Projeto que levou à identificação de uma proteína importante para a metastização cerebral do cancro da mama valeu a Ana Sofia Ribeiro a conquista do galardão de 12 mil euros
A
identificação de uma proteína que é importante para a metastização cerebral de
cancro da mama permitiu à investigadora Ana Sofia Ribeiro, do Instituto de
Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), conquistar a
primeira edição do Prémio Hologic Saúde da Mulher, no valor de 12 mil
euros. Com este novo biomarcador
pretende-se prever precocemente o risco de desenvolvimento de metástases
cerebrais, controlar melhor a doença e encontrar novas terapias personalizadas.
O
cancro da mama é a neoplasia maligna mais comum e a principal causa de morte em
mulheres devido a metástases distantes no osso, pulmão, fígado e cérebro. Dados
mais recentes, adianta Ana Sofia Ribeiro, mostram que a “metastização cerebral
tem vindo a aumentar e apresenta as piores taxas de sobrevida entre as doentes
com cancro da mama metastático”.
Esta
necessidade urgente de identificar biomarcadores preditivos que ajudem a
identificar precocemente doentes com maior probabilidade de desenvolverem
cancro de mama metastático, levou a investigadora do i3S a focar-se no estudo
do secretoma tumoral, ou seja, tudo o que é libertado pelas células tumorais
para a corrente sanguínea e que, explica, “pode estar envolvido no processo de
metastização”.
Na
sequência desse trabalho de investigação no grupo «Cancer Metastasis», liderado
por Joana Paredes, Ana Sofia Ribeiro identificou a proteína VGF como uma das
moléculas-chave deste processo, o que significa que pode ser um excelente
biomarcador preditivo e de prognóstico para a metastização cerebral em mulheres
com cancro da mama.
Conforme
explica a investigadora do i3S, “a deteção precoce permite um tratamento mais
eficaz e com melhores resultados. As mulheres diagnosticadas com cancro da mama
em estadios iniciais apresentam uma sobrevida significativamente maior em
comparação com as doentes que são diagnosticadas nos estadios mais avançados”.
Com
este trabalho, garante Ana Sofia Ribeiro, “antecipamos uma abordagem
significativa e inovadora para enfrentar esta condição mortal, com vista a
melhorar o diagnóstico e a terapêutica para mulheres com cancro de mama
metastático cerebral”.
Um trabalho “inovador e muito bem fundamentado”
Para
a presidente do júri do Prémio Hologic Saúde da Mulher, Maria do Carmo Fonseca,
“o júri selecionou unanimemente este projeto por se tratar de um trabalho de
investigação inovador e muito bem fundamentado, focado na metastização cerebral
do cancro da mama”.
Atualmente,
justifica a investigadora, “não existem tratamentos eficazes para os cancros da
mama que dão origem a metástases no cérebro, pelo que o trabalho premiado tem o
potencial de gerar conhecimento de grande relevância para o acompanhamento
médico das mulheres com este tipo de cancro”.
O
prémio permitirá a Ana Sofia Ribeiro realizar mais experiências laboratoriais,
aumentando assim a sua competitividade no processo de atração de fundos
adicionais necessários para demonstrar a aplicabilidade clínica dos resultados.
Emilia
De Alonso, Country Business Lead Iberia da Hologic, sublinha que este Prémio
“reforça o nosso compromisso em continuar a promover o conhecimento e o
desenvolvimento da Saúde da Mulher em Portugal, com o objetivo de melhorar a
sua qualidade de vida e bem-estar».
A
cerimónia de entrega do Prémio Hologic Saúde da Mulher decorreu na
quinta-feira, 25 de maio, antecipando o Dia Mundial da Saúde da Mulher,
celebrado a 28 do mesmo mês.
Sobre o Prémio Hologic Saúde da Mulher
O
Prémio Hologic Saúde da Mulher pretende distinguir projetos científicos de
excelência na área da saúde feminina, cuja inovação e/ou contribuição tenha
impacto na melhoria das condições de saúde das mulheres nas diversas áreas que
mais as afetam.
Com
uma periodicidade bianual, trata-se do primeiro prémio, em Portugal, que tem
como objetivo abranger as diversas áreas que afetam a saúde da mulher.
O
Prémio conta com o apoio institucional da Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento Hospitalar (APDH), da Associação Portuguesa de Investigação em
Cancro (ASPIC), das Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF),
da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), da Sociedade Portuguesa de
Cardiologia (SPC), da Sociedade Portuguesa de Contraceção (SPDC), da Sociedade
Portuguesa de Oncologia (SPO), da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) e
da Sociedade Portuguesa de Senologia (SPS). Universidade do Porto - Portugal
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