Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Timor-Leste - Demolições na capital Díli não reflectem valores democráticos

A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) afirmou que as demolições, ocorridas na semana passada em Díli, não reflectem os valores democráticos e têm consequências graves para mulheres e crianças.


Durante a sua intervenção na sessão plenária, a deputada da Fretilin, Marquita Soares, disse que a actuação do Governo foi “desorganizada e não seguiu os procedimentos”. “Eu testemunhei diretamente a actuação da equipa da Secretaria de Estado dos Assuntos da Toponímia e da Organização Urbana [SEATOU] e vi que ação não só expulsou pessoas que ocupavam terras do Estado, mas também as que moravam naqueles locais desde 1980 e 1981”, afirmou Marquita Soares.

A deputada alertou também que a actuação do Governo tem “graves consequências para as mulheres e crianças”, “não reflete os valores de um Estado democrático” e não seguiu os procedimentos correctos, além de violar as regras da propriedade. “As pessoas afetadas enfrentam graves consequências, com a perda de habitação e trabalho, passando a enfrentar uma situação difícil. As crianças vão faltar à escola e pior aquelas acções criam uma forte pressão psicológica e trauma nas pessoas afectadas”, disse a deputada.

A Fretilin pediu aos ministérios relevantes para criarem condições mínimas antes de retirarem as pessoas, especialmente mulheres, crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais.

O Governo de Timor-Leste iniciou a semana passada uma “limpeza” em vários bairros de Díli para acabar com o comércio não autorizado no espaço público e habitações construídas ilegalmente, levando comerciantes ao desespero por ser o seu único meio de sobrevivência e despejando centenas de pessoas. In “Ponto Final” - Macau


Internacional - Universidade de Coimbra coordena projeto europeu que visa desenvolver robótica e machine learning para agricultura digital

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a coordenar um projeto europeu que visa desenvolver robótica e machine learning para agricultura digital.


O “Artificial Intelligence and sensor-fusion systems in sustainable (Green) robotics for precision agriculture (AIGreenBots)” terá a duração de quatro anos e será financiado pelo Programa Horizonte Europa MSCA-DN com o valor global de 2,5 milhões de euros.

Em colaboração com instituições de Espanha, França, Países Baixos e Reino Unido, o projeto “AIGreenBots” pretende desenvolver novas plataformas de agro-bots, perceção robótica e sistemas de fusão de sensores, testar sistemas de robótica agrícola, mas também abordar as questões de segurança e aspetos importantes da legislação.

«Este projeto trata-se de uma Rede Doutoral Marie Skłodowska-Curie Actions (MSCA) que implementará uma aprendizagem multidisciplinar, desenvolvimento de carreira e investigação para nove estudantes internacionais de doutoramento», explica o coordenador do projeto, Cristiano Premebida, professor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e investigador do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da FCTUC.

«Através de uma parceria internacional e complementar com universidades de topo, centros de investigação e partes interessadas relacionadas com a agricultura, dos diferentes países, esta Rede Doutoral tem como objetivo fornecer competências e conhecimentos necessários para enfrentar um dos principais desafios da nossa sociedade e do ambiente: a robótica agrícola para agricultura de precisão/digital», descreve o coordenador do projeto.

Ao envolver os estudantes num paradigma de investigação para exploração industrial, o “AIGreenBots” reúne participantes académicos e não académicos de diversas áreas, nomeadamente robótica, automação, deteção remota para agricultura de precisão, inteligência artificial (IA) confiável e aprendizagem de máquina probabilística, engenharia de sistemas, inferência probabilística, sensores de fusão, segurança e implantação real de robótica agrícola.

«Atualmente, na Europa, não existem programas de doutoramento centrados na agricultura-robótica que exponham os alunos a conceitos tão amplos e a experiências como esta, mas há uma necessidade cada vez maior deste tipo de investigação. Após a conclusão do projeto, os investigadores estarão plenamente capacitados para dirigir investigações interdisciplinares a nível internacional», assegura o coordenador do projeto na UC.

Desta forma, conclui o docente da FCTUC, «a estrutura do “AIGreenBots” servirá como plataforma europeia para uma formação doutoral de excelência em robótica inteligente para agricultura de precisão/automatizada e agricultura digital». Universidade de Coimbra - Portugal


Moçambique – Mina de Balama passa a fornecer grafite para fábrica indonésia de baterias

A mina de grafite de Balama, no norte de Moçambique, estreou-se este ano na exportação daquele minério para um fabricante de baterias indonésio, que comprou 10 mil toneladas, anunciou a mineradora australiana Syrah


De acordo com uma informação divulgada aos mercados pela Syrah, que detém aquela mina em Cabo Delgado, tratou-se da “primeira venda de grandes volumes” de grafite natural de Balama para a Indonésia, adquirido pela empresa BTR New Energy Materials.

Segundo a Syrah, trata-se do “primeiro grande volume de venda de grafite natural para um participante da cadeia de fornecimento de baterias fora da China”. “Esta venda a granel segue-se a um envio experimental de contentores de finos de grafite natural de Balama para a Indonésia” no primeiro de 2024, explica a mineradora, acrescentando que esta exportação “é mais um desenvolvimento importante” na estratégia de diversificação de vendas.

A mineradora explica igualmente que a empresa BTR New Materials Group está a construir na Indonésia uma fábrica de baterias de 478 milhões de dólares (429 milhões de euros), “que deverá iniciar a produção em 2024”, prevendo igualmente novas vendas daquela mina para a empresa.

A Syrah explicou ainda que as vendas de grafite natural da mina de Balama no primeiro trimestre “foram semelhantes” às do último trimestre de 2023. “As condições de procura de grafite natural na China foram impactadas pela incerteza relacionada com a concessão de licenças de exportação de grafite à China”, admite a empresa a mineradora.

A produção de Balama tinha subido para 41 mil toneladas de grafite natural no primeiro trimestre de 2023, face a 35 mil toneladas no trimestre anterior, acima das vendas, que subiram de 28 para 30 mil toneladas.

A firma australiana está também a construir a Vidalia, Estados Unidos da América, uma fábrica de material para baterias, que será alimentada com minério moçambicano, neste caso com duas toneladas enviadas em Abril do ano passado.

O ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Max Tonela, disse em novembro que o país dispõe de grafite em abundância para responder à procura de carros elétricos na União Europeia, defendendo parcerias empresariais. “Não existem motores elétricos sem grafite, não existem baterias sem lítio, não existem magnetos sem areias pesadas. Parcerias estruturadas entre europeus e moçambicanos podem e devem aliviar esta demanda e devem contribuir para a aceleração da industrialização de Moçambique”, referiu.

Moçambique espera este ano gerar mais de 329 040 toneladas de grafite, matéria-prima necessária à produção de baterias para viaturas elétricas, um aumento superior a 180% face ao desempenho do último ano, segundo a previsão do Governo.

No documento de suporte à proposta do Plano Económico e Social do Orçamento do Estado (PESOE) para 2024, que a Lusa noticiou anteriormente, o Governo afirma que a produção da grafite “vai aumentar significativamente”.

Para a estimativa foram considerados os planos das duas empresas de produção deste mineral, apesar de até ao primeiro semestre de 2023 estar “com uma realização de 22%”, devido à “fraca procura deste minério no mercado internacional”, o que levou a Twigg Mining and Exploration [subsidiária da Syrah Resources Limitada], maior produtora, “a interromper temporariamente as suas atividades de mineração e processamento nos meses de maio e junho”.

A estimativa de produção de 329 040 toneladas de grafite em 2024 representa um aumento de 180,2% segundo os dados do Governo incluídos no relatório.

Moçambique produziu 120 mil toneladas de grafite em 2020, desempenho que caiu para 77 116 toneladas no ano seguinte, enquanto as estimativas para 2022 e 2023 foram, respetivamente, de 182 024 e 117 416 toneladas. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Macau - Encontro de delegações da Fundação Oriente para partilhar o “que se faz de melhor” na RAEM e em Goa

O 1.º Encontro de Delegações da Fundação Oriente (FO), que se realiza em Macau por ocasião do 25 de Abril, é uma “primeira aproximação” entre as representações e “uma rampa de lançamento” para maior intercâmbio


“Tivemos aqui uma ideia de aproximação, uma primeira aproximação, não só para trocar experiências entre nós, delegados (…) mas isto foi uma coisa que nasceu (…) do interesse que temos em aprender com aquilo que se faz de melhor em cada um desses sítios”, disse à Lusa a delegada da Fundação Oriente em Macau, Catarina Cottinelli.

A decorrer entre 24 e 29 de Abril, esta primeira edição junta apenas Macau e Goa, estando a delegação de Timor-Leste ausente devido a compromissos.

Nadia Rebelo, Franz Schubert Cotta e Omar de Loiola Pereira, três músicos de Goa, sobem ao palco, na Casa Garden, Macau (27 de Abril), e no Clube Lusitano, em Hong Kong (28 de Abril), para dois concertos que incluem temas de fado e de mandó, género musical goês.

Está prevista ainda uma conferência sobre o trabalho da Fundação Oriente na Índia, com incidência na recuperação de património cristão no estado indiano de Goa e no apoio e promoção do ensino de português. “A fundação aqui também tem o papel não só dessa manutenção do património, dessas ligações a Portugal, mas também tudo o que seja o incremento dos laços entre Portugal e Índia, mais concretamente em Goa. E, além dessa recuperação, também temos vindo pontualmente a suportar ou apoiar o governo de Goa na recuperação de algum património hindu”, disse à Lusa o delegado da FO Goa, Paulo Gomes.

O encontro na região chinesa, onde Catarina Cottinelli diz esperar elevar a cumplicidade entre as representações, é também uma oportunidade para dar a conhecer as comunidades com quem trabalham e até “a própria estratégia” para as respetivas regiões, “que é um pouco diferente” e adaptada “a cada contexto”. “A fundação [em Macau], hoje em dia, tem um papel mais na vertente cultural, do intercâmbio cultural, de promover as atividades que fazemos aqui, promover justamente uma relação maior com a cultura chinesa e portuguesa, e, neste caso, a cultura de Macau”, explicou.

Cottinelli já pensa em encontros futuros, na Índia e em Timor-Leste, e assegura que as ideias existem, nomeadamente a realização de residências artísticas. “Por que não trazermos artistas de Goa e vice-versa”, sugeriu, avançando ainda a possibilidade de levar artistas de Macau que queiram fazer investigação em Goa. Já Paulo Gomes admite que este primeiro evento pode ser uma “rampa de lançamento” para a realização de “duas ou três atividades anuais que envolvam as três delegações”.

A Fundação Oriente nasceu em 18 de março de 1988 como uma das contrapartidas impostas pela então administração portuguesa em Macau à concessão em regime de exclusividade da exploração do jogo no território. Desenvolve acções culturais, educativas, artísticas, científicas, sociais e filantrópicas, com vista à valorização e à continuidade das relações históricas e culturais entre Portugal e o Oriente. Após a abertura da delegação da FO em Macau, em 1988, seguiu-se Goa, em 1995, e Timor-Leste, em 2002. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


terça-feira, 23 de abril de 2024

Portugal - Universidade de Coimbra organiza 30.ª edição do curso sobre Segurança em Incêndios Florestais

O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Associação para do Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), vai realizar a 30.ª edição do curso sobre Segurança em Incêndios Florestais. A formação decorre no dia 3 de maio, sexta-feira, no Auditório Laginha Serafim, do Departamento de Engenharia Mecânica, entre as 9h e as 17h.


As inscrições estão a decorrer até ao dia 29 de abril e são limitadas à capacidade da sala, tendo um custo de 75€ (inclui documentação, café e almoço). No final da formação, será emitido um certificado de presença com a carga horária discriminada.

Ao longo dos últimos anos, os aspetos ligados ao comportamento do fogo e à segurança das pessoas têm sido o principal objeto de estudo do CEIF-ADAI. Assim, este curso procura incorporar alguns dos ensinamentos essenciais obtidos a partir da análise dos principais incêndios da última década, bem como do longo programa de investigação continuada nesta temática.

Neste âmbito, serão abordados temas como “O panorama dos incêndios florestais em Portugal”; “Incêndios florestais e a meteorologia”; “Preparação física no combate a incêndios”; “Princípios fundamentais de segurança”; “Comportamento extremo do fogo”; e ainda, “Estudo de acidentes passados e respetivas lições aprendidas”. As intervenções ficam a cargo da equipa da ADAI, com a coordenação do professor Domingos Xavier Viegas.

Este curso é aberto a todos os interessados na temática segurança em incêndios florestais, mas destina-se essencialmente a bombeiros, técnicos de proteção civil, técnicos autárquicos, técnicos florestais, produtores florestais, sapadores, GNR e cientistas.

As horas de formação serão registadas pela Escola Nacional dos Bombeiros (ENB), entidade com a qual o CEIF tem um protocolo de colaboração ativo, no Recenseamento Nacional dos Bombeiros Portugueses, na ficha individual de cada bombeiro.

Saiba mais sobre o curso através desta ligação. Universidade de Coimbra - Portugal

Moçambique - Criação do fogo – Texto de apresentação do autor

Antes de mais nada, gostaria de expressar minha profunda gratidão a todos que estão aqui connosco hoje, assim como àqueles que, mesmo ausentes, partilham este momento connosco em espírito. Quero agradecer à Alcance Editores por mais uma vez apostar em meus escritos e por publicar meu livro. Um agradecimento especial à minha família por sua paciência, aos amigos que têm ouvido minhas divagações incessantes, aos apresentadores desta obra, cuja sabedoria e ilustre presença engrandecem este evento, e ao Nedbank por nos ceder este espaço acolhedor. Gostaria de aproveitar este momento para incentivar o Nedbank a continuar apoiando as artes, lembrando que há um vazio a ser preenchido desde que um concorrente patrocinava o maior prémio literário anual de nossa literatura, um prémio que infelizmente já não existe. Acredito firmemente que o Nedbank tem o potencial de ocupar esse espaço de maneira exemplar e louvável.


Quero dedicar um momento para honrar a memória do grande poeta Eduardo White, que nos deixou há dez anos, mas cujo legado continua a inspirar não apenas a mim, mas a toda uma geração de escritores moçambicanos. Sua influência e mentoria foram fundamentais para que muitos de nós estivéssemos aqui hoje. Uma salva de palmas para ele, por sua contribuição inestimável à literatura moçambicana.

Não posso deixar de expressar minha gratidão pelo generoso prefácio de Nelson Saúte, uma figura proeminente da nossa literatura, cujo incansável altruísmo e dedicação à preservação da memória das artes moçambicanas são admiráveis. Meu abraço também vai para Marcelo Panguana, um amigo e escritor cuja simplicidade e autenticidade são inspiradoras, e para António Cabrita, que constantemente me apresenta novos e variados autores, enriquecendo a minha compreensão da poesia mundial. Estendo meus agradecimentos a Matteo, Mário Secca. Ao Manuel Jesus, amigo incondicional de todas as horas, ao Moya pelos motivos para sorrir, ao Eric que me tornou pai e àJéssica por permitir ter alguém com que durma no escuro. Aos meus pais e também aos colegas, por seu apoio constante ao longo desta jornada. Um agradecimento especial também ao Félix Mula por ceder a imagem que adorna a capa do livro e ao Mauro Pinto, cuja fotografia serve de inspiração para mim.

O que nos une hoje é este exemplar encadernado que chamamos de livro, intitulado “Criação do Fogo”. Por que “Criação do Fogo”? Este título encapsula o ideal de criação presente no texto inaugural “Placenta”. Nele, abordo não apenas a criação do outro, do ser humano que se reflecte em nós, mas também a criação literária, o acto de escrever e transmitir uma mensagem. Além disso, o título evoca a dualidade do fogo, o seu poder tanto criador quanto destruidor. Reflecte sobre a guerra, especialmente a vivida em Cabo Delgado e em outras partes do mundo, assim como as batalhas diárias que enfrentamos em busca de dignidade, segurança e justiça social.

Após a publicação dos meus dois primeiros livros e a conquista do prémio literário em 2019, senti a necessidade de explorar uma poesia que fosse além dos estilos anteriores. Percebia nessa altura que a poesia moçambicana estava estagnada em um ciclo repetitivo e pouco criativo, e decidi buscar para mim novos caminhos que me afastassem do que já havia criado até então. Para além disso havia-me degastado física e psicologicamente com a escrita dos primeiros livros, pois foram livros construídos muito à custa da minha própria felicidade. Calhou por bem uma conversa curta, mas memorável que tive com o poeta Armando Artur, que me disse que era possível escrever livros feliz, confesso que até então, apenas a tristeza me servia de musa. Isso desencadeou uma jornada de autoconhecimento e renovação criativa, levando-me a explorar novas temáticas e técnicas criativas.

Durante esse período, casei-me, tornei-me pai novamente, explorei novos horizontes e vivi experiências enriquecedoras. Busquei inspiração em diversas fontes, desde a música de Bob Marley, Chico Buarque, Chico António, Djavan, Pedro Langa e Zeca Alage, Zena Bacar, Fany Mpfumo, Nas, Racionais Mcs, Baco, Djonga, Rincon, Milton Nacimento e o Clube de Esquina, MF Doom, Arthur Verocai, Fausto, Teresa Salgueiro, Toni Django, as flautas terapêuticas da Arménia, a lira de Sonia Djobarté, a música congolesa dos anos 70, o jazz sul-africano, a persistência de Adam Zagaiewsky, Wislawa Szimborka, Al Berto, Rui Belo. Minhas viagens a Lisboa, Porto, Algarve e Braga abriram portas para oportunidades de internacionalização e colaborações artísticas. Fui traduzido oficialmente pela primeira vez e o meu tradutor ganhou o prémio principal do Stephen Spender de Tradução, com um texto traduzido do meu livro Animais do ocaso. Todo esse processo de crescimento e aprendizado se reflecte em “Criação do Fogo”.

Este livro é uma expressão das minhas paixões e convicções, uma fusão de experiências pessoais, observações sociais e reflexões sobre o mundo ao nosso redor. Portanto, o amor, a morte, a fome, a doença, o abandono, a guerra, a corrupção, o medo, a noite, o emprego precário, o viver com pouco, o sentir-se frágil, o não desistir estão dentro desta criação do fogo como estão dentro de nós. A minha paixão pelo experimentalismo, pelo surreal, pela imagem, pela imersão na pintura, na fotografia, no desenho, no teatro, na música e no quotidiano das relações humanas é a minha grande motivação e ao mesmo tempo a minha técnica.

Embora este seja meu quinto livro sinto-o como se fosse o primeiro, uma porta de entrada, uma possibilidade de crescimento e a esperança de que pelo menos mais um seguirá. Acredito na importância da poesia como uma ferramenta de transformação e resistência, e pretendo continuar a contribuir para o enriquecimento da literatura moçambicana e para o diálogo cultural global. Espero que “Criação do Fogo” não apenas inspire, mas também provoque reflexões e questionamentos em quem o ler.

Em suma, este livro é o resultado de uma jornada pessoal e criativa, uma expressão autêntica de minhas experiências e visões de mundo. Agradeço a todos que tornaram possível a sua realização e espero que ele encontre eco nos corações e mentes dos leitores. Obrigado. Álvaro Taruma – Moçambique in “O País”



Brasil - Programa educativo promove integração entre línguas indígenas

O entendimento recíproco entre os povos indígenas e os formuladores e aplicadores das legislações brasileiras é o principal objetivo do Programa Língua Indígena Viva no Direito desenvolvido pela Advocacia-Geral da União (AGU) com os Ministérios dos Povos Indígenas e da Justiça e Segurança Pública. A iniciativa lançada em cerimônia em Brasília, na última quinta-feira (18), com a participação presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seus princípios e objetivos publicados nesta segunda-feira (22), no Diário Oficial da União.


Entre as medidas previstas pela política pública a tradução da legislação brasileira, dos termos e conceitos jurídicos para as línguas indígenas, assim como a capacitação de legisladores e profissionais do Direito em conhecimentos relacionados a diversidade cultura e social desses povos. Os membros das comunidades também serão capacitados para maior acesso às legislações nacionais e internacionais, assim como às políticas públicas.

Segundo divulgação feita pela AGU, por meio de nota, o texto da Constituição Federal será o primeiro a ser traduzido nas línguas Guarani-Kaiowá, Tikuna e Kaingang, por serem as mais faladas no país. E para garantir a integridade cultural, o processo terá a participação de líderes e membros dos povos indígenas, que ajudarão a construir textos onde serão considerados a interação com os sistemas legais indígenas.

Os novos conteúdos serão divulgados entre as comunidades, advogados, órgãos dos Três Poderes, colegiados, universidades e organizações da sociedade civil que atuam em políticas públicas e em iniciativas que tratam dos direitos dos povos indígenas. Fabíola Sinimbú – Brasil “Agência Brasil” in “O Progresso Digital”