O Presidente da República, Governo, familiares e amigos publicaram mensagens de condolências a propósito da morte do pintor e compositor cabo-verdiano Kiki Lima, aos 72 anos, em Portugal, onde se encontrava em tratamento médico
“Kiki
Lima deixa um legado inestimável para a cultura e a arte de Cabo Verde. A sua
obra, marcada pela cor, pelo movimento e pela profunda identidade
cabo-verdiana, retratou com mestria as vivências do nosso povo, elevando o nome
de Cabo Verde nos palcos artísticos nacionais e internacionais”, destaca a
Presidência da República, num comunicado divulgado nas redes sociais.
No
mesmo comunicado, a Presidência da República refere que Kiki Lima é considerado
por muitos como um dos maiores pintores cabo-verdianos de todos os tempos.
“Kiki Lima foi um verdadeiro embaixador da nossa cultura, cuja paixão e
dedicação à arte inspiraram gerações”.
A
mesma fonte sublinha ainda que o artista deixa igualmente um legado como músico
e estudioso da música tradicional cabo-verdiana, com álbuns publicados como
Txuva e Midje má tambor. “A sua memória e o seu contributo para o património
cultural de Cabo Verde permanecerão vivos e serão sempre recordados com
admiração e respeito.”
Também
o Governo, através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas,
lamentou o desaparecimento físico do artista, considerando que Cabo Verde
perdeu um embaixador da cultura nacional, que soube cruzar linguagens visuais
com a música e o design.
“Figura incontornável da cultura nacional, Kiki Lima, uma das maiores referências das artes plásticas de Cabo Verde, possuiu uma carreira notável, marcada por uma criatividade vibrante, um estilo único e uma entrega total à arte e à identidade cabo-verdiana”, frisa.
Em
comunicado, o Ministério da Cultura acrescenta que Kiki Lima é autor de mais de
mil obras e participou em mais de 200 exposições individuais em Cabo Verde e no
estrangeiro, levando as cores, os símbolos e as emoções do arquipélago ao
mundo.
O
artista plástico Tchalé Figueira lembrou com carinho o legado de Kiki Lima. “A
sua pintura é o retrato da nossa sociedade crioula em tonalidades quentes, do
azul do mar ao amarelo solar, e de diversos temas que considero etnológicos da
diversidade cultural do nosso país: do pescador ao vagabundo, das menininhas
bonitas à pequena burguesia, das festas juninas ao batuque, etc.”
Tchalé
Figueira destacou ainda a herança pictórica e musical do artista: “E não posso
deixar de mencionar as suas composições, muitas com letras de cariz
crítico-social, gravadas na voz de Dudu Araújo. O ciclo de Kiki Lima hoje
encerra-se, mas para Cabo Verde, este artista deixa uma grande herança que
ficará na memória da nossa identidade.”
“Foi
com profundo pesar que recebi a notícia do falecimento de Kiki Lima, pintor
maior de Cabo Verde e meu colega de infância, aos 72 anos. Com ele parte não
apenas um artista singular, mas também um amigo leal, companheiro das alegrias
e sonhos da nossa geração”, escreveu o escritor Manuel Brito-Semedo, no seu
blogue Esquina do Tempo.
Para
Brito-Semedo, Kiki Lima foi um verdadeiro embaixador cultural de Cabo Verde,
retratando com mestria a morna, os mercados, as mulheres, as festas populares e
as paisagens da infância.
“Kiki
foi muito mais do que um pintor consagrado. Foi o amigo de adolescência com
quem cresci num Mindelo pobre, mas sonhador, fértil em talento e solidariedade.
Sempre discreto e sereno, impressionava pela determinação inabalável de viver
da arte – missão que abraçou até ao fim”, concluiu. Dulcina Mendes – Cabo Verde
in “Expresso das Ilhas”
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