O ministro da Administração Interna de Cabo Verde disse à Lusa que Cabo Verde quer atrair investimento da China, que descreveu como “um dos principais parceiros” no desenvolvimento do país desde a independência. “Neste momento, já temos uma comunidade chinesa em Cabo Verde, essencialmente de pequenos e médios empresários”, afirmou Paulo Rocha.
O
ministro disse que o próximo alvo é “atrair mais e melhor investimento [chinês]
em diferentes sectores”, para diversificar a economia, muito dependente do
turismo. O mar é uma prioridade e o Governo “procura parcerias” para
implementar a Zona Económica Especial Marítima de São Vicente, cujo estudo foi
feito com o apoio da China, recordou Rocha, durante uma passagem por Macau.
Também
em Macau, em Março, o presidente da agência cabo-verdiana para o investimento
externo, José Almada Dias, desafiou a empresa estatal chinesa Shaanxi
Construction a aproveitar os 20 mil hectares que o país colocou ao serviço do
turismo.
Paulo
Rocha disse que seria “perfeitamente realista” Cabo Verde querer atrair
turistas da China e de outros países asiáticos, sublinhando a presença forte de
visitantes chineses na Europa e “ainda mais longe”. “Continuamos a fomentar
investimentos neste domínio, crescem o número de hotéis em construção, o número
de resorts, particularmente nas duas ilhas mais turísticas, do Sal e da
Boavista”, disse.
Rocha
defendeu que a China é, “sem dúvida, um parceiro confiável” de Cabo Verde e que
tem sido “essencial no processo de desenvolvimento em diferentes setores” ao
longo dos 50 anos de independência.
Cabo
Verde beneficiou de múltiplos perdões de dívida por parte da China –
nomeadamente cerca de 1,18 milhões de euros em 2007 e mais 1,39 milhões em
2016. Nas últimas décadas, a China consolidou a sua presença em Cabo Verde
através de investimentos em obras públicas, incluindo o Estádio Nacional e a
nova sede da Assembleia Nacional.
“Já
nos próximos meses, iremos inaugurar uma importante maternidade na ilha de São
Vicente, feita com o apoio do Governo da China, estruturante para toda a região
do Barlavento”, realçou o ministro.
A
cooperação estende-se à área da educação, com mais de uma dezena de bolsas
atribuídas anualmente pelo Governo chinês. Desde 2010, centenas de estudantes
cabo-verdianos frequentaram instituições de ensino superior na China. Alguns
acabaram por ficar por terras chinesas, incluindo em Macau, e tornaram-se
“verdadeiros diplomatas do (…) país, além daquilo que é a diplomacia oficial”,
elogiou.
A
diáspora cabo-verdiana é uma enorme reserva “em termos de capital humano” e que
“contribui muito mais do que com as remessas, [ao] investir no sector produtivo
do país”, acrescentou.
Paulo
Rocha disse também que o país está a negociar com a China o financiamento do
alargamento do sistema de videovigilância Cidade Segura a mais três cidades:
Porto Novo, na ilha de Santo Antão, e Assomada e Tarrafal, na ilha de Santiago.
Fórum continuará a fomentar intercâmbio
Paulo
Rocha foi um dos presentes na “Palestra alusiva ao 50º Aniversário da
Independência Nacional de Cabo Verde”, co-organizada pela Embaixada de Cabo
Verde na China e pelo Secretariado Permanente do Fórum de Macau. Subordinada ao
tema “Cabo Verde: 50 Anos de Conquistas e Desafios – Papel de Diáspora e a
Experiência de Macau”, contou com a participação de diversas personalidades.
O
secretário-geral do Fórum de Macau, Ji Xianzheng, disse que o organismo
continuará “a tirar o melhor proveito do papel de Macau enquanto plataforma
sino-lusófona, contribuindo para fomentar o intercâmbio e a cooperação em
diferentes domínios entre a China e Cabo Verde”.
Por
sua vez, o embaixador de Cabo Verde na China, Arlindo Nascimento do Rosário,
afirmou que o momento “não significa apenas uma data histórica para o seu país,
mas também uma oportunidade para Cabo Verde mostrar ao mundo a força de uma
nação que, apesar das dificuldades, persevera, reinventa-se e prospera”. “O
Governo de Cabo Verde valoriza a relação com a China, especialmente com a RAEM,
e a nossa diáspora. Macau ocupa um lugar especial no coração do povo
cabo-verdiano, a diáspora cabo-verdiana em Macau e as suas associações não só
fortalecem os laços de amizade entre os povos, como também promovem a
integração social e económica da comunidade cabo-verdiana na RAEM”, prosseguiu.
Já
Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, que esteve em
representação do Secretário para a Economia e Finanças, referiu que “Macau e
Cabo Verde são territórios aliados, desde sempre, por laços históricos,
prosseguindo unidos pela vontade de se aliarem para trabalhar em prol da
criação de mais e diversas oportunidades de desenvolvimento para as suas gentes
e economias”.
O
ministro Paulo Rocha, por seu turno, manifestou “gratidão” ao Governo da RAEM
pelo “contributo valioso” que tem dado na aproximação entre a China e os países
lusófonos, designadamente por via dos mecanismos do Fórum de Macau. In “Jornal
Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
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