Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Macau - Visitas de estudo da Escola Portuguesa sensibilizam alunos para o património

As visitas de estudo a locais do Centro Histórico têm vindo a ser cada vez mais valorizadas nos conteúdos curriculares da Escola Portuguesa de Macau. Funcionando como uma integração de conteúdos no currículo de Portugal, essas actividades constituem uma chamada de atenção para temas como a chegada dos portugueses a Macau e têm despertado o interesse quer de alunos quer de professores. Deolinda Santos, docente da disciplina de História da EPM, disse ao Jornal Tribuna de Macau que essas deslocações têm contribuído para “sensibilizar os estudantes para a importância da protecção do património”


Apesar de não terem a regularidade que os professores desejariam, as visitas de estudo que os alunos da Escola Portuguesa de Macau (EPM) têm efectuado a alguns locais do Centro Histórico são consideradas de grande importância para o conhecimento sobre o património arquitectónico existente no território. O edifício do antigo Leal Senado, actual sede do Instituto para os Assuntos Municipais, foi um dos últimos exemplos de visita efectuada por estudantes do 8º ano de escolaridade da EPM, inserida num percurso delineado aquando do planeamento do ano lectivo feito pelos respectivos professores de História.

“Desde a publicação dos nossos manuais de Macau-China que trabalhamos esses conteúdos e então aplicamos com as visitas”, começou por dizer ao Jornal Tribuna de Macau Deolinda Santos. A docente da disciplina diz que estas visitas servem para “sensibilizar os estudantes para a importância da protecção do património”, isto numa altura em que Macau celebra o 20º aniversário da inscrição do Centro Histórico na lista do Património Mundial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e que foi designado como o 31º sítio do Património Mundial da China.

Essa inclusão, a 15 de Julho de 2005, também contribuiu para a conservação do património histórico e arquitectónico da cidade e, num contexto mais amplo, representa uma parte importante da história da China.

Mesmo não tendo apenas a intenção imediata de assinalar a data do aniversário da inscrição de Macau como Património Mundial, “este tipo de iniciativas é bastante interessante e agrada aos alunos, que assim vão conhecendo os locais do Centro Histórico e alguns dos edifícios que simbolizam as primeiras instituições de Macau”, declara a docente que há vários anos coordena estas deslocações a locais icónicos da RAEM.

A docente coloca a hipótese de a efeméride ser salientada nas próximas visitas de estudo. “Em Julho ou Setembro nós estabelecemos o plano do próximo ano lectivo e isso é uma boa sugestão, relembrar os 20 anos da entrada no Património Mundial da UNESCO”, apontou.

“A última vez estivemos no Leal Senado, mas já antes tínhamos visitado outros pontos do Centro Histórico, como a Santa Casa da Misericórdia, o antigo Colégio de São Paulo e o Museu de Arte Sacra, onde lhes explicámos que ali ao lado existem pequenas escavações, que eram as celas dos jesuítas”, vincou a professora.

Além disso, as visitas de estudo contemplaram o edifício do antigo Hospital de São Rafael, actualmente o Consulado-Geral de Portugal na RAEM, e a Diocese de Macau. “Foi muito agradável termos feito todo esse percurso a pé, durante cerca de uma hora e meia”, concretiza.

O resultado destes programas é sempre publicado no jornal escolar da EPM, Tempus & Modus, no qual os alunos expõem fotografias e escrevem pequenos artigos sobre a experiência sentida e o que apreenderam das explicações da professora, que serviu de guia.

Conteúdos inseridos no programa de Portugal

Os estudantes, concretamente os do 8º ano, que são os que estudam os Descobrimentos no século XVI e a chegada ao território dos exploradores portugueses no século seguinte, dispõem de um guião, pré-estudado. “Nós fazemos uma planificação do programa de Portugal e nela inserimos os conteúdos de Macau-China, integrando-os no devido tempo histórico”, diz, acrescentando que se trata de adequações curriculares, ou seja, uma integração de conteúdos no currículo de Portugal, “mas só até ao 9º ano”, lembrou.

Os participantes nas visitas de estudo dispõem de um guião, aplicando essas deslocações nos testes que posteriormente realizam ou em trabalhos que produzem. “Há alguns anos, eles fizeram coisas lindíssimas, como maquetes 3D, que julgo estarem na biblioteca da escola, mas agora o tempo é mais escasso”, diz.

Deolinda Santos gostaria, por isso, que estas iniciativas de levar os alunos à rua para aprenderam mais sobre o Centro Histórico e sentirem o quão importante é a protecção do património, ou até fazerem visitas a exposições, se verificassem com maior frequência.

“Cerca de hora e meia por semana para alguns anos lectivos e quase duas horas para outros é muito pouco para tantos conteúdos e por isso não há tempo para fazer mais visitas de estudo, porque penso que é fundamental este conhecimento in loco das primeiras instituições de Macau, quer portuguesas, quer chinesas”, prosseguiu.

A docente, que é uma das mais antigas a leccionar na EPM, ali exercendo funções ininterruptas desde 1993, considera que estas iniciativas também são importantes para a sua própria “valorização pessoal e profissional”.

Deolinda Santos lembra que há uma disciplina de História e Geografia imposta pela Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). “Aí eu também tenho de abordar estas temáticas, mas é diferente, não é a chegada dos portugueses a Macau, mas sim a globalização, o papel da China no mundo, as primeiras dinastias, que é também um programa interessante”, explica, adiantando que há igualmente saídas dos alunos, uma vez que, neste caso, há maior flexibilidade. “Já fomos, com os alunos mais velhos, do 12º ano, à Casa de Sun Yat Sen, assim como visitámos a exposição da Rota da Seda, no MGM”, recorda.

Como elemento de apoio para essas visitas de estudo, a DSEDJ editou alguns pequenos livros, “muito bons”, nota a professora. “São publicações que nos têm ajudado bastante, sobre a história da China, mas cada vez mais também sobre Macau, o que era pouco acessível quando aqui cheguei”, conclui. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”






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