Um pedido da população de Cacheu a um grupo de turistas portugueses fez José Pereira mudar de vida e encontrar na cidade do norte da Guiné-Bissau um novo lar e uma empreitada de voluntariado
Natural
da zona de Viana de Castelo, em Portugal, José Pereira nunca tinha estado em
África e, na primeira visita que fez, ficou, tornando-se no elo com Cacheu da Associação de Cooperação com a Guiné-Bissau,
uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD).
Em
pouco mais de uma década, construíram a maternidade pedida pela comunidade, a
casa das mães, uma casa para pessoas com deficiência, um infantário, um espaço
multiusos e uma cantina.
Mais
de um milhão de euros em obras, sem contar com o apoio de empresas e o trabalho
voluntário que José Pereira continua a fazer em Cacheu, de onde não espera sair
tão depressa, confessou à Lusa.
O
empreiteiro minhoto foi de férias a Cacheu, em 2007, com um grupo de
ex-combatentes portugueses na guerra colonial.
Nessa
altura, contou, a população pediu-lhes uma maternidade e, a partir daí,
começaram a trabalhar no projeto.
Ao
fim de três anos, tinham dinheiro para começar a obra, construída em
aproximadamente um ano.
Em
2011, entregaram a maternidade à comunidade e José Pereira ficou em Cacheu.
“Gostei
do clima, sobretudo, e comecei a passar os meus invernos cá. Comecei a gostar
disto, acabei por construir a minha casa e vivo cá mais tempo agora do que vivo
lá [em Portugal]”, partilhou.
Os
projetos continuaram e, depois da maternidade, no mesmo local, construíram a
casa para as pessoas com deficiência e a casa das mães.
Já
este ano, inauguraram, com a presença do primeiro-ministro da Guiné-Bissau, a
maior de todas as obras, três blocos com infantário, um multiusos e
cantina/restaurante.
“Já
gastámos para cima de um milhão de euros, no total do que fizemos até hoje. Não
estão contabilizadas as ofertas de muitas empresas e o trabalho”, afirmou.
No
trabalho está incluída mão-de-obra, nomeadamente do próprio que participou na
construção, algumas vezes sozinho.
Todo
o trabalho é voluntário, salientou, apontando que, mesmo entre os membros da
associação, “cada um paga as suas despesas” quando se desloca a Cacheu.
José
Pereira tem ajudas de custos pela função que desempenha com um novo projeto em
curso, a ampliação do centro de recurso de Cacheu, com ludoteca, biblioteca, internet
e outros meios de que a população não dispõe.
A
“grande recompensa” que diz ter por este trabalho é, em primeiro lugar, o
impacto em indicadores que preocupam na Guiné-Bissau como a mortalidade
materno-infantil.
“É
quase nula, não é cem por cento, mas é quase”, garantiu, indicando que as
mulheres passaram a ter condições para o parto, que não tinham, com enfermeiras
e parteiras disponíveis 24 horas por dia.
“Sobretudo
as mulheres que vinham das tabancas, que tinham [de andar] meio dia ou um dia
para chegarem aqui a pé, não chegavam à maternidade sequer e agora chegam, tudo
por causa da Casa das Mães. Já vêm atempadamente, com uma semana, duas semanas
antes de parirem”, concretizou.
“E
isso é uma nossa recompensa grande”, reiterou, referindo-se também às crianças
guineenses que “são agradáveis, são sorridentes”.
Fazer
o que for possível para ajudar esta comunidade é o propósito de José Pereira e
da Associação, num país que “carece de tudo”, disse.
“Com
o tempo, Cacheu já está a ficar mais ou menos apetrechado de certas coisitas e
eles estão a tirar muito bom partido disso e parabéns a eles”, afirmou.
Enquanto
tiver saúde e condições físicas, José Pereira promete que vai continuar com a
associação, por Cacheu. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo
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