Cidade
da Praia – O cabo-verdiano Joaquim Arena, vencedor da 5.ª edição do Prémio
Literário Arnaldo França, considerou hoje que “é sempre bom quando o
reconhecimento chega” e que a atribuição do prémio se traduz na recompensa do
trabalho de horas de escrita.
“O
Sabor da Água da Chuva e Outras Memórias da Amiga Perfeita”, de Joaquim Arena,
segundo uma nota da organização, mereceu ser, por unanimidade do júri, o
trabalho vencedor da edição de 2022 do Prémio Literário Arnaldo França,
dirigido a cidadãos cabo-verdianos (a residir em Cabo Verde ou no estrangeiro)
ou a residentes em Cabo Verde há mais de 5 anos.
Em
declarações à Inforpress, o escritor premiado afirmou que foi bom receber esta
notícia sobretudo porque o prémio tem como patrono o escritor, ensaísta e poeta
Arnaldo França, mestre da literatura cabo-verdiana como crítico, ensaísta, mas
também como poeta.
“É
o reconhecimento do trabalho de horas de escrita, de pensamento de estar a
reflectir”, disse, sustentando que o trabalho de um escritor é muito solitário,
porque trabalha sozinho, com muitas horas até se construir uma história, até
conseguir expressar ideias e criar personagens.
Daí
que acrescentou, “é sempre bom quando o reconhecimento chega”.
A
obra vencedora “O Sabor da Água da Chuva e Outras Memórias da Amiga Perfeita”
segundo contou, é uma história de amizade entre duas mulheres que são separadas
aos 13 anos, sendo que uma fica numa das ribeiras em uma das ilhas de Cabo
Verde enquanto a outra emigra com os seus pais para São Tomé e Príncipe
naquelas levas de cabo-verdianos contratados para trabalhar nas roças.
“Portanto
é nessa iminência da sua chegada que a amiga que aqui ficou escreve e recupera
aqui o que foi um pouco o seu relacionamento através das cartas ao longo de
mais de 50 anos. É uma história de amizade entre duas pessoas separadas por um
facto histórico e ao mesmo tempo é a história de ambas de como é que cada uma
viveu a sua vida”, sublinhou.
A
edição de 2022 do Prémio Literário Arnaldo França contou com Manuel
Brito-Semedo como presidente do júri, do qual fizeram também parte a professora
Maria de Fátima Fernandes e Paula Mendes, a editora-chefe da Imprensa Nacional
– Casa da Moeda.
Para
o júri, trata-se de uma narrativa epistolar, um género original na literatura
cabo-verdiana, feita numa perspectiva interessante de abordagem da realidade
cabo-verdiana, «bem escrita e de leitura cativante».
“O
Sabor da Água da Chuva e Outras Memórias da Amiga Perfeita” foi seleccionado
dentre 13 candidaturas. Além dos 5 mil euros do valor pecuniário do prémio,
Joaquim Arena, que concorreu com o pseudónimo Júlia, deverá ver publicado já no
próximo ano o seu trabalho com a chancela das duas editoras públicas: Imprensa
Nacional, de Lisboa, e Imprensa Nacional de Cabo Verde.
Joaquim
Arena nasceu em 1964, na ilha de São Vicente, Cabo Verde, filho de pai
português e mãe cabo-verdiana. Aos seis anos foi viver para Lisboa, onde a
família se instalou. Licenciou-se em Direito e dedicou-se à música e ao
jornalismo. No final dos anos 90 regressou a Cabo Verde, onde fundou o jornal O
Cidadão, em São Vicente.
De
recordar que o propósito da atribuição deste galardão literário é o da promoção
da língua portuguesa e do talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear
a destacada figura da literatura e cultura cabo-verdiana Arnaldo França.
Este
prémio é atribuído pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda em parceria com a
Imprensa Nacional de Cabo Verde. In “Inforpress” – Cabo Verde
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