Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Macau - Alunos da Universidade Politécnica de Macau vencem Concurso de Interpretação na categoria de língua portuguesa

A terceira edição do Concurso Internacional de Interpretação Remota “Taça Yunshan” teve como vencedores, na categoria de língua portuguesa, introduzida pela primeira vez, alunos da Faculdade de Línguas e Tradução da Universidade Politécnica de Macau (UPM).


 

As distinções couberam a Zhao Qichao (campeão), Wang Xiaoyu (vice-campeã, professora orientadora: Wang Xiaoyan) e Mok Man Sam (segundo prémio). Segundo uma nota da UPM, os estudantes “demonstraram plenamente as suas excelentes capacidades na área de interpretação chinês-português”. 

Para além da língua de Camões, a prova abrangeu mais 15 idiomas e atraiu mais de 4000 participantes de várias universidades de países da Europa, Ásia e EUA. O director da Faculdade de Línguas e Tradução da UPM, Gaspar Zhang, sublinhou que, através da aprendizagem sistemática, os alunos podem consolidar os seus conhecimentos linguísticos profissionais em várias áreas, “tornando-se intérpretes e tradutores profissionais de alto nível”. 

A UPM recordou ainda que estão abertas as inscrições para o Curso de Mestrado em Tradução e Interpretação Chinês-Português da mesma faculdade. Os interessados podem inscrever-se online até 15 de Maio, na página electrónica de admissão da UPM. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


Itália - Pompeia, surge uma sala com afresco com iniciação aos mistérios e procissão de Dionísio

É uma “megalografia” muito rara do século I. a.C, como a famosa Vila dos Mistérios



Mais de 100 anos após a descoberta da Vila dos Mistérios, um grande novo afresco lança luz sobre os mistérios de Dionísio no mundo clássico. Num grande salão de banquetes, escavado nas últimas semanas na área central de Pompeia, na ínsula 10 da Regio IX,  surgiu um friso de dimensões quase em tamanho real, ou seja, uma “megalografia”  (do grego “grande pintura” - ciclo de pinturas com grandes figuras), que percorre três lados da sala; a quarta era aberta para o jardim.

O friso mostra a procissão de Dionísio, deus do vinho:  bacantes   representadas  como dançarinas,  mas também como  caçadoras  ferozes,  com uma cabra abatida sobre os ombros ou com uma espada e as entranhas de um animal nas mãos;  jovens sátiros  com orelhas pontudas  tocando flauta dupla,  enquanto  outro realiza um sacrifício de vinho  (libação) em estilo acrobático, despejando um jato de vinho de um chifre (usado para beber) sobre o ombro em uma patera (taça baixa).  No centro da composição está uma mulher com um velho Sileno segurando uma tocha: ela é uma iniciando, ou seja, uma mulher mortal que, por meio de um ritual noturno, está prestes a ser iniciada nos mistérios de Dionísio, o deus que morre e renasce, prometendo o mesmo aos seus seguidores.

Um detalhe curioso é que todas as figuras do friso estão representadas em pedestais, como se fossem estátuas, ao mesmo tempo em que os seus movimentos, aparência e vestimenta as fazem parecer muito vivas.



Os arqueólogos nomearam a casa com o friso de “casa de Thiasos”, em referência à procissão de Dionísio. Na antiguidade existia uma série de cultos, incluindo o de Dionísio, que eram acessíveis apenas àqueles que realizavam um ritual de iniciação, como sugere o friso de Pompeia. Esses cultos eram chamados de “misteriosos” porque somente os iniciados podiam conhecer os seus segredos. Elas eram frequentemente associadas à promessa de uma vida nova e feliz, seja neste mundo ou na vida após a morte.

O friso descoberto em Pompeia pode ser atribuído ao Segundo Estilo de pintura pompeiana,  que remonta ao século I. a.C. Mais precisamente, o friso pode ser datado dos anos 40-30 a.C. Isso significa que na época da erupção do Vesúvio, que enterrou Pompeia em 79 d.C. sob lapilli e cinzas, o friso dionisíaco já tinha cerca de um século de idade.  

O único outro exemplo de um megalograma com representações de rituais semelhantes é o friso chamado “dos Mistérios” na vila de mesmo nome, do lado de fora dos portões de Pompeia, também no Segundo Estilo Pompeiano.

O novo friso encontrado em Pompeia, em comparação com a Vila dos Mistérios, acrescenta outro tema ao imaginário dos rituais iniciáticos de Dionísio: a caça, que é evocada não apenas pelas caçadoras bacantes, mas também por um segundo friso menor que corre acima daquele com as bacantes e sátiros: aqui são representados animais vivos e mortos, incluindo um cervo e um javali recém-estripado, galos, vários pássaros, mas também peixes e moluscos.

“Em 100 anos, hoje será vivenciado como histórico, porque a descoberta que estamos a mostrar é histórica”, declarou o Ministro da Cultura Alessandro Giuli. “O megalograma encontrado na insula 10 de Regio IX abre outra janela para os rituais dos mistérios de Dionísio. Este é um documento histórico excepcional e, juntamente com o da Vila dos Mistérios, constitui um exemplo único do género, fazendo de Pompeia um testemunho extraordinário de um aspecto da vida nos tempos clássicos do Mediterrâneo que é amplamente desconhecido.



Tudo isso torna importante e preciosa a retomada das atividades de escavação em Pompeia, que o Governo apoia fortemente e para a qual, recentemente, destinou 33 milhões de euros para trabalhos de escavação, manutenção programada, restauração e valorização deste local e da área circundante. Vivemos um momento importante para a arqueologia italiana e mundial, que também registou um forte aumento de visitantes, a partir deste Parque Arqueológico: mais de 4 milhões e 87 mil visitantes em 2023 e 4 milhões e 177 mil unidades em 2024”.

A caça às Bacantes de Dionísio – explica o diretor do Parque Arqueológico de Pompéia,  Gabriel Zuchtriegel,  coautor de um primeiro estudo da nova descoberta publicado no E-Journal degli Scavi di Pompei –  partindo das 'Bacantes' de Eurípides de 405 a.C., uma das tragédias mais queridas da antiguidade, torna-se uma metáfora para uma vida desenfreada, extática, que visa 'algo diferente, grande e visível', como diz o coro do texto de Eurípides. Para os antigos, a bacante expressava o lado selvagem e indomável das mulheres; a mulher que abandona seus filhos, sua casa e sua cidade, que deixa a ordem masculina, para dançar livremente, ir caçar e comer carne crua nas montanhas e nas florestas; em suma, o oposto da mulher 'bonita', que emula Vénus, deusa do amor e do casamento, a mulher que se olha no espelho, que 'se embeleza'. Tanto o friso da Casa de Tiaso quanto o dos Mistérios mostram a mulher suspensa, oscilando entre esses dois extremos, duas modalidades de ser feminino naquela época. São afrescos com um significado profundamente religioso, mas aqui tinham a função de adornar espaços para banquetes e festas… um pouco como quando encontramos uma cópia da Criação de Adão de Michelangelo na parede de um restaurante italiano em Nova York, para criar um pouco de atmosfera. Por trás dessas pinturas maravilhosas, com seu jogo com a ilusão e a realidade, podemos ver os sinais de uma crise religiosa que afetava o mundo antigo, mas também podemos compreender a grandeza de um ritual que remonta a um mundo arcaico, pelo menos ao segundo milênio a.C., ao Dionísio dos povos micênicos e cretenses, que também era chamado de Zagreu, senhor dos animais selvagens.

O ambiente do Thiasos dionisíaco ficará visível ao público imediatamente como parte das visitas ao canteiro de obras, que já começaram desde o início da escavação dos vários ambientes gradualmente investigados.

As investigações no chamado Regio IX de Pompeia — um dos nove distritos em que o sítio está dividido — começaram em fevereiro de 2023, numa área que se estende por aproximadamente 3200 m2, quase um quarteirão inteiro da antiga cidade enterrada em 79 d.C. pelo Vesúvio. Hoje o canteiro de obras encontra-se na sua fase final, que inclui as últimas intervenções de segurança, ao final das quais um projeto de valorização permitirá também um uso futuro permanente da área por todos os visitantes.

O projeto “Escavação, segurança e restauração da Insula 10 Regio IX” foi realizado com o objetivo de reconectar-se com o tecido urbano da Via di Nola e reduzir os riscos associados às alterações climáticas. 

A escavação, na qual foram identificados mais de 50 novos cómodos distribuídos por uma superfície de mais de 1500 m2, revelou  duas casas-átrio, já parcialmente investigadas no século XIX, construídas no período samnita e transformadas em oficinas de produção no século I d.C.:  uma fullônica (lavanderia) e uma padaria com forno, com espaços para as mós e salas para o processamento de produtos alimentícios a serem distribuídos na cidade.  

Ao sul destas duas casas-oficina, surgiram algumas salas de estar pertencentes a uma grande domus.   Entre estas, além da grande sala com cenas dionisíacas, um salão negro  com cenas da saga troiana;  um santuário de fundo azul  com as quatro estações e alegorias da agricultura e do pastoreio e um grande distrito termal . A entrada, a área do átrio e grande parte do peristilo (jardim com colunatas) permanecem inexplorados. In “Parque Arqueológico de Pompeia” - Itália 


Angola – Vai ter a primeira fábrica de medicamentos nos próximos 18 meses

O país vai contar, nos próximos 18 meses, com um complexo de produção de medicamentos, cujo lançamento da primeira pedra aconteceu, esta sexta-feira, na Zona Económica Especial, na província do Icolo e Bengo

A infra-estrutura, iniciativa da empresa Vitaflor terá uma capacidade de produzir por ano 700 milhões de comprimidos e cápsulas, 50 milhões de frascos de medicamentos injetáveis, 35 milhões de sacos de soros e 13 mil quilogramas/dia de gases medicinais.

“Queremos marcar a diferença pela qualidade”, disse o gestor do projecto, Nuno Andrade, em declarações à Rádio Nacional de Angola.

O complexo de produção de medicamentos conta com um financiamento do Fundo Soberano de Angola (FSA).

O presidente do FSA, Armando Manuel, ressaltou que a futura unidade de produção de medicamentos vai fortalecer o sistema de saúde no país. In “Jornal de Angola” - Angola


Guiné-Bissau – Oposição convoca manifestações contra adiamento das eleições legislativas

A oposição da Guiné-Bissau apelou à paralisia total do país a partir de ontem, quinta-feira, em protesto ao adiamento das eleições legislativas. O grupo dos políticos afirma que Umaro Sissoco Embaló está fora do mandato desde Outubro do ano passado e já devia ter convocado eleições.



Um dia depois dos pronunciamentos do chefe de Estado guineense anunciar 30 de Outubro próximo para a realização das eleições legislativas, a oposição decidiu convocar a paralisação de todas as actividade públicas e privadas, em protesto à decisão que a chamam de ditatorial.

Entretanto, o secretário de Estado e Segurança Pública prometeu tolerância zero a qualquer manifestação relativa ao fim do mandato.

As eleições legislativas antecipadas chegaram a estar marcadas para 24 de novembro último, mas o Governo de iniciativa presidencial anunciou o seu adiamento, alegando falta de condições para a sua realização.

A situação acontece, num momento em que o presidente guineense está de visita à Federação da Rússia. Na quarta-feira Sissoco Embalo foi recebido no palácio presidencial por Vladimir Putin. In “O País” - Moçambique


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Internacional – Universidade de Coimbra integra projeto que alia IA e computação quântica na luta contra o cancro gastrointestinal

Mais de dois milhões de novos casos de cancro colorretal são diagnosticados anualmente em todo o mundo. Um projeto internacional, no qual participa a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), a Faculdade de Medicina (FMUC) e o Centro de Estudos Sociais (CES), está a explorar tecnologias de computação quântica e inteligência artificial (IA) para revolucionar a deteção e prevenção de patologias gastrointestinais.


 

De acordo com Gabriel Falcão, professor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e investigador do Instituto de Telecomunicações (IT) de Coimbra, «este tipo de cancro pode muitas vezes ser detetado precocemente graças à identificação de pólipos existentes no trato digestivo. Em muitos países, os rastreios começam por volta dos 45 ou 50 anos, sendo uma ferramenta essencial na prevenção e diagnóstico precoce». 

Atualmente, procedimentos como a cápsula gastrointestinal, que gera cerca de 10 horas de imagens, e a colonoscopia, que produz uma grande quantidade de dados em apenas 20 a 30 minutos, criam desafios significativos na análise de dados. «Num cenário ideal, se conseguíssemos fazer uma monitorização em massa de uma grande parte da população, o volume de dados gerado seria tão grande que nenhum computador clássico seria capaz de processar toda essa informação de forma eficiente», explica o responsável pelo projeto em Portugal.

É aqui que entra a computação quântica. Diferente dos computadores clássicos, esta tecnologia é capaz de processar um grande volume de dados em tempo real, algo crucial para a análise de imagens e deteção de anomalias. A FCTUC vai desenvolver novos algoritmos de IA adaptados às capacidades da computação quântica. 

«O objetivo final é criar algoritmos de IA que possam diferenciar de forma precisa imagens normais de imagens com patologias. Embora a tecnologia atual já permita detetar algumas diferenças, acreditamos que a computação quântica pode ser decisiva para aumentar a eficiência e precisão dos diagnósticos», conclui o docente. 

O projeto G-quAI iniciou em janeiro de 2025 e conta com o apoio do Open Quantum Institute (OQI), da Suíça, em parceria com o Geneva Science and Diplomacy Anticipator (GESDA), além da colaboração da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este projeto enquadra-se nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas: Saúde de Qualidade.

O OQI tem como objetivo principal explorar o potencial da computação quântica na aceleração de soluções que permitam atingir os ODS, unindo forças de investigadores, das Nações Unidas, de Organizações Não-Governamentais (ONG), e de investidores espalhados pelo mundo. 

Para mais informações, consultar o sítio do OQI. Universidade de Coimbra - Portugal


Macau e Angola vão assinar acordo para combater lavagem de dinheiro

Macau e Angola vão assinar um acordo para trocar informações de formar a prevenir a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, anunciou o Governo

De acordo com um despacho publicado em Boletim Oficial, o memorando de entendimento para a troca de informação relativa ao combate ao branqueamento de capitais, crimes precedentes associados, financiamento ao terrorismo e financiamento à proliferação de armas de destruição maciça será assinado com a Unidade de Informação Financeira da República de Angola.

Segundo o despacho, assinado pelo chefe do Executivo, Sam Hou Fai, em 14 de Fevereiro, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, pode delegar esta missão ao comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Leong Man Cheong.

O Gabinete de Informação de Macau (GIF), responsável pelo combate ao branqueamento de capitais, financiamento ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição maciça, está sob a tutela dos SPU.

Em Março de 2022, um relatório anual do Departamento de Estado dos EUA designou Macau como um dos principais pontos de branqueamento de capitais a nível mundial.

Segundo o relatório anual do GIF, Macau tornou-se em 2019 o único membro do Grupo Ásia-Pacífico Contra o Branqueamento de Capitais (GAFI) que cumpria “todos os 40 padrões internacionais” sobre a prevenção da lavagem de dinheiro, do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massa.

Angola foi acrescentada à ‘lista cinzenta’ do GAFI em 2024, depois de ter ficado aquém dos seus regimes legais e de regulamentação financeira.

O GAFI, uma organização intergovernamental, estabelece normas internacionais em matéria de luta contra o branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição maciça.

A ‘lista cinzenta’ identifica os países que estão a trabalhar ativamente com o GAFI para resolver deficiências estratégicas nessas áreas.

O GIF assinou acordos para a troca de informação com 33 países e territórios, incluindo a Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária de Portugal, em 2008, a Unidade de Informação Financeira do Banco Central de Timor-Leste, em 2018, e, em 2019, o Conselho de Controlo de Atividades Financeiras do Brasil e a Unidade de Informação Financeira de Cabo Verde.

O número de transacções suspeitas registadas nos casinos de Macau atingiu um novo recorde em 2024 devido à recuperação da economia e do turismo, disse o GIF à Lusa no início de Fevereiro.

De acordo com dados divulgados em 15 de Janeiro pelo GIF, as seis operadoras de casinos em Macau submeteram, no total, 3837 participações de transacções suspeitas de branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo em 2024, mais 11,8% do que no ano anterior. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Guiné-Bissau – Presidente da República novamente de visita a Moscovo

Líderes africanos são hóspedes frequentes no Kremlin, em Moscovo. No entanto, o presidente da Guiné-Bissau, Sissoco Embalo, pode ser considerado um verdadeiro recordista. Ultimamente tem vindo todos os anos à Rússia



O Presidente Umaro Sissoco Embalo está por estes dias em Moscovo na procura de apoio para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo, enquanto marca uma posição contra o isolamento ocidental da Federação Russa.

Com esta deslocação à capital da Rússia, Sissoco Embalo, que foi recebido por Vladimir Putin no Kremlin, deixa perceber que o seu país não teme desafiar a norma ocidental de isolamento a que o país está a ser sujeito devido à guerra com a Ucrânia nem teme desafiar opções opostas de parceiros da CPLP, como Portugal.

Além disso, Bissau parece claramente apostada em seguir um caminho com semelhanças ao que está a ser feito pelos vizinhos da África Ocidental, Burquina Faso, Mali e Níger, e, de alguma forma, a Guiné-Conacri, de uma aproximação estratégica à Rússia.

Com um subdesenvolvimento crónico, a Guiné-Bissau, segundo fontes do Novo Jornal na capital guineense, está consciente de que a sua proximidade aos países ocidentais, nomeadamente Portugal, antiga potência colonial, e à União Europeia não resolve os seus problemas estruturais.

O país precisa urgentemente de investimento externo e os europeus não se têm mostrado abertos a fazê-lo, estando agora Sissoco Embalo a enveredar por uma alternativa, virando-se para a Rússia e a China, que já é um parceiro da linha da frente.

No encontro com Putin no Kremlin, o Chefe de Estado guineense, segundo a TASS, apresentou como áreas estratégicas para o investimento russo os recursos minerais, a agricultura, energia, pescas e infra-estruturas.

A Guiné-Bissau tem uma posição estratégica na costa da África Ocidental com uma larga abertura para o Atlântico, que permite a exploração de gigantescas áreas de pesca e que conta com indícios fortes da presença de reservas consideráveis de hidrocarbonetos.

Mas é na área da geopolítica que Bissau tem mais para oferecer a Moscovo, que já tem na região aliados de peso, somando-se ainda a melhoria das relações, além do Burquina, Mali e Níger, com Conacri e com o Senegal...

Além disso, existe um antigo desejo de ligar o Mali, e, por inerência de alianças regionais, o Burquina e o Níger, ao mar, por estrada e ferrovia, com um eventual desenvolvimento do porto de águas profundas de Buba.

E Umaro Sissoco Embalo não tem escondido que esse projecto está entre as suas prioridades de longo prazo desde que tenha condições para o executar, sendo esta a oportunidade, aproveitando as alianças estratégicas na região com a Rússia.

Devido à sua localização geográfica, esta infra-estrutura, que é um projecto com décadas, vindo mesmo do tempo colonial, devido às condições naturais da área de futura criação do porto de águas profundas, exigira sempre acordos de natureza sub-regional, porque entre o Mali e a Guiné-Bissau estão os territórios do Senegal ou da Guiné-Conacri.

No decurso do encontro no Kremlin entre os dois Presidentes, o russo lembrou que em 2024, as trocas comerciais entre a Rússia e o continente africano cresceram 10%, o que deixa perceber que existe um empenho dos dois lados para que tal aconteça.

Mas Putin disse ainda, segundo a agência de notícias, que "as relações comerciais entre os dois países requerem seguramente uma atenção cuidada de ambas as partes", mostrando, todavia, abertura para que estas tenham em breve um forte incremento.

"Existem bons alicerces e boas oportunidades para esse momento, e muitas das empresas estão viradas para aproveitar as oportunidades que se lhes apresentarem nos mercados africanos e na Guiné-Bissau seguramente", avançou o chefe do Kremlin.

Sissoco Embalo não foi parco em garantias de interesse no aprofundamento das relações entre os dois países: "Estou aqui para reafirmar a solidez das nossas relações de amizade, porque esta é uma ligação de fraternidade que sempre existiu".

Quando Putin diz que este reforço da parceria tem de ser cuidadosamente analisado, provavelmente tem em consideração que a situação política interna na Guiné-Bissau é, como há décadas, tensa, e desta feita, muito por causa da urgência da realização de eleições como fim do mandato do actual Presidente.

A oposição diz que o mandato terminou esta semana e a Presidência, com o apoio do Tribunal Supremo aponta essa data para o início de Setembro.

Várias personalidades em Bissau acusam o Presidente de tentar encontrar em Moscovo algum tipo de apoio para o prolongamento ilegal do seu mandato, o que será difícil de conseguir, visto que Putin tem actualmente uma situação com algumas semelhanças na Ucrânia, país com quem a Rússia está em guerra e cujo Presidente, Volodymyr Zelensky, o Kremlin acusa de sofrer de legitimidade democrática porque as eleições deveriam ter tido lugar em Maio de 2024, tendo estas sido proteladas no âmbito da Lei Marcial em vigor no país. Ricardo Bordalo – Angola in “Novo Jornal” com “MK”


Alemanha - As células comunistas e as igrejas evangélicas no Brasil

Seria possível se fazer observações paralelas entre realidades distantes, como o comportamento dos eleitores da antiga Alemanha Oriental comunista (ex-RDA) atraídos pela extrema-direita (AFD), com o crescente alinhamento das camadas populares de antigas áreas urbanas e industriais brasileiras às propostas da extrema direita calcadas numa linguagem fundamentalista de fundo religioso?

O que nos atrai nessa sutil comparação são certas semelhanças existentes entre a antiga população da Alemanha Oriental com o imaginário político do proletariado ou operariado das regiões urbanas brasileiras.

De acordo com uma sondagem feita na RDA e publicada em 2009, um quinto da população vivia com nostalgia dos tempos do Muro de Berlim com seu regime comunista. Para eles, a região tinha sido uma espécie de "paraíso social", onde havia emprego e moradia para todos.

Vivendo uma crise econômica, os alemães do Leste esqueciam as privações de liberdade, os pequenos salários, as dificuldades de viajar para fora da Alemanha, a censura, a polícia Stasi e outras tantas.

Numa outra pesquisa, nesse mesmo ano, publicada pelo jornal Der Spiegel, 57% dos alemães do Leste não hesitavam em defender o antigo regime de partido único.



Mas 16 anos depois, o resultado das eleições legislativas demonstrou, as boas lembranças se perderam e os alemães orientais não aceitam os atrasos ainda existentes numa comparação com a Alemanha Ocidental.

E já reencontraram, como no passado, os responsáveis: são os imigrantes. E o partido de extrema-direita Alternativa Para a Alemanha (AFD), que dobrou o número de votos e ultrapassou os 30% na antiga RDA, tem a solução: a remigração ou a expulsão de todos os imigrantes.

Alice Weibel, a dirigente do AFD, partido também qualificado como neonazista, rejeita qualquer sanção contra a Rússia, nega mudança climática, quer a saída da zona Euro e da União Europeia, defende a família tradicional e os sexos masculino e feminino como modelos. Seu slogan, populista e nacionalista, Tudo pela Alemanha vai na linha dos adotados pela extrema-direita nos EUA e no Brasil. Elon Musk, próximo do presidente Donald Trump, fez campanha eleitoral para Alice Weibel e utilizou também a plataforma X para isso.

Qual a semelhança com a evolução da política brasileira?

Talvez a nova geração não saiba e os mais velhos tenham esquecido, mas as ideias marxista fizeram seu caminho no fim dos anos 1930 e, nas primeiras eleições depois da ditadura de Vargas, em 1945, o Partido Comunista teve candidato próprio para presidente, Ledo Fiúza com 10% dos votos. O candidato mais votado para o Senado foi Luiz Carlos Prestes e foram eleitos 14 deputados federais.

Com o PCB na legalidade, concorreram nas eleições intelectuais e artistas de prestígio como Jorge Amado, Graciliano Ramos, Caio Prado Júnior, Candido Portinari, Mario Schemberg e Di Cavalcanti. Em 1947, o PCB foi declarado ilegal e os eleitos tiveram seus mandatos cassados. 

O mais grave foi a repressão policial fechando todas as células do partido em todo país. O PCB era forte na cidade portuária de Santos, com maioria eleita na Câmara e chamada de Cidade Vermelha, nas cidades do ABC e São Paulo, em fase de industrialização e com grande população operária.

Embora mantendo influência nos meios universitários, entre intelectuais e artistas, a proibição e perseguição do Partido impediu uma popularização e influência política, embora surgissem líderes carismáticos de esquerda como Leonel Brizola.

Até o surgimento do Partido dos Trabalhadores com a liderança de Lula, criando um populismo ou militantismo de esquerda com a criação de conquistas sociais, na sequência das criadas por Vargas.

Em 1947, o movimento social e político comunista era extremamente ativo e crescia nas camadas populares com as células que promoviam cursos, reuniões políticas, mas igualmente festejos em espaços abertos em bairros e cidades com participação de jovens e mesmo crianças, numa espécie de grandes reuniões populares de famílias. Me lembro dessas festas no Morro de São Bento, na cidade de Santos, para onde me levava meu pai.

Esses tipos de encontros populares desapareceram, nem o PT conseguiu refazê-los com a mesma constância, criando vínculos entre as pessoas e as famílias.

Até chegarem os evangélicos com suas congregações e igrejas, seus cultos, reuniões de jovens, mulheres, escolas dominicais, uniões de mocidade e festas preparadas por seus pastores e fiéis. Na verdade, revivem as células do partido comunista, que permitiam sociabilidade, fortaleciam as amizades e se multiplicavam.

O formato é quase o mesmo, com ligeiras variações, mas o conteúdo é muito diferente, com a religião como fator agregador e a política como objetivo, servindo como propagador do credo fundamentalista, próximo da extrema-direita.

Nem as redes sociais conseguem o mesmo resultado porque essas células garantem o contato humano direto e se tornam imbatíveis.

Quaisquer semelhanças entre essas duas realidades, alemã e brasileira, pode ser mera coincidência. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu “Dinheiro Sujo da Corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, “A Rebelião Romântica da Jovem Guarda”, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

O clamor dos deserdados da terra

Em novo livro, Whisner Fraga reúne 55 minicontos que reproduzem o drama dos excluídos que vivem nas ruas de São Paulo. E o faz sem perder a ternura

                I

Histórias dos deserdados da terra que habitam as ruas de São Paulo compõem As fomes inaugurais (Editora Sinete, 2024), o mais recente livro de Whisner Fraga, autor de mais de uma dezena de obras nos gêneros romance e contos, algumas premiadas. Desta vez, são 55 minicontos sobre personagens que se acostumaram a viver à margem de uma sociedade que não só não tem interesse em acolhê-los como faz questão de enxotá-los de suas calçadas. 

Para tanto, o autor, já experimentado no ofício, vale-se de vários recursos de estilo, como o realismo mágico, o fluxo de consciência e as narrativas em terceira e primeira pessoas, sem deixar de recorrer, às vezes, à linguagem do teatro, em textos sempre entremeados por prosa poética. 

No miniconto “brasões, flâmulas, insígnias”, o autor observa que “mendigo é diferente de morador de rua e pessoa em situação de rua é pior, morador de rua escolhe morar na rua, e pessoa em situação de rua pousa no abrigo, sem o cachorro, pois não recebem bichos lá”. E acrescenta que os burgueses “estão se lixando se dormem na rua ou no asilo ou o modo que são denominados, dependendo do lugar em que pernoitam”. 

Se se pode acrescentar alguma coisa a esse miniconto, é para lembrar que, segundo depoimento ouvido recentemente de um sem teto, muitas vezes, é melhor dormir na rua, de preferência debaixo de uma marquise, do que pernoitar num asilo público, correndo o risco de ser roubado por aqueles que lá também pernoitam e precisam de seu parco dinheirinho para alimentar o vício das drogas. Eita, que mundo cão!     

                        II

Em alguns minicontos, aparecem o dono de um bar, conhecido como Seu Manuel, e Helena, sempre dialogando com o narrador. Em outros, mulheres em situação de rua buscam dinheiro em lives eróticas e uma família que mora em um carro abandonado e começa a adaptá-lo para transformá-lo em uma casa. No miniconto “usualmente a heresia”, há um flagrante da vida de um casal de excluídos: “a aguardente brilha debaixo do holofote mirrado do poste, a mulher espera que ele desembuche e deposite o litro em seu colo: não é capaz de despertar sem uma talagada (...)”.

Já no miniconto “seiva”, o leitor vai se deparar com o drama de uma excluída, procedente de Manari, município de Pernambuco que, no início deste século, foi considerado o mais pobre do Brasil. Ela está grávida e procura assistência médica em unidades públicas: “quatro meses?, não acompanha, estava aflita porque não descia, decide ir ao postinho, sorte que uma enfermeira de plantão a examina, recomenda pré-natal, chispa, se ela pede endereço, diz o quê?, não, não retorna, prefere o relento de são paulo à laje de manari, não adianta teimar: não avisa a mãe, o que fará daquela lonjura, na escassez irrepreensível?, vive, com a soberania dos brutalizados, a altivez dos autodenominados puros? quer distância de santos, essas beatas que adoram operar o chicote, terá o filho, amará o filho (...), afaga o ventre e admira os edifícios com suas fachadas brutais, deglutindo famílias, acobertando tanto egoísmo e desigualdade: o que oferecerá ao filho?, a cidade enlaça suas quimeras, como um parasita atocaiando a presa”. 

Por aqui, como ressalta o escritor Hugo Almeida, no posfácio que leva o título “Cântico aos excluídos”, vê-se que o leitor irá se deparar nesses contos com “um filme atual da exclusão dos desassistidos, párias de uma sociedade egoísta e cruel”. Mas, acrescente-se, o que torna esta obra singular é exatamente a intenção do autor de não romantizar seus personagens, sem deixar de imprimir em tudo “um toque de poesia, ainda que dolorosa”, como observa Almeida, igualmente romancista, contista e ensaísta, autor de Vale das ameixas (romance) e A voz dos sinos (ensaio), ambos também publicados pela Editora Sinete. 

Para Almeida, Whisner Fraga é, hoje, “um dos mais vigorosos e criativos escritores brasileiros em atividade”, sempre preocupado em “denunciar a desigualdade socioeconômica, sem, contudo, dispensar o apuro estético”, cumprindo o papel de todo verdadeiro escritor, que é o de denunciar as mazelas do mundo. É o que o autor faz, pois, os seus contos, na maioria, trazem um fecho que “é um susto, o soco de nocaute da receita cortaziana”, como define Almeida, citando a técnica de escrita do autor argentino Julio Cortázar (1914-1984).  

               III

Nascido em Ituiutaba, Minas Gerais, em 1971, Whisner Fraga é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia. Em Engenharia Mecânica, fez também mestrado na mesma universidade e doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Mas, atraído pelas Letras, curso que iniciou, mas não concluiu, ainda durante o mestrado, publicou o livro de contos Seres e sombras (edição de autor, 1997). É formado também em Pedagogia e Marketing Digital.

Durante o doutoramento, publicou o seu segundo livro de contos, Coreografia dos danados (Edições Galo Branco, 2002), título inspirado em verso de Augusto dos Anjos (1884-1914). Concluiu o doutoramento em 2003 e, desde então, prestou concurso para a docência e vem lecionando para jovens e adultos. Ao mesmo tempo, atua como crítico literário em jornais impressos e sites dedicados à literatura. Também resenha obras de literatura contemporânea no canal Acontece nos Livros, no YouTube, e é editor na Sinete.

Nos últimos tempos, publicou Usufruto de demônios, contos (Ofícios Terrestres Edições, 2022) e O que devíamos ter feito, contos (Editora Patuá, 2020). É autor ainda de A cidade devolvida, contos (Editora 7 Letras, 2005); As espirais de outubro, romance (Nankin, 2007), prêmio ProAC do Governo do Estado de São Paulo; Abismo poente, romance (Ficções Editora, 2009), prêmio ProAC do Governo do Estado de São Paulo; O livro da carne, poemas (Editora 7 Letras, 2010); Sol entre noites, romance (Ficções Editora, 2011), prêmio ProAC do Governo do Estado de São Paulo; Lúcifer e outros subprodutos do medo, contos (Editora Penalux, 2015), prêmio ProAC do Governo do Estado de São Paulo; A verdade é apenas uma versão dos fatos (Editora Penalux, 2017); e  O privilégio dos mortos, romance (Editora Patuá, 2019). 

Participou de antologias como Os cem menores contos brasileiros do século (Editora Ateliê, 2018), organizada por Marcelino Freire; e Geração zero zero: fricções em rede (Editora Língua Geral, 2011), organizada por Nelson de Oliveira. Alguns de seus contos foram traduzido para o inglês, alemão e árabe e publicados em antologias. Adelto Gonçalves - Brasil 

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As fomes inaugurais, de Whisner Fraga, com posfácio de Hugo Almeida. São Paulo-SP, Editora Sinete 88 páginas, R$ 55,00., 2024. Site: www.editorasinete.com.br E-mail: editorasinete@gmail.com 

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Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Editorial Caminho, 2003; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imesp/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em terras d´el-rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015), Os vira-latas da madrugada (José Olympio Editora, 1981; Letra Selvagem, 2015) e O reino, a colônia e o poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br


Libéria - 35 deputados entre 457 funcionários suspensos por não apresentarem declaração de bens

Incumpridores têm um mês para entregar lista de bens, rendimentos e passivo. Na lista de suspensos consta o nome de Ivan Fayeah Carmanor, presidente da Comissão de Concessões e Aquisições Públicas, e toda a equipa de gestão da Liberia Electricity Corporatiom

Mais de 450 funcionários do Estado, entre os quais deputados, embaixadores e chefes de agências e empresas estatais, foram suspensos, durante um mês, por não apresentarem as suas declarações de bens, até Novembro, de acordo com o Código Nacional de Conduta da Libéria. A suspensão ocorre uma semana depois da suspensão da presidente da Companhia Nacional de Petróleo da Libéria (NOCAL), Rosalyn Suakoko Dennis, por suspeitas de corrupção.

A lista dos 457 funcionários suspensos, sem direito a salário durante o período de suspensão, tem por base um relatório da Comissão Anticorrupção da Libéria (LACC) que expõe o "persistente incumprimento" de funcionários públicos, entre os quais alguns legisladores, refere o jornal Liberian Observer.

A lista de incumpridores integra o presidente do Bloco Maioritário da Câmara dos Representantes da Libéria, Richard Nagbe Koon, e outros 34 deputados, incluindo James Kolleh, presidente das Regras, Ordem e Administração. Refira-se que o Parlamento da Libéria é bicamaral, sendo constituído pelo Senado (a câmara alta) e pela Câmara dos Representantes.

O não cumprimento dos requisitos de declaração de activos, segundo um comunicado da presidência, prejudica os esforços anti-corrupção e a responsabilização a nível nacional", pelo que o Presidente Joseph Boakai reitera que "a aplicação rigorosa de normas legais e éticas continuará a ser um ponto focal da sua administração".

A decisão de suspender os funcionários foi tomada 24 horas após a Transparência Internacional divulgar o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, que mostra que o país subiu dois pontos, de 25 em 2023 para 27 em 2024, o que acontece pela primeira vez em sete anos.

O Presidente Joseph Boakai foi eleito em Novembro de 2023, após hastear a "bandeira" de combate à corrupção e, desde que tomou posse, tomou medidas legislativas para assegurar o cumprimento da promessa, entre as quais o Código Nacional de Conduta. O diploma determina que todos os funcionários públicos declarem os seus bens, rendimentos e passivos antes de assumirem o cargo, a cada três anos durante o exercício do cargo e quando deixam o cargo, até Novembro de cada ano, com um período de carência de 10 dias. O não cumprimento tem consequências graves, que incluem a suspensão de funções e de salário, multas e demissão do cargo.

Na lista de funcionários suspensos constam os nomes de Ivan Fayeah Carmanor, presidente da Comissão de Concessões e Aquisições Públicas (PPCC); Agostinho B.M. Johnson, director executivo adjunto dos Serviços Técnicos da Liberia Electricity Corporation (LEC); e Alfredson Taikerweah, presidente do Bong County Technical College, assim como os diplomatas Al-Hassan Conteh, embaixador da Libéria nos EUA e Christopher Hayes Onanuga, embaixador-geral do Turismo.

Segundo a imprensa nacional, toda a equipa de gestão interina da Liberia Electricity Corporation, que tomou posse em 2024, foi suspensa. Os funcionários suspensos têm de entregar as declarações de bens ao governo ou aos superiores hierárquicos nas instituições a que estão ligados. Isabel Bordalo – Angola in “Expansão”


São Tomé e Príncipe - Abriga reunião sobre reservas da biosfera da Unesco

Ao todo, são 24 reservas em seis países de língua portuguesa. O evento que conta com a presença do primeiro-ministro do país africano termina nesta sexta-feira na Ilha de Príncipe



Representantes de um grupo de países que falam a língua portuguesa estão reunidos em São Tomé e Príncipe, esta semana, para debater temas ligados aos ecossistemas da Terra.

O 3º Encontro da Rede das Reservas da Biosfera da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, ocorre no contexto da CPLP, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que tem sede em Lisboa, Portugal.

Grupo inclui 196 milhões de hectares de biodiversidade

O novo primeiro-ministro são-tomense, Américo d’Oliveira dos Ramos, discursou esta terça-feira na reunião, que ocorre na Ilha de Príncipe.

Especialistas, representantes das Reservas da Biosfera e outros convidados devem refletir sobre o papel da biodiversidade em países lusófonos como Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Segundo a Unesco, a Rede Temática do Programa Homem e Biosfera (MAB) foi aprovada em julho passado.

A Rede inclui 196 milhões de hectares que beneficiam mais de 104 milhões de pessoas que vivem nesses territórios.

Angola, Timor-Leste e Guiné-Equatorial querem entrar na Rede

Na semana passada, São Tomé e Príncipe realizou a 10ª Reunião dos Ministros do Meio Ambiente da CPLP e analisou a expansão do grupo com Angola, Timor-Leste e a Guiné-Equatorial, os demais integrantes do bloco.

Um dos temas a serem debatidos é sobre o turismo sustentável e a conservação da biodiversidade nos países do grupo.

O III Encontro da Rede das Reservas da Biosfera da Unesco na CPLP termina nesta sexta-feira. ONU News – Nações Unidas


Portugal – Lançamento do livro de poesia ““Chuva de Jasmim” da palestiniana Shahd Wadi

“Chuva de Jasmim” é o título do livro de poesia da palestiniana Shahd Wadi, que a Caminho agora edita. A sessão de lançamento decorrerá, com a presença da autora, no dia 27 de fevereiro, às 18h30, na Casa do Comum, em Lisboa. O livro será apresentado por Judite Canha Fernandes, autora do prefácio, e contará com a participação de Alexandra Lucas Coelho



“Rasgam as entranhas do meu corpo palestiniano frases e palavras em português, um idioma que ainda vou aprendendo. Resisto com toda a força, só algumas conseguem escapar. Aperto os lábios diante da impossibilidade de falar do meu corpo que não é, do seu lugar que é nunca. Não digo a nenhuma alma que não distingo o «cá» do «lá». Nem que as línguas e os desejos acontecem em mim em simultâneo.

Não consigo, não consigo, não consigo soletrar o nome árabe de quem morreu ontem em Gaza, nem no dia seguinte. Fecho a boca perante o caminho da história da minha família que foi expulsa da sua terra após a catástrofe palestiniana Nakba, em 1948. Coloco a mão à frente da minha voz para evitar um erro de português, enquanto conto uma piada ou até um sonho de liberdade, mesmo se toda a liberdade. Não declamo nada. Aguento um golpe atrás de outro de um verso que me quis abandonar. Mantenho o silêncio.

Hoje trago comigo este livro porque o meu corpo desiste e está finalmente poema.

A bandeira, a dança, a buganvília e o anjo juntam-se para desentupir a caneta de todas as minhas línguas falhadas, obscenas e belas. Sem consentimento, o meu fogo e as minhas papoilas soltam-se e eu liberto os meus rabiscos para que o «erro» se torne um verso, o povo um pássaro, o exílio um regresso e eu uma fronteira. Escrevo um poema, um livro de poemas, para que haja Chuva de Jasmim.” Shahd Wadi

«Este será o primeiro livro palestiniano da poesia portuguesa. Ou vice-versa? Shahd Wadi fez de Portugal a sua morada — até que ir para casa seja possível. Enquanto a Palestina estiver ocupada, o mundo é a Palestina.» Alexandra Lucas Coelho

Sobre a autora: Shahd Wadi é palestiniana, entre outras possibilidades, mas a liberdade é sobretudo palestiniana. Procurou as suas resistências ao escrever a primeira dissertação de doutoramento em Estudos Feministas do país, pela Universidade de Coimbra, que serviu de base ao livro Corpos na Trouxa: histórias-artísticas-de-vida de mulheres palestinianas no exílio (Almedina, 2017).

Entre as publicações mais recentes, é coautora nas antologias Volta Para Tua Terra: Não Há Abril Sem Imigrantes (Urutau, 2024) e Ask the Night for a Dream: Palestinian Writing from the Diaspora (Palestine Writes, 2024). Exerce a sua liberdade no que faz, viajando entre escrita, curadoria, investigação, tradução, desempenho e consultorias artísticas. Foi nomeada recentemente Escritora Universal Galega de 2025. Na sua escrita e investigação aborda a ocupação israelita da Palestina e considera as artes um testemunho de vidas. Também da sua. In “Revista Bica” - Portugal


terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Angola - Contos populares reúnem adolescentes e adultos

Os contos populares “O Cágado e o Mbambi” e “O Leão é forte como a Amizade” estiveram em destaque, sábado, durante a 9ª edição do projecto “Estórias no Imbondeiro”, que reuniu um público composto por adultos e crianças, tendo contado com um momento de advinha nas línguas cokwe e kimbundu, com o objectivo de preservar a cultura nacional



A actividade, que teve como palco o Centro de Ciência de Luanda (CCL), tendo como base o velho Imbondeiro, que é o personagem principal, foi moderada pelo escritor José Luís Mendonça.

De acordo com o escritor, todas as estórias tradicionais foram recolhidas por diversos etnólogos e etnógrafos, actualmente traduzidas em português e contada ao público, com o objectivo de dar a conhecer uma vasta área da cultura nacional que não é muito divulgada. “Esta área está a ficar esquecida por causa da perda de algumas línguas nacionais e com isso vai toda uma filosofia e elementos culturais, como estas histórias”, observou.

As histórias, completou José Luís Mendonça, carregam um cunho moral e um conselho para a vida, tendo um grande impacto na vida dos adultos e das crianças. “Para as crianças, é muito mais importante, porque aqui elas aprendem sobre alguns valores, como o amor, a solidariedade, o respeito ao próximo, a protecção da natureza e o valor do trabalho”, sublinhou.

Para o pequeno Adilson Samuel, de nove anos, que já acompanhou várias edições do projecto, é sempre bom ouvir e participar das estórias, por serem muito ilustrativas e com um pendor educacional. “As estórias são muito entretidas, aqui aprendemos como respeitar os mais velhos, amar a natureza e o valor das línguas nacionais”, disse.

A organizadora de eventos culturais Filomena Cassange, que achou a nona edição muito interessante, explicou que actividades do género são necessárias, por manterem sempre o público em contacto com a natureza e os valores culturais, tendo reforçado que um país sem cultura é um país sem identidade. Maria Hengo – Angola in “Jornal de Angola”  


Egipto - Anuncia a primeira descoberta em 100 anos de um túmulo faraónico

O Ministério das Antiguidades do Egipto anunciou a descoberta do túmulo de Tutmés II, o primeiro túmulo real antigo encontrado desde o de Tutankamon em 1922.



Tutmés II era filho de Tutmés I e da sua esposa menor, Mutnofret, que era provavelmente filha de Ahmés I. Era, portanto, filho menor de Tutmés I e escolheu casar com a sua meia-irmã real, Hatchepsut, para garantir a sua realeza. Como Mutnofret era uma princesa e Tutmés I era um plebeu, provavelmente casaram apenas depois de Tutmés se ter tornado rei, pelo que o seu filho nasceria após a coroação do seu pai, e provavelmente após a meia-irmã Hatchepsut, que era filha do faraó com a sua esposa primária.

Isto significaria que Tutmés II estava no início da adolescência quando se tornou faraó. Embora tenha reprimido com sucesso rebeliões na Núbia e no Levante e derrotado um grupo de beduínos nómadas, estas campanhas foram levadas a cabo especificamente pelos generais do rei, e não pelo próprio Tutmés II o que é muitas vezes interpretado como evidência de que Tutmés II era ainda menor de idade quando assumiu o trono. Tutmés II gerou Neferure com Hatchepsut, e Tutmés III, com uma esposa menor chamada Iset.

Alguns arqueólogos acreditam que durante o governo de Tutmés II Hatchepsut era o verdadeiro poder por detrás do trono, devido às políticas internas e externas semelhantes que foram posteriormente adoptadas durante o seu reinado e por causa da sua alegação de que era a herdeira pretendida do pai. É retratada em várias cenas de relevo de um portal de Karnak que datam do reinado de Tutmés II, tanto juntamente com o seu marido como sozinha e mais tarde, fez-se coroar Faraó vários anos após o governo do jovem sucessor do seu marido, Tutmés III; isto é confirmado pelo facto de “os agentes da rainha terem substituído o nome do rei em alguns lugares pelos seus próprios”.

Agora, o túmulo de Tutmés II foi encontrado perto do Vale dos Reis em Luxor, no sul do Egipto, a alguns quilómetros do seu imponente templo funerário, erguido na margem oeste do Nilo.

Trata-se de “uma das descobertas arqueológicas mais importantes dos últimos anos”, celebrou o Ministério das Antiguidades.

Segundo estudos preliminares, o túmulo, escavado por uma missão conjunta egípcio-britânica, foi esvaziada na antiguidade, deixando o túmulo sem múmia real nem o esplendor dourado associado à descoberta de Tutankamon.

A sua entrada foi localizada pela primeira vez em 2022 nas montanhas de Luxor, a oeste do Vale dos Reis, mas os especialistas acreditavam que ela conduzia ao túmulo de uma esposa real.

A equipa encontrou depois “fragmentos de vasos de alabastro com o nome do faraó Tutmés II, identificado como o ‘rei falecido’, assim como inscrições com o nome de sua principal esposa real, a rainha Hatshepsut”, detalha o ministério.

Pouco depois do sepultamento do rei, a água inundou a câmara funerária, danificando o interior e fragmentando um revestimento de gesso decorado com extractos do Livro de Amduat, um antigo texto funerário sobre o além.

Também foram encontrados no túmulo alguns móveis funerários que pertenceram a Tutmés II, indicou o ministério.

De acordo com o chefe da missão, Piers Litherland, citado pelo Ministério das Antiguidades, a equipa continuará o seu trabalho na região, com a esperança de encontrar objectos que originalmente estavam no tumulo.

Este anúncio ocorre num momento em que o Egipto intensifica os esforços para impulsionar o turismo, uma fonte essencial de divisas estrangeiras para a economia do país. No ano passado, o Egipto recebeu 15,7 milhões de turistas e este ano espera a visita de 18 milhões, especialmente graças à esperada inauguração do Grande Museu Egípcio, ao pé das pirâmides de Gizé. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Agências Internacionais”


Macau - Instituto de Promoção do Comércio e Investimento desloca-se a Portugal e ao Brasil em Abril

Portugal e Brasil vão receber, em Abril, uma equipa do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM), a qual realizará “uma série de actividades de promoção comercial, com o objectivo de reforçar a cooperação de benefício mútuo entre as empresas chinesas e lusófonas”



Uma equipa do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM) vai deslocar-se a Portugal e ao Brasil em Abril, revelou o director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), Yau Yun Wah. Nesta visita aos dois países lusófonos, está prevista a organização das pré-actividades de “roadshow”, no sentido de “atrair mais empresas lusófonas” a participar na 2ª Exposição Económica e Comercial China-Países de Língua Portuguesa (Macau) – CPLPEX, “criando mais oportunidades para a cooperação aprofundada entre as partes intervenientes”.

A segunda edição da CPLPEX decorrerá em Macau em Outubro deste ano, visando convidar empresas da Grande Baía dedicadas aos sectores de electrodomésticos e manufactura, “para trazerem os seus produtos, tecnologias e serviços de qualidade para o local do evento”, acrescentou Yau Yun Wah, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Song Pek Kei.

Segundo apontou o director do organismo, a equipa do IPIM “irá deslocar-se aos países de língua portuguesa para realizar uma série de actividades de promoção comercial, com o objectivo de reforçar a cooperação de benefício mútuo entre as empresas chinesas e lusófonas”.

Em concreto, referiu a participação em conjunto com os Serviços do Comércio do Município de Pequim e outras entidades no “Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, a decorrer em meados do corrente ano na Guiné Equatorial. O objectivo do encontro é ajudar as empresas do Interior da China e da RAEM a conhecerem melhor o ambiente de negócios nos países de língua portuguesa, promovendo ao mesmo tempo, junto das empresas lusófonas, as oportunidades de desenvolvimento de Macau e Hengqin.

Em paralelo, através do serviço da “Conduta do Comércio China-PLP”, do “Portal para a Cooperação nas Áreas Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa” e do “Pavilhão de Exposição da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, o IPIM “dará forte apoio às empresas chinesas e lusófonas na exploração do mercado em prol do aprofundamento da cooperação económica e comercial bilateral”, pode ler-se.

O director do organismo frisou ainda que o IPIM se dedica a desempenhar o papel de Macau como plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, explorando maior espaço de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa nas diversas áreas, como no comércio, no investimento e nas diferentes indústrias.

Por outro lado, a deputada Song Pek Kei tinha defendido que as autoridades deviam avançar com uma discussão com o Interior da China para que políticas e medidas “mais convenientes” fossem adoptadas em prol da maior redução de custos e simplificação de processos, no âmbito da participação das empresas de Macau na cooperação económica e comercial sino-lusófona. Neste ponto, Yau Yun Wah recordou apenas as medidas já implementadas e garantiu que “o Governo da RAEM continuará a promover mais medidas de facilitação, apoiando ainda mais empresas locais na exportação de produtos de qualidade para o Interior da China”.

Já em relação aos quadros qualificados sino-portugueses, Song Pek Kei considera que é preciso as autoridades fazerem mais tanto em relação à captação destes quadros como à formação. Ora, também neste âmbito, as autoridades lembram as medidas já tomadas até aqui. A título de exemplo falam no “Programa de Iniciação de Aprendizagem da Língua Portuguesa”, lançado em 2023/2024. Em relação a esta iniciativa, é dito que a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude “irá optimizar o Programa de Iniciação, apoiando os alunos a prosseguirem os seus estudos em Portugal”. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Vietname – Presidente da República de Timor-Leste participa em fórum das nações do sudeste asiático

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, viajou para o Vietname para participar no Fórum do Futuro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e para fortalecer as relações de cooperação regionais.

“O Fórum do Futuro da ASEAN representa uma plataforma crucial para o diálogo e a colaboração, à medida que trabalhamos para construir um sudoeste asiático mais integrado e resiliente”, afirmou o Presidente timorense, citado num comunicado divulgado à imprensa.

Segundo José Ramos-Horta, a participação de Timor-Leste naquele fórum demonstra o compromisso do país com a “cooperação regional” e a disponibilidade para “contribuir de forma significativa para a visão partilhada da ASEAN de desenvolvimento sustentável e prosperidade”.

“À medida que avançamos no nosso processo de adesão, estamos empenhados em trabalhar em estreita colaboração com os nossos vizinhos para enfrentar desafios comuns e aproveitar oportunidades para o crescimento coletivo”, acrescentou o chefe de Estado.

Durante a visita ao Vietname, que termina quarta-feira, o também prémio Nobel da Paz vai realizar reuniões bilaterais com o Presidente vietnamita, Luong Cuong, e com o secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, To Lam, para “reforçar os laços diplomáticos” e “aprofundar a cooperação regional e o desenvolvimento”.

No Fórum do Futuro da ASEAN, José Ramos-Horta, que viajou acompanhado de uma delegação do Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense, vai proferir um discurso na cerimónia de abertura e participar numa sessão de perguntas e respostas. In “Ponto Final” - Macau


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Macau - Exposição Show-Off 3.0 exibe colecções de arte de três personalidades portuguesas

A Associação Cultural Vila da Taipa vai receber a terceira edição da exposição “Show-Off” no Espaço de Arte da Vila de Taipa, entre 26 de Fevereiro e 30 de Abril, com entrada gratuita.



À semelhança das edições anteriores, “Show-Off 3.0” reunirá diversas peças de artes adquiridas por três coleccionadores ao longo de anos ou décadas, desta vez todos de origem portuguesa: a fundadora da Creative Macau Lúcia Lemos, o escritor Carlos Morais José e a arquitecta Rita Machado.

Segundo um comunicado da associação, a mostra propõe-se a “desvendar a natureza do coleccionismo de arte e a promover o valor cultural que o coleccionismo pode trazer à economia e aos talentos locais”, através de uma “conversa visual sobre os bens culturais de indivíduos com interesses muito específicos e muito especiais”.

Cada um dos convidados irá apresentar as obras de arte que acumulou ao longo dos anos e partilhar “as suas ideias sobre o que colecciona e o significado deste hábito”, revelando através das peças escolhidas aspectos da sua personalidade e diferenciando-se dos demais elementos do trio. O propósito deste projecto é cimentar o coleccionismo como “um bem cultural que parte de uma iniciativa individual, mas que pode também alargar o sentido de comunidade” e “fomentar a vitalidade da sociedade”.

A colecção de Lúcia Lemos, fotógrafa e artista fundadora do centro cultural Creative Macau, é composta principalmente por pinturas vibrantes e coloridas de artistas locais e estrangeiros. Já a obra artística reunida por Carlos Morais José – poeta, escritor, editor, jornalista e actual director do jornal Hoje Macau – remete, de acordo com a nota de imprensa, para “uma relação subtil e complexa entre um erudito e pedras gongshi” que, se ao olhar não treinado se afiguram como meras pedras decorativas, aos olhos do esteta tornam-se objecto de reflexão sobre “questões que transcendem a sua aparência”. Rita Machado, co-fundadora e arquitecta principal do Impromptu Projects, completa o trio com uma colecção baseada na relação com “muitos artistas locais e internacionais, com alguns dos quais estabeleceu amizades duradouras”.

A exposição “Show-Off 3.0”, lê-se no comunicado, “vem reforçar a posição da Vila da Taipa como um dos principais destinos culturais e artísticos de Macau e sublinha o seu inestimável contributo para a promoção das indústrias culturais e criativas do território”. In “Ponto Final” - Macau


Angola - Ministra das Finanças pede desculpa aos contribuintes por actos lesivos

A ministra angolana das Finanças Vera Daves pediu desculpa aos contribuintes e cidadãos angolanos pelos actos lesivos praticados por gestores públicos, garantindo que os culpados vão ser responsabilizados. “Vamos continuar a trabalhar para reforçar internamente as nossas instituições e detectar o mais rapidamente possível estas práticas, também com a moralização dos agentes públicos. Pretendemos seguir denunciando todas as práticas irregulares como sinal de que o executivo permanece implacável contra actos de corrupção e peculato”, garantiu, na Assembleia Nacional.

Respondendo às preocupações dos deputados sobre alegadas práticas ilícitas de gestores públicos, durante a discussão e votação do relatório de execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) no terceiro trimestre de 2024, Vera Daves assegurou que o governo “segue comprometido com a responsabilização administrativa, civil e criminal dos gestores e funcionários públicos envolvidos em actos ilícitos com reforço contínuo dos instrumentos e políticas de controlo interno”.

Funcionários seniores da Administração Geral Tributária (AGT), órgão tutelado pelo Ministério das Finanças, foram detidos recentemente por alegado envolvimento num esquema fraudulento de reembolsos de IVA envolvendo um desvio de 7 mil milhões de kwanzas (cerca de 7,3 milhões de euros).

As autoridades detiverem, em finais de Janeiro, o director do gabinete do director geral do SME e a chefe de departamento dos Recursos Humanos do mesmo órgão, por alegados crimes de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem e corrupção passiva por fortes indícios de envolvimento num esquema fraudulento.

O portal Maka Angola, gerido pelo activista Rafael Marques, denunciou a existência de um “buraco” de mais de 21 mil milhões de kwanzas (quase 22 milhões de euros) no Instituto Nacional de Gestão de Bolsa de Estudo, através de transferências e pagamentos sem justificativos, realizados em 2022, quando o Tribunal de Contas está a investigar aquela instituição, como anunciou o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.

A ministra pediu desculpas aos contribuintes e cidadãos pelos actos lesivos praticados pelos agentes públicos contra a boa gestão do erário – aludindo ao caso AGT – assegurando que o governo vai continuar vigilante a práticas ilícitas. “E adoptaremos as medidas necessárias para que situações dessas não voltem a acontecer e confiamos nas autoridades que estão a trabalhar para que as pessoas, comprovadamente, culpadas possam ser devidamente responsabilizadas”, assegurou.

Apelou ainda aos gestores económicos a defenderem os seus recursos “ganhos com sacrifício e suor”, uma defesa, que “não alimente apetites inconfessos e não alicie funcionários públicos”.

Sobre a execução orçamental, a ministra das Finanças deu conta que durante o terceiro trimestre de 2024 a receita arrecadada foi de 18% em relação à receita anual aprovada pelo OGE 2024.

A ministra reconheceu ainda que a diversificação económica e a redução da dependência do petróleo no país “está a ser um processo lento”, admitindo o desejo de que tivesse uma marcha mais rápida. “Gostaríamos que andasse mais rápido, mas continuamos comprometidos com a diversificação, quer olhando dentro do sector energético (energias renováveis) mas também olhando para a agricultura, indústria ligeira, turismo (…) e continuamos a actuar em várias frentes para que a diversificação económica aconteça de forma mais rápida”, concluiu. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau