Uma recuperação dos alunos do ensino da língua portuguesa na RAEM “perdidos” por causa da pandemia é esperada pelo IPOR já durante este ano, ainda que em 2024 se preveja ser “mais significativa”. O director da instituição fez, ao Jornal Tribuna de Macau, um balanço do Festival Letras e Companhia, no qual participaram quase 1300 espectadores e participantes. Segundo Joaquim Coelho Ramos, a entrega de mini-bibliotecas a várias escolas insere-se no plano de promoção da língua de Camões
Ficou
para trás a terceira edição do Festival Letras e Companhia, organizada pelo
Instituto Português do Oriente (IPOR) e que contou desta feita com a presença
física de vários convidados. O evento atraiu quase 1300 espectadores ou
participantes, numa oferta diversificada, onde não faltaram workshops,
concertos, artes performativas e exposições.
Em
jeito de balanço do Festival, o director do IPOR considerou que a iniciativa de
índole cultural “correu muito bem e dá boas indicações para a participação
motivada de diversos tipos de público depois da pausa forçada imposta pela
pandemia”.
Joaquim
Coelho Ramos entende que “as pessoas aderiram bem às actividades, no conceito
que foi proposto: a interacção entre as famílias e em contexto
intergeracional”. O Festival contou com a colaboração de mais de 17 artistas em
24 sessões.
Enquanto
isto, e para assinalar o Dia Internacional da Língua Portuguesa, foram
distribuídas mini-bibliotecas, que “o IPOR disponibilizou a várias escolas”,
com destaque para a Escola Pui Ching, Kao Ip e Xin Hua, a Escola Oficial Zheng
Guanying, a Escola Internacional Gerações, mas também o Instituto Salesiano da
Imaculada Conceição, a Escola S. Paulo, o Jardim de Infância D. José da Costa
Nunes e a Escola Portuguesa de Macau. “Com esta iniciativa pretende-se
continuar a colaborar com as autoridades da RAEM, no sentido de promover a
aprendizagem da língua portuguesa, correspondendo aos desígnios de Macau
enquanto plataforma privilegiada na Ásia para este fim”, referiu o director do
IPOR.
Relativamente
ao ensino da língua portuguesa em Macau, verificou-se, como se sabe, uma
redução do número de formandos nos vários cursos da oferta do IPOR durante o
ano de 2022. Os números são prova disso, de 4146 em 2021, para 3458 em 2022.
Joaquim
Coelho Ramos lembra que “muitos alunos solicitaram desistência ou suspensão da
matrícula devido às dificuldades de mobilidade na fronteira – temos alunos de
Zhuhai que, por causa dos surtos, se viram bastante limitados na entrada em
Macau – e devido às interrupções de actividades presenciais em grupo na RAEM,
que foram muito frequentes em 2022”. O director do IPOR espera uma recuperação
já em 2023, “embora mais significativa em 2024”.
Falando
dos projectos a que o IPOR pretende dar seguimento ainda este ano, Joaquim
Coelho Ramos reiterou a aposta no alargamento das actividades no Interior da
China, “a pedido de várias universidades do Continente”, nomeadamente nas áreas
da língua portuguesa económica e empresarial.
“As
universidades têm procurado o IPOR para prestação de apoio científico e
pedagógico, o que configura um reconhecimento das valências desta instituição
no Interior da China”. O dirigente prevê igualmente um alargamento das
actividades noutros pontos da Ásia-Pacífico, designadamente na Universidade
Indonésia, em Jacarta, e na Universidade Malaia, na Malásia.
Previsão
também para a oferta editorial no Vietname, designadamente na cidade de Ho Chi
Min, onde já foi sinalizado um interesse crescente no português antes da
pandemia: “Mantemos a disponibilidade para entregar materiais didácticos,
manuais escolares de língua portuguesa e recursos de aprendizagem digital em
pontos adicionais de interesse, sempre que solicitados, como veio a acontecer
nos últimos anos, por exemplo, em Hong Kong”.
O
director do Instituto termina sublinhando que todo o esforço que tem sido feito
em várias áreas “mostra o empenho do IPOR, agora reforçado com o fim da
pandemia, em investir em Macau como centro de excelência para a promoção da
língua portuguesa nesta região do globo, participando também no esforço de
diversificação socioeconómica que tem vindo a nortear as políticas do Executivo
da RAEM”. Vitor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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