Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 30 de junho de 2019

Portugal - Investigadores da Universidade de Coimbra premiados pela Fundação Europeia para o Estudo da Diabetes



Um consórcio de vários grupos de investigação da Universidade de Coimbra (UC) foi premiado pela Fundação Europeia para o Estudo da Diabetes (EFSD) com um financiamento de 100 mil euros para um projeto que visa estudar novos marcadores das complicações dessa doença.

O projeto de natureza interdisciplinar – que congrega investigadores do Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research/Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (CIBIT/ICNAS), do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra/Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (iCBR/FMUC), do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) – vai combinar a imagem médica com abordagens bioquímicas, para explorar três novas formas de medir ou identificar alterações na diabetes. “Este projeto permitirá identificar marcadores precoces de complicações da diabetes, com impacto claro na qualidade de vida dos doentes”, sublinha Miguel Castelo-Branco, coordenador do estudo científico – que envolve também Leonor Gomes e Carolina Moreno (investigadoras clínicas), Paulo Matafome (de investigação básica em modelos de animais de diabetes) e Bruno Manadas (das áreas emergentes de metabolómica e proteómica).

Os três novos marcadores, que vão ser estudados pela equipa de investigação da UC, permitirão explorar caminhos muito diferentes para medir ou identificar alterações na diabetes. A primeira medida identifica alterações muito iniciais da regulação nervosa da irrigação sanguínea. A segunda explora novos métodos de imagem – baseados em ressonância magnética e PET (Tomografia por Emissão de Positrões) – para estudar o metabolismo e o stress celular. A terceira usa abordagens bioquímicas para analisar os efeitos perniciosos do excesso de ligação de glicose a proteínas e lípidos (glicação). O objetivo da equipa multidisciplinar é que, com recurso à inteligência artificial, seja possível potenciar a deteção precoce destas alterações no organismo dos doentes diabéticos.

O prémio da EFSD “vem também salientar a relevância do trabalho colaborativo entre várias entidades que, ao longo dos últimos anos, têm estudado as complicações da diabetes (tanto em modelos humanos como animais, incluindo o coração, cérebro, fígado, tecido adiposo e a retina)”, conclui Miguel Castelo-Branco. Rui Simões – Portugal in “Universidade de Coimbra”

Raio de Sol


















Vamos aprender português, cantando


Um dia
de manhazinha
un ta sebi Monte Cara
un oia sol tá nasce
n lembra de nha Bia

Quel brilho di se raiar
invadim… nha coraçon
fazem viaja na se luz
fazem tchora… di sodade
fazem senti… na tchom

Um dia
de manhazinha
un ta sebi Monte Cara
un oia sol tá nasce
n lembra de nha Bia

Quel brilho di se raiar
invadim… nha coraçon
fazem viaja na se luz
fazem tchora… di sodade
fazem senti… na tchom

Ó raio de sol
dal um abraço pertod
leval calor de bo brilho
ca bo dexal senti… amargurod

Ó raio de sol
dal um abraço pertod
leval calor de bo brilho
fazel senti mimod
fazel senti bencuod

Ó raio de sol
dal um abraço pertod
leval calor de bo brilho
ca bo dexal senti… amargurod

Ó raio de sol
dal um abraço pertod
leval calor de bo brilho
fazel senti mimod
fazel senti bencuod

Cremilda Medina – Cabo Verde



sábado, 29 de junho de 2019

Guiné Equatorial – Delegação assinou acordos de cooperação com a China

Uma delegação equato-guineense dirigiu-se até Pequim, capital da República Popular da China, para serem assinados acordos de cooperação entre os dois países. Foram realizadas duas reuniões na terça-feira, 25 de junho, tendo os representantes da Guiné Equatorial sido recebidos pelo membro do Bureau Político e Diretor do Escritório do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), Yang Jieche, e pelo ministro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Wang Yi.

Foram revistos, em ambos os encontros, os benefícios mútuos entre os dois povos e a cooperação bilateral, bem como a insistência da parte da Guiné Equatorial acerca da necessidade de apoio da China para lançar a segunda fase do seu programa de desenvolvimento económico nacional, constituído pela criação de pequenas e médias indústrias.

O ministro equato-guineense dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Symeón Oyono Esono, deu a conhecer aos seus interlocutores a posição da Guiné Equatorial em matéria de política internacional, tendo apoiado o princípio da União Africana sobre a reforma do Conselho de Segurança para que a África tenha membros permanentes e com direito de veto, uma posição que a China sempre aprovou.



A Guiné Equatorial disse necessitar da assistência do Governo chinês a nível de investimento, financiamento e assessoria, uma vez que, graças à experiência do país asiático, com o qual contou para a primeira fase, é possível implementar a segunda fase do Programa de Desenvolvimento Nacional definido para o Horizonte 2035.

No final da reunião foi assinado um acordo de cooperação económica e técnica entre os governos da República da Guiné-Equatorial e da República Popular da China, através do qual determinados projetos poderiam ser implementados em benefício da população do país africano. In “e-Global Notícias” - Portugal

Um romance da modernidade à brasileira

                                                   I
Para se conhecer a alma do Rio de Janeiro do final do século XIX e início do XX, é fundamental ler a obra de Machado de Assis (1839-1908). Mas, com certeza, daqui a um século, para se conhecer a alma de Brasília, imprescindível será conhecer a obra do escritor João Almino (1950), que acaba de dar à luz Entre facas, algodão (Rio de Janeiro, Editora Record, 2018), o seu sétimo romance que tem a nova capital federal como um de seus cenários.

Com quase 60 anos de existência, Brasília precisava de um romancista que a explicasse, expondo sua vulgaridade e os sonhos e frustrações de seus moradores. E João Almino assumiu-se como seu intérprete, construindo um painel romanesco contemporâneo que colocou a capital do País no mapa da prosa literária brasileira, como bem observou o romancista, contista e ensaísta Cristóvão Tezza na apresentação que escreveu para este livro.

Escrito em forma de diário, este romance conta as vicissitudes da vida de um advogado, de 70 anos, que, vivendo em Taguatinga, região administrativa do distrito federal, onde fez a sua vida, separa-se da mulher e decide reencontrar as suas raízes, retornando a uma pequena fazenda nas proximidades de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde passara a infância.

Decidido a plantar algodão e viver dessa atividade, o retorno ao passado carrega também uma frustração – uma história de amor mal resolvida e simbolizada por um fio de cabelo guardado há muitos anos numa caixa de fósforo – e um sentimento de vingança, já que, quando menino, soubera que aquele que então supunha ser seu pai havia sido assassinado. Volta, então, com a intenção de acertar contas e honrar o nome do pai.
Naquela pequena fazenda do Riacho Negro, localizada no imaginário pequeno município de Várzea Pacífica, no interior do Ceará, o idoso fora o filho da empregada criado junto com os filhos do patrão da casa grande. E vivera um reprimido amor adolescente pela filha do fazendeiro. Nessa volta às origens, o advogado chega, porém, à conclusão que o fazendeiro não teria sido apenas o seu padrinho, mas, provavelmente, o seu próprio pai, que teria mandado matar o marido de sua mãe, quem se acreditava que fosse o seu genitor.

                                                  II
A exemplo de seus seis romances anteriores, Entre facas, algodão mostra-se também uma obra em andamento (work in progress), com final em aberto, sem conclusão, que deixa a cargo do leitor imaginar o que poderia ter sido – e o que não foi, para se arremedar aqui uma máxima poética de Manuel Bandeira (1886-1968). Aliás, essa observação é assinalada no pequeno ensaio à guisa de posfácio escrito pelo ensaísta alemão Hans Ulrich Gumbrecht, professor de Literatura Comparada que desde 1989 ocupa a cadeira  Albert Guérard de Literatura na Universidade de Stanford, na Califórnia, Estados Unidos, para quem este livro é a obra-prima de João Almino até agora.

De fato, como diz, segue os passos de outros grandes romances da literatura universal, como Ulisses, de James Joyce (1882-1941), Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust (1871-1922), O homem sem qualidades, de Robert Musil (1880-1941), e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa (1908-1967), que evocam e reconstituem, “na forma da ficção, mundos específicos em seus lugares físicos e específicos”.  

Ou como o próprio autor procurou explicar: “Tentei fugir ao estereótipo de uma viagem de regresso na memória, minha ideia não foi de que houvesse um regresso ao passado, porque acho que a viagem é apenas de ida, ela vai apresentando novas surpresas ao personagem e não existe o regresso ao passado”.

É preciso lembrar ainda que, a exemplo de seu romance anterior, este é também extremamente datado, ou seja, daqui a cem anos quem o vier a ler saberá que se trata de um enredo passado na segunda década do século XXI, pois o “diálogo de surdos” que se acompanha ocorre através do e-mail, do WhatsApp e do Facebook, meios de comunicação que, provavelmente, daqui a dez anos, já terão sido substituídos por outros mais avançados, ainda que o País venha a continuar imerso no analfabetismo funcional das massas, na violência urbana, na falta de saneamento básico e na miséria social de Norte a Sul entre as grandes e as pequenas cidades, essa estranha modernidade à brasileira. 

Escrito num estilo memorialístico que faz lembrar o de Machado de Assis e, ao mesmo tempo, enxuto, de frases diretas, sem enxúndias literárias, que recorda o de Graciliano Ramos (1892-1953), este romance de “secura e esperança teimosa”, como o próprio autor o definiu, faz pensar em quão emaranhados e complexos são os sentimentos humanos que tornam extremamente tênue a linha divisória entre o amor e o ódio.

                                                  III
Nascido em Mossoró, João Almino (1950), diplomata, é embaixador do Brasil no Equador desde outubro de 2018. Doutorado em Paris, sob a orientação do filósofo e historiador da Filosofia Claude Lefort (1924-2010), foi professor na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), Universidade Nacional de Brasília (UnB), no Instituto Rio Branco e nas universidades de Berkeley, Stanford e Chicago, nos Estados Unidos. É membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2017.

Como romancista, é hoje reconhecido pela crítica como um dos nomes mais importantes da Literatura Brasileira. Seu romance Ideias para onde passar o fim do mundo (1987) foi indicado ao Prêmio Jabuti e ganhou o Prêmio do Instituto Nacional do Livro (INL) e o Prêmio Candango de Literatura, enquanto As cinco estações do amor (2001) conquistou o Prêmio Casa de las Américas de 2003. Já O livro das emoções (2008) foi indicado ao 7º Prêmio Portugal Telecom e finalista do 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de 2009.

Outro romance, Cidade livre (2010), foi vencedor do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de 2011 de melhor romance publicado no Brasil entre 2009 e 2011 e finalista do Prêmio Jabuti e do Prêmio Portugal Telecom de 2011, enquanto Enigmas da primavera (2015) foi semifinalista do Prêmio Oceanos e finalista do Prêmio Rio de Literatura de 2016 e do Prêmio São Paulo de Literatura de 2016, segundo colocado, de livro brasileiro publicado no exterior, pela tradução para o inglês. É autor também do romance Samba-enredo (1994). Alguns de seus romances foram publicados na Argentina, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México e em outros países.

Seus escritos de história e filosofia política são referência para os estudiosos do autoritarismo e da democracia. Entre estes, incluem-se Os democratas autoritários (1980), A idade do presente (1985), Era uma vez uma Constituinte (1985) e O segredo e a informação (1986). É também autor de Naturezas mortas – a Filosofia política do ecologismo (2004), de Brasil-EUA: balanço poético (1996), Escrita em contraponto (2008), O diabrete angélico e o pavão: enredo e amor possíveis em Brás Cubas (2009), 500 Anos de Utopia (2017) e Dois ensaios sobre Utopia (2017). Publicou ainda Literatura Brasileira e Portuguesa Ano 2000, organizado com o professor Arnaldo Saraiva, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2000), e Rio Branco, a América do Sul e modernização do Brasil, organizado com Carlos Henrique Cardim (2002). Adelto Gonçalves - Brasil


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Entre facas, algodão, de João Almino, com apresentação de Cristovão Tezza e posfácio de Hans Ulrich Gumbrecht. Rio de Janeiro: Editora Record, 192 páginas, R$ 39,90, 2018. E-mail: mdireto@record.com.br Site: www.record.com.br
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Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015) e Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

sexta-feira, 28 de junho de 2019

China – Presente em oito portos nos PALOP


A China está envolvida em oito projectos portuários nos PALOP, segundo um levantamento recente do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS, na sigla em inglês)



O levantamento do CSIS, feito pelos investigadores Judd Devermont e Catherine Chiang, aponta para a existência de 46 projectos portuários operados, construídos ou financiados pela China, em todo o continente africano, alguns dos quais serão eixos da iniciativa Faixa e Rota.

Nos países africanos de língua portuguesa, a China não opera qualquer infra-estrutura portuária, mas é construtora e financiadora no anunciado projecto do porto do Mindelo, em Cabo Verde, tal como do porto de Bata, na Guiné Equatorial, também dado como concluído.

Ainda no Golfo da Guiné, o anunciado porto de águas profundas de Fernão Dias, em São Tomé e Príncipe, deverá contar com investimento e construção chinesas, segundo o levantamento do CSIS.

Mais a Sul, em Cabinda, interesses chineses surgem como construtores do porto do Caio – dado pelo CSIS como “parado indefinidamente” – e também no porto de Cabinda.

Ainda em Angola, o projecto de expansão do porto do Lobito, já concluído, teve também capital e engenharia chinesa.

Em Moçambique, o porto da Beira teve a sua capacidade aumentada com capital e construção chinesa, enquanto o anunciado porto de Techobanine, a sul de Maputo, conta com financiamento chinês.

O estudo indica que os portos da África a sul do Saara “desempenham um papel fundamental na iniciativa Faixa e Rota, extensa rede de projectos de infra-estruturas chineses que ligam a China à Europa, à África Oriental e ao Sudeste Asiático”, cujo lançamento em 2013, serviu “para o Presidente Xi (Jinping) procurar abrir a China a novos mercados e expandir a influência política do seu país.”

“Formando a espinha dorsal da Rota da Seda Marítima, os investimentos nos portos africanos servem de porta de entrada para o desenvolvimento económico e comercial da região”, adiantam.

Para os autores, a maioria dos projectos “destina-se provavelmente a ganho comercial”, tendo-se a China alçado na última década a principal parceiro comercial do continente.

“Os investimentos portuários são apenas uma das principais vias pelas quais (a China) estabelece a supremacia comercial na região”, sendo identificadas no estudo ligações entre portos e outros projectos Faixa e Rota, referem. In “Transportes & Negócios” – Portugal

Internacional - Será que a aquacultura prejudica o ambiente?

Estudos conjuntos da Escócia e do Canadá analisam o impacto da indústria da aquacultura no meio ambiente



A Escócia e o Canadá uniram-se num consórcio para avaliar o impacto ambiental da indústria da aquacultura para poder posteriormente apoiar o crescimento sustentável desta indústria, segundo o “The Scotsman”.

O consórcio, liderado pela Association for Marine Science (SAMS) e pela Cooke Aquaculture, uma das maiores produtoras de salmão, tem como principal objectivo investigar como medir níveis de sulfureto de uma forma mais rápida e precisa e com menor custo. Isto porque, devido às limitações da monitorização corrente, o desenvolvimento de alguns campos de aquacultura ficou comprometido, nomeadamente em Orkney ou Shetland, segundo os investigadores.

Esta nova ferramenta, segundo Clive Fox, da SAMS, “poderia ajudar futuras seleções de locais e reduzir significativamente a quantidade de tempo e de recursos actualmente necessários para analisar amostras e obter resultados”. In “Jornal de Economia do Mar” - Portugal

Macau - Uma das grandes apostas da Escola Portuguesa de Macau foi sempre o ensino de línguas

O director da Escola Portuguesa de Macau garante que a aposta da instituição sempre foi, e continuará a ser, o ensino de línguas: tanto do Português, pelas razões óbvias, como do Mandarim, que tem “uma importância particular no contexto em que a escola se insere”, do Inglês e Francês. Ao Jornal Tribuna de Macau, Manuel Machado assegura que as estratégias adoptadas para o ensino do Mandarim estão já a obter frutos mas ressalva que é preciso dar tempo ao tempo. Além do mais, defende que há todo um trabalho exterior às salas de aula, até porque “a escola sozinha não pode fazer tudo”



Desde o ano lectivo 1998/1999, a Escola Portuguesa (EPM) assegura o ensino e a difusão da língua e da cultura portuguesas no território, mas em termos de projecto pedagógico, e educativo, “uma das grandes apostas foi sempre o ensino de línguas”. “Desde logo, a Língua Portuguesa, porque é a língua curricular, e, portanto, é nela que é trabalhado o currículo desde o 1º até ao 12º ano de escolaridade exceptuando as duas disciplinas de línguas, nomeadamente o Mandarim que tem uma importância particular no contexto em que a escola se insere”, frisou Manuel Machado. Além destas, há também a aposta no Inglês – que pode ser leccionado do 1º ao 12º ano com carácter de obrigatoriedade, e também o Francês, que pode ser escolhido no 7º ano como segunda língua.

Neste aspecto, em 2017/18, dos 30 alunos que se candidataram ao ensino superior a grande maioria optou por prosseguir estudos em várias universidades em Portugal, havendo registo de três candidaturas para o IFT e USJ, e duas para universidades em Hong Kong. O dirigente escolar realça o facto de haver casos de alunos que terminam o secundário na EPM e pretendem ingressar no ensino superior em países dentro e fora da União Europeia, inclusive para a China.

Em relação ao Mandarim, a EPM adoptou há dois anos uma nova metodologia diferenciando o ensino aos que têm o Chinês como língua materna e aos que a vão aprender como língua estrangeira. “Até uma certa altura, estavam todos juntos e há dois anos separámos e isso tem vindo a dar frutos, porque na verdade os conhecimentos base dos alunos que têm o Chinês como língua materna não são os mesmos que os outros, portanto, as abordagens têm de ser feitas em moldes diferentes”, contextualizou o director da EPM reconhecendo, contudo, que os resultados não são imediatos.

“Obviamente que estes processos são lentos, mas pela avaliação que temos feito do processo tem dado os seus resultados e vamos […] dar continuidade”. Sendo a aprendizagem do Mandarim opcional, a verdade é que o “interesse é muito evidente no primeiro ciclo”, já que quase todos os pais desses alunos fazem essa opção.

E, admite, “depois vai havendo alguma diminuição do número de alunos que frequentam por motivos vários” e que “tem sido alvo da maior atenção por parte da direcção que tem acompanhado o processo”.

A EPM compromete-se a “apostar no ensino de línguas – Portuguesa e Mandarim por razões óbvias, e no Chinês enquanto língua que permite a comunicação entre todos quer dentro, quer fora da escola – entre outras coisas. Portanto, continuamos a apostar, a acompanhar o processo e a fazer a sua avaliação”.

Todavia, Machado reconhece que a instituição “sente essa pressão no que diz respeito ao ensino das duas línguas”, isto é, “do ensino do Português para os alunos que não são de língua materna portuguesa porque lá fora fala-se o Português que nós sabemos que se fala, e sente-se essa pressão no que diz respeito ao ensino do Mandarim”.

“Lá fora vai-se falando mais Mandarim mas ainda se fala fundamentalmente o Cantonense. Os alunos falam Inglês e são todos muito bons em Inglês mas não estão imersos num meio em que seja necessário utilizar o Mandarim, ou o Português. Esse trabalho todo passa por fora das paredes da escola e que é importantíssimo”, frisou.

Para Manuel Machado, além das responsabilidades da EPM, é preciso reconhecer que este trabalho é “partilhado” e “a escola sozinha não pode fazer tudo”. “As línguas aprendem-se praticando. A escola dá as ferramentas, mas depois têm de ser muito praticadas e não é com os tempos lectivos que a escola tem – e que não pode ter mais – que se desenvolvem se não houver esse trabalho por fora”.

Finanças de “boa saúde”

Do ponto de vista financeiro, a Escola Portuguesa “tem cumprido todos os seus compromissos e nunca lhe tem faltado o dinheiro necessário para os cumprir, quer da parte da Fundação Escola Portuguesa (FEPM) quer da parte do Governo de Macau”, garantiu Manuel Machado.

“A Fundação da EPM recebe, anualmente, uma proposta de orçamento – relativa às receitas e despesas do ano subsequentes – e, obviamente, face a isso vai transferindo as verbas que tem de transferir fruto do orçamento aprovado”. Parte dessas verbas tem origem nos nove milhões de patacas que a Fundação Macau injecta nas contas da FEPM que depois vai transferindo, “à medida das necessidades” para a EPM.

Além disso, a DSEJ apoia a Escola Portuguesa, directa ou indirectamente, por exemplo, subsidiando entre “65% a 70%” das propinas dos alunos. “Depois dão outros subsídios, no âmbito do fundo de desenvolvimento das escolas, para obras de reparação, aquisição de equipamento, pagamento de determinado pessoal – nomeadamente a todo o pessoal especializado, psicólogos, do ensino especial”, esclareceu. Aliás, “do universo de pessoas que trabalha na escola há uma percentagem significativa cujos vencimentos são totalmente suportados pela DSEJ”.

Por outro lado, questionado sobre as expectativas quanto à mudança do Governo, o director da EPM quis apenas deixar uma palavra de apreço ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. “O doutor Alexis Tam tem sido um grande amigo da Escola Portuguesa de Macau e muito sensível no apoio e face às necessidades da escola, através dos serviços que dirige. Tenho de dizer porque seria uma injustiça se não o fizesse”, vinca.

Serviços de apoio requisitados anualmente por até 160 alunos

Em cada ano lectivo, os serviços de psicologia, orientação e ensino inclusivo da EPM são requisitados, em média, por 150 a 160 alunos ainda que nem todos sejam acompanhados sucessivamente. A escola conta com duas psicólogas a tempo inteiro, cinco professores formados em ensino especial e terapeutas da DSEJ, para fazer face ao número de alunos com necessidades educativas diversas que “tem vindo a crescer muito”, disse Manuel Machado. Este ano, a EPM tem “mais de 60 crianças com necessidades educativas especiais” em diferentes turmas. “São mais evidentes no primeiro ciclo porque é onde temos mais alunos, mas há alunos com necessidades educativas em todos os ciclos, isso posso garantir. Diria quase em todas as turmas, não é que sejam muitos por turma, porque procuramos distribuir da melhor maneira”, frisou.

Relação com Associação de Pais é a “melhor possível”

A relação com os actuais órgãos sociais da Associação de Pais e Encarregados de Educação da EPM (APEP) é “felizmente a melhor possível”, considera Manuel Machado. “Temos reuniões periódicas em que tratamos de assuntos diversos e procuramos trabalhar sempre em conjunto para pôr em prática iniciativas da associação de pais e da escola”, disse. A APEP é “um parceiro muitíssimo importante” com o qual “temos chegado sempre a consenso no que diz respeito aos principais aspectos sobre o funcionamento da escola”, disse o director da EPM. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Moçambique - Universidade Politécnica e Escola Portuguesa firmam parceria para edição e publicação de livros literários infanto-juvenis



A Universidade Politécnica e a Escola Portuguesa de Moçambique (EPM) assinaram na passada sexta-feira, 21 de Junho, em Maputo, um memorando de entendimento, que visa a edição e publicação dos livros literários infanto-juvenis, resultantes do concurso Literário Maria Odete de Jesus (CLMOJ), promovido pela Direcção das Bibliotecas da maior universidade privada do País.

Pretende-se com esta parceria, promover e facilitar o intercâmbio entre as duas instituições de ensino no âmbito da produção e edição de livros infanto-juvenis, promover o gosto pela literatura infanto-juvenil, fomentar a realização de eventos que visem a disseminação de livros infanto-juvenis.

Falando após a assinatura do memorando, Rosânia da Silva, Pró-Reitora para a área de Pós-graduação e Investigação Científica, Extensão Universitária e Cooperação da Universidade Politécnica, disse tratar-se do cumprimento de mais um dos acordos existentes entre a Universidade Politécnica e a EPM e, que o presente, preconiza basicamente a promoção da leitura e publicação de livros entre as duas instituições.

“Regularmente realizamos concursos literários intitulados Maria Odete de Jesus e os vencedores têm o direito da publicação das suas obras. Nós entendemos que através da parceria com a EPM podemos melhorar o circuito de colocação deste livro no mercado”, afirmou Rosânia da Silva.

Por sua vez, a Directora da EPM, Dina Maria Trigo, afirmou que o objectivo principal da assinatura do memorando é fazer cumprir uma das suas missões, que é a divulgação da língua portuguesa através da leitura e escrita.

“Já editámos vários livros e, muitos são de escritores moçambicanos. Ao alargarmos a edição para outros escritores, dá-nos a possibilidade de termos mais livros. Tudo isto para nós, demonstra que a leitura é muito importante. Ler é mais importante, abre os horizontes, faz-nos viajar”, concluiu Dina Maria Trigo.

Importa realçar que o memorando será operacionalizado através da Direcção das Bibliotecas da Universidade Politécnica, entidade que promove o desenvolvimento sistémico das bibliotecas, capacitando-as para oferecer, aos docentes, pesquisadores, estudantes e pessoal técnico-administrativo serviços e produtos necessários para o desenvolvimento das actividades académicas de ensino, pesquisa e extensão, e do Centro de Ensino e Língua Portuguesa da EPM, um estabelecimento público de educação e ensino do Sistema Educativo Português no estrangeiro, que se inscreve numa política de cooperação entre os governos de Portugal e Moçambique, desenvolvendo actividades de promoção, divulgação, edição e distribuição de livros e literatura de escritores moçambicanos. In “Olá Moçambique” - Moçambique

Brasil - Satélite brasileiro leva banda larga a 1 milhão de alunos da rede pública



Demorou, mas o SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas), que chegou ao espaço em maio de 2017, começa a entregar seus primeiros resultados, levando sinal de internet a áreas remotas do país. Foram pouco mais de dois anos inoperante — com um prejuízo diário de R$ 800 mil aos cofres públicos —, porém os dias de ócio chegaram ao fim.

Segundo a Telebras e a Viasat, empresas que operam o satélite em parceria, o número de escolas da rede pública conectadas chegou a 3,7 mil em maio. Ao todo, mais de 1,2 milhão de estudantes são beneficiados pelo projeto. Boa parte desses alunos vive em locais desprovidos de internet ou em regiões onde o sinal é extremamente lento.

Dados do Cetic, comitê que monitora o avanço da internet no Brasil, estimam que só 39% das escolas rurais dispõem de acesso à rede. Destas, 61% dividem entre todos os alunos uma conexão cinco vezes mais lenta que a velocidade considerada mínima para uma navegação estável (10 Mbps). Desse jeito, fazer pesquisas mais complexas e assistir a vídeos é praticamente inviável. A banda larga de 20 Mbps fornecida pelo SGDC busca minimizar esse problema.

"Tem sido exatamente como esperávamos: muitos estudantes usando tablets ou laptops para propósitos educacionais", diz Lisa Scalpone, gerente-geral da Viasat do Brasil, que ressaltou a dificuldade em instalar os aparelhos em regiões remotas. "Tem sido duro, muito mais difícil do que imaginávamos. Para chegar a muitos lugares é preciso ir de caminhão ou de barco.”

Mas o propósito do primeiro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas não é só a inclusão digital. O projeto também pretende fortalecer a soberania nacional. Essa dualidade se reflete na própria estrutura do satélite, que opera tanto na banda X quanto na Ka. A primeira é destinada exclusivamente ao uso militar, para fornecer às forças armadas um canal de comunicação seguro e autônomo, enquanto a segunda é voltada à sociedade civil.

Não foi à toa que o governo, por meio dos ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, investiu R$ 2,8 bilhões no SGDC: é um projeto considerado estratégico para o desenvolvimento do país.

Conectar os desconectados

Para entender melhor o projeto, é preciso levar em conta a dimensão territorial brasileira e a forma como seus habitantes estão distribuídos. De acordo com um estudo da Embrapa, áreas urbanas somam menos de 1% do território nacional, mas concentram 84% da população. Ainda assim, dezenas de milhões de brasileiros vivem afastados dos centros urbanos, que praticamente monopolizam a oferta de internet — as grandes cidades são os locais de maior mercado de telecomunicação e, claro, maior lucro para as empresas.

Segundo o IBGE, em 2017 os usuários de internet no Brasil chegaram a 69% da população. Em países desenvolvidos, esse número costuma passar dos 80%. Só que, por aqui, o acesso é desbalanceado demais. Enquanto oito em cada dez domicílios urbanos estão conectados, na área rural são só quatro.

Se o governo não desse um jeito de alavancar a inclusão digital no campo, onde cabos de fibra ótica não chegam, muito provavelmente essa população permaneceria desconectada por anos ou décadas a fio. Mas essa é uma política que não traz apenas benefícios sociais: é algo que também estimula a economia.

Levantamento do Ipea concluiu que, a cada 1% de aumento no acesso à internet, o PIB cresce 0,19%. Para universalizar a conexão de qualidade no país e corrigir os desequilíbrios regionais, o governo criou em 2010 o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Reavivou no mesmo ano a Telebras, estatal desativada em 1998, para gerir o plano. E colocou nas mãos dela o projeto embrionário do SGDC.

Nos anos seguintes, o satélite foi construído na França e, após o lançamento, a estatal fechou uma parceria com a Viasat, empresa multinacional de telecomunicações, para ajudar no escoamento da banda larga espacial pelo país.

Só que o contrato ficou emperrado na Justiça, chegando ao Supremo. Isso porque outras empresas de telecomunicação, como a Via Direta, acusaram a Telebras de ter oferecido condições privilegiadas para fechar negócio com a Viasat, multinacional que ainda não atuava no Brasil. (O imbróglio jurídico foi tema de uma reportagem da GALILEU no ano passado).

Só em julho de 2018 a ministra Carmen Lúcia derrubou a liminar que suspendia a parceria público-privada. Tudo indicava que o caminho para a viabilização do uso civil do SGDC estava, enfim, desobstruído. Mas a novela continuou.

Próximos capítulos

Depois da aprovação do STF, foi a vez de o Tribunal de Contas da União (TCU) analisar o caso — e solicitar uma renegociação dos termos do contrato. De acordo com o relator Benjamin Zymler, havia "grave desequilíbrio" no modelo de compartilhamento de receitas originalmente proposto pelas duas empresas.

No TCU, o processo tramitou entre outubro e maio, mês em que o plenário aprovou os ajustes implementados no texto e liberou de vez a exploração comercial do SGDC. Ainda segundo o ministro Zymler, as mudanças farão a Telebras economizar R$ 342 milhões.

Funciona assim: imagine que a banda Ka do satélite fosse um bolo bem servido. O problema da versão original do contrato era que uma das partes cobria a maioria dos gastos com os ingredientes da receita, enquanto a outra ficava com o maior pedaço do bolo. Mais especificamente, a estatal precisava investir 36% a mais para fazer o negócio rodar, e a Viasat ganhava o direito de explorar uma fatia 38% maior de capacidade satelital.

Na avaliação de Waldemar Gonçalves, presidente da Telebras, a demora está relacionada à novidade da Lei das Estatais. Em vigor desde 2016, a legislação pretende desburocratizar e dar mais eficiência à gestão nas empresas públicas. A Telebras foi uma das primeiras a tirar proveito de um dos instrumentos da lei que permite a formação de "parcerias estratégicas" em casos específicos — e assim firmar contratos sem a necessidade de abrir uma licitação.

Para Gonçalves, a lei é uma mudança de paradigma pouco conhecida e aplicada pelos tribunais. Mas considera que o processo transcorreu com lisura. Já a gerente-geral da Viasat atribui a lentidão ao caráter sem precedentes do contrato. "É muito complexo e provavelmente único no mundo, mas será um ótimo modelo", diz Lisa Scalpone.

Otimismo

Na prática, a parceria tem funcionado por meio de um comitê que agrega membros das duas empresas. Cada uma traça suas próprias estratégias. Para a multinacional, o foco agora é expandir a equipe e consolidar novos parceiros locais para diversificar a atuação no mercado brasileiro. Até o momento já foram anunciados acordos com duas empresas: a Visiontec, que está cuidando da instalação e do gerenciamento dos equipamentos de banda larga, e a RuralWeb, que atua na distribuição dos pacotes de internet pelo país afora.

Com o SGDC, a Viasat pretende lançar uma grande variedade de produtos, como fornecer banda larga em voos e sobretudo em comunidades remotas, semelhante a um projeto da empresa no México, o Wi-Fi Comunitário, que tem alcançado bons resultados. Em pouco mais de um ano, mais de um milhão de mexicanos em 3 mil localidades ganharam acesso à internet por preços populares, a partir de R$ 2,40 pela hora de uso. Implantar o sistema é rápido e barato: a antena custa menos de mil dólares e é instalada em questão de horas. É a aposta da empresa para conectar vilarejos, quilombos e aldeias indígenas no Brasil.

Mas o principal cliente da Viasat continua sendo a Telebras. Como braço empresarial do governo no setor das telecomunicações, a empresa é a responsável pela execução das políticas públicas para levar internet a escolas, hospitais e postos de saúde em comunidades rurais, além de auxiliar as forças armadas levando conexão aos postos de fronteira. É o objetivo maior do Gesac (Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão), programa do governo federal para ampliar a conectividade no território brasileiro.

A meta é fechar 2019 com 15 mil pontos conectados, dos quais 10 mil são escolas. E, além do propósito educativo, a internet do SGDC pode ser usada em casos de acidente. Mais de 300 GB de dados e voz trafegaram pelas 22 antenas instaladas em Brumadinho para dar apoio às autoridades no resgate de vítimas do desastre que atingiu o município mineiro em janeiro, quando rompeu-se a barragem da mina do córrego do Feijão.

Agora que a banda larga do satélite está liberada, espera-se que ela siga caindo do céu a cada vez mais brasileiros — e que faça valer todo o investimento feito até aqui. In “Defesanet” - Brasil

Timor-Leste - Conferência académica em Díli tem como tema principal os 20 anos do referendo

Os 20 anos do referendo de independência de Timor-Leste, o desenvolvimento económico do país, língua e cultura, bem como a saúde reprodutiva e sexual são alguns dos temas em debate no final desta semana numa conferência alargada em Díli



Sob o tema “Entender Timor-Leste”, a 7.ª edição da Conferência da Associação de Estudos de Timor-Leste (TLSA, na sigla em inglês) reúne investigadores e académicos timorenses, portugueses e australianos, entre outros.

“Este ano temos um número recorde de participantes, com mais de 200 intervenções e a maior participação de académicos timorenses desde a primeira edição que ocorreu há dez anos”, disse à Lusa Michael Leach, um dos organizadores do evento.

“Teremos comunicações de académicos de Timor-Leste, Portugal, Austrália, Canadá e Brasil sobre este assunto”, explicou.

A conferência, bianual, foi organizada em conjunto pela Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), pela Swinburne University of Technology, da cidade australiana de Melbourne e pelo Centro Nacional Chega.

Com intervenções em português, tétum, indonésio e inglês, a conferência – o maior encontro académico sobre Timor-Leste - prevê debates paralelos em vários espaços da UNTL sobre uma ampla gama de assuntos.

“O mais importante é ter comunicações nas quatro línguas (...), as oficiais e as de trabalho, e poder ter a conferência em Díli, dando assim uma oportunidade aos académicos timorenses de apresentar a sua investigação a colegas internacionais”, sublinhou Leach.

Além das comunicações relacionadas com o referendo de 1999, Leach destaca painéis sobre a “descolonização do conhecimento”, liderado pelo timorense Josh Trindade e sobre investigação de género em Timor-Leste.

Paralelamente à conferência vão ser lançados vários livros académicos sobre Timor-Leste, nomeadamente obras do timorense Josh Trindade, do português Rui Graça Feijó, dos brasileiros Kelly Silva, Daniel Simião e Keu Apoema e dos australianos Michael Leach e André McWilliam, entre outros.

A conferência inclui, entre outros, debates sobre o movimento de solidariedade internacional com Timor-Leste, o papel da ONU na transição para a independência, turismo, a pequena indústria e o desenvolvimento da língua em Timor-Leste.

Arquivos, o registo de terras e propriedades, tradição e o setor das pescas, nutrição e violência de género são outros dos temas em debate na extensa conferência de dois dias que decorre em quase uma dezena de espaços na UNTL. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”

Brasil - Incorpora 170 mil km2 de área de Plataforma Continental e tem sua ‘Amazônia Azul’ ampliada



No dia 11 de junho, Data Magna da Marinha, a Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) publicou, em seu portal da Organização das Nações Unidas (ONU) na internet, recomendação na qual legitimou ao Brasil incorporar 170.000 km2 de área de Plataforma Continental, além da Zona Econômica Exclusiva.

O processo de estabelecimento do limite exterior da Plataforma Continental do Brasil foi iniciado em 1987, por meio do trabalho de levantamentos de dados. Em 2007, fruto da primeira submissão de pleitos, depositados em 2004, o Brasil recebeu, da CLPC, o Relatório de Recomendações no qual aquela Comissão endossou cerca de 80% da proposta brasileira.

No dia 25 de agosto de 2015, no plenário da ONU, em Nova Iorque, a Delegação Brasileira, seguindo o protocolo estabelecido na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, procedeu à apresentação da Submissão Parcial revista do Brasil cobrindo a Região Sul da margem brasileira, para os 21 peritos da CLPC. Naquela oportunidade, foram enfatizados os aspectos técnicos e legais que o Brasil baseava-se para justificar o limite exterior proposto da plataforma continental.

Ao longo das sessões de trabalho da CLPC, em Nova Iorque, ocorreram reuniões de trabalho da Delegação Brasileira com os peritos da CLPC designados para conduzir a análise da Submissão da Região Sul, na qual foram respondidas e esclarecidas questões que levaram àquela Comissão a aceitar e recomendar que o Brasil adotasse o limite exterior da plataforma continental na Região Sul exatamente como consta na submissão apresentada.

O documento, na íntegra, pode ser acessado aqui. In “Poder Naval” - Brasil

Fonte: Marinha do Brasil


Brasil – Economia do mar equivale a 19% do PIB por ano

Economia marítima rende R$ 2 trilhões para o Brasil por ano



Responsável por concentrar metade da população brasileira, o litoral representa uma das principais fontes de riquezas do país. O mar rende R$ 2 trilhões por ano, o equivalente a 19% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos) nacional.

A estimativa foi apresentada pelo representante da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar e comandante da Marinha, Rodrigo de Campos Carvalho. Um dos participantes da 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde, ele defendeu a importância da preservação dos recursos marinhos para assegurar o desenvolvimento sustentável.

Segundo Carvalho, a estimativa da economia marítima, chamada por ele de “economia azul”, considera a produção de petróleo e de gás, a defesa, os 235 portos do país, o transporte marítimo, a indústria naval, a extração de minérios além do petróleo, o turismo, a pesca, as festas populares ligadas ao mar e a culinária marinha. “O mar brasileiro é pujante. Hoje discutimos uma reforma da Previdência que economizaria R$ 1 trilhão em dez anos. No mar, temos R$ 2 trilhões por ano”, destacou.

Plataforma continental

Segundo o comandante, o principal desafio do governo, no momento, consiste em estender área marítima do país de 4,2 milhões para 5,7 milhões de quilômetros quadrados. Ele ressaltou que o Brasil entregou às Nações Unidas, no fim do ano passado, a última parte dos estudos que mostram que a elevação de Rio Grande, próxima à costa da Região Sul, integra a plataforma continental brasileira. “Com isso, a área marítima brasileira será maior que a Amazônia. Temos uma Amazônia Azul e precisamos preservá-la”, disse.

Carvalho explicou que a Organização das Nações Unidas (ONU) não tem prazo para analisar o pedido do Brasil. Ele, no entanto, disse que o Brasil foi o segundo país a entregar à ONU o levantamento da plataforma continental. O primeiro foi a Rússia.

Desenvolvimento sustentável

Carvalho ressaltou que o Brasil assumiu, na Conferência dos Oceanos da ONU em 2017, o compromisso de usar os recursos marítimos para o desenvolvimento sustentável. O país comprometeu-se a implementar, até 2030, o Planejamento Espacial Marinho, que proporcionará uma gestão ativa no espaço marítimo e o respaldo das leis.

“O planejamento visa à garantia da soberania, o uso compartilhado e sustentável do ambiente marinho e a segurança jurídica para os investidores internacionais para trazer desenvolvimento sustentável”, afirmou. Ele acrescentou que a comissão interministerial está engajada no combate a poluição marítima, por meio do Plano Nacional de Combate ao Lixo do Mar. Além disso, no fim do ano passado, o governo criou as áreas de proteção ambiental de Trindade e de São Pedro e São Paulo, o que aumentou para 23% a área marítima brasileira protegida ambientalmente.

Criada em 1974, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar abriga 15 ministérios, com uma reunião plenária de quatro em quatro meses e reuniões técnicas a cada mês. A comissão é coordenada pelo comandante da Marinha, o almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior.

Antártida

Carvalho destacou que a Estação Comandante Ferraz, na Antártida, parcialmente reinaugurada em março depois de um incêndio em 2012, tem investido em energia eólica (do vento), captação de energia solar e isolamento térmico. Atualmente, um quarto do consumo da estação vem de fontes renováveis. A base do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, perto de Fernando de Noronha, conta com painéis solares. “Nosso desafio agora é modernizar a matriz energética de Trindade”, disse.

A 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde começou no dia 24 e terminou na quarta-feira 26, na capital cearense. O encontro foi organizado pela World Green Economy Organization (WGEO) – Organização Mundial da Economia Verde –, pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul da Organização das Nações Unidas (UNOSSC) e pelo Instituto Brasil África (Ibraf), com apoio do Governo do Ceará e em parceria com o Secretariado das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC), com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e com a International Solar Alliance (ISA). Wellton Máximo – Brasil in “Agência Brasil”