Entre os anos lectivos de 2020/2021 e 2022/2023, o número de estudantes que frequentam cursos de Português no ensino não-superior em Macau subiu de cerca de 9300 para 10 200, segundo a DSEDJ. Já o Instituto Português do Oriente perdeu mais de 500 alunos em 2022, mas garante que o ensino do Português está a ganhar novo fôlego
O
número de cursos de Português, de estudantes e docentes em Macau cresceu desde
2020, apesar das restrições e do impacto causado pela pandemia de covid-19,
segundo dados das autoridades enviados à Lusa. “Nos últimos anos, o número de
unidades escolares das escolas do ensino não superior que ministram cursos de
língua portuguesa, de cursos, de estudantes e de docentes, em geral, tem
aumentado de forma estável”, assinalou a Direcção dos Serviços de Educação e de
Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ).
Por
um lado, “o número de turmas dos cursos de língua portuguesa, nos currículos
regulares, actividades extracurriculares ou actividades de complemento
curricular, ministrados pelas escolas, aumentou de 445 no ano lectivo de
2020/2021, para 467 no ano lectivo de 2022/2023”, destacou.
A
DSEDJ indicou ainda que o número de estudantes que frequentam cursos de
Português subiu, no mesmo período, de cerca de 9300 para 10 200. Um crescimento
que se verificou também no número de professores, passando de 100 para mais de
120.
Ainda
no ensino não superior, “as unidades escolares que ministram cursos de língua
portuguesa mantiveram-se basicamente inalteradas”, já que “36 escolas ministram
cursos de língua portuguesa, com o apoio e o destacamento de pessoal da DSEDJ e
das escolas oficiais”.
No
ensino superior verifica-se “uma situação estável”: cinco instituições
ministraram mais de 20 cursos de língua portuguesa, com o número de estudantes
a passar de 1500 para mais de 1600.
“Além
disso, de acordo com as estatísticas resultantes da atribuição do ‘Subsídio
para Aquisição de Material Escolar a Estudantes do Ensino Superior’ da DSEDJ,
dos anos lectivos de 2020/2021 a 2021/2022, em cada ano lectivo, cerca de 200
estudantes deslocaram-se, em média, a Portugal, para frequentarem cursos do
ensino superior”, salientaram os mesmos serviços.
Os
números, que coincidem com os anos de pandemia em Macau, traduzem uma tendência
de crescimento verificada desde a transferência de soberania, de acordo com os
dados fornecidos pelas autoridades. Em 2019, o Governo informou que o ensino do
Português cresceu em Macau nas escolas, em alunos e professores nos últimos 20
anos sob administração chinesa. Os mesmos números apontavam para um aumento dos
estudantes locais em cursos leccionados em Português no ensino superior e para
um crescimento dos alunos em mobilidade em Portugal.
Novo ímpeto no IPOR após quebra em 2022
Por
sua vez, o Instituto Português do Oriente (IPOR) perdeu em Macau mais de meio
milhar de alunos em 2022, mas o ensino do Português está a ganhar um novo
fôlego pós-pandémico, disse à Lusa o director da instituição. “A redução de
alunos em 2022 aconteceu, estou convencido, devido à pandemia. São sobretudo
alunos do interior da China, das zonas fronteiriças com Macau, que estavam
constantemente a enfrentar as restrições de mobilidade e acabaram por suspender
ou anular as inscrições”, explicou Joaquim Ramos Coelho.
Em
2021, o IPOR contava com 4140 formandos, mas no final de 2022 o número desceu
para os 3458, precisou. Isto apesar da aposta no ensino “online” e em
cursos para fins específicos em áreas como turismo, economia, hotelaria.
Após
o fim das restrições pandémicas, num território que tinha seguido a política de
“zero casos” imposta por Pequim, há um novo fôlego em Macau e na China
Continental, mas também em outros países asiáticos, ressalvou.
“Agora
retomámos com bastante força” e “a retomar, reforçando, muitas coisas ao mesmo
tempo”, através do “aprofundamento de vários projectos planeados em 2019”,
afirmou o director do IPOR, fundado em 1989 pela Fundação Oriente e pelo Camões
– Instituto da Cooperação e da Língua, e que exerce a sua actividade, além de
Macau, em países como o Vietname, Tailândia, Índia e Austrália.
Joaquim
Ramos Coelho destacou, tanto na formação de professores como de alunos, o
reforço de acções na Austrália e na ligação com universidades na Indonésia,
Vietname e na China continental, onde se continua a apostar na presença em
Pequim, mas também no centro de línguas na cidade chinesa de Chengdu, onde se
está “a colaborar na formação na língua portuguesa de médicos e pessoal de
saúde que saem depois em acções de cooperação para os países lusófonos”.
Esta
é a forma, salientou, de se responder ao compromisso estabelecido pelos
presidentes português e chinês de se aprofundar o conhecimento da língua entre
os dois povos, que se traduz nas acções do IPOR, com o apoio do Instituto
Camões, e, de forma recíproca no estabelecimento de vários Instituto Confúcio
em Portugal. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
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