Nos últimos seis anos abandonaram o registo profissional britânico quase dois mil enfermeiros portugueses e só cerca de 500 se inscreveram para trabalhar no Reino Unido, de acordo com a entidade reguladora britânica
Dados
publicados pelo Nursing and Midwifery Council (NMC) [Conselho de Enfermagem e
Obstetrícia] mostram que o número de enfermeiros formados em Portugal
registados no Reino Unido caiu 21,8%, dos 5262 inscritos em março de 2017 para
4055 em março de 2022.
Neste
período, inscreveram-se 553, mas 1908 rescindiram a inscrição, obrigatória para
exercer a profissão no Reino Unido, embora nem todos os inscritos estejam a
trabalhar.
O
NMC explicou que os números podem não coincidir porque os dados relativos aos
novos membros apenas incluem aqueles que aderem ao registo pela primeira vez e
não pessoas que interromperam a atividade profissional.
Este
saldo negativo também é verificado no registo de outros enfermeiros europeus,
como espanhóis, italianos e romenos, que antes da saída do Reino Unido da União
Europeia (UE) eram recrutados em grande número pelo serviço de saúde público
britânico (NHS).
Pelo
contrário, nos últimos anos o número de profissionais da Índia, Quénia,
Jamaica, Guiana, Zimbabué, Botsuana ou Gana dispararam, refletindo uma
predominância do recrutamento fora da UE.
No
geral, o NMC registou um número recorde de 52148 novas adesões, cerca de metade
não britânicos, e o número de profissionais que abandonou o registo
desacelerou.
Mas
o relatório publicado indica que mais de metade dos enfermeiros saiu mais cedo
do que o previsto da profissão e a maioria não tenciona regressar.
“Embora
o recrutamento continue a ser forte, há avisos claros sobre as pressões no
local de trabalho que estão a afastar as pessoas das profissões”, afirmou a
presidente executiva do NMC, Andrea Sutcliffe.
Como
motivos para cancelar a inscrição estão o esgotamento ou exaustão, falta de
apoio dos colegas, preocupações com a qualidade dos cuidados prestados às
pessoas, carga de trabalho e níveis de pessoal, acrescentou.
O
Partido Trabalhista criticou o recurso a profissionais de países da “lista
vermelha” da Organização Mundial de Saúde, que procura desincentivar o
recrutamento de médicos, enfermeiros e enfermeiros parteiros em países em
desenvolvimento onde os serviços de saúde são deficitários.
“O
NHS será sempre uma força de trabalho internacional, e isso faz parte da sua
força. Mas a abordagem dos Conservadores é injusta para com os países de onde
vêm e para com os estudantes britânicos a quem é negada uma grande carreira no
NHS”, criticou o deputado Wes Streeting. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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