Boston
– O cônsul de Cabo Verde, Hermínio Cruz, em Boston considera que os
descendentes de imigrantes são “pessoas realizadas” que querem a nacionalidade
cabo-verdiana por razões sentimentais, mesmo tendo “tudo” nos Estados Unidos.
O
consulado de Cabo Verde em Boston tem recebido pedidos de nacionalidade por
alguns norte-americanos que procuram as suas origens crioulas.
Para
o cônsul, trata-se de uma forma que os americanos cabo-verdianos procuram para
ter uma ligação mais forte à história dos antepassados, e para prestar homenagem
aos avós ou bisavós, que chegaram em condições mais difíceis, mas conseguiram
uma vida melhor.
“São
pessoas realizadas, pessoas que não precisam do passaporte cabo-verdiano do
ponto de vista de ter outra oportunidade na vida, porque têm tudo. Mas querem
ter isso para dizer ‘eu também sou cabo-verdiano’”, disse o cônsul Hermínio
Moniz, entrevistado pela Lusa.
O
cônsul apresentou a comunidade cabo-verdiana, de cerca de 500 mil pessoas, como
“muito bem integrada” nos Estados Unidos e que tira proveito “de todas as
vantagens que a sociedade oferece, mas mantendo também a sua especificidade,
cultura, música, tradição e língua”.
Por
outro lado, Hermínio Moniz disse ser testemunha de que a diáspora cabo-verdiana
mantém intactos alguns aspectos da cultura, falando em danças antigas, que
“muito pouca gente conhece” em Cabo Verde e até mesmo a língua, o crioulo
antigo, que parece estar “muito mais conservado” lá fora, “sem aquele
dinamismo” da adopção de novas palavras.
“Por
incrível que pareça, há certos aspectos da nossa cultura que estão muito mais
preservados na diáspora do que em Cabo Verde”, considerou o cônsul.
O
representante assegurou que há cabo-verdianos por quase todos os 50 estados
norte-americanos, “sendo certo que a maior concentração se dá na área de Nova
Inglaterra, por razões históricas”: a caça à baleia, no século XIX, foi o maior
motor de imigração de cabo-verdianos para os EUA.
A
tendência também mostra uma evolução de mais fixação cabo-verdiana na Florida e
na Califórnia, onde se nota ainda mais a importância dos cônsules honorários,
acrescentou Hermínio Moniz.
A
missão diplomática em Boston é o único consulado de Cabo Verde nos Estados
Unidos, dando a responsabilidade a esta equipa de representar e servir todos os
estados do país, com excepção do distrito federal de Washington DC, onde está
localizada a Embaixada, que, por sua vez oferece representação diplomática nos
EUA, Canadá e México.
Os
motivos para a existência de um único consulado cabo-verdiano nos Estados
Unidos, para além da Embaixada em Washington, prendem-se com a
indisponibilidade de meios e a dispersão da comunidade pela grande dimensão dos
EUA.
Para
colmatar a inexistência de outros consulados, usam-se as tecnologias para
oferecer o “consulado online”, “consulados itinerantes”, “kit móveis” e a
presença de cônsules honorários para “aumentar a eficácia da acção” e o
alcance, explicou o responsável.
Os
“kits móveis” vêm substituir os quiosques, instrumentos pesados e de dimensão
considerável, para a colheita, preparação e processamento de passaportes
noutros locais.
Os
“consulados itinerantes” que a missão diplomática põe em prática consistem na
deslocação de agentes consulares para diferentes áreas, por exemplo a Brockton,
três vezes por semana, uma vez por semana a Boston e Pawtucket e uma vez por
mês a New Bedford, explicou o responsável.
Não
existe um estudo específico sobre o número e perfil dos imigrantes e
descendentes cabo-verdianos nos EUA, mas “empiricamente”, grande parte trabalha
em fábricas e, cada vez mais, os jovens seguem os níveis mais altos de
educação, disse ainda o cônsul. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”
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