Bissau - O Hospital Nacional “Simão Mendes” (HNSM) tem recebido, diariamente, número considerável de adolescentes e jovens com elevadas quantidades de drogas no organismo, havendo igualmente registo de casos envolvendo adultos.
A
informação foi avançada recentemente pelo diretor clínico do serviço de
Urgência do HNSM, Bubacar Sissé, na sequência de crescentes denúncias sobre a venda e o
consumo descontrolado de diferentes tipos de drogas no país, sobretudo entre a
juventude, mas também entre alguns adultos.
Em
entrevista à Rádio Sol Mansi, Bubacar Sissé alertou
ainda que os números tendem a aumentar nos fins de semana e em dias de
espetáculos musicais, o que agrava a preocupação das autoridades de saúde.
"
(…) Recebemos jovens com drogas e que chegam em estados graves com
manifestações desta substância no corpo", explica.
O
médico enfatizou os perigos associados ao consumo destas substâncias,
destacando que elas são extremamente prejudiciais à saúde humana.
Bubacar
alerta que entre os efeitos estão ansiedade, cancro nos pulmões, hipertensão,
distúrbios mentais, problemas no fígado e até ataques cardíacos.
"Estas
drogas afetam o nosso cérebro, o nosso sono, afeta o apetite, alucinação,
falhas na memória e alguns têm comportamentos mais agressivos e existem casos
de pessoas com comportamentos mais lentos. Isso muda totalmente a personalidade
das pessoas", avisa.
O
médico advertiu que muitos jovens correm o risco de desenvolver dependência
total destas substâncias.
A
situação, considerada alarmante e preocupante, segundo o médico, ocorre diante
do silêncio das autoridades. Os casos mais graves, segundo relatos, são registados
durante concertos musicais, em que o consumo parece intensificar-se.
Bubacar
Sissé pede a atuação urgente das autoridades competentes para travar o mal que diz estar a afetar
gravemente a sociedade.
"Que
controlem a fonte desta droga, porque, caso contrário, vai continuar a ser expandida no país",
exorta.
Para
melhor compreender os efeitos das drogas, a Rádio Sol Mansi entrevistou também
o diretor do Centro de Saúde Mental de Quinhamel.
De
acordo com Domingos Té, a instituição acolhe atualmente mais de 50 pacientes,
sendo a maioria jovens entre os 18 e os 25 anos, já toxicodependentes.
O
diretor, que também é pastor, descreveu a situação como extremamente
preocupante.
"Esta
é uma situação muito preocupante e cada vez mais o nível dos problemas de
transtornos mentais está a aumentar", lamenta.
Segundo
o pastor, esta “doença” afeta principalmente a camada juvenil, e por isso,
considera que as famílias devem assumir um papel mais ativo e responsável no
combate a esse flagelo.
O
pastor diz temer que o país venha a ter, num futuro próximo, uma juventude
gravemente afetada pelo consumo de drogas, tendo em conta o uso excessivo destas substâncias no dia a
dia dos jovens.
Nos
últimos tempos, a sociedade guineense tem sido confrontada com comportamentos
negativos por parte da juventude, associados ao consumo de drogas, algumas das
quais injetáveis e sintéticas. Muitas dessas substâncias são comercializadas
sob nomes disfarçados, como “Mário Dias”, “Seco Tidjane”, “KÚS”, “MD”, “Blota”
e “AX”, e muitas vezes o seu uso está associado ao consumo de bebidas
alcoólicas.
Relatos
indicam que os efeitos de algumas dessas drogas podem durar até três dias,
provocando alucinações, alterações psicológicas e até picos anormais de
adrenalina no corpo. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Rádio Sol Mansi”
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