Parceria visa reforçar o ensino, a investigação e a valorização da língua e cultura mirandesas, património do Nordeste Transmontano
No
passado dia 8 de julho, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e
a Câmara Municipal de Miranda do Douro celebraram um protocolo de colaboração
com o objetivo de reforçar a cooperação técnico científica entre as duas
instituições na promoção da língua e cultura mirandesas.
O
protocolo agora assinado pela Diretora da FLUP, Paula Pinto Costa, e pela
Presidente da Câmara Municipal, Helena Barril, prevê a realização de cursos,
projetos de investigação, iniciativas culturais e outras ações que contribuam
para a dinamização e salvaguarda do uso da Língua Mirandesa, dentro e fora do
território de origem.
Para
a Câmara Municipal de Miranda do Douro, esta colaboração constitui, nas
palavras de Helena Barril, “um passo importante na salvaguarda e promoção do
património identitário” da região.
Por
sua vez, Paula Pinto Costa lembra que “enquanto instituição de ensino superior
dedicada ao estudo das humanidades, a FLUP assume com responsabilidade e
orgulho o compromisso de contribuir para a valorização da diversidade
linguística e cultural do nosso país”.
“O
mirandês é uma expressão viva dessa riqueza, e esta parceria reforça a nossa
dedicação à investigação, ao ensino e à difusão de patrimónios que integram a
identidade portuguesa”, refere a Diretora da FLUP.
Mais de duas décadas a defender a Língua Mirandesa
Desde
1999 que, por lei aprovada por unanimidade na Assembleia da República, foram
reconhecidos os direitos linguísticos dos falantes de Língua Mirandesa,
património linguístico de origem asturo-leonesa, ainda falado por cerca de 1500
a 5000 pessoas na Terra de Miranda, abrangendo o concelho de Miranda e algumas
aldeias confinantes dos concelhos de Mogadouro e de Vimioso.
O
mirandês é um testemunho vivo da diversidade cultural e histórica do país, cuja
preservação requer um esforço contínuo de valorização e difusão. O declínio do
número de falantes registado nas últimas décadas tem levado ao concretizar de
medidas urgentes para a salvaguarda e persistência deste património imaterial.
É
a esse “combate” que se tem dedicado José Francisco Meirinhos, principal
dinamizador do protocolo agora celebrado e responsável pelas correspondentes
atividades que serão geridas durante o próximo triénio.
Há
vários anos que o docente da FLUP organiza regularmente na Faculdade
iniciativas relacionadas com a valorização da Língua e Cultura Mirandesa, como
colóquios, conferências e apresentações de livros. Foi também José Francisco
Meirinhos quem impulsionou, em 1999, a realização da reunião final para a
aprovação da Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa na FLUP.
Nesse
mesmo ano, foi criado um grupo informal, o Centro de Estudos Mirandeses (CEM),
que, embora de funcionamento pontual, tem desempenhado um papel importante na
dinamização de atividades, na publicação de obras e na colaboração com
entidades locais.
O
CEM colabora com a Biblioteca da FLUP, constituindo e atualizando um fundo
bibliográfico e documental dedicado ao mirandês e à cultura mirandesa. Mais
recentemente, o seu trabalho passou também por uma parceria com a Wikimedia
Portugal, no apoio ao desenvolvimento da Biquipédia, l’anciclopédia lhibre an lhéngua mirandesa.
Desde
2019, a FLUP oferece, ainda, um curso livre de Língua Mirandesa, reforçando o seu
compromisso com a difusão desta língua minoritária. Universidade do Porto -
Portugal
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