Cidade
da Praia – O investigador Hans-Peter (Lonha) Heilmair destacou hoje o
contributo que os profissionais da comunicação social em Cabo Verde poderão dar
na promoção e divulgação do crioulo, considerando ser “urgente” um debate
profundo sobre esta questão.
Hans-Peter
(Lonha) Heilmair fez estas declarações à imprensa, à margem da conferência
“Cuidar bem do Crioulo – uma responsabilidade dos jornalistas?”, realizada esta
quinta-feira, na sede da Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde
(AJOC), na Praia.
A
“conversa aberta”, conforme explicou, visa sensibilizar e desafiar os
jornalistas de Cabo Verde para o debate da temática “Cuidar bem do Crioulo –
uma responsabilidade dos jornalistas?”, tendo neste sentido considerado que os
profissionais da comunicação social têm uma responsabilidade no que se refere a
promoção da língua materna e assumem um papel-modelo junto dos telespectadores,
ouvintes e leitores nos diferentes órgãos da comunicação social.
Motivado
pelo seu interesse pela língua materna cabo-verdiana, Hans-Peter (Lonha)
Heilmair, que é de origem alemã, defendeu a necessidade de a língua materna ser
cada vez mais valorizada.
“Se
não fizermos algo agora o crioulo corre risco de ser descrioulizado e será
tarde demais e as coisas têm de ser feitas agora, temos de agir, fazer alguma
coisa”, afirmou, considerando ser importante haver formação e troca de ideias
envolvendo as diferentes camadas da sociedade civil e tomada de consciência
sobre a importância do crioulo.
Disse
ainda que é chegado o momento de Cabo Verde dar ao crioulo o estatuto que
merece e definição de estratégias linguísticas claras visando salvaguardar a
identidade do próprio crioulo.
Para
além de professor de Crioulística da Universidade de Santiago, em Assomada,
Hans-Peter (Lonha) Heilmair é professor de Crioulo de Cabo Verde, em Lisboa, e
recorre com frequência às emissões do “Cabo Verde Magazine” nas suas aulas, onde
sobressai, a título de exemplo, a referida necessidade dessa distinção.
Por
seu turno, Fátima Fialho, que é membro de direcção da Associação da Língua
Materna Cabo-verdiana (ALMA-CV) destacou a relevância deste tema realçando ser
importante que a sociedade cabo-verdiana valorize a língua crioula como forma a
assumir também a sua identidade.
“Mesmo
em relação a oralidade, muitas pessoas têm falado o crioulo portuguesado e isso
demonstra muitas vezes que há um sentimento de inferioridade. Utilizamos o crioulo
quase que com vergonha, mesmo em alguns fóruns tem pessoas que pedem desculpas
por estarem a falar em crioulo. A nossa preocupação é que haja valorização da
língua materna como oficial e para que a mesma seja falada como deve ser”,
declarou.
Defendeu
igualmente, a necessidade da consciencialização da língua materna como língua
cabo-verdiana, referindo que a mentalidade dos cabo-verdianos está muito
colonizada e que é preciso haver um reconhecimento social. In “Inforpress”
– Cabo Verde
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