O Conselheiro da União Internacional de Telecomunicações, UIT, Simão Campos acredita que a tecnologia deve beneficiar todos os países lusófonos e codificar muitas línguas locais ainda não escritas, lembrou que este ramo da ciência ainda é dominado pelo inglês, mas a tendência é de expansão a outros idiomas
A
língua portuguesa deve investir mais na inteligência artificial generativa com
criadores e analistas que falam o idioma para utilizar dados no treinamento de
sistemas e outros recursos da nova tecnologia em português.
Atualmente,
a grande maioria desses modelos e protocolos é gerada em inglês, mas com o
avanço da inteligência artificial, países de língua portuguesa devem estar mais
preparados para a nova realidade.
Benefícios para os países lusófonos
A
ONU News conversou com o conselheiro de inteligência artificial para a saúde,
da União Internacional de Telecomunicações, às margens da Cúpula Inteligência
Artificial para o Bem, que ocorreu este mês, em Genebra.
Para
Simão Campos, é preciso entender a nova tecnologia e procurar os benefícios
para os países lusófonos.
“Eu
acho que está connosco, falantes lusófonos, temos que utilizar essa tecnologia
a nosso favor. Acho que é importante as pessoas terem uma postura positiva. Há
riscos. É verdade: há riscos. Mas entender os riscos e aplicá-los dentro de um
contexto de gerenciamento desses riscos, entender a tecnologia em seus limites,
saber o que ela pode fazer ou não fazer, como melhor beneficiar.”
A
língua portuguesa é a quinta ou sexta mais falada no mundo.
No
Hemisfério Sul, é o idioma com o maior número de falantes. Está entre as mais
utilizadas na internet ao lado do inglês e do espanhol.
Evaristo e Ipezinho
Em
2019, o Brasil lançou o chatbot Ipezinho, um assistente virtual
premiado. Já Portugal tem o chatbot Evaristo
que opera inteiramente na língua portuguesa.
Para
o especialista Simão Campos, haverá mais avanço também na área de interpretação
de idiomas com a inteligência artificial.
“A
inteligência artificial tem facilitado, tem permitido pulos enormes na
qualidade dos mecanismos de tradução, por exemplo. Eu diria que em breve,
teremos mecanismos de interpretação também que serão úteis. Isso ajuda: ter
mecanismos bem-adaptados para a língua portuguesa que possam permitir navegação
desses conteúdos em outras línguas. Por outro lado, também é desenvolver coisas
nas nossas comunidades. O Brasil, por exemplo, tem mais de 200 línguas contando
as línguas indígenas, 20 línguas de sinais.”
Para
Simão Campos, uma outra vantagem da IA no espaço da lusofonia, que comporta
mais de 330 línguas além do português, é codificar várias línguas locais que
não estão escritas ainda.
Com
o campo da inteligência artificial ainda dominado pela língua inglesa, o dever
de casa parece ser urgente e ainda mais desbravador para os profissionais
lusófonos. Para terminar esta conversa, eu decidi perguntar ao ChatGPT, em
inglês, quais eram as perspectivas para a língua portuguesa na IA.
“Dados e modelos focados em Portugal”
Vejam
o que o ChatGPT respondeu:
“A situação da inteligência artificial na língua
portuguesa melhorou bastante nos últimos anos, mas ainda está bem atrás do
inglês em termos de recursos, ferramentas e qualidade especialmente para
sistemas mais avançados como chatbots ou modelos de linguagem maiores.
O Brasil é um dos maiores mercados de internet no mundo,
e o português é a sexta língua mais falada no globo logo os investimentos em
português estão crescendo.
Comunidades de código aberto e startups no Brasil e em
Portugal estão desenvolvendo conjuntos de dados e modelos mais focados em
Portugal.
Mesmo que não se rastreie a percentagem de material de IA
em português, de 10 milhões de websistes, apenas 3,9% eram nesse idioma em
comparação com 49,1% em inglês e 6% em espanhol e alemão e cerca de 5% em
japonês e francês.” Monica
Grayley – ONU News Nações Unidas
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