A 4.ª edição da Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas, que decorreu durante três dias em Timor-Leste, terminou com a assinatura da “Declaração de Díli”, documento que tem por objectivo a criação de uma associação, no sentido da cooperação e de um trabalho solidário conjunto em benefício das comunidades falantes da língua portuguesa na Ásia.
O
texto, elaborado por representantes das delegações dos oito países ou regiões
presentes, apresenta uma base “estritamente cultural, de diálogo e respeito
mútuo, unidos pela riqueza de um legado herdado ao longo de séculos e que
queremos transmitir às gerações futuras”.
Os
signatários assumem a “vontade partilhada de procurar soluções que se traduzam
em benefícios concretos para cada comunidade, atendendo e valorizando as suas
especificidades”.
A
“Declaração de Díli” insere-se no espírito que preside à Conferência das
Comunidades Luso-Asiáticas, pelo que é considerada “essencial a
consubstanciação deste evento numa associação”, a sediar na capital timorense,
a qual constituirá “um elo entre estas comunidades”, mas que proporcione também
um “ponto de encontro”, ligando-as a entidades parceiras, investigadores e
académicos, movimentos e associações culturais, de amizade e solidariedade,
entre outros, “num esforço conjunto de defesa do património humano e cultural
que representam”.
Macau
esteve representado por Miguel de Senna Fernandes, através da Associação dos
Macaenses e Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, e José Sales
Marques, do Conselho das Comunidades Macaenses. Marcaram também presença
comunidades de Malaca (Malásia), Tugu e Flores (Indonésia), Burgher (Sri
Lanka), Goa (Índia), Kudichin (Tailândia), Bayingyi (Mianmar) e Oecusse
(Timor-Leste), num total de mais de uma centena de pessoas.
Miguel
de Senna Fernandes disse ao Jornal Tribuna de Macau que se trata de “uma ideia
nobre”, no sentido de que “temos um legado comum, uma pertença, que é algo que
nos une e, no fundo, tem a ver com a própria presença portuguesa”.
Na
sua intervenção no fórum, o macaense falou sobre o esforço em promover o
Maquista através do Teatro e Coro em Patuá pelo Dóci Papiaçám di Macau e, antes
dele, por Adé dos Santos Ferreira e outros. “O ponto alto do dia foi a exibição
do vídeo da nossa versão de ‘Macau Sâm Assi’ no YouTube”, mencionou.
A
próxima conferência, em 2027, deverá ter lugar em Lisboa. “É bom que tal
aconteça, pois é importante que Portugal tenha noção da sua influência decisiva
na formação destes povos, numa altura em que a histórica vocação ultramarina
parece ter-se convertido num mal-estar, senão mesmo num sentimento de vergonha
e de ‘mea culpa’ entre os portugueses”, enfatizou, acrescentando que
esse sentimento “deve ser erradicado”. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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