O “Banza”, “A Lorcha”, “O Manuel – Cozinha Portuguesa” e o “Espaço Lisboa” são as casas de repasto seleccionadas para uma vez mais, fazerem parte do guia gastronómico mais famoso do mundo. E isso, garantem os seus proprietários e chefs ao Ponto Final, faz toda a diferença, principalmente em tempo pós-Covid-19. Mais do que os locais, os turistas são cada vez mais oriundos da região vizinha de Hong Kong. O carismático “O Castiço” continua a ostentar o título de “Bib Gourmand”, a par do restaurante educacional do IFT
O
anúncio dos restaurantes estrelados pelo Guia Michelin para Hong Kong e Macau
aconteceu na semana passada, mas não só de estrelas vive o mais famoso guia
gastronómico do mundo. Há também boas propostas nas escolhas “Bib Gourmand” e
nas casas seleccionadas.
Aqui,
Macau também marca pontos nos diversos tipos de cozinha. Nós destacamos a
culinária portuguesa. “A Lorcha”, em Macau, “O Manuel – Cozinha Portuguesa” e o
“Banza”, na Taipa, e o “Espaço Lisboa”, em Coloane, surgem, uma vez mais, como
escolhas seleccionadas no guia deste ano. “O Castiço” surge, novamente, este
ano como escolha “Bib Gourmand”, distinção que partilha, entre outros, com o
restaurante educacional do Instituto de Formação Turística de Macau (IFT).
Escreve
o Guia Michelin que o “Banza”, “localizado num enorme complexo de apartamentos”,
“possui uma sala de jantar verde e branca que exala elegância campestre”. “Os
pratos de peixe são os protagonistas do cardápio, enquanto as escolhas
populares entre os frequentadores incluem amêijoas à Banza, cozinhadas num
molho picante de tomate, cebola e pimentão”.
Ao
Ponto Final, os proprietários Fernando Freitas e Marco Policarpo mostram-se
satisfeitos por uma vez mais, terem sido seleccionados para o guia
gastronómico, algo que acontece, ininterruptamente desde 2014. “É claro que é
importante, como todos os outros prémios que possam surgir. E mais importante
se torna depois destes três difíceis anos devido à Covid-19”, começou por dizer
Fernando Freitas.
O
português acrescenta ainda que é “uma vitória que premeia uma grande
dedicação”, destacando que estar no Guia Michelin representa, “com toda a
certeza”, mais clientela. “Temos tido mais clientes, o que, naturalmente, nos
deixa mais satisfeitos e confiantes. E nota-se que muita gente de Hong Kong e
da China continental chega até nós. O guia deve ter um papel importante nessa
divulgação, não duvido”.
Saltamos
até à vila de Coloane para destacar o “Espaço Lisboa”, um local, referem os
inspectores da Michelin, tem um “estilo decorativo que vem directamente de
Portugal, assim como as influências por trás de muitos dos pratos caseiros”. “O
proprietário criou um ‘espaço lisboeta’ caseiro nesta casa de dois andares na
vila”, refere ainda o guia, não esquecendo de destacar “o presunto pata negra”
e “o frango africano de Moçambique com sabor a coco”.
À
conversa com um dos proprietários, o nosso jornal ficou a saber que o negócio
“corre melhor” agora. O português Francisco Cruz, que partilha a propriedade do
espaço com Henrique Custódio, admitiu que “é sempre importante” aparecer em
guias como o da Michelin. “Naturalmente que não sabemos quem são e quando vêm,
mas ter aquele autocolante na porta faz a diferença”.
Francisco
Cruz alinha no mesmo diapasão de Fernando Freitas. Os clientes de Hong Kong são
primordiais para a restauração local. “A grande maioria vem da região vizinha.
Também há clientes da China continental, de Taiwan e da Coreia do Sul, mas nada
se assemelha a Hong Kong”, enfatizou, acrescentando que a distinção da
Michelin, que têm desde 2017, “em nada muda os pressupostos do restaurante”, até
porque, diz, “foi assim que eles nos conheceram e nos escolheram”.
Como em casa
Voltamos
à Taipa para conversar com Palmira Pena, a chef do restaurante “O Manuel –
Cozinha Portuguesa”. Para a macaense, a selecção do Guia Milchelin é “muito
importante” porque “traz reconhecimento”. “E mais importante se torna depois de
três anos de pandemia Covid-19. Por isso, este selo é mais especial este ano”,
considerou.
Os
inspectores da Michelin consideram “O Manuel” um lugar “como se fosse em casa”.
“Autenticidade e hospitalidade é o que atrai os clientes a este acolhedor
restaurante de rua. Os recém-chegados serão recebidos pelo proprietário tão
calorosamente como se fossem clientes regulares”.
Ao
Ponto Final, a cozinheira revelou que, com esta azáfama à volta dos prémios,
foi convidada para produzir um prato para o almoço oficial do evento do Guia
Michelin em Hong Kong/Macau que teve lugar no Grande Lisboa Palace, antes da
revelação dos vencedores das estrelas deste ano, e isso “foi muito
gratificante”.
Também
o restaurante “O Manuel”, que ostenta o autocolante da Michelin desde 2014,
está mais cheio por estes dias. “Claramente que sim”, sublinhou Palmira Pena. A
jovem mulher acrescentou ainda que estar com a casa cheia, especialmente com
pessoas fora de Macau, “é algo que não esperava ver tão cedo”, mas que aplaude.
“Estar no guia em nada dificulta nem traz dificuldades acrescidas. Difícil foi
ter entrado. Vamos continuar iguais a nós próprios, sérios e competentes”,
notou Palmira Pena.
Na
península de Macau, mais precisamente na Barra, perto do Templo de A-Má,
encontramos a “A Lorcha”. O restaurante, fundado em 1989, também é selecção da
Michelin há alguns anos e este ano não fugiu à regra. Os proprietários
encontram-se fora de Macau e, por isso, um dos empregados que falou com o Ponto
Final ao telefone referiu que não podia falar em nome da casa de repasto.
Contudo,
os inspectores da Michelin falam por si. “Os clientes regulares simplesmente
não se cansam da comida saudável de uma cozinha comandada pela mãe do
proprietário. Comece pelos obrigatórios pastéis de bacalhau, passando pelos
pratos de churrasco ou, ainda, pela carne de porco salteada e amêijoas à
alentejana, arroz de marisco misto e frango com curcuma e coco à moda
macaense”, notaram.
Um comilão especial
Desde
2014 que ostenta o troféu “Bid Gourmand”, um prémio que a Michelin tem dado
desde 1997 e que se aplica a restaurantes que servem alta qualidade de
refeições a um preço considerado de dia-a-dia. “Este pequeno local simples e
despretensioso com apenas cinco mesas passou para o filho do falecido
proprietário – embora o seu espírito ainda seja honrado na atmosfera do
restaurante, que é tão amigável e intimista como sempre foi. Os pratos da casa
são autênticos e cuidadosamente preparados, recomendando-se a carne de porco
estufada com amêijoas e o bacalhau assado no forno com batatas”, escreve a
Michelin.
Conversámos
com José Ferreira, filho do antigo e carismático proprietário Luís ferreira,
mais conhecido por Xiolas, falecido em 2013, precisamente no mês de Abril. Ao
nosso jornal, o actual dono lembrou o pai e considerou que, esteja onde ele
estiver, “está orgulhoso do que tem sido feito”. “Aliás, tudo o que temos vindo
a fazer é em sua memória e é totalmente dedicado a ele”, referiu.
José
Ferreira considerou que mais um ano como “Bib Gourmand” é “muito importante”.
“Apesar da Covid-19, mantivemos o nível e continuamos a trabalhar como se nada
fosse. Foi difícil? Foi, claro, mas a traça tradicional que esta casa tem desde
sempre é para manter. É isso que também nos define e distingue”.
Dentro
das selecções e “Bib Gourmand” para Macau, fora da gastronomia portuguesa,
estão ainda espaços de restauração como o “Cheong Kei”, “Lok Kei Noodles”, “Lou
Kei (Fai Chi Kei)”, “Din Tai Fung”, no City of Dreams, “Chan Seng Kei”, “lung
Wah Tea House”, “Kika”, “Ving Kei” (Macau), “Il Teatro”, “Imperial Court”,
“Ngao Kei Ka Lei Chon” (Macau), “Yi Shun” (Macau), “Mok Yee Kei”, “Fong Kei”,
“Terrazza”, “Yi”, “The Ritz-Carlton Café”, “SW Steakhouse”, “Vista 38”, “Palace
Garden” e o “Lord Stow Bakery” situado na Rua do Tassara, em Coloane. Gonçalo
Pinheiro – Macau in “Ponto Final”
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