Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Sombras da infância na poesia de Moura Campos

                                                          I
O poeta e crítico espanhol Carlos Bousoño (1923-2015), em Teoría de la Expresión Poética (Madri, Gredos, 1970), observa que a poesia deve passar ao leitor, por meio de palavras, um conhecimento de índole muito especial, ou seja, um conteúdo psíquico que na vida real se oferece como individual, como um todo particular, síntese intuitiva, única, daquilo que passa pela alma do autor. Isso não significa que a poesia deve ter rimas, ritmo, melopeia ou versos, pois nada disso a caracteriza. Caso contrário, sempre que estivéssemos diante de um texto em verso teríamos poesia, como observa o professor Massaud Moisés (1928-2018) em Dicionário de Termos Literários (São Paulo, Cultrix, 2005). E não é assim.

Lembra-se isto a propósito do livro do poeta Francisco Moura Campos (1942-2017), Refúgios do Tempo (Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2016), que reúne reminiscências do autor, ou seja, lembranças de sua vida em duas cidades do Interior do Estado de São Paulo (Botucatu e São Carlos) e na capital paulista, que marcam as três partes em que está dividido o volume. O lançamento deste livro ocorreu em novembro de 2016 e, a 14 de outubro de 2017, Moura Campos faleceu, vitimado por leucemia.

Nos 40 poemas que compõem a primeira parte do livro estão presentes reminiscências da infância e adolescência do autor em sua cidade natal, Botucatu, como as ruas, a casa da avó, os bares, as pescarias, os footings aos domingos à noite, especialmente aqueles que se passavam na Rua Amando, os jogos de futebol, em especial os da Ferroviária, o armazém de secos e molhados, uma viagem a São Paulo a fim de ver um São Paulo x Corinthians no estádio do Pacaembu e até uma homenagem ao professor que lhe ensinou a escrever e despertou sua vocação para a literatura.

Nesse sentido, não se pode discordar da dramaturga, ensaísta, poetisa e tradutora Renata Pallottini, quando diz, na contracapa do livro, que a  poesia de Francisco Moura Campos “consegue arrancar do mais profundo das sombras da infância a pureza e o sabor da terra, que o tempo havia tentado sepultar”, definindo-a como “uma poesia nítida e dedicada a reinventar o perdido e o nunca encontrado”.  

Não são poemas que se exprimam por metáforas, mas que refletem o que se registrou na mente do poeta ao longo do anos, fazendo um resgate de “reminiscências que se aproximam do conto, da crônica”, como observa o poeta Caio Porfírio Carneiro, autor do texto das abas do livro, acrescentando, com percuciência, que os textos de Moura Campos passeiam, de maneira mágica, “entre diversos meios literários, sem fuga possível da pulsação poética, que vem imediatamente ao vivo em quaisquer destas criações, valendo-se de sua arma poderosa: simples sem ser fácil”.

Em outras palavras: trata-se de uma prosa poética, que sai do coração de quem se sente profundamente ligado a tudo o que compôs a sua vida: familiares e amigos, a casa e os objetos guardados, as recordações de infância e dos lugares por onde passou, os sonhos, os anseios, enfim, o tecido com que se faz a própria vida. Eis um exemplo (“Noturno da Rua Cesário Alvim”):

            É o apito do trem no meio da noite:
            - Enternecimento...
            Diz-se que vai chover se o apito vem de perto.
            É o relógio da Igreja Nossa Senhora de Lourdes
            soando a cada quinze minutos
            numa espécie de badalar luminescente marcando
            o tempo... É muito bom.
            São os gatos chorando alto, feito crianças.
            São os pios dos morcegos.
            É o assovio dos fios quando venta forte.
            Nos silêncios da vida
            esses rumores vão comigo.

                                               II
Na segunda parte, dedicada à cidade de São Carlos, as lembranças são menos variadas e os poemas em menor número (17). Trazem, porém, o viço da juventude: o aluno de Engenharia descobre os prazeres noturnos das conversas amenas com os amigos nos bares ou participa de serenatas debaixo das casas das musas inspiradoras dos estudantes. Eis um exemplo (“Serenata”):

                        (...) A serenata cortava o silêncio da madrugada
                        e o céu era um manto de estrelas aberto sobre nós.

Há ainda lembranças que se haviam grudado nos olhos, indiferentes à passagem do tempo, como se pode ver no poema “Trem”:

Da minha janela vejo o trem da Paulista
Que vai chegando, chegando, e para.
Os habitantes da cidade acertam seus relógios.
Depois o trem apita, sai devagarinho
E o silêncio da noite volta a se derramar
Pelas ruas de São Carlos.
Este trem partirá, todas as noites, do meu coração.

Ou ainda recordações dos bailinhos marcados pelo compasso dos primeiros tempos de um ritmo novo, a Bossa Nova, e de um de seus maiores precursores, Dick Farney (1921-1987), como se lê no poema “Baile com a orquestra de Dick Farney”:

(...) Havia grandes solos. Naipes exuberantes.
            O crooner era perfeito.
            Fim de baile, pedimos uma canja e Dick Farney
             concedeu duas.

                                               III
A parte final, reservada à cidade de São Paulo, reúne apenas três poemas, que resumem a entrada do poeta na vida adulta, depois de sua formatura como engenheiro, passando por uma admiração incondicional pelo pianista norte-americano Bill Evans (1929-1980), até uma paixão não correspondida por uma moça que tinha o apelido de Caçula e que foi a diva de seu primeiro poema. Estes poucos versos aparecem integrados ao poema que leva o nome da amada e que se encerra assim:

            (...) Caçula caminha comigo, mãos dadas
            numa estrada de ternura, de pedras cravadas no tempo,
            de nunca mais.       

                                                           IV
Francisco Moura Campos, que era mais conhecido como Chico Moura, foi engenheiro de profissão, mas sempre esteve ligado à literatura. Foi editor de livros de poesia e lançou vários poetas pela Editora Metrópole, de São Paulo, da qual foi sócio-diretor em 1986. Sua estreia nas letras deu-se em 1980 com O sorriso do drama (Massao Ohno/Hoswitha Kempf).

Publicou também Ponteios da madrugada (Limiar, 2010), com o qual recebeu o Prêmio Programa de Ação Cultural (Proac) da Secretaria da Cultura de São Paulo. É autor ainda de Brejeiro (Scortecci, 1985);  Canção (Metrópolis, 1986); Museu de Mariana (Scortecci, 1990); Itinerário Enternecido (Scortecci, 1991); Arroz com Feijão (Scortecci, 1992); Outdoor (Scortecci, 1994); Antologia Poética (Iluminuras, 1998); Renascer (Escrituras, 2005); e Acalanto (Scortecci, 2011).

Durante anos, trocou experiências literárias com Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Seu livro Antologia Poética traz na contracapa uma das cartas que Drummond lhe escreveu. Na contracapa de Refúgios do Tempo, há a reprodução de um trecho de uma dessas cartas em que Drummond diz que Moura Campos “constrói brinquedinhos que ajudam a viver, e isso é puro”.

Foi diretor da União Brasileira de Escritores (UBE) e participou ativamente por mais de 40 anos da vida cultural de São Paulo, ministrando oficinas de poesia, palestras, bem como performances e saraus lítero-musicais. Foi membro do júri do Prêmio Portugal Telecom de Literatura – Portugal. Adelto Gonçalves - Brasil


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Refúgios do Tempo, de Francisco Moura Campos. Taubaté-SP: Associação Cultural Letra Selvagem, 88 páginas, 2016, R$ 20,00. E-mail da editora: letraselvagem@letraselvagem.com.br Site: www.letraselvagem.com.br  
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Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015) e Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

Cabo Verde – Luxemburgo apresenta candidatura para ser observador associado da CPLP

O chefe de Estado cabo-verdiano disse ter recebido do Luxemburgo o pedido para ser observador associado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), sublinhando o crescente número de países que procuram maior aproximação à organização

"É um ótimo sinal de vitalidade o número de países e instituições que querem o estatuto de observador associado [da CPLP]. Recebemos agora [o pedido] do Luxemburgo", disse Jorge Carlos Fonseca.

O Presidente da República de Cabo Verde falava, na cidade da Praia, numa conferência de imprensa para antecipar a viagem de dois dias que realiza a Portugal, após ter recebido em audiência o ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo que está de visita a Cabo Verde.

Jorge Carlos Fonseca apontou também o interesse já manifestado pela França e por Israel para se tornarem observadores da comunidade lusófona.

Considerou, por outro lado, que a cimeira de chefes de Estado e de Governo da comunidade, que Cabo Verde recebe em julho, deve representar "um salto" na organização.

"Há grandes expectativas nas opiniões públicas e da parte dos estados de que a cimeira de Cabo Verde possa representar um catapultar da CPLP para uma maior intervenção no plano das relações internacionais, do reforço de credibilidade e do prestígio, mas também que se transforme numa comunidade de povos, de cidadãos", sustentou.

O chefe de Estado cabo-verdiano considerou, por isso, que tal "implica um salto relativamente à mobilidade e à circulação das pessoas no seio da comunidade".

"Estamos esperançado que poderemos sair do Sal com um avanço desse ponto de vista", acrescentou.

Jorge Carlos Fonseca disse ainda que está já confirmada a presença dos nove chefes de Estado dos países membros da CPLP na cimeira de 17 e 18 de julho no Sal, adiantando que o primeiro-ministro português António Costa também já confirmou a presença.

Relativamente à deslocação a Portugal, que decorre a 01 e 02 de junho, Jorge Carlos Fonseca explicou que irá participar, no Porto, na conferência que assinala os 130 anos da criação do Jornal de Notícias, cujo tema é "A língua portuguesa enquanto ativo estratégico".

Irá ainda deslocar-se a Bragança, onde estudam entre 600 e 800 alunos cabo-verdianos, para uma visita ao instituto politécnico daquela cidade.

Cabo Verde assume em julho e por dois anos a presidência rotativa da CPLP. In “Diário de Notícias” – Portugal com “Lusa”

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Angola - Novo Estatuto da Carreira Docente vai beneficiar 180 mil professores

O presidente da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores da Educação, Cultura, Desportos e Comunicação Social de Angola (FSTECDCSA), José Joaquim Laurindo, disse em Benguela que 181 mil trabalhadores da Educação em todo o país vão beneficiar, de forma gradual, do processo de actualização de categorias, com a implementação do novo Estatuto da Carreira Docente



José Joaquim Laurindo afirmou que a medida veio responder a uma das exigências do caderno reivindicativo sobre a revisão da situação remuneratória no sector da educação.

"Como Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores da Educação, Cultura, Desportos e Comunicação Social de Angola estamos satisfeitos porque perseguimos esse objectivo desde o ano passado junto do Governo", realçou, tendo sublinhando o árduo trabalho dos sindicatos na correcção e revisão do estatuto do agente da Educação.

Referiu que o Sindicato Nacional dos Professores e Trabalhadores do Ensino Não Universitário (SINPTENU), bem como o Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF), concordam com o princípio do gradualismo na implementação do estatuto, atendendo às dificuldades financeiras que o país atravessa.

"Somos trabalhadores com necessidades várias, mas conhecemos as dificuldades do país em que vivemos", reiterou, concordando que, no quadro desse gradualismo, a prioridade venha a recair nos professores do ensino primário cujos salários estão entre os mais baixos.

José Joaquim Laurindo, citado pela Angop, admitiu que o Estatuto da Carreira Docente poderá confortar a situação daqueles professores que, apesar de nos últimos seis anos terem progredido no perfil académico e profissional, ainda não transitaram nas categorias correspondentes.

Entretanto, o presidente do Sindicato Nacional dos Professores Angolanos (SINPROF), Guilherme Silva, já tinha afirmado que a aprovação do Estatuto da Carreira Docente vai garantir a melhoria das condições salariais e de trabalho dos professores.

"Com aprovação do Estatuto da Carreira Docente vai iniciar o processo de actualização de categorias, como forma de se valorizar, dignificar e promover o professor angolano que enfrenta vários problemas", disse ao Novo Jornal Online Guilherme Silva.

O sindicalista espera agora que o Estatuto da Carreira Docente seja "urgentemente" aprovado no Diário da República e que o Governo não altera as exigências dos professores.

"Vamos verificar se o Governo respeitou ou não as nossas exigências que constam no novo Estatuto da Carreia Docente", acrescentou Guilherme Silva destacando o papel desempenhado pelos professores durante a última greve.

Segundo ele, com aprovação do estatuto, as autoridades estarão em condições de actualizar categorias profissionais de professores, proceder ao pagamento dos suplementos remuneratórios e a regularização da transição do regime probatório.

"O Sinprof esteve forte e unido e esteve sempre aberto ao diálogo, entregou as suas contribuições para o enriquecimento do novo estatuto. Vamos ver no Diário da República se esta lá tudo cumprido" acrescentou.

O presidente da Associação dos Professores de Angola (APA), Manuel Inácio Gonga, saudou o Executivo liderado pelo Presidente, João Lourenço, por ter viabilizado a aprovação do Estatuto da Carreira Docente.

"Hoje é um dia muito especial para os professores angolanos", observou Manuel Inácio Gonga destacando o papel desempenhado pelos sindicatos que pressionar o Governo a aprovar o estatuto.

De acordo com do presidente da Associação dos Professores de Angola, o novo estatuto de carreira vai propiciar a retenção dos agentes de ensino, estabilidade do corpo de professores, bem como a promoção de uma melhor qualificação do factor humano na educação. In “Novo Jornal” - Angola

Moçambique - Formadores do IFPELAC capacitam-se no Brasil

Dezoito formadores do Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC) vão beneficiar, a partir do mês de Agosto, no Brasil, de uma formação avançada em boas práticas de formação profissional com padrões de nível internacional.

Os beneficiários, cujo processo de selecção ainda está em curso, serão os replicadores e multiplicadores das boas práticas de formação no País, transformando, desse modo, o IFPELAC numa referência e preferência tanto dos empregadores como dos formandos.

A formação, que terá a duração de quatro meses, insere-se no âmbito do “Projecto de Aperfeiçoamento do Modelo de Formação Profissional em Moçambique”, que conta com o apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e do Governo do Brasil, que disponibilizam financiamento e assistência técnica ao IFPELAC, respectivamente.

Esta informação foi revelada na segunda-feira, 28 de Maio, pela ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, na abertura do primeiro Conselho Pedagógico e Científico do Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo, que acontece numa altura em que está em curso a reforma da educação profissional no País.

É no contexto desta reforma que foi aprovada a Lei de Educação Profissional, que preconiza a formação orientada para a procura, em substituição do modelo clássico baseado na oferta.

Assim, à luz do novo paradigma, a formação deve ser flexível e baseada em padrões de competências para assegurar o seu alinhamento aos perfis profissionais demandados pelo mercado de trabalho.

Para Vitória Diogo, o novo modelo coloca o desafio de modernizar os 19 centros de formação e 22 unidades móveis, desde o quadro de pessoal, métodos e meios de ensino e aprendizagem, disponibilidade de infra-estruturas e o respectivo equipamento, bem como o desenvolvimento curricular, com vista a responder à demanda.

“Tenhamos sempre presente que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente. As empresas desejam recrutar mão-de-obra qualificada e especializada em determinadas matérias. Para aumentar a produção, produtividade e tornarem-se competitivas, as empresas preferem candidatos que saibam ser, estar, pensar, fazer e viver no clima organizacional. Querem pessoal que esteja permanentemente empregável. Por isso, é momento de formarmos pessoas com competências para melhor se enquadrarem no mercado e para melhor desempenho profissional”, considerou a ministra.

Neste sentido, acrescentou Vitória Diogo, decorre o processo de desenvolvimento curricular de dez qualificações, que consiste na actualização de materiais didácticos obedecendo normas técnicas e padrões internacionais e na capacitação de recursos humanos, tendo já sido treinados oito mestres para serem replicadores, 15 gestores dos centros de formação profissional, 15 coordenadores pedagógicos e 12 secretários escolares.

“Um graduado ou formado com certificação profissional do IFPELAC deve merecer preferência no mercado de trabalho”, asseverou a governante, que instou aos participantes a aproveitarem o encontro para aprimorarem os novos padrões de sustentabilidade dos centros de formação profissional a nível nacional.

Importa realçar que o IFPELAC resulta da fusão do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFP) e do Instituto de Estudos Laborais Alberto Cassimo (IELAC) e já contribuiu, desde 2015, com 45.654 dos 436.273 formandos no âmbito de iniciativas dos sectores público e privado. In “Olá Moçambique” - Moçambique



terça-feira, 29 de maio de 2018

Macau – Universidade Cidade de Macau quer lançar programa de português em 2019/2020

O reitor da Universidade Cidade de Macau pretende que o programa voltado para o Português que a instituição está a criar entre em vigor no ano lectivo 2019/2020. A instituição quer fomentar laços com Portugal e Timor-Leste, enquanto aposta em programas que complementem a formação já existente no território



A Universidade Cidade de Macau (UCM) está há cerca de três anos a desenvolver um programa de licenciatura voltado para a Língua Portuguesa, e quer que entre em vigor a partir do ano lectivo 2019/2020. À Tribuna de Macau, o reitor da universidade adiantou que o plano deverá ficar completo dentro de poucas semanas, estando a passar por um processo interno de avaliação que envolve o convite de especialistas externos para esse propósito. “Terá de ser aprovado pelo nosso senado, conselho académico e depois de tudo isso vamos submetê-lo à aprovação formal do Governo”, disse Shu Guang Zhang.

“Demorou este tempo porque queríamos identificar algo que nos permitisse treinar essas capacidades de forma muito especial. Como sabemos, a RAEM tem programas de língua portuguesa em diversas instituições, a Universidade de Macau, o Instituto Politécnico, a Universidade de Ciência e Tecnologia”, reflectiu o reitor, indicando que a diferenciação da oferta da UCM requereu, por isso, “muita pesquisa sobre como melhor endereçar as necessidades do desenvolvimento local, bem como do desenvolvimento regional”.

Até que o programa entre em vigor, a instituição de ensino superior encontra-se a recrutar mais pessoal, e estabeleceu relações colaborativas com as Universidades do Minho, de Évora e do Porto. A ideia é criar programas de intercâmbio, mas também captar os recém doutorados destas instituições – em Português e não só, uma vez que planeia expandir para além da língua e cultura – para ensinarem a tempo inteiro na CityU. A instituição planeia ainda lançar uma licenciatura em Finanças.

Um ano após a abertura dos programas de mestrado e doutoramento focados nos Países de Língua Portuguesa, Shu Guang Zhang faz um bom balanço. “Estamos a rever o seu primeiro ano de estudos para podermos emendar e melhorar os nossos programas para o segundo ano”, disse.

Noutra linha, o representante da instituição mostrou-se esperançoso de lançar laboratórios de pesquisa em conjunto com a Universidade de Évora. Mas mais voltados para a aplicação de diferentes ciências e tecnologias para propósitos de, por exemplo, cuidados dos idosos.

O reitor frisou que, para além das ferramentas linguísticas, é importante os estudantes compreenderem os países de língua portuguesa para que no futuro sirvam de ligação com os seus pares nessas partes do mundo. 

Timor-Leste tem “grande potencial”

Para além dos laços com Portugal, admitiu que “ainda não [ter desenvolvido] relações muito substanciais com países de língua portuguesa, excepto com Timor-Leste”. O reitor frisou, porém, que já realizou visitas ao país, tanto a representantes do Governo, como da Universidade Nacional de Timor e também a uma universidade privada, e está a tentar ajudar a Universidade Nacional a desenvolver educação para o turismo.

“Esperamos começar com bolsas de estudo e estamos a fazer pesquisa, por isso formámos uma equipa de aprendizagem experiencial. Esperamos no futuro próximo enviá-los a Timor para explorarem o local e que projectos de turismo podem ser desenvolvidos. Para propósitos de aprendizagem, não comerciais”, explicou.

O docente acredita que Timor-Leste “tem grande potencial” e “preparado para descolar economicamente”. Nesse sentido, a UCM vai acolher uma conferência sobre o país no próximo ano. “Não temos nenhuma relação com outros países de língua portuguesa. Esperamos no futuro poder vir a ter. Somos uma universidade pequena, temos recursos limitados e só podemos fazer uma coisa de cada vez”.

Shu Guang Zhang reconheceu que até ao momento não há muita cooperação entre as instituições locais de ensino superior, uma vez que estão a passar por fases e desafios diferentes. Mas mostrou vontade de aprofundar os laços. “Esperamos todos trabalhar juntos para desenvolver a educação em Macau. Vai dar um grande salto nos próximos anos, especialmente com a nova lei e acho que isso vai mudar a dinâmica do ensino superior em Macau”.

O reitor sublinhou que dada a dimensão de Macau não quer gastar recursos a competir com os outros. A vontade é clara, e orientada para uma estratégia de desenvolvimento diferenciado. Por um lado, através de um enfoque em artes, humanidades e ciências sociais, com as ciências e tecnologias em apoio dessas áreas. Por outro, ao seguir o que outras universidades metropolitanas fazem.

Estreitada cooperação com Fórum

A Universidade Cidade de Macau e o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa assinaram um acordo de cooperação e promoveram uma palestra sobre os perfis dos países que integram o Fórum. “A China tornou-se o maior parceiro comercial dos Países de Língua Portuguesa na área do investimento directo”, disse a secretária-geral do organismo, Xu Yingzhen, frisando ainda a importância da formação de bilingues para Macau realizar o seu papel como plataforma. Salomé Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Peru – Encontrada múmia intacta dentro de “caixão” de algodão



Uma equipa de arqueólogos da Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica) encontrou no Peru uma múmia de cerca de 1000 anos de idade dentro de uma espécie de caixão vertical feito de algodão. A descoberta foi realizada em Pachacamac, um sítio arqueológico costeiro perto de Lima.

"Acreditamos que o enterro foi realizado entre os anos 1000 a 1200 de nossa era", sublinhou Peter Eeckhout, diretor das escavações, num comunicado. "O defunto está completamente envolto num enorme pacote funerário que lhe serviu de caixão", explicou ele.

De acordo com a equipa de pesquisadores, associados ao centro CReA-Patrimoine da universidade, a descoberta arqueológica está associada à cultura Ichma que existiu na costa central do Peru entre 900 e 1470 d.C. "As descobertas dessa natureza são raras, e o estado de conservação [da múmia] é excepcional", indicou Eeckhout.

Em sítios arqueológicos vizinhos foram descobertos corpos envoltos de forma similar e enterrados de cócoras, mas também foram encontrados em posição fetal. Com o objetivo de confirmar esse e outros detalhes, a equipa planeia estudar o conteúdo do "caixão" usando raios X, tomografia axial, reconstrução tridimensional e outros métodos não invasivos. In “Sputnik” - Brasil

Mercosul-UE: perto de acordo

SÃO PAULO – Iniciadas há exatamente duas décadas, as negociações para a criação de um acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) parecem caminhar para uma conclusão satisfatória até o final de 2018, a se levar em conta o que garantiu o secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão, indicado recentemente para chefiar a missão brasileira junto à UE. Nem mesmo as restrições impostas por Bruxelas à carne de frango brasileira deverão afetar a reta final das conversações, segundo o diplomata.

Por enquanto, como assegurou o embaixador, há ainda 12 grupos negociando questões específicas, como serviços, acesso a bens industriais e agrícolas e propriedade intelectual, entre outros, mas restariam poucas pendências em alguns deles. Sabe-se ainda que há a pretensão dos europeus para que sejam eliminadas as barreiras tarifárias para automóveis fabricados na Europa, enquanto o Mercosul reivindica acesso mais fácil para carnes e etanol.

Seja como for, é de se elogiar, desta vez, a conduta da diplomacia brasileira, que soube como conduzir as negociações primeiro dentro do Mercosul, especialmente em relação ao parceiro mais importante do grupo, a Argentina, e depois com os europeus, sem reações ríspidas diante de algumas atitudes da UE para com produtos brasileiros, especialmente o embargo ao frango e pescado provenientes do Brasil. É de se lembrar também que agora Brasil, Argentina e Paraguai tem regimes favoráveis à liberalização comercial, o que facilitou a adoção de uma diretriz comum para as negociações.

Ainda que o sucesso nas negociações comerciais venha a demorar mais um pouco, não se pode deixar de reconhecer que a  UE é um parceiro de destaque no comércio com o Brasil. Basta ver que, nos quatro primeiros meses de 2018, as exportações de produtos brasileiros para os 28 países que formam aquele bloco cresceram 34,4% em comparação com igual período do ano passado – contra 5,8% de aumento em relação  aos EUA e 4% em relação a China. Sem contar que o Brasil já se tornou a quarta maior fonte de investimentos diretos de países europeus, com 127 bilhões de euros acumulados, perdendo apenas para EUA e Suíça.

Levando a UE a uma posição mais liberal está ainda a política protecionista dos EUA, sob o governo Donald Trump, que a obriga a abrir outras frentes de negociação, o que inclui maior aproximação com o Mercosul e a China. Já o bloco sul-americano deixou para trás uma agenda de retórica esquerdizante e passou a adotar uma agenda mais pragmática, colocando como prioridade alcançar bons resultados econômicos.

Isso significa que, além do acordo com a UE, o Mercosul pode fechar o projetado tratado com a Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru), com o decidido apoio do Chile que tem no Brasil o seu principal parceiro comercial na América do Sul, com uma corrente de comércio que chegou a US$ 8,5 bilhões em 2017, o que representou alta de 22% em relação a 2016. Em outras palavras: pela primeira vez em muitos anos, a diplomacia comercial brasileira parece que acertou o passo. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Cabo Verde - Ilha do Sal: Segundo Festival Literatura-Mundo

Espargos – A segunda edição do Festival Literatura-Mundo do Sal (FLMSal), que terá lugar na ilha do Sal, de 21 a 24 de Junho próximo, homenageia os poetas cabo-verdiano Mário Fonseca e o argentino Jorge Luiz Borges.

O poeta e ensaísta Mário Fonseca a quem este ano o Festival de Literatura Mundo do Sal rende homenagem, faleceu no dia 25 de Setembro de 2009, na Cidade da Praia, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Combatente da Pátria, Mário Alberto de Almeida Fonseca, de nome próprio, nasceu a 12 de Novembro de 1939, na Cidade da Praia. Foi professor de Francês no Senegal e administrador e tradutor na Mauritânia e Turquia.

Já, Jorge Luiz Borges (1899-1986) é considerado um dos escritores mais importantes do século XX, não somente na Argentina, seu país de origem, mas a nível mundial.

As suas obras incluem contos, ensaios e poemas, e as suas ideias políticas também foram “muito polémicas”.

De entre os seus poemas destacam-se “Poema de los dones”, “Los justos”, “Ausencia”, “Ajedrez”, “Los espejos” e “Los Borges”.

À semelhança do ano passado, escritores, editores, tradutores, professores, investigadores e leitores interessados, de várias paragens do mundo, participam de diferentes painéis de apresentação e mesas de trabalho sobre os fazeres literários definidos como Literatura-Mundo, para além de diálogos entre os participantes e lançamentos de livros.

Promovido pela Câmara Municipal do Sal, a curadoria do escritor José Luís Peixoto e organização da Rosa de Porcelana Editora, o festival propõe reflectir e debater o alargamento dos cânones literários, visibilizar as várias literaturas dos países e inscrever Cabo Verde na rede internacional da Literatura-Mundo.

A lista das personalidades do mundo das letras, das academias da cultura que deverão estar presentes no Sal para reflexões e debates literários será divulgada brevemente, conforme organização, que se manifesta esperançada com o interesse do público por um tema, “tão específico e complexo”, que é a literatura-mundo, evento que vai movimentar a ilha a esse nível, durante quatro dias.

Nesta base, aproveita para convidar todos os salenses e cabo-verdianos a participarem “activamente” nesta festa da literatura internacional, que visa marcar a ilha não só como uma terceira montra cultural “importante” em Cabo Verde, mas também integrá-la numa rede mundial de apresentações culturais de um tema “tão actual” como literatura-mundo. In “Inforpress” – Cabo Verde

Moçambique - Fundaso aponta energias renováveis como solução para desenvolver micro e pequenas empresas

Grande parte das populações moçambicanas vive nas zonas rurais, onde a rede nacional de energia ainda não chega.

A Fundação Soico em parceria com a TechnoServe entendem, no entanto, que este não pode ser um factor de impedimento para o desenvolvimento de micros e pequenos negócios pelas mulheres. Por isso a Fundaso organizou, na passada quinta-feira, um workshop visando uma reflexão sobre a utilização das energias renováveis.

Mas, há desafios que ainda estão a ser enfrentados mesmo no acesso às energias alternativas.

O Fundo Nacional de Energia diz estar a trabalhar com as comunidades para promover o acesso a energias renováveis.

O evento contou com a presença dos representantes do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, da Federação de Mulheres Empreendedoras e outras organizações da sociedade civil. In “O País” - Moçambique

domingo, 27 de maio de 2018

Portugal – Aquilino Ribeiro, efeméride

27 de Maio de 1963: Morre o escritor português Aquilino Ribeiro, autor de "Terras do Demo" e "Andam Faunos pelos Bosques"

Ficcionista, autor dramático, cronista e ensaísta português, nasceu em Sernancelhe, na Beira Alta, a 13 de setembro de 1885, e faleceu em Lisboa, a 27 de maio de 1963. Passados 44 anos da sua morte, em setembro de 2007, os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional.

Estudou em Lamego e em Viseu, e em 1901 foi para Lisboa. Ex-seminarista, dedicou-se ao jornalismo, tendo colaborado, entre outras publicações, com Jornal do Comércio, O Século, A Pátria, Ilustração Portuguesa, Diário de Lisboa, República, e pertencido ao grupo que, em 1921, fundou Seara Nova. Ligou-se ao movimento republicano e interveio ativamente na revolução, chegando mesmo a ser preso. Fugiu para Paris, frequentou a Sorbonne e escreveu o seu primeiro livro, intitulado Jardim das Tormentas (1913).

Regressado a Portugal depois da eclosão da Grande Guerra em 1914, exerceu a carreira de professor e foi conservador na Biblioteca Nacional até 1927. Obrigado de novo, por razões políticas, a sair do País, só regressou definitivamente em 1933.

A evocação de peripécias da sua existência em algumas das obras ficcionais impõe, na análise da novelística de Aquilino, a apreensão de uma inspiração autobiográfica (nomeadamente em volumes como Cinco Réis de Gente, Uma Luz ao Longe, Lápides Partidas, O Homem que Matou o Diabo, entre outros), ao mesmo tempo que os seus escritos de índole memorialista (É a Guerra, Alemanha Ensanguentada, Um Escritor Confessa-se), no registo impressivo de décadas durante as quais o país e a Europa sofrem profundas convulsões, constituem um testemunho histórico precioso no esboço da história de uma metade de século tragicamente protagonizada por "guerras, ditaduras, revoluções, morticínios, [...] inocências e desenganos, bateladas de mortos" (cf. "Nota preliminar a O Malhadinhas, Amadora, 1958).(...)

Foi, em 1956, eleito o primeiro presidente da Associação Portuguesa de Escritores, como prova do reconhecimento de que a sua obra gozava, mas também do consenso reunido à volta de uma figura tornada carismática pela sua postura cívica quase heroica. No momento em que se preparava para ser alvo de uma homenagem pública nacional, promovida por várias cidades e sugerida pelo cinquentenário da publicação de O Jardim das Tormentas, morreu subitamente, em 1963.

A vastíssima obra de Aquilino Ribeiro abrange domínios variados que vão do romance, da novela e do conto às memórias, aos estudos etnográfico e histórico, à biografia, à polémica ou à literatura infantil.

Vários caracteres distinguiram, desde o momento da sua estreia e ao longo de mais de seis dezenas de volumes, o lugar singular que Aquilino veio ocupar na narrativa contemporânea; desses traços, o mais evidente seria, ao nível do estilo, a tendência para a integração de um manancial vocabular regional na sua própria escrita, efeito que, conjugado com a erudição e atravessando coloquialmente todos os níveis de discurso (direto, indireto, indireto livre), se é certo que levantava certos obstáculos de legibilidade - em 1988, o Centro de Estudos Aquilinianos editou um Glossário Aquiliniano -, dotava também os seus romances e narrativas curtas de certo casticismo linguisticamente sugestivo, na evocação do ambiente da Beira serrana nas primeiras décadas do século. Indiferente aos contextos histórico-literários que foram seus contemporâneos (modernismo e, posteriormente, presencismo e neorrealismo), a obra de Aquilino foi recebida quer com entusiasmo pelos leitores que nela auscultavam a imagem de um Portugal ancestral, perdido num tempo e num espaço genesíacos, não propriamente utópicos, mas onde a ação do homem dependia da natureza, dos instintos, de uma religiosidade popular próxima da crendice e da superstição, em suma, da sua integração no cosmos, anterior à fratura com a civilização e com a entrada na época contemporânea; quer de forma redutora pelos que acusariam a sua falta de universalismo, o carácter pouco espontâneo e barroco da sua expressão linguística, a sua oposição à modernidade na manutenção dos moldes de composição tradicionais.

De entre os numerosos títulos que Aquilino publicou, merecem especial destaque Terras do Demo (1919), O Malhadinhas (primeira versão em 1922), Andam Faunos pelos Bosques (1926), O Romance da Raposa (1929), Cinco Réis de Gente (1948), A Casa Grande de Romarigães (1957) e Quando os Lobos Uivam (1959). In "Estórias da História" - Portugal

Aquarela















Vamos aprender português, cantando


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,
e se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,
num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
vai voando, contornando a imensa curva norte e sul,
vou com ela, viajando, Havaí, Pequim ou Istambul
pinto um barco a vela branco, navegando,
é tanto céu e mar num beijo azul
entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
tudo em volta colorindo, com suas luzes á piscar
basta imaginar que ele está partindo, sereno, lindo,
e se a gente quiser, ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
de uma américa a outra consigo passar num segundo,
giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está
e o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,
não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
que descolorirá
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
que descolorirá
giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
que descolorirá

Toquinho - Brasil