As três novas obras do escritor Manuel Rui, ausente no lançamento por motivos de saúde, já estão nas bancas, desde terça-feira, e foram publicadas sob o signo das celebrações dos 50 anos da Independência Nacional. Trata-se de “Onze Poemas em Novembro (Ano 10)”, “Mulher e Marido” e “O Kaputo Camionista”, os dois últimos em prosa
A
sessão de venda foi acolhida na Livraria Mayamba, em Luanda, e contou com a
presença de várias figuras da cultura, com destaque para Irene Guerra Marques,
José Mena Abrantes, Fátima Viegas, familiares e amigos do autor.
Na
qualidade de apresentadora de duas obras, a linguista Miraldina Jamba destacou
que, embora contida na sua extensão, estas obras de Manuel Rui são grandes,
porque guardam o peso do curso da história. “É um autor cujo nome está
profundamente inscrito na consciência literária angolana. Destaca temas como
família, amor, resistência cultural e conexão com a natureza. Trata-se de um
autor que possui uma marca indelével no panorama literário da lusofonia, que
expõe com fina ironia as contradições do quotidiano angolano no
pós-Independência”, descreveu.
Por
sua vez, Vânia Monteiro, filha do autor, a quem coube a apresentação da 10.ª e
11.ª séries do livro “Onze Poemas em Novembro”, disse ser um ano ideal para
celebrar a importância da literatura e dos seus autores na construção da Nação
angolana, ao longo das últimas cinco décadas.
“Queria
falar sobre os ‘Onze Poemas em Novembro’ porque acho que é o ano ideal, também,
para falar sobre eles, por ser importante pensar no futuro, por isso, também,
foi bom ter aqui crianças, várias gerações e várias comunidades para celebrar
este dia e celebrar a obra do meu pai”, explicou.
Composta
por 11 poemas que abordam temas relacionados com a Independência e a realidade
social do país, a primeira série foi lançada em 1976, sob a chancela da União
dos Escritores Angolanos (UEA).
O
editor da Mayamba, Arlindo Isabel, revelou que cada uma das obras teve uma
tiragem de mil exemplares, que considerou um número modesto pela dimensão do
autor, que tem o país no centro da sua construção literária.
“Modestos
mil exemplares, porque é aquilo que financeiramente a editora é capaz de
suportar. Espero que seja comprado, que não demore muito, para que possamos
financiar outras publicações”, partilhou.
Sobrinha
de Manuel Rui, a poetisa e jornalista Rossana Miranda, disse que se revê na
obra do tio, que desempenha um papel crucial na contribuição da criação
angolana dentro do panorama da lusofonia, pelo que espera que os mais novos
conheçam a obra do escritor.
“Que
leiam Manuel Rui, bem como os grandes autores deste país, porque a literatura é
o que somos, traz os nossos factores de identidade, abarca toda a imaginação,
sabedoria e conhecimento. Então, nunca perdemos nada ao ler, só ganhamos. E
Manuel Rui é este grande mestre da escrita. É um grande orgulho”, disse.
Manuel
Rui Alves Monteiro nasceu no Huambo a 4 de Novembro de 1941. Licenciou-se em
Direito na Universidade de Coimbra, Portugal, onde exerceu advocacia e foi
membro fundador do Centro de Estudos Jurídicos. Ainda em Coimbra, foi membro do
Centro de Estudos Literários da Associação Académica de Coimbra, redactor da
revista de cultura e arte Vértice e coordenador, com Luís de Miranda Rocha, do
suplemento literário “Sintoma”, do Jornal do Centro. É co-fundador das edições
“Mar-Além”, onde se editou a Revista de Cultura e Literatura dos Países de
Língua Oficial Portuguesa. Tem colaboração dispersa em diversos jornais e
revistas, dentre estes o Jornal de Angola.
Figura
em diversas antologias de literatura, é também autor da letra do Hino Nacional
de Angola e de outros, como o Hino da Alfabetização, o Hino da Agricultura e a
versão angolana da Internacional, bem como da letra do hino da União das
Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA). Katiana Silva – Angola in “Jornal
de Angola”
Sem comentários:
Enviar um comentário