O académico e representante da Comunidade de Santo Egídio em Sofala, Nelson Moda, lançou recentemente o livro Xibalo, quando Moçambique era uma província, onde afirma que “o Xibalo e a colonização ainda não terminaram” em Moçambique. A obra literária resgata a memória dos tempos coloniais e presta homenagem aos moçambicanos que resistiram de forma corajosa ao trabalho forçado imposto pelo regime português.
O
termo Xibalo, de origem bantu, era utilizado para designar o sistema de
trabalho forçado aplicado durante a administração colonial portuguesa. Milhares
de moçambicanos foram obrigados, sob violência e repressão, a trabalhar em
plantações agrícolas, obras públicas e minas sem qualquer remuneração. Para
Moda, os traços deste passado continuam presentes no tecido social e económico
do país.
“O
Xibalo não foi apenas físico, mas também psicológico e institucional. Há
mecanismos de exploração hoje que ainda carregam a mesma lógica”, afirmou o
autor durante o lançamento do livro.
A
apresentação da obra esteve a cargo de Félix Machado, presidente da Associação
Comercial da Beira, uma instituição que, segundo explicou, surgiu na luta
contra o trabalho forçado, especialmente nas zonas sob concessões açucareiras
em Manica e Sofala. Para Machado, a escolha do título Xibalo “não foi meramente
simbólica”, mas sim uma afirmação de denúncia e memória histórica.
O
livro foi prefaciado pelo antigo Presidente da República, Joaquim Chissano,
cuja mensagem destaca a importância de preservar a memória coletiva como base
para uma cidadania consciente.
O
sociólogo Pedrito Cambrão considerou a obra de Moda como um contributo valioso
para clarificar o presente e o futuro dos moçambicanos, para que os erros do
passado não se repitam.
O
edil da Beira também marcou presença no evento e enalteceu a iniciativa,
apelando às universidades moçambicanas para integrarem obras como esta nos seus
currículos.
Mais
do que um livro de memórias, Xibalo é um apelo à reflexão sobre o passado
colonial e suas permanências no quotidiano moçambicano, 50 anos após a
independência nacional. In “O País” - Moçambique
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