Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Macau - Alunos e docentes de português em alta no ensino não superior

Entre os anos lectivos de 2020/2021 e 2022/2023, o número de estudantes que frequentam cursos de Português no ensino não-superior em Macau subiu de cerca de 9300 para 10 200, segundo a DSEDJ. Já o Instituto Português do Oriente perdeu mais de 500 alunos em 2022, mas garante que o ensino do Português está a ganhar novo fôlego


O número de cursos de Português, de estudantes e docentes em Macau cresceu desde 2020, apesar das restrições e do impacto causado pela pandemia de covid-19, segundo dados das autoridades enviados à Lusa. “Nos últimos anos, o número de unidades escolares das escolas do ensino não superior que ministram cursos de língua portuguesa, de cursos, de estudantes e de docentes, em geral, tem aumentado de forma estável”, assinalou a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ).

Por um lado, “o número de turmas dos cursos de língua portuguesa, nos currículos regulares, actividades extracurriculares ou actividades de complemento curricular, ministrados pelas escolas, aumentou de 445 no ano lectivo de 2020/2021, para 467 no ano lectivo de 2022/2023”, destacou.

A DSEDJ indicou ainda que o número de estudantes que frequentam cursos de Português subiu, no mesmo período, de cerca de 9300 para 10 200. Um crescimento que se verificou também no número de professores, passando de 100 para mais de 120.

Ainda no ensino não superior, “as unidades escolares que ministram cursos de língua portuguesa mantiveram-se basicamente inalteradas”, já que “36 escolas ministram cursos de língua portuguesa, com o apoio e o destacamento de pessoal da DSEDJ e das escolas oficiais”.

No ensino superior verifica-se “uma situação estável”: cinco instituições ministraram mais de 20 cursos de língua portuguesa, com o número de estudantes a passar de 1500 para mais de 1600.

“Além disso, de acordo com as estatísticas resultantes da atribuição do ‘Subsídio para Aquisição de Material Escolar a Estudantes do Ensino Superior’ da DSEDJ, dos anos lectivos de 2020/2021 a 2021/2022, em cada ano lectivo, cerca de 200 estudantes deslocaram-se, em média, a Portugal, para frequentarem cursos do ensino superior”, salientaram os mesmos serviços.

Os números, que coincidem com os anos de pandemia em Macau, traduzem uma tendência de crescimento verificada desde a transferência de soberania, de acordo com os dados fornecidos pelas autoridades. Em 2019, o Governo informou que o ensino do Português cresceu em Macau nas escolas, em alunos e professores nos últimos 20 anos sob administração chinesa. Os mesmos números apontavam para um aumento dos estudantes locais em cursos leccionados em Português no ensino superior e para um crescimento dos alunos em mobilidade em Portugal.

Novo ímpeto no IPOR após quebra em 2022

Por sua vez, o Instituto Português do Oriente (IPOR) perdeu em Macau mais de meio milhar de alunos em 2022, mas o ensino do Português está a ganhar um novo fôlego pós-pandémico, disse à Lusa o director da instituição. “A redução de alunos em 2022 aconteceu, estou convencido, devido à pandemia. São sobretudo alunos do interior da China, das zonas fronteiriças com Macau, que estavam constantemente a enfrentar as restrições de mobilidade e acabaram por suspender ou anular as inscrições”, explicou Joaquim Ramos Coelho.

Em 2021, o IPOR contava com 4140 formandos, mas no final de 2022 o número desceu para os 3458, precisou. Isto apesar da aposta no ensino “online” e em cursos para fins específicos em áreas como turismo, economia, hotelaria.

Após o fim das restrições pandémicas, num território que tinha seguido a política de “zero casos” imposta por Pequim, há um novo fôlego em Macau e na China Continental, mas também em outros países asiáticos, ressalvou.

“Agora retomámos com bastante força” e “a retomar, reforçando, muitas coisas ao mesmo tempo”, através do “aprofundamento de vários projectos planeados em 2019”, afirmou o director do IPOR, fundado em 1989 pela Fundação Oriente e pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, e que exerce a sua actividade, além de Macau, em países como o Vietname, Tailândia, Índia e Austrália.

Joaquim Ramos Coelho destacou, tanto na formação de professores como de alunos, o reforço de acções na Austrália e na ligação com universidades na Indonésia, Vietname e na China continental, onde se continua a apostar na presença em Pequim, mas também no centro de línguas na cidade chinesa de Chengdu, onde se está “a colaborar na formação na língua portuguesa de médicos e pessoal de saúde que saem depois em acções de cooperação para os países lusófonos”.

Esta é a forma, salientou, de se responder ao compromisso estabelecido pelos presidentes português e chinês de se aprofundar o conhecimento da língua entre os dois povos, que se traduz nas acções do IPOR, com o apoio do Instituto Camões, e, de forma recíproca no estabelecimento de vários Instituto Confúcio em Portugal. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”


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