Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Cabo Verde - Investigador propõe debate envolvendo profissionais da comunicação social na assunção e promoção da língua materna

Cidade da Praia – O investigador Hans-Peter (Lonha) Heilmair destacou hoje o contributo que os profissionais da comunicação social em Cabo Verde poderão dar na promoção e divulgação do crioulo, considerando ser “urgente” um debate profundo sobre esta questão.

Hans-Peter (Lonha) Heilmair fez estas declarações à imprensa, à margem da conferência “Cuidar bem do Crioulo – uma responsabilidade dos jornalistas?”, realizada esta quinta-feira, na sede da Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), na Praia.

A “conversa aberta”, conforme explicou, visa sensibilizar e desafiar os jornalistas de Cabo Verde para o debate da temática “Cuidar bem do Crioulo – uma responsabilidade dos jornalistas?”, tendo neste sentido considerado que os profissionais da comunicação social têm uma responsabilidade no que se refere a promoção da língua materna e assumem um papel-modelo junto dos telespectadores, ouvintes e leitores nos diferentes órgãos da comunicação social.

Motivado pelo seu interesse pela língua materna cabo-verdiana, Hans-Peter (Lonha) Heilmair, que é de origem alemã, defendeu a necessidade de a língua materna ser cada vez mais valorizada.

“Se não fizermos algo agora o crioulo corre risco de ser descrioulizado e será tarde demais e as coisas têm de ser feitas agora, temos de agir, fazer alguma coisa”, afirmou, considerando ser importante haver formação e troca de ideias envolvendo as diferentes camadas da sociedade civil e tomada de consciência sobre a importância do crioulo.

Disse ainda que é chegado o momento de Cabo Verde dar ao crioulo o estatuto que merece e definição de estratégias linguísticas claras visando salvaguardar a identidade do próprio crioulo.

Para além de professor de Crioulística da Universidade de Santiago, em Assomada, Hans-Peter (Lonha) Heilmair é professor de Crioulo de Cabo Verde, em Lisboa, e recorre com frequência às emissões do “Cabo Verde Magazine” nas suas aulas, onde sobressai, a título de exemplo, a referida necessidade dessa distinção.

Por seu turno, Fátima Fialho, que é membro de direcção da Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (ALMA-CV) destacou a relevância deste tema realçando ser importante que a sociedade cabo-verdiana valorize a língua crioula como forma a assumir também a sua identidade.

“Mesmo em relação a oralidade, muitas pessoas têm falado o crioulo portuguesado e isso demonstra muitas vezes que há um sentimento de inferioridade. Utilizamos o crioulo quase que com vergonha, mesmo em alguns fóruns tem pessoas que pedem desculpas por estarem a falar em crioulo. A nossa preocupação é que haja valorização da língua materna como oficial e para que a mesma seja falada como deve ser”, declarou.

Defendeu igualmente, a necessidade da consciencialização da língua materna como língua cabo-verdiana, referindo que a mentalidade dos cabo-verdianos está muito colonizada e que é preciso haver um reconhecimento social. In “Inforpress” – Cabo Verde

 

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