Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Portugal - Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Câmara de Miranda do Douro unidas na promoção da língua e cultura mirandesas

Parceria visa reforçar o ensino, a investigação e a valorização da língua e cultura mirandesas, património do Nordeste Transmontano


No passado dia 8 de julho, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e a Câmara Municipal de Miranda do Douro celebraram um protocolo de colaboração com o objetivo de reforçar a cooperação técnico científica entre as duas instituições na promoção da língua e cultura mirandesas.

O protocolo agora assinado pela Diretora da FLUP, Paula Pinto Costa, e pela Presidente da Câmara Municipal, Helena Barril, prevê a realização de cursos, projetos de investigação, iniciativas culturais e outras ações que contribuam para a dinamização e salvaguarda do uso da Língua Mirandesa, dentro e fora do território de origem.

Para a Câmara Municipal de Miranda do Douro, esta colaboração constitui, nas palavras de Helena Barril, “um passo importante na salvaguarda e promoção do património identitário” da região.

Por sua vez, Paula Pinto Costa lembra que “enquanto instituição de ensino superior dedicada ao estudo das humanidades, a FLUP assume com responsabilidade e orgulho o compromisso de contribuir para a valorização da diversidade linguística e cultural do nosso país”.

“O mirandês é uma expressão viva dessa riqueza, e esta parceria reforça a nossa dedicação à investigação, ao ensino e à difusão de patrimónios que integram a identidade portuguesa”, refere a Diretora da FLUP.

Mais de duas décadas a defender a Língua Mirandesa

Desde 1999 que, por lei aprovada por unanimidade na Assembleia da República, foram reconhecidos os direitos linguísticos dos falantes de Língua Mirandesa, património linguístico de origem asturo-leonesa, ainda falado por cerca de 1500 a 5000 pessoas na Terra de Miranda, abrangendo o concelho de Miranda e algumas aldeias confinantes dos concelhos de Mogadouro e de Vimioso.

O mirandês é um testemunho vivo da diversidade cultural e histórica do país, cuja preservação requer um esforço contínuo de valorização e difusão. O declínio do número de falantes registado nas últimas décadas tem levado ao concretizar de medidas urgentes para a salvaguarda e persistência deste património imaterial.

É a esse “combate” que se tem dedicado José Francisco Meirinhos, principal dinamizador do protocolo agora celebrado e responsável pelas correspondentes atividades que serão geridas durante o próximo triénio.

Há vários anos que o docente da FLUP organiza regularmente na Faculdade iniciativas relacionadas com a valorização da Língua e Cultura Mirandesa, como colóquios, conferências e apresentações de livros. Foi também José Francisco Meirinhos quem impulsionou, em 1999, a realização da reunião final para a aprovação da Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa na FLUP.

Nesse mesmo ano, foi criado um grupo informal, o Centro de Estudos Mirandeses (CEM), que, embora de funcionamento pontual, tem desempenhado um papel importante na dinamização de atividades, na publicação de obras e na colaboração com entidades locais.

O CEM colabora com a Biblioteca da FLUP, constituindo e atualizando um fundo bibliográfico e documental dedicado ao mirandês e à cultura mirandesa. Mais recentemente, o seu trabalho passou também por uma parceria com a Wikimedia Portugal, no apoio ao desenvolvimento da Biquipédia, l’anciclopédia lhibre an lhéngua mirandesa.

Desde 2019, a FLUP oferece, ainda, um curso livre de Língua Mirandesa, reforçando o seu compromisso com a difusão desta língua minoritária. Universidade do Porto - Portugal


Sem comentários:

Enviar um comentário