Lisboa – A investigadora e dinamizadora cultural Crisálida Correia alertou em Lisboa (Portugal) que a crescente “euforia” à volta do batuco não é um ganho prático, estrutural e de conteúdo na valorização deste género musical cabo-verdiano.
A
investigadora, que falava à Inforpress à margem de uma mesa-redonda denominada
“Batuku – da proibição ao valioso contributo para o nascimento da Nação
Cabo-verdiana”, lembrou que o batuco é um dos elementos culturais e de
identidade mais ancestral na vida dos cabo-verdianos.
Para
Crisálida Correia, que é autora do livro “Baskudja Identidade” (Vasculhar
Identidade, em português), sobre a ancestralidade e identidade cabo-verdiana,
apesar de o batuco ter ganhado alguma visibilidade nos últimos anos fora e
dentro de Cabo Verde, a nível de identidade ainda não ganhou nada.
“Hoje
existe uma crescente euforia à volta do batuco, mas a nível prático ainda não
ganhou nada”, insistiu a activista cultural.
Segundo
ela, batuco, que é um dos elementos culturais que mais lutou pela dignidade do
povo cabo-verdiano, tem que fazer o seu percurso sozinho.
“Batuco
fez um percurso desde a proibição, mas, hoje está a ser conhecido. Conhecimento
do público não é ganho. Ganho é quando o batuco tomar o seu lugar na história
enquanto arte mais ancestral de Cabo Verde e quando houver lei que o protege de
verdade e lhe dá o protagonismo real”, defendeu.
Questionada
se a elevação do batuco a Património Nacional Imaterial se não é um ganho,
disse que não, insistindo que a nível prático, estrutural e de conteúdo ainda
não ganhou nada.
Na
ocasião, lamentou o facto de o batuco actualmente não ser uma música de
intervenção como outrora, alertando que o reduzir apenas ao divertimento e
dança vai pôr fim a este género musical mais ancestral de Cabo Verde.
A
mesa-redonda, contou com a participação do dinamizador cultural e líder da
Comunidade Mochinhos do Interior Moisés Varela, que partilhou a experiência
desse grupo de batuco de Santa Cruz.
O
evento, organizado pelo Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), em Lisboa
(Portugal), enquadra-se no âmbito das comemorações dos 50 anos da independência
de Cabo Verde, assinalados a 05 de Julho, e para assinalar o Dia Nacional do
Batuco e do Dia da Mulher Africana, celebrados anualmente a 31 de Julho.
Paralelamente
ao evento, que contou com participação especial das batucadeiras Finka Pé e do
projecto Falas Afrikanas, foi exibido o filme "Marina", de Ricardo
Leote, com produção da Editora Noz Raiz.
O
Dia Nacional do Batuco foi instituído em 2021, com o objectivo reconhecer a sua
importância como Património Nacional além de louvar os intérpretes e aqueles
que ajudaram na criação do universo cultural diversificado que expressa, no
batuco, a alma cabo-verdiana e reconhecer os direitos humanos, os direitos dos
cidadãos, das populações e das mulheres.
O
batuco é um género musical cabo-verdiano, tradicionalmente executado por
mulheres, que se baseia na percussão e no canto e dança. É um património
cultural de Cabo Verde, principalmente na ilha de Santiago. In “Inforpress”
– Cabo Verde
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