassouras, IHGV/Nova Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2016). Adelto Gonçalves - Brasil


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Inquisição em Minas Gerais no século XVIII, vol. I, 3ª ed. revista e ampliada, 280 p., 2014; e Inquisição em Minas Gerais: processos singulares, vol. II, 1ª ed., 296 p., 2016, de Neusa Fernandes. Rio de Janeiro: Mauad Editora. Site: www.mauad.com.br
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Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela USP e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015) e Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

Moçambique – Novo aeroporto a construir na capital da província de Gaza com apoio da China

A construção de um novo aeroporto internacional no sul de Moçambique vai arrancar em outubro, anunciou o ministro dos Transportes e Comunicação, Carlos Mesquita.

A infraestrutura vai ser construída em Xai-Xai, capital da província de Gaza, com um financiamento chinês avaliado em 60 milhões de dólares (52 milhões de euros), anunciado em junho no âmbito de um pacote global para vários setores. A obra vai avançar depois de serem lançados dois concursos públicos na China e Moçambique, referiu Mesquita aos jornalistas.

O governante explicou que os concursos visam identificar uma empresa na China capaz de construir a pista de aterragem e equipamentos relacionados, enquanto em Moçambique será escolhido o empreiteiro responsável pelos acessos e serviços de apoio às atividades portuárias.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou a 19 de abril do último ano ser urgente a construção de um aeroporto na província de Gaza, sul do país, para servir de alternativa ao Aeroporto Internacional de Maputo.

«[Ter um aeroporto em Gaza] é viável, não é luxo, é uma necessidade urgente», afirmou. Por outro lado, o chefe de Estado referiu que um aeroporto na província de Gaza será um fator dinamizador da economia local. In “Revista Port. Com” - Portugal

Brasil - Comércio exterior: menos barreiras

SÃO PAULO – Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostram que a expansão do comércio internacional deve continuar em ritmo lento neste terceiro trimestre de 2018, em razão dos prejuízos que a guerra comercial entre EUA e China vem causando às trocas globais. Para piorar, o Brasil, que vive uma fase de incertezas em função das eleições presidenciais, viu os números de sua economia entrar em parafuso desde a greve dos caminhoneiros que paralisou o País em maio, a ponto de o ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) estar próximo de 1%, quando no começo do ano a previsão de crescimento andava em torno de 3%.

Obviamente, o quadro pode se agravar ainda mais se o presidente dos EUA, Donald Trump, cumprir a ameaça de aumentar tarifas de importação de carros, o que, certamente, redundará em retaliações.  Diante desse cenário de incertezas, é muito bem-vinda a iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de lançar a Coalizão Empresarial para Facilitação de Comércio, que pretende atacar, entre outros gargalos, barreiras que prejudicam as exportações.

Segundo a CNI, são 20 as principais barreiras comerciais no exterior contra produtos brasileiros, das quais 17 são levantadas por membros do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Esses obstáculos, identificados em mercados externos, atingem alguns dos principais produtos da pauta de exportações do Brasil, como açúcar, carnes, produtos elétricos e eletrônicos e suco de laranja.

Como mostra um estudo da CNI, para entrar no Japão, o suco de laranja brasileiro paga um imposto de importação mais elevado, de 25,5%, por sua composição natural conter mais de 10% de sucrose, enquanto para sucos de outros países de menor qualidade o imposto é de 21,3%. Já o México impõe normas para produtos elétricos e eletrônicos que não são baseadas em regras de referência internacional.

Segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), quando se consideram apenas as barreiras técnicas e as de medidas sanitárias e fitossanitárias, o Brasil perde anualmente cerca de 14% de exportações, o que redundou em 2017 numa perda de aproximadamente US$ 30 bilhões.

Além de denunciar os gargalos que dificultam ou impedem o acesso a mercados no exterior, a Coalizão pretende sugerir ao governo federal medidas que possam reduzir tempos e custos dos processos de exportação e importação. Afinal, ainda segundo o mesmo estudo da CNI, os atrasos ocasionados pela burocracia aduaneira aumentam em cerca de 13% os custos de exportação e em 14% os de importação.

Por isso, defende a CNI, é fundamental a implementação total dos programas Portal Único de Comércio Exterior e Operador Econômico Autorizado (OEA), lançados pelo governo federal em 2014. O que não se entende é por que iniciativas que buscam reduzir a burocracia acabam por demorar tanto para sair do papel, o que acaba por soar como contrassenso. Milton Lourenço – Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Casamansa – Associação do Canadá auxilia população refugiada na Guiné-Bissau



Com o filho nos braços, a mulher de 35 anos observa ansiosamente o desembarque de sacos de arroz, caixas de óleo, açúcar e sabão. Quando de repente os seus olhos iluminam-se: o seu marido conseguiu comida para várias semanas.

Aos 41 anos, este pai pretende sobreviver com ajuda alimentar para os habitantes de Basséré, aldeia da Casamansa, totalmente queimada pelo exército senegalês, forçando os aldeões a fugirem da sua terra natal para refugiarem-se na Guiné-Bissau desde março de 2018.

Em frente à mídia internacional que assiste à distribuição, dezenas de refugiados com uma calma serena receberam por cada família, das mãos de representantes da Associação de Assistência às Vítimas do Conflito em Casamansa, no Canadá, um saco de arroz, óleo, sabão e açúcar.

Os refugiados enviaram mensagens de agradecimento à Guiné-Bissau, Canadá, Quebec e à Associação às Vítimas do Conflito em Casamansa.



Numa Casamansa devastada desde 1982 por uma guerra que deixou mais de 15 mil mortos e desaparecidos, 50 mil refugiados na Gâmbia e na Guiné-Bissau, destruídas as infraestruturas e a economia arruinada, cerca de 1,5 milhão de pessoas sofrem de insuficiência alimentar.

A ajuda prestada pela Assistência às Vítimas do Conflito em Casamansa é um acto saudado pela diáspora e por todas as populações de Casamansa. Samsidine Badji – Casamansa

Angola - Segurança Social: Apenas 1,7 dos 7,5 milhões de trabalhadores estão inscritos

Apenas 1,7 milhões de trabalhadores estão abrangidos pela Segurança Social, segundo informação avançada pela ministra da Acção Social Família e Promoção da Mulher, Victória da Conceição que assumiu que o número "é muito inferior à dimensão real da força de trabalho existente no País, estimado na ordem dos 7,5 milhões".



Victória da Conceição afirmou que "apesar da obrigatoriedade legal de inscrição e vinculação dos trabalhadores por conta de outrem, por contra própria, do serviço doméstico e do clero religioso, ainda há uma "parte considerável" da população activa por cobrir pela Segurança Social".

A governante, que falava na abertura do seminário "Regimes de Protecção Social", referiu que "as estatísticas da Segurança Social mostram que 99% dos segurados estão vinculados ao regime dos trabalhadores por conta de outrem, lembrando que, nestes, estão incluídos os funcionários públicos, e apenas 1% se distribui pelos restantes regimes especiais de protecção social obrigatória".

"É por isso necessário alargar a cobertura do sistema de protecção social obrigatória aos trabalhadores agrícolas de pequena produção, das pescas, por conta própria, com frágil capacidade contributiva, as domésticas e empregadores urbanos das microempresas", explicou a ministra, reforçando que "é necessária inovação administrativa para assegurar a diversificação da economia".

"Além da necessidade de se expandir o sistema de protecção social obrigatório a novos grupos profissionais, é fundamental que se assegure também que as entidades empregadoras e os trabalhadores destes regimes especiais contribuam regularmente para o sistema", explicou.

Empresas incumpridoras da segurança social arriscam punição

O secretário de Estado do Trabalho e Segurança Social, Manuel Moreira, avisou, no mesmo seminário, que as empresas que não cumpram com os pagamentos à Segurança Social, pondo em risco o futuro do trabalhador, poderão ser punidas por lei.

Referindo que o agravamento da situação económica produziu uma diminuição do cumprimento das obrigações dos contribuintes e, simultâneamente, o aumento do risco de fraude e evasão, informou que o Executivo vai aprovar, em breve, dois projectos de diploma legal - um que estabelece o regime jurídico de vinculação e de contribuição da protecção social obrigatória e outro sobre o regime jurídico de regulamentação e cobrança de divida à Protecção Social Obrigatória.

"O Executivo pretende colmatar o vazio existente no ordenamento jurídico relativamente ao modo do incumprimento das contribuições, juros de mora e das multas, com vista a garantir os recursos financeiros necessários para o pagamento das prestações futuras aos segurados inscritos no sistema".

E em Março, o NJOnline, dava conta, numa reportagem, de que, em Angola há centenas de empresas que não garantem a reforma dos seus trabalhadores, apesar de lhes deduzirem os respectivos descontos nos ordenados mensalmente.

As pessoas vêem-se, assim, no fim de uma vida de trabalho, com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. In “Novo Jornal” - Angola

domingo, 26 de agosto de 2018

No meu canto


















Vamos aprender português, cantando


Sei que não te tenho
vou-te vendo a passar
sei que não aguento
mesmo assim vou esperar

Guardo na memória
um futuro que não passou
de um sonho bom

E penso sempre
será que me viu?
Eu quero acreditar
que sentiu
esta paixão que me eleva
e devolve ao vazio...

Eu grito
eu choro
sorrio
em segredo

Eu quero
o fogo!
Que frio
que medo

Será que um dia
sentirei amor outra vez?
Queria ser a única
mulher que tu vês

Para te abraçar e embalar
nesse futuro que não passou
de um sonho bom

E navego no sonho
a sorrir
desejo tanto que possas sentir
a verdade de cada palavra e ouvir
e ouvir

Eu grito
eu choro
sorrio
em segredo

Eu quero
esse fogo!
Que frio
que medo

Não consigo libertar-me de ti
és o livro mais lindo que li
vou ficando no meu canto à espera
que olhes
à espera que olhes p'ra mim

À espera que olhes p'ra mim

Rita Guerra - Portugal


sábado, 25 de agosto de 2018

Macau - A economia cresceu 6,0 % no 2º trimestre de 2018

No segundo trimestre de 2018 o Produto Interno Bruto (PIB) registou um crescimento homólogo de 6,0% em termos reais, visto que as exportações de serviços e a despesa de consumo privado subiram estavelmente. O crescimento económico do segundo trimestre foi inferior ao registado no trimestre anterior (+9,2%), sobretudo devido ao estreitamento do aumento das exportações de serviços e à diminuição acentuada do investimento. No primeiro semestre a economia registou um crescimento homólogo de 7,6%, em termos reais.

A procura externa manteve-se ascendente, com um acréscimo anual de 13,0% nas exportações de serviços, com destaque para +13,7% nas exportações de serviços do jogo e +13,0% nas exportações de outros serviços turísticos, tendo as exportações de bens subido 30,0%.

A procura interna desceu tenuemente, arrastada essencialmente por uma contracção anual de 11,9% no investimento. A despesa de consumo privado e a despesa de consumo final do governo aumentaram 5,3% e 5,1%, respectivamente, enquanto as importações de bens subiram 10,0%.

O deflactor implícito do PIB, que mede a variação global de preços, registou um crescimento anual de 3,5%.

A despesa de consumo privado cresceu estavelmente. A situação favorável do emprego, com subidas do número total de empregados e do rendimento do emprego, impulsionou um aumento homólogo de 5,3% na despesa de consumo privado, percentagem superior à registada no primeiro trimestre (+4,8%). Aumentou também a despesa de consumo final das famílias: 4,9% no mercado e 3,3% no exterior.

A despesa de consumo final do governo subiu 5,1% em termos anuais, percentagem superior à registada no primeiro trimestre (+2,2%). Realçam-se os acréscimos de 3,3% nas remunerações dos empregados e de 8,8% nas aquisições líquidas de bens e serviços.

O investimento privado diminuiu, com agravamento do decréscimo do investimento global em activos fixos. O investimento global em activos fixos desceu 11,9% em termos anuais, ou seja, uma queda muito acentuada em comparação com a registada no trimestre precedente (-1,9%). Quanto ao investimento do sector privado, o investimento em activos fixos do sector privado desceu substancialmente 18,9%, dada a conclusão sucessiva das obras de grandes empreendimentos turísticos e de entretenimento, bem como de edifícios residenciais. Salienta-se o recuo de 22,0% no investimento em construção, tendo contudo crescido 7,4% o investimento em equipamento. No que concerne ao investimento do sector público, o enorme investimento em diversos projectos de infra-estrutura impulsionou um crescimento anual de 28,9% no investimento em activos fixos do sector público, realçando-se os aumentos de 21,8% em obras públicas e de 154,7% em equipamento.

O comércio externo de mercadorias cresceu incessantemente. A procura global manteve-se ascendente, destacando-se os aumentos anuais de 30,0% nas exportações de bens e de 10,0% nas importações de bens, superiores respectivamente aos 12,8% e 7,0% do primeiro trimestre.

As exportações de serviços continuaram a ser a principal força motriz do crescimento económico, apesar da contracção da subida. As exportações de serviços estreitaram-se de +16,0% no trimestre anterior para +13,0% no trimestre de referência, observando-se aumentos de 13,7% nas exportações de serviços do jogo e de 13,0% nas exportações de outros serviços turísticos. Por seu turno, as importações de serviços registaram um aumento de 19,3%, significativamente mais baixo do que o verificado no trimestre anterior (+34,2%). In “Direcção dos Serviços de Estatística e Censos de Macau” – Macau

Mais informações aceda aqui.

Internacional – O grafeno milagroso

A conta oficial de Twitter da Graphene Flagship conta com pouco mais de 4800 seguidores, muito longe dos 109 milhões de Katy Perry ou dos 106 milhões de Justin Bieber




Mesmo assim, a não ser que alguém tenha conhecido o amor da sua vida graças às notas de “Sorry”, ou que tenha descoberto uma vocação pela dança desconhecida até ao momento em que se viu mexer ao som de “Backpack Kid” (1,8 milhões de seguidores no Instagram), as ações do consórcio europeu dedicado à investigação do grafeno terão muito mais influência no seu futuro do que estas duas estrelas da música Pop. Coisas das redes sociais e da realidade, que apesar de parecerem espelhadas, tomam por vezes caminhos divergentes.

Com um orçamento de mil milhões de euros e 150 equipas de investigação dos 23 países envolvidos, Graphene Flagship é o maior projeto científico da União Europeia. O seu objetivo é abordar a partir de um enfoque multidisciplinar e eminentemente prático as utilizações do grafeno, “um novo material revolucionário, descoberto há apenas dez anos, formado por uma única camada de átomos de carbono”, explica Frank Koppens, diretor do grupo de nano optoelectrónica do IFCO (instituto de investigação dedicado à fotónica onde existe um departamento focado no estudo do grafeno).

Este material milagroso, isolado em laboratório pela primeira vez em 2003 pelos investigadores russos Konstantín Novosiólov e Andréy Gueim – trabalho com o qual receberam o prémio Nobel da Física em 2010 – ocupou manchetes de jornais e minutos televisivos. As suas propriedades – é fino, leve, forte, duro, condutor, transparente e dobrável – tornam-no o aliado perfeito para milhares de aplicações, com um único problema: não é suficientemente rentável. É precisamente nisso que andam a trabalhar os cientistas da Graphene Flagship: conseguir que o grafeno dê o salto definitivo e saia dos centros de investigação para chegar às nossas vidas. Apesar de isto acontecer ainda na forma de protótipos, o grafeno demonstrou uma versatilidade inigualável em relação a qualquer outro material. Enumerar todas as suas possíveis aplicações tendo em conta as suas qualidades seria demasiado complexo, mas basta mencionar algumas para ter uma ideia da sua importância: monitores de sinais vitais, tecidos inteligentes, circuitos eletrónicos, transístores ultrarrápidos, ecrãs táteis e flexíveis, diferentes tipos de sensores, câmaras de visão noturna, sequenciadores de ADN portáteis… Graças ao grafeno, a Internet será mais rápida e segura, a energia mais eficiente e limpa, a medicina mais eficaz e os transportes mais económicos e seguros. Koppens, que está a viver esta revolução na primeira pessoa, conclui que, “em qualquer caso, dentro de dez anos, o mundo será diferente” e, em parte, isto acontecerá se conseguirmos dominar este material milagroso. Álvarez Cedena – Espanha in “Diário de Notícias” Portugal

Entrevista e edição:  Azahara Mígel, Cristina López